V. revelations
— capítulo 5 —
❝ Revelações ❞
𖥻 borboletas ˑ ִ ֗ ִ .
LILITH ACORDOU sobressaltada, o cansaço ainda pesando sobre seu corpo. Era seu turno, mas ela havia perdido a hora. Ao se levantar e sair às pressas da cabana, avistou Alby ajeitando a rede de Chuck, que havia se soltado novamente por causa da agitação do garoto durante a noite.
— Olha só, a Bela Adormecida resolveu acordar! — brincou Alby, sem tirar os olhos da rede.
Lilith sorriu, mesmo ainda meio sonolenta.
— Bom dia, Alby. Viu o Newt?
No instante em que ouviu a pergunta, o olhar de Alby desviou para o chão. Ele não sabia mentir, e Lilith, sempre atenta, percebeu imediatamente que algo estava errado.
— Alby? — ela insistiu, cruzando os braços.
— Ele saiu com o Minho... para o Labirinto — respondeu, hesitante.
— O quê?! O Newt no Labirinto? Por quê?Ele não é corredor!
— Foi uma decisão em grupo...
Lilith estreitou os olhos, sentindo a irritação crescer dentro de si.
— Decisão em grupo? — repetiu, indignada. — Eu não participei de decisão nenhuma! — Disse enquanto cruzava novamente os braços.
— Claro que não. Você estava dormindo.
Ela o encarou, incrédula, mas não perdeu tempo discutindo. Virou-se e saiu correndo para o bosque, um misto de preocupação e raiva tomando conta de si.
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No bosque, Lilith tentou acalmar os pensamentos. Apanhou algumas amoras, como fazia todas as manhãs, e desta vez conseguiu evitar que o líquido roxo manchasse seu rosto. Encostou-se em um tronco, saboreando as frutas, quando algo incomum aconteceu: um enxame de borboletas de asas azuis brilhantes passou ao seu redor. Eram deslumbrantes, quase mágicas.
Encantada, Lilith estendeu a mão, e algumas borboletas pousaram em seus braços. Duas delas se fecharam em suas mãos, e quando se abriram novamente, deixaram um bilhete amarelado.
Confusa, Lilith desdobrou o papel com cuidado. Havia apenas uma frase escrita:
Fuja enquanto há tempo.
C.R.U.E.L
Seu coração acelerou. As siglas C.R.U.E.L. despertaram algo em sua mente: estavam nas paredes do Labirinto...nas caixas de suplementos...e...em...seus... sonhos.
Ela analisou as borboletas mais de perto e percebeu algo de diferente: uma pequena luz vermelha piscava de dentro dela, não eram borboletas normais... Eram eletrônicas.
Lilith guardou o bilhete no bolso e saiu apressadamente do bosque, tentando racionalizar o que tinha visto. Seria apenas mais uma brincadeira de Gally... não é? Não conseguia tirar essa possibilidade da cabeça, mas algo em seu íntimo dizia que era mais sério.... O que vai acontecer ?
Passaram-se horas, mas a tensão não diminuía. Lilith vagava pela Clareira, perdida em pensamentos sobre Newt, várias vezes pensou em entrar no labirinto,mas sempre hesitava, uma vez lá para onde iria ? Não sabia onde eles iriam estar. Vagando pela clareira, encontrou Chuck sentado na grama, com o joelho machucado.
— Ei, pequeno, o que aconteceu? — perguntou, agachando-se ao lado dele.
— Gally... ele disse que eu precisava ser forte e me empurrou — respondeu, enxugando as lágrimas.
Lilith suspirou.
— Que babaca! Vem, vamos cuidar disso.
Ela o levou até a enfermaria, onde Clint limpou o ferimento e fez um curativo. Chuck agradeceu com um sorriso tímido, mas pediu:
— Não conta pra ninguém... especialmente pro Gally.
Lilith garantiu que não diria nada e o abraçou.
— Vamos esperar o Newt e o Minho na cabana, tá bom?
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— E se eles não voltaram ? — Thomas perguntou
— Eles vão voltar. — Garantiu Lilith
— Tá, mas e se não voltarem ? — Insistiu Thomas
Lilith estava encostada no tronco de uma árvore enquanto roía as unhas, ela virou bruscamente para Thomas
— Não tem essa de não voltarem. Ouviu ? Eles vão voltar.
Thomas engoliu a seco e concordou com a cabeça, o sol começou a se pôr enquanto um silêncio endurecedor se instalava entre os garotos.
— Não podemos mandar ninguém atrás deles? - Perguntou Thomas, quebrando o silêncio
— É contra as regras. - Gally respondeu — Ou eles voltam ou não.
