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— Eu não quero ir — Você choramingava, com a voz manhosa, jogada de qualquer jeito na cama.
— Puta que pariu — Kazutora reclamou, em um suspiro cansado — Você é muito chata.
— Só porque eu não quero ir na festa dos seus amigos?
— Eu te conheço a um século e você não conhece nenhum dos meus amigos.
— Ainda não entendi o problema nisso — Você se sentou preguiçosamente na cama de casal, tendo que se espreguiçar antes de levantar e caminhar até o banheiro — Nem sei se eles vão gostar muito de mim.
— Não tem como saber se não tentar.
— Na próxima eu vou — Você teve que se segurar para não rir quando ouviu mais um suspiro do outro lado da linha.
— Você sempre fala isso — O tom de indignação dele não durou muito tempo, já que, segundos depois, você conseguiu ouvir uma risadinha do mais velho — Beleza, então. Me avisa se mudar de ideia. Vai ficar com o Kisaki hoje?
— Não — Tentou esconder o tom triste — Ele vai sair com os amigos.
— Esse puto devia, pelo menos, te chamar pra ir também — Agora, o tom de raiva dele voltou ainda mais forte — E você vai ficar bem sozinha?
— Vou, claro — Respondeu rápido, não querendo fazer o amigo se preocupar — Eu vou assistir um anime novo ou algo assim.
— Beleza, me liga qualquer coisa — Ele esperou você murmurar um "uhum" antes de continuar — Vou lá arrumar as coisas. Te amo.
— Também te amo.
Assim que acabou de falar, você tirou o celular do ouvido e desligou a chamada. Um suspiro frustado escapou de seus lábios, enquanto você tirava o pijama e entrava de baixo do chuveiro, o ligando logo em seguida.
Na verdade, você sempre quis ir para uma das festas com Kazutora. Essa era uma parte da vida dele que você queria ter mais contato, mas sua insegurança falava mais alto. Você sempre foi uma pessoa muito tímida e, por causa disso, o Henemiya sempre foi o seu único amigo de verdade. Ainda que você tivesse alguns colegas na faculdade e se desse bem com Emma, que trabalhava com você no petshop, a única pessoa que você realmente considerava amigo era Kazutora.
Além de tudo isso, você sabia que ir em uma festa com o tatuado iria irritar muito Kisaki. Mesmo que o loiro sempre saísse sozinho com os amigos, você sabia que ele nunca gostou da ideia de você sair com o grupo de amigos de Kazutora.
Enquanto a água morna corria pela sua pele, sua cabeça era preenchida com pensamentos conflituosos, mas você estava decidia a não ir para aquela festa.
— Falou "eu te amo" pra quem? — Draken perguntou, em um tom completamente brincalhão, assim que Kazutora desligou a chamada com você.
— Vai te fuder — Ele respondeu, revirando os olhos e se jogando no sofá, ainda frustado.
— Era aquela sua amiga de infância? — Baji perguntou, mesmo sem tirar os olhos da televisão, enquanto ainda mantinha a concentração no Fifa que estava jogando contra Mikey.
— Ela mesma.
— Ela é tipo uma irmã pra você e, mesmo assim, a gente nunca conheceu ela — O homem com uma tatuagem de dragão na lateral da cabeça disse, também se sentando no sofá — 'Tá com medo que ela acabe ficando com alguém daqui?
— De novo, vai se foder — Kazutora ainda mexia no celular, te mandando algumas mensagens, lhe lembrando de avisar a ele qualquer coisa que você precisasse — E, sinceramente, queria eu que ela ficasse com um de vocês e esquecesse aquele puto do namorado dela.
— Não é ela que namora com o Kisaki?
— É.
— Ninguém nunca viu a namorada dele.
— É porque aquele filho da puta nunca leva ela pra canto nenhum — Kazutora respondeu Draken, claramente com raiva — Vive deixando ela sozinha e não dá a mínima pra ela.
— E por que eles ainda tão juntos? — Foi Baji quem perguntou, depois de soltar um "puta merda" por ter levado um gol de Mikey.
— Eu sei lá. Só sei que eu sou completamente a favor de eles terminarem.
Uma risada alta do Ryuguji preencheu o ambiente, ao mesmo tempo em que Baji começava a xingar Mikey por ter ganhado a partida.
— 'Tá me xingando por que? — O mais baixo falou, irônico — Não tenho culpa de você ser tão ruim assim.
— Falou o cara que perdeu pra mim ontem.
— Eu tava com fome — Ele respondeu, dando de ombros — Pelo menos você deve conseguir ganhar daquela garota que você tá doido pra chamar pra sair.
