dotze ➤ desconcertant
☆彡彡 νσтєм є ¢σмєηтєм ミミ☆
O campo do Camp Nou está com aquele cheiro de grama molhada e suor. O som das chuteiras batendo no chão, o apito do treinador e os gritos dos jogadores. Todo o ambiente parece vibrar com energia, mas a minha mente está distante, longe do que está acontecendo no treino. Meu corpo segue o movimento das jogadas, o ritmo da bola, mas minha mente está presa em um lugar onde não deveria estar. Em Leonie.
Por que eu não consigo tirar ela da minha cabeça? Cada vez que nossos olhares se cruzam, meu estômago dá um salto. E, sim, eu sei, eu sei muito bem que ela está ali, no canto da arquibancada, assistindo atentamente cada movimento meu. Não sei por que, mas isso me faz me sentir... desconfortável. Como se ela estivesse me observando de uma forma que não consigo controlar. O que ela quer de mim? Será que ela me vê apenas como mais um jogador? Ou há algo mais nisso?
Marc me observa de canto de olho, como sempre. Ele sabe quando algo está me tirando o foco. Ele é aquele cara calmo, que parece nunca se deixar abalar por nada. Um capricorniano, se eu tivesse que adivinhar, totalmente controlado e focado. Ele nunca perde o foco. E, agora, ele está me dando aquele olhar, aquele olhar que diz: "Não está tudo bem, Hector. O que está acontecendo?".
- Hector, qual é o seu problema? - ele pergunta de forma direta, interrompendo minha linha de pensamento.
Eu respiro fundo e olho para ele, tentando disfarçar. Não quero que ele perceba a confusão que está se formando em minha cabeça. Não quero mostrar fraqueza, especialmente para Marc, que parece estar sempre no controle de tudo.
- Não é nada, Marc. Só... só estou cansado, sabe? A cabeça meio fora de lugar hoje. - tento disfarçar, mas sei que ele não compra minha desculpa.
Ele não responde de imediato, mas me observa com uma expressão cuidadosa. Depois de alguns segundos, ele balança a cabeça.
- Hector, isso não é como você. Você está sempre ligado, sempre no jogo. Então, se tem algo te incomodando, é melhor lidar com isso. E, se for essa garota, Leonie, ou o que quer que seja, é melhor resolver logo. Você não pode deixar isso afetar seu futebol. - ele fala com um tom sério, mas quase sem emoção, como sempre. Eu deveria saber, ele é o tipo que não perde tempo com sentimentos confusos, ele apenas vai direto ao ponto.
Eu fico em silêncio, ainda absorvendo as palavras de Marc. Ele tem razão. Por mais que eu tente ignorar, a verdade é que essa distração está afetando minha concentração. Como posso me concentrar no jogo se minha mente está sempre voltando para aquela figura na arquibancada?
Quando o treino continua, tento me forçar a focar, a não deixar que meu olhar se desvie para onde Leonie está. Eu tento, com todas as minhas forças, não me importar. Mas é mais forte do que eu. Cada vez que faço uma jogada, minha cabeça se vira, e lá está ela, com aquele olhar intenso, quase como se estivesse esperando algo de mim. Eu sei, é ridículo. Ela está ali, como qualquer fã, assistindo ao jogo, e eu estou aqui, exagerando tudo isso na minha cabeça.
- Vamos, Hector, mais foco, cara! - Xavi grita de longe, me arrancando do meu transe. Ele está sempre assim, atento aos mínimos detalhes, não permitindo que ninguém perca o ritmo. Eu respiro fundo e tento me concentrar no que estou fazendo.
Mas a sensação de ser observado persiste. Não apenas de qualquer fã, mas de ela. Algo nela me deixa desconfortável. E eu sei que não deveria me importar. Eu deveria estar mais focado, mais seguro de mim mesmo. Mas não estou. Algo nela desperta essa dúvida em mim. E eu odeio isso.
Marc vem até mim depois de um tempo, enquanto o treino chega a uma pausa. Ele olha para o lado, como se fosse analisar a situação toda antes de dizer qualquer coisa. Eu já sei o que ele vai dizer. Vai ser algo sobre como eu preciso parar de me preocupar com a Leonie. Que, se isso está me incomodando tanto, eu tenho que resolver.
- Você está vendo ela de novo, não está? - ele pergunta com uma leve risada, mas também com um tom de preocupação.
Eu deixo escapar uma risada nervosa, tentando não ser tão óbvio, mas, claro, Marc já sabe.
- Não sei o que ela quer, Marc. Eu não entendo, e isso me deixa... não sei. Não sei o que fazer com essa situação. - minha voz sai baixa, mais fraca do que eu gostaria. Não deveria estar falando isso com Marc, mas, de algum modo, ele consegue fazer com que eu me abra.
Marc dá de ombros e solta um suspiro. Ele é do tipo pragmático, e eu sei que ele só vai dar um conselho direto.
- Você está deixando ela te afetar demais. Isso não pode acontecer, Hector. O jogo é para ser sua prioridade. Então, se você não consegue lidar com essa distração, é melhor se afastar dela. Vai lá e resolve isso de uma vez. Não fique esperando que ela decida algo. - ele diz, com aquele olhar que ele tem quando está sendo totalmente direto.
Eu fico em silêncio. Ele está certo. Mas eu não quero dar o braço a torcer. Por mais que Marc seja meu amigo, por mais que eu o admire pela clareza com que vê as coisas, eu simplesmente não consigo ignorar o que sinto quando vejo Leonie. Talvez seja o olhar dela. Ou talvez seja o fato de ela ser diferente das outras pessoas que sempre me admiraram, das outras fãs. Ela não está apenas assistindo ao jogo, ela parece estudar meus movimentos, me observar de uma maneira que me deixa exposto.
Mas, ao mesmo tempo, não posso negar. Parte de mim... quer isso. Parte de mim quer ser notado por ela. Quer que ela veja algo em mim que nem eu mesmo vejo.
O treino continua, mas o clima está diferente. Meu foco finalmente volta para o campo, mas as palavras de Marc ecoam na minha cabeça. Eu preciso lidar com isso. Preciso parar de me sentir tão desconfortável com essa situação. Mas como? Como faço isso quando cada vez que vejo Leonie, ela me deixa mais confuso?
O restante do treino segue em um ritmo mais tranquilo, mas minha mente está dividida. Estou jogando, mas ao mesmo tempo não estou. Minha cabeça está em outro lugar, pensando em tudo o que Marc me disse, e mais ainda, pensando naquilo que eu não quero admitir: minha crescente curiosidade sobre Leonie. Algo nela está me puxando, e eu não sei exatamente o que é. Mas eu sei que preciso entender o que está acontecendo.
E, assim, o dia passa. O treino chega ao fim, e, embora o dia tenha sido produtivo, algo me diz que essa não será a última vez que vou me ver em um dilema envolvendo Leonie.
Enquanto deixo o campo, tento não olhar para as arquibancadas, onde ela ainda está, observando. Mas é impossível. Eu sei que ela está me olhando, e eu não posso mais ignorar isso.
- Você vai fazer algo sobre ela ou o que? - Marc pergunta enquanto caminhamos para o vestiário.
Eu apenas dou de ombros.
- Vou ver o que acontece.
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