Lilith se agachou, ficando ao lado de Gally, a morena voltou a roer as unhas enquanto segurava as lágrima que ameaçavam cair de seus olhos.
— Onde vocês estão...? — Lilith murmurou para si mesma.
E de repente, o cantarolar do labirinto veio seguido pelo vento forte e no mesmo instante as portas começam a se fechar.
— Droga! — Lilith exclamou se levantando.
— Merda... - Gally murmurou.
Todos da clareira se aproximaram mais das portas, as lágrimas ameaçavam cada vez mais cair dos olhos de Lilith, sua respiração estava irregular enquanto ela pressionava a cabeça, ela deu dois passos a frente de todos quando sentiu algo segurar seu braço. Gally.
— Não pense em dar uma de heroína. — Avisou o loiro quando no mesmo segundo Minho apareceu...carregando Newt nas costas.
A preocupação de Lilith ficou maior ao ver Newt desacordado, coisas horríveis começaram a passar pela sua cabeça , ele foi picado ? Morreu ? Se machucou?
" Até onde você iria por mim, Lily?"
A voz de Newt ecoou em sua mente e sem pensar duas vezes Lilith empurrou de leve Gally e correu o mais rápido possível pra dentro do labirinto antes que as portas se fechassem , Thomas rapidamente foi atrás dela enquanto Alby e Gally tentaram os segurar, as portas estavam a um fio de se fechar quando Lilith e Thomas se jogaram para dentro caindo contudo no chão. As portas rápidamente se fecharam com os quatro dentro do labirinto.
Minho se ajoelhou no chão, estava suando e exausto.
- Parabéns! Acabaram de se matar. - O asiático exclamou enquanto respirava ofegante.
Lilith se abaixou e colocou a cabeça entre as mãos que estavam apoiadas nos joelhos.
" O que eu acabei de fazer ? " — Pensou
- Nos vamos conseguir. -Disse Lilith se levantando , seu braço estava sangrando e ralado mas isso não era nada em comparação a Newt que estava desacordado no chão. — o que aconteceu com o Newt ? A garota perguntou tentando parecer calma mas seu coração estava quase saindo pela sua boca.
- Esse Mértila foi inventar de correr e não olhou para frente, tinha que ter certeza que eu estava atrás e entrou em um beco sem saída e bateu contudo na parede.
- Aí meu Deus! — Lilith exclamou rindo, agora mais tranquila por saber que não foi nada tão grave
- Não é melhor a gente sair daqui ? Já está ficando mais escuro. —Sugeriu Thomas
- Vão vocês, Eu não vou sair daqui sem o Newt. — Lilith avisou e no mesmo instante ficou ao lado do loiro.
- Sangue- preto, levanta aí , eu carrego seu namoradinho e você vai mostrando o caminho pro Thomas. — Disse Minho se abaixando para carregar Newt.
Lilith não ligou por Minho ter chamado Newt de "seu namoradinho" afinal , ela já estava acostumada, todos da clareira diziam e zoavam que eles namoravam escondido ou se gostavam por serem próximos. E o apelido "sangue-preto" a garota também estava acostumada.
Ela se levantou e começou a correr pelos corredores do labirinto junto com Thomas, a garota confiava em Minho e sabia que ele viria logo atrás.
- Vem! Por aqui! — Ela indicava para Thomas enquanto o moreno a acompanhava no mesmo ritmo , se passaram alguns minutos e eles chegaram em uma área de tamanho quadrangular.
- Aqui é o último lugar que os verdugos passam então temos tempo de fazer o Newt acordar. — Lilith explicou e no mesmo segundo Minho chegou, a garota se sentou no chão e Minho colocou Newt com a cabeça no colo da mesma
- Vamos Newt , acorda. — Lilith implorou enquanto passava mão no rosto do loiro
- Você gosta dele né ? — Perguntou Thomas.
Lilith arqueou a sobrancelha mas não olhou para Thomas e nem respondeu sua pergunta por que ela não sabia a resposta , é claro que ela gostava de Newt , ele é seu melhor amigo mas eis a questão: ela gosta dele só como um melhor amigo?
Involuntariamente, lágrimas começaram a escorrer de seus olhos vendo que Newt não acordava.
— Lilith.... — Thomas a chamou apontando para seus olhos — Lágrimas ... negras ? — Ele perguntou claramente assustado. Lilith passou a mão nos olhos mas antes de processar algo, Newt acordou.
- Li...Lily ? — Newt perguntou quase sussurrando , seus olhos estavam semicerrados por conta da luz do sol que batia contra seu rosto.
- Oi ! Oi! — Ela exclamou enquanto terminava de secar os olhos.
