quatre ➤ despertar

💫⪼ em qual série vocês estão?





O dia estava calmo em Barcelona, o tipo de dia em que as coisas pareciam se mover devagar, e o calor do verão espanhol não era tão sufocante como em outros dias. O treino tinha acabado mais cedo, o que me deu um tempo raro para relaxar. Fui até o vestiário, onde alguns dos meninos estavam jogando cartas, mas decidi sair e ir para a varanda do meu quarto. Queria ficar sozinho, refletir um pouco sobre o jogo de ontem e pensar no que vinha pela frente. A pressão, embora pesada, parecia um pouco mais distante nesses momentos de solidão.

Puxei o celular do bolso e comecei a passar os dedos pela tela, sem realmente procurar nada específico. Não era a primeira vez que eu via mensagens dos fãs. As DMs nas redes sociais estavam sempre cheias delas. Normalmente, eram mensagens rápidas, elogios, palavras de incentivo ou até mesmo pedidos para tirar fotos com a camisa do Barcelona. Eu sabia que isso fazia parte da minha vida agora, mas não conseguia me acostumar completamente com o nível de atenção que eu recebia.

Comecei a responder algumas, tentando ser educado e manter uma boa relação com quem me seguia. Nunca fui do tipo que ignorava alguém que me mandava uma mensagem. No entanto, logo percebi uma que se destacava entre as demais. Era um texto mais longo, e seu conteúdo me pegou de surpresa. Eu não estava esperando uma mensagem como aquela.

O nome da pessoa era Leonie Ann Flick. Ela estava me escrevendo em uma mistura de inglês e, um pouco mais difícil de entender, alemão, talvez por ser nativa de Berlim, como pude deduzir mais tarde. O conteúdo da mensagem era algo pessoal, algo que me fez parar por um momento. Ela começou falando sobre como me via jogando e, com um tom quase tímido, confessava que sentia uma conexão inexplicável comigo. Ela falava sobre como admirava meu estilo de jogo, mas o mais estranho era que, ao longo da mensagem, ela ia ficando cada vez mais sincera, como se falasse direto comigo, apesar de eu nem saber quem ela era.

A princípio, a mensagem me desconcertou. Eu estava acostumado a elogios e comentários breves, mas isso parecia diferente. Ela falava como se realmente tivesse me observado, como se soubesse coisas que eu não tinha mostrado para o público. Eu senti que algo em mim se mexia quando li as palavras dela. A sinceridade, a vulnerabilidade, a maneira como ela falou sobre como me via no campo e a forma como descrevia seus próprios sentimentos me atingiram de uma maneira que eu não esperava.

- Eu sei que você provavelmente nem vai ver isso, mas precisava dizer. Não sei por que, mas sinto que você é mais do que só um jogador de futebol. Existe algo em você que me faz querer entender mais sobre quem você realmente é.

Algo naquela frase me fez ficar com a sensação de que ela realmente me via, e não só o jogador de futebol que as pessoas viam. Mas, ao mesmo tempo, eu me senti desconfortável. Era... estranho, sabe? Não era todo dia que eu recebia uma mensagem como essa. E embora parte de mim sentisse um impulso de responder, a outra parte ficava reticente.

- Desculpe por ser tão direta. Não sei o que estou esperando, mas só queria que você soubesse.

Eu fiquei ali por alguns segundos, o dedo pairando sobre o teclado. Ela parecia tão honesta, mas ao mesmo tempo, a situação era tão fora do comum. Não me entenda mal, eu gostava da ideia de receber carinho, mas essa mensagem parecia tão... pessoal, tão intensa para alguém que eu nunca tinha visto na vida.

Meu celular vibrava mais uma vez, e eu vi que outras mensagens de fãs estavam chegando, todas de uma natureza mais leve. Eu respirei fundo e me recostei na cadeira, olhando para a tela por mais um momento. Havia algo na maneira como ela me escreveu que mexeu comigo. Não era apenas uma mensagem comum de fã. Não era só um "continue assim, você é incrível". Não. Ela realmente parecia querer mais do que isso.

Eu não sabia o que fazer. Devia responder ou ignorar? Minha mente estava confusa. Eu sempre soube que ser uma figura pública teria essas repercussões, mas essa sensação era nova. Eu estava acostumado a lidar com fãs mais distantes, com palavras genéricas, mas aquilo parecia pessoal. E de alguma forma, eu me vi curioso sobre quem era essa Leonie.

Ao mesmo tempo, percebi que ela não seria a única. Havia muitas pessoas que me viam dessa forma, com essa mesma sinceridade. Mas, quando a vi de novo entre todas as mensagens que chegavam, algo me dizia que eu deveria dar atenção a ela. Eu não sabia o porquê, mas algo dentro de mim estava me empurrando para isso.

- Ela vai se decepcionar se eu não responder.

Foi o que pensei quando me dei conta de que, talvez, por mais desconfortável que fosse, talvez eu devesse ao menos ser educado e responder. Ao menos dar uma palavra de reconhecimento. Respirei fundo e comecei a digitar.