— Que história é essa? — Draken perguntou, olhando para o moreno de cabelos longos, que deu de ombros.
— É uma garota aí que eu conheço faz um tempinho.
— E desde quando você sai com alguém? — Kazutora perguntou, finalmente desligando o celular, quando você respondeu, dizendo que ele não precisava se preocupar.
— Ela é meio delicada — O moreno deu de ombros novamente, não dando bola para as provocações dos amigos — Pelo menos ela parece delicada.
— Ou seja, você não sabe porra nenhuma sobre ela.
Baji franziu as sobrancelhas e tentou listar todas as coisas que ele sabia sobre você. Acabou concluindo que só sabia o seu nome e que você fazia meio expediente no petshop perto da casa dele.
— Eu sei o nome dela e onde ela trabalha.
— Já é o suficiente — Mikey brincou, fazendo os outros rirem.
Keisuke tinha um sorriso divertido nos lábios, enquanto deixava você tomar conta dos pensamentos dele. Durante os meses em que foi no petshop, ele sempre cogitou a ideia de pedir o seu número ou te chamar para comer alguma coisa. Mas, você parecia uma pessoa tão sensível e tímida que ele preferiu esperar vocês se encontrarem mais algumas vezes, por isso, ele ia todos os dias naquele petshop.
Ao mesmo tempo, Kazutora também não tirava você dos pensamentos. A raiva por Kisaki sempre lhe deixar sozinha durante os sábado e nunca nem te chamar para sair com ele e os amigos consumia a mente dele. Além disso, ele sabia que um dos motivos para você não querer ir para as festas dele era o loiro imbecil. Mas, por mais que diversos pensamentos em relação a você se passassem pela mente dele, o Henemiya nunca esperava que você era a garota que tomava conta dos pensamentos do melhor amigo dele.
Você esboçou um pequeno sorriso ao ler as mensagens de Kazutora, claramente preocupado em você ficar sozinha o dia inteiro. Mas, não querendo preocupar ele, garantiu que amanhã vocês se veriam com certeza.
Já vestida com roupas leves para ficar em casa, você abriu o aplicativo de delivery no celular, para pedir o seu almoço. Acabou acordando muito tarde e, quando percebeu, já era final do dia.
Enquanto esperava a comida, se sentou no sofá da sala e ficou buscando no catálogo da plataforma de streaming algum anime novo para assistir. Já estava decidia a começar One Punch Man, quando ouviu a campainha tocar repetidas vezes. No susto, acabou se levantando e indo rapidamente até lá para atender.
Assim que abriu a porta, sentiu seus lábios sendo atacados ferozmente pelo loiro de óculos. Kisaki lhe beijava intensamente, enquanto entrava dentro da sua casa e fechava a porta atrás de si. Você nem teve muito tempo para reagir, mas estava feliz que seu namorado estava ali para ficar com você.
— Não sabia que vinha hoje — Você falou, afastando um pouco os seus lábios, mas Kisaki começou a chupar o seu pescoço, sem querer parar — Amor... — Você falou arrastado, como se fosse para ele parar.
— Fica quietinha — Ele sussurrou rente a sua pele, pouco antes de voltar a atacar seus lábios, segurando sua cintura e juntando seus corpos.
— Peraí — Você disse, afastando os lábios novamente, ouvindo um suspiro frustado do mesmo — Você 'tá bêbado? — Perguntou, assim que percebeu o gosto de bebida alcoólica na sua boca.
— O que caralhos isso tem haver? — Ele retrucou, ríspido — Tem algum problema eu querer transar com a minha namorada?
— Não tem problema nenhum — Você respondeu rápido, não querendo deixar ele com raiva — Eu só não queria fazer isso agora.
O loiro franziu as sobrancelhas e passou alguns segundos em silencio, te encarando. Era como se o que você tivesse acabado de falar era a coisa mais absurda que ele já tinha ouvido na vida. Você ficava mais nervosa a cada segundo que se passava, desejando, mais do que nunca, que ele falasse alguma coisa.
— Impressionante — Ele falou, por fim, depois de uma risada sarcástica — Você vive reclamando que a gente nunca faz nada e, quando eu venho aqui pra isso, você não quer?
— Eu disse que não queria agora — Você corrigiu, em um tom calmo, completamente diferente do dele — A gente pode assistir alguma coisa e fazer isso mais tarde.
— Acha que eu vou ficar aqui, assistindo alguma porra de anime, esperando você ter a boa vontade de deixar eu te foder?
