un ➤ el final del principi
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𝐎 𝐀𝐍𝐎 era 2023. Berlim estava cinza naquela manhã, o céu carregado como se refletisse exatamente o que eu sentia. As gotas de chuva se acumulavam na janela do meu quarto, escorrendo devagar pelo vidro em trilhas tortuosas. Eu as observava sem realmente enxergá-las. Meus pensamentos estavam distantes.
Mais precisamente, presos a um nome.
Jamal Musiala.
Suspirei, me afundando um pouco mais nos lençóis. Meu celular repousava ao lado do travesseiro, e meus dedos coçavam para pegá-lo, para abrir o Instagram e verificar se ele tinha postado algo novo. Era um ciclo vicioso e patético: eu sabia que nada de bom viria disso, mas ainda assim, a vontade persistia.
Nos últimos dias, meu cérebro parecia funcionar assim - me puxando para lembranças de nós dois, para os momentos bons e até para as discussões bobas que faziam parte do relacionamento. Eu sentia falta de tudo. Das conversas longas à noite, dos debates sobre qual comida pedir, das viagens rápidas para vê-lo em Munique sempre que eu podia. Mas acima de tudo, sentia falta da forma como ele olhava para mim.
E agora? Agora éramos apenas duas pessoas em caminhos diferentes.
Minha mãe bateu suavemente na porta antes de entrar, trazendo uma xícara de café fumegante. Seu olhar pousou em mim, e ela ficou em silêncio por alguns instantes antes de me entregar a xícara.
- Você precisa se distrair, Leonie.
- Eu sei - murmurei, segurando a porcelana quente entre os dedos.
- Não, você não sabe - ela rebateu, cruzando os braços. - Ficar trancada no quarto e remoendo isso não vai ajudar.
Revirei os olhos.
- O que eu deveria fazer então? Fingir que estou bem?
- Não precisa fingir nada, só precisa seguir em frente.
Soltei um riso sem humor.
- E se eu não quiser seguir em frente?
Minha mãe suspirou, sentando-se na beira da cama.
- Ninguém quer, mas a vida não espera que a gente esteja pronto. Ela simplesmente segue.
Eu sabia que ela estava certa, mas ouvir isso não tornava nada mais fácil.
Quando ela saiu, encostei a cabeça na cabeceira e soltei um longo suspiro. Ela falava como se fosse simples. Como se eu pudesse apagar Jamal da minha mente e seguir normalmente com meu dia. Mas a verdade era que, desde que terminamos, eu me sentia perdida.
Puxei o celular, ignorando a vontade de checar o Instagram dele, e abri o WhatsApp.
Leonie: Mia, eu preciso sair de casa antes que minha mãe me tranque aqui e jogue a chave fora.
Ela respondeu quase imediatamente.
Mia: Ótimo, eu ia te arrastar para sair de qualquer jeito. Encontro você em meia hora.
Mia Scherer. Minha melhor amiga desde sempre.
Conheci Mia quando tinha cinco anos. Meu pai ainda era treinador do Hoffenheim, e a família dela morava na mesma rua que a nossa. Nossos pais se conheceram em um evento da equipe e, algumas semanas depois, minha mãe me levou para brincar com a filha deles. Eu era uma criança teimosa, relutante a fazer novas amizades, mas Mia simplesmente ignorou minha resistência e decidiu que seríamos inseparáveis.
E, bem... ela estava certa.
Desde então, Mia era minha âncora. O tipo de amiga que não tinha medo de dizer quando eu estava sendo dramática, mas também a primeira a me defender de qualquer coisa. Ela sabia exatamente o que eu precisava naquele momento.
Trinta minutos depois, ela estava na porta da minha casa, batendo impacientemente.
- Pelo amor de Deus, Leonie, você não pode me chamar para sair e me fazer esperar - reclamou quando abri a porta. - Vamos, eu escolhi um café novo para a gente experimentar.
Mia não me deu tempo para questionar antes de me puxar para fora, e eu apenas segui.
No café, ela pediu um cappuccino e eu, um chocolate quente.
- Então, vai me dizer o que está passando pela sua cabeça ou eu tenho que adivinhar? - Mia perguntou, apoiando os cotovelos na mesa.
Suspirei.
- Eu ainda penso no Jamal. Muito mais do que deveria.
- Você está se cobrando demais. É normal, vocês ficaram juntos por muito tempo.
- Sim, mas... - Hesitei, mordendo o lábio. - Não sei, sinto que preciso de algo novo para focar. Algo que me tire desse limbo em que estou presa.
Mia inclinou a cabeça, pensativa.
- Talvez um novo crush?
Revirei os olhos.
- Não é tão simples assim.
- Claro que é - ela insistiu. - Você só precisa de alguém para desviar sua atenção.
Ri, pegando o celular.
- Bom, se esse é o critério, eu já encontrei.
Ela arqueou a sobrancelha.
- Como assim?
Suspirei antes de virar a tela do celular para ela. No display, um jogo de futebol passava.
- Eu estava zapeando a TV e parei nesse jogo do Barcelona. Não sei o que aconteceu, mas esse jogador... ele chamou minha atenção.
Mia pegou o celular da minha mão e analisou a tela.
- Hector Fort? Nunca ouvi falar.
- Ele é jovem, uma promessa do Barcelona - expliquei. - Mas não é só isso. Tem algo nele... não sei explicar.
Mia estreitou os olhos.
- Você tem certeza que não está só projetando suas emoções nele?
Bufei.
- Provavelmente. Mas e daí? Eu preciso de algo para me distrair.
Ela me devolveu o celular e tomou um gole do cappuccino.
- Então, o que você vai fazer?
Hesitei.
O que eu ia fazer?
O certo seria simplesmente achar ele bonito e seguir minha vida. Mas algo dentro de mim, um impulso incontrolável, me dizia que não era só isso.
Então, abri o Instagram e digitei seu nome na busca.
Hector Fort.
Perfis de fã-clubes apareceram antes do oficial. Cliquei no verdadeiro e meus olhos varreram as fotos.
Meu Deus.
Se antes eu tinha achado ele interessante pela TV, agora a tela do meu celular só reforçava a ideia. Ele era bonito. Muito bonito. Mas havia algo mais ali. Uma aura de mistério, de seriedade, como se carregasse uma responsabilidade imensa nos ombros.
- Leonie... - Mia me olhou, percebendo o brilho no meu olhar. - Você está me assustando.
- Eu vou ser namorada dele - declarei, convicta.
Mia arregalou os olhos.
- O quê?
- Eu não sei como ainda, mas vou dar um jeito.
Ela me observou por alguns segundos antes de soltar um suspiro.
- Certo, eu já vi você determinada antes, mas isso é um nível novo.
Sorri.
- Você não tem ideia.
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