dos ➤ objectius

💭 ⪼ quantos anos vocês têm?

𝐒𝐄𝐑 jogador do Barcelona era um sonho.

Mas às vezes, um sonho podia ser esmagador.

Eu sentia isso naquela manhã enquanto atravessava o estacionamento do centro de treinamento, a mochila pendurada em um ombro e os fones de ouvido abafando os ruídos ao meu redor. Minha playlist habitual tocava nos ouvidos, mas, pela primeira vez em muito tempo, a música parecia distante. O grave da batida vibrava no fundo da minha mente, enquanto meus pensamentos estavam ocupados demais remoendo o que vinha pela frente.

Outro dia de treino. Outra oportunidade. Outra chance de mostrar que eu pertencia a esse lugar.

Puxei o capuz do moletom para cima, tentando ignorar o leve desconforto no estômago. Não era exatamente nervosismo, mas aquela sensação constante de que algo poderia dar errado se eu não fizesse tudo perfeito. Ser jogador do Barcelona não era apenas sobre talento. Era sobre consistência, sobre estar à altura das expectativas dia após dia, sem falhas, sem erros. E isso, às vezes, pesava mais do que o próprio jogo.

Suspirei, ajustando a alça da mochila e atravessando a entrada do prédio. O cheiro do gramado recém-cortado e o som abafado de vozes ecoando pelos corredores me fizeram sentir um pouco mais ancorado na realidade.

Quando entrei no vestiário, Marc Guiu já estava lá, sentado no banco, amarrando as chuteiras com aquela expressão despreocupada que ele sempre carregava.

- Finalmente, Fortíssimo! - a voz dele veio animada.

Ele me olhou com um sorriso de canto, aquele típico jeito dele de parecer que nunca levava nada muito a sério.

- Achei que você tinha desistido da carreira e fugido para as montanhas.

Revirei os olhos, jogando minha mochila no chão e me sentando ao lado dele.

- Você fala demais de manhã, sabia?

- Você reclama demais - retrucou, dando um tapinha no meu ombro. - Relaxa, cara.

Cruzei os braços, soltando um suspiro pesado.

- Difícil relaxar quando parece que eu tenho que salvar o Barcelona toda vez que entro em campo.

Marc soltou uma risada curta, terminando de amarrar as chuteiras e batendo as palmas nas pernas antes de se virar para mim.

- Que exagero. Você só tem que mostrar que tem talento, e isso você já fez.

Balancei a cabeça, desviando o olhar para o chão do vestiário.

- Nem sempre parece suficiente.

Por um momento, ele ficou em silêncio. Então, deu de ombros.

- Eu entendo. Mas você precisa aprender a desligar essa parte da sua cabeça, ou vai se desgastar rápido.

Fácil para ele dizer. Marc também carregava pressão, mas lidava com isso de um jeito muito mais leve do que eu. Enquanto eu remoía cada erro, cada toque na bola que não saía perfeito, ele simplesmente jogava e deixava as coisas acontecerem.

Antes que eu pudesse responder, a voz firme de Xavi Hernández preencheu o vestiário.

- Vamos, pessoal! Quero todo mundo pronto em cinco minutos.

O som dos bancos rangendo e das mochilas sendo fechadas ecoou pelo espaço. Eu e Marc trocamos um olhar antes de nos levantarmos. Ele me deu um leve empurrão no ombro, um gesto silencioso de incentivo, antes de sairmos juntos para o campo.

Assim que pisei no gramado do centro de treinamento, o sol da manhã bateu no meu rosto, e por um breve instante, a tensão diminuiu. Eu inspirei fundo, sentindo o cheiro familiar da grama e do suor, o som das chuteiras batendo contra o chão, das conversas dos jogadores ao redor. Isso, ao menos, era um lugar onde eu me sentia em casa.

Os primeiros minutos do aquecimento ajudaram a esvaziar minha mente. O corpo se movia no ritmo dos exercícios, a repetição dos movimentos me ajudava a focar. Mas ainda assim, a inquietação persistia, grudada em mim como uma sombra.

Era estranho. Desde que comecei a jogar no time principal, eu deveria estar mais confiante, certo? Mas, às vezes, parecia que quanto mais eu conseguia, mais a pressão aumentava. Como se cada bom jogo apenas elevasse o padrão para o próximo, sem espaço para deslizes.

Xavi passou por nós no meio do treino, observando atentamente. Não disse nada, apenas cruzou os braços e acenou levemente com a cabeça. Pequenos gestos como esse significavam muito. Eu sabia que ele confiava em mim, mas o peso de não querer decepcioná-lo era real.

Em certo momento do treino, fizemos uma simulação de jogo. O passe veio na minha direção, e eu controlei a bola no peito antes de avançar. Meu marcador veio com tudo, tentando me travar, mas consegui girar o corpo e escapar. Cruzei na área, mirando Marc, e vi quando ele cabeceou direto para o gol.

- BOA, HECTOR! - ele gritou, vindo em minha direção e dando um soquinho no meu braço.

Xavi bateu palmas.

- Isso aí, rapazes! Quero ver esse entrosamento no próximo jogo.

Assenti, tentando me convencer de que estava no caminho certo.

Mas, no fundo, aquela vozinha chata na minha cabeça ainda perguntava: será que vai ser o bastante?

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