Logo depois disso, ele soltou uma risada estridente, inacreditado. Você franziu levemente as sobrancelhas e continuava a olhar para ele, tendo ciência de que o álcool já estava embaralhando a mente dele.
— Depois que eu sair por aquela porta — Ele apontou para a saída do seu apartamento — Não garanto nada que eu não vá transar com a primeira gostosa que aparecer na minha frente.
Suas sobrancelhas se arquearam e sua boca ficou meio aberta. As palavras escaparam da sua boca no momento em que você ouviu o que o loiro falou. Não conseguia acreditar no que ele havia dito, mesmo que estivesse sob o efeito do álcool.
— Não vai falar nada? — Ele reforçou, mas, mesmo assim, você não conseguiu pensar em nada para dizer, ainda raciocinando a fala anterior dele — Beleza, então. Eu vou voltar pro bar — O loiro virou de costas e começou a andar em direção à saída — Se eu não achar nenhuma puta pra foder, eu volto aqui mais tarde.
Até o momento da porta fechar, você ainda não tinha tido uma reação. Somente quando Kisaki saiu completamente do seu campo de visão, você deixou seus joelhos cederem e se ajoelhou no chão, sentindo algumas lágrimas quentes correrem pelas suas bochechas.
Toda vez era a mesma coisa, você já deveria estar acostumada. Mas não estava.
Se passaram alguns minutos com você assim, no chão e chorando. Sempre se achava patética depois de uma cena dessas de Kisaki. Ele provavelmente estaria agora no bar, bebendo e rindo, dando em cima de cada mulher que ele tinha oportunidade. Enquanto isso, você ficava em casa, chorando e se martirizando por algo que não era culpa sua.
Mas, dessa vez, não seria assim.
Você limpou a garganta e enxugou as lágrimas no seu rosto, se levantando no mesmo instante e indo até o sofá novamente. Pegou o seu celular em cima do centro e discou o único número que você sabia de cor.
— Diz aí, mana — Kazutora falou, tentando não parecer muito preocupado.
— Eu vou pra festa — Você disse, sem nem dar tempo para voltar atrás — Que horas você passa aqui pra me buscar?
— Daqui a uma hora — Ele nem tentou esconder a animação — Vou só tomar um banho e pegar o carro.
— Certo, eu vou me arrumar. Quando tiver chegando me liga que eu desço.
— Combinado.
Assim que ele acabou de falar, desligou o celular e deu um pulo do sofá, fazendo os outros garotos olharem espantados na direção dele.
— Caralho, que susto — Draken falou, com a mão no peito.
— Vou lá tomar banho — Kazutora disse, nem esperando uma resposta antes de disparar em direção ao corredor da casa.
— Acho que a amiga dele vem — Foi a vez de Mikey falar, ainda olhando para o corredor, por onde o tatuado desapareceu.
— Pelo menos a gente vai conhecer ela, finalmente.
Baji não falou nada, apenas encarava a tela do celular, com o número do petshop aberto. Somente depois de alguns longos segundos, ele se levantou do sofá, decidido, e saiu da sala, entrando na cozinha e se afastando um pouco dos amigos.
Depois de um suspiro nervoso, ele ligou para o número, com um embrulho estranho na barriga.
— Alô? — Não era a sua voz.
— Boa tarde. A [Nome] está?
— Ela não trabalha hoje, mas quer deixar um recado?
— Não, obrigado — Tentou, ao máximo, esconder a decepção na voz dele — Amanhã eu ligo de novo. Até mais.
Antes mesmo da atendente responder, ele desligou a chamada e bloqueou a tela do aparelho em mãos. O moreno tinha pensado em lhe chamar para vir na festa hoje e acabou ficando relativamente frustado em não ter conseguido. Essa ideia já tinha se passado na mente dele no dia anterior, mas ele resolveu não chamar. Agora, decidido de que queria você lá essa noite, a decepção em não ter conseguido lhe convidar inundava a mente dele.
Enquanto isso, você revirava todo o seu armário a procura de uma roupa para usar mais tarde. Sabia que Kazutora era extremamente rápido em se arrumar, então também teria que correr, já que não queria fazer o Henemiya esperar.
Acabou escolhendo um vestido tubinho preto, super justo no seu corpo e relativamente curto. A peça caia perfeitamente no seu corpo, marcando todas as suas curvas da melhor forma possível. Você não era acostumada a usar roupas tão extravagantes assim, mas estava disposta a tentar sair da sua zona de conforto, pelo menos por uma noite.