- Oi, Leonie. Obrigado pela mensagem. Fico feliz que você tenha visto meu jogo e que tenha se sentido conectada ao meu estilo. É sempre bom ouvir o que as pessoas pensam, e é bom saber que me acompanham. Espero que continue acompanhando o meu trabalho. Abraços, Hector.

Era uma resposta simples, não queria me aprofundar muito, não queria dar a impressão de que estava realmente me entregando a ela, mas ao mesmo tempo, a mensagem parecia mais adequada. Eu não queria ignorá-la totalmente, mas não sabia exatamente como lidar com tudo aquilo.

Depois de enviar a mensagem, fiquei em silêncio, observando a tela do meu celular por mais um momento. Não sabia o que viria depois, mas algo em mim parecia ansioso para ver a resposta de Leonie. Algo dentro de mim estava incomodado, algo que eu não conseguia identificar, mas que de alguma forma sabia que não podia ignorar.

De alguma forma, aquela mensagem parecia marcar o início de algo. Eu só não sabia ainda o quê.

Eu coloquei o celular de volta no bolso, mas a sensação de ter enviado aquela mensagem ficou comigo. Algo na forma como Leonie se expressou, como ela realmente parecia se importar e tentar entender mais de quem eu sou, me fez questionar várias coisas. Eu estava acostumado a receber carinho, mas aquilo era diferente. Não era sobre futebol, não era sobre vitórias ou derrotas, era sobre uma conexão genuína, que, por mais que me incomodasse um pouco, também despertava algo interessante dentro de mim.

Quando meu celular vibrou de novo, meu coração deu um pulo. Era uma resposta dela. Uma parte de mim estava nervosa para abrir, como se tivesse cometido algum erro. Eu estava sendo educado, claro, mas não sabia se devia me aprofundar mais do que aquilo. E, no entanto, algo me dizia que eu precisava entender mais, que talvez fosse um erro não dar a devida atenção a Leonie.

Abri a mensagem.

- Hector, meu Deus! Você respondeu! Estou sem palavras. Não imaginava que fosse ler a minha mensagem, muito menos responder! Fico tão feliz de saber que você se importa, e me sinto ainda mais conectada a você. Eu sei que isso pode ser loucura, mas não consigo parar de pensar no que escrevi. Você é uma das poucas pessoas que me fazem sentir que talvez eu tenha algo mais para oferecer além de ser a filha do treinador. Obrigada, obrigada mesmo!

Fiquei parado ali, lendo e relendo a mensagem dela. Eu sabia que havia algo de incomum nessa situação, mas o que realmente me tocava era a forma como ela falou sobre se sentir reconhecida por algo além de ser filha de Hansi Flick. Eu sabia o peso do nome dela, do legado do meu treinador e da fama de seu pai no mundo do futebol. Então, ver alguém como Leonie expressando esse tipo de sentimento... era algo que eu não podia ignorar.

Me peguei sorrindo, mesmo que fosse um sorriso que eu tentava esconder. Não estava acostumado com esse tipo de reação, mas parecia que ela estava mais disposta a mostrar quem era de verdade do que muitos outros. Era algo novo para mim. A sinceridade dela me intrigava, e, ao mesmo tempo, eu me sentia desconfortável com a ideia de que ela parecia realmente interessada em mim.

Ela não estava me vendo só como um jogador, e isso mexia comigo de uma maneira que eu não sabia explicar. Quando somos jogadores de futebol, as pessoas nos veem como figuras públicas, muitas vezes como ícones a serem admirados, mas raramente como seres humanos reais com dúvidas e inseguranças. Leonie não parecia ver só isso em mim. Ela queria ver algo mais profundo, mais verdadeiro. E, de certa forma, isso me deixou vulnerável.

Respirei fundo e, mais uma vez, fiquei olhando para a tela. Eu queria ser honesto, mas ao mesmo tempo, não sabia como.

- Leonie, sério, não tem nada de loucura nisso. Eu realmente gostei da sua mensagem. Fico feliz que você tenha sentido vontade de me escrever. E, para ser honesto, é bom saber que alguém se importa de verdade, não só com o jogador, mas com o ser humano por trás disso tudo. Espero que possamos continuar conversando. Abraços.

Enviei, e mais uma vez fiquei ali, em silêncio. Sentindo algo que eu não estava muito acostumado a sentir. Tinha uma parte de mim que queria ser cauteloso, manter as distâncias, mas outra parte de mim queria saber mais sobre ela. Quem era essa garota que conseguia me fazer pensar sobre coisas que normalmente evitava? Quem era Leonie Ann Flick, além da filha do treinador, além de ser apenas uma fã? Eu ainda não sabia, mas algo dentro de mim dizia que estava prestes a descobrir.

A mensagem foi enviada e, assim que vi o "enviado" no canto da tela, a ansiedade tomou conta de mim. Eu estava começando a perceber que, talvez, Leonie não fosse uma fã comum. E talvez isso fosse algo perigoso. Mas ao mesmo tempo, havia algo nela que me atraía, algo em sua sinceridade que eu não podia negar.

Agora, tudo o que eu podia fazer era esperar. E a espera, por mais que eu tentasse controlar, parecia me consumir. Eu não sabia o que viria pela frente, mas, por algum motivo, a ideia de continuar essa troca de mensagens com Leonie me parecia inevitável.

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