Não demorou muito tempo fazendo a maquiagem, que acabou sendo bem básica, só o suficiente para esconder o pequeno inchaço causado pelo choro de mais cedo. E decidiu deixar o seu cabelo natural mesmo. Se olhando o espelho, acabou deixando um pequeno sorriso tomar conta de seus lábios, aprovando o resultado.
Só deu tempo de calçar os saltos plataforma e pegar uma bolsa, antes de seu celular começar a tocar, aparecendo o contato de Kazutora na tela.
— Cheguei — Ele falou, assim que você atendeu.
— 'Tô descendo.
Com pressa, pegou sua carteira e a chave do apartamento, jogando tudo dentro da bolsa, e saiu pela porta. Nem precisou se esforçar para achar o carro esportivo vermelho do seu melhor amigo.
— Caralho — O Henemiya disse, assim que você abriu a porta do banco de passageiro — Quem é você e o que fez com minha amiga?
— Para, idiota — Você respondeu, rindo, e deu um soquinho leve no ombro dele — E você também 'tá um gato.
— Eu sou um gato — Ele começou a rir assim que viu você revirar os olhos — Mas, e aí, resolveu ir por que?
— Não queria ficar em casa — Respondeu, dando de ombros, mesmo sabendo que Kazutora não ia engolir essa.
— Beleza, 'vamo lá então — Você se surpreendeu um pouco por ele não perceber que você estava mentindo, mas, mal você sabia que o Henemiya já imaginava que Kisaki tinha feito alguma merda.
O caminho até a casa onde seria a festa não foi nem um pouco demorado, só dando tempo de você e Kazutora cantarem poucas músicas juntos. Assim que chegaram, ele estacionou na rua, saindo do veículo sem pressa.
O sol já tinha se posto e a noite estava bastante estrelada, mas ainda era cedo e você via poucas pessoas na casa.
— O povão ainda vai chegar mais tarde — O Henemiya explicou, passando um braço por trás do seu pescoço e juntando as laterais de seus corpos — É bom que você já conhece meus amigos.
Você balançou a cabeça em concordância, relativamente nervosa. Nunca foi muito boa em falar com as pessoas, mesmo sendo atendente de um petshop, e você tinha medo de os amigos de Kazutora não gostarem de você. Mesmo assim, quando o tatuado começou a andar, você o seguiu, ainda sendo guiada pelo braço dele em seu pescoço.
A casa não era muito grande, mas extremamente aconchegante e organizada. Assim que passaram pela porta, você conseguiu ver dois garotos loiros sentados no sofá, jogando videogame.
— Ei — Kazutora chamou a atenção deles, que viraram as íris negras na direção de vocês — Essa daqui é a [Nome], minha amiga que eu tinha falado pra vocês.
— Tinha falado um caralho — Mikey falou, já se levantando do sofá e andando na direção de onde vocês estavam — Você fala dela o tempo todo — Uma risada divertida escapou de seus lábios quando você ouviu um "filho da puta" por parte do de cabelos escuros ao seu lado — Meu nome é Mikey, é um prazer.
— O prazer é todo meu.
— Esse aqui é o Draken — O baixinho apontou para o loiro mais alto, que assentiu com a cabeça.
— E aí? — Você apenas sorriu em resposta, sem saber ao certo como responder, arrancando uma risada alta dos outros dois.
— Vem, eu vou pegar alguma coisa pra você beber — Kazutora disse, pegando sua mão e te puxando de forma delicada na direção da cozinha.
Você pediu licença para os outros dois e seguiu seu amigo até o outro cômodo, arqueando as sobrancelhas assim que viu a quantidade de garrafas de bebida alcoólica espalhadas pelo balcão. Assim que o Henemiya virou para trás e viu sua expressão de susto, começou a rir de novo.
— Vai querer beber o que?
— Tem suco? — Sua brincadeira arrancou uma risada dele, que abriu o freezer e pegou uma caixa de suco de uva, colocando em um copo de festa longo. Logo depois, quando você achou que ele iria entregar a bebida para você, ele pegou uma garrafa de Smirnoff e despejou bastante da vodka no seu corpo, te entregando em seguida — Era só suco.
— Agora já foi — Ele respondeu, irônico, dando de ombros.
— Deixa de ser idi-
— [Nome]? — Você foi interrompida por alguém, mas, a voz era estranhamente reconhecível e comum.
Você franziu as sobrancelhas e se virou na direção do som, arqueando as sobrancelhas quando viu Keisuke parado na porta da cozinha, com uma expressão de surpresa, igual a sua.
— Baji?
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