Newt se levantou aos poucos e se sentou ao lado de Lilith que o abraçou, Newt retribuiu a abraçando com intensidade.
— Nunca mais me mata de susto desse jeito. — Disse ela dando uma batidinha no ombro de Newt
Newt riu e em seguida se levantou , olhando para os lados
- Espera...espera...o que você tá fazendo aqui Lily ? — Ele perguntou e logo viu Thomas atrás dela — O que vocês estão fazendo aqui ? — Disse enquanto apontava para os dois — O labirinto já se fechou ?
- Sim — Respondeu Minho enquanto se encostava nas paredes de pedra
- Newt... - Lilith deu um passo e ficou na frente do loiro — lembra ontem quando você me perguntou até onde eu iria por você ? Bom, essa é sua resposta.
Newt abriu um sorriso e abraçou Lilith novamente.
— O pombinhos, não querendo atrapalhar o clima mas eu tô ouvindo o barulho dos verdugos e eu não tô nem um pouco afim de virar comida deles.
- Tô com você, Minho. — Thomas concordou
- Pera...eu acabei de acordar , tô meio zonzo ainda e vcs já querem correr ? — Perguntou Newt arqueando a sobrancelha.
— Ou a gente corre ou a gente morre. — Lilith respondeu e logo ajeitou suas luvas de couro — Estão prontos ? — Perguntou a mesma
Lilith e Minho foram na frente , Thomas e Newt atrás , o garoto loiro mancava como de costume , mas mesmo assim conseguiu manter o ritmo dos amigos , e o barulho dos verdugos se aproximando só ficou mais forte.
O som das patas metálicas dos verdugos ecoava pelo labirinto, enquanto Lilith, Newt, Thomas e Minho corriam com o coração acelerado, sentindo o peso da adrenalina em cada passo. O ar era denso, misturando o cheiro de suor e metal enferrujado. Lilith liderava o grupo, seus olhos fixos nas curvas estreitas das paredes gigantescas, enquanto Newt, logo atrás, lutava contra a dor em sua perna, determinado a não ser um fardo. Thomas olhava constantemente por cima do ombro, o pânico crescendo ao ver os verdugos cada vez mais próximos. Minho, sempre o estrategista, gritava instruções rápidas, guiando-os em direção a uma possível saída. Cada respiração era uma luta, cada curva uma chance de sobrevivência ou um beco sem saída. Mas, apesar do medo que queimava em seus peitos, havia uma força compartilhada entre eles, uma determinação feroz de não desistir, de lutar até o último instante.
- POR AQUI! SEJAM RÁPIDOS — Gritou Minho ao ver que uma passagem em uma das paredes estava se abrindo , junto de uma fumaça
- RÁPIDO ! — Lilith gritou
Lilith deixou Minho e Newt entrarem primeiro, a área do labirinto estava quase se fechando mas Lilith e Thomas ainda não haviam passado.
- Vamos acabar com essas desgraças!!! — Exclamou Thomas
— O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO ? VÃO LOGO ! — Gritou Newt
— LILITH! THOMAS!
Lilith tirou duas espadas da mochila e deu uma para Thomas.
- Sempre trago comigo. — Disse e no mesmo instante os dois atacaram o Verdugo que se aproximava , mantendo cuidado para não serem picados , o verdugo rugia e soltava babás gosmentas por toda a parte , faltava muito pouco para a área se fechar totalmente, enquanto o verdugo já estava zonzo mas permanecia resistente.
— ENTRA! VOU DISTRAÍ-LOS! — Gritou Lilith, Thomas correu para o caminho da área e a garota foi logo depois, a parede estava a centímetros de se fechar quando o verdugo começou a segui-la , Lilith em um movimento ágil tacou a espada no rosto do verdugo o que o deixou lerdo e foi o bastante para ele ser esmagado pelas paredes. Os dois se jogaram no chão para não acabarem esmagados, e caíram contudo no chão de pedra, por parte , já estavam se acostumando.
- Wow ! Isso foi dahora demais! — Exclamou Thomas já se levantando
- Olha , eu pretendo não fazer isso de novo. —Disse Lilith com a voz cansada , passando a mão na blusa.
- Você está bem? — Newt perguntou se aproximando da morena e a ajudando a se levantar, ela balançou a cabeça como resposta.
- Pra onde vamos agora ? — Perguntou Thomas
— Você ainda pergunta? Vamos descansar,né! Essa parte acabou de fechar eles não vão chegar até aqui. — Minho respondeu
— Sem problemas, chefinho! — Lilith respondeu com um tom sarcástico enquanto se sentava no chão.
Newt estava parado, observando Lilith conversando animadamente com os dois amigos. Ele não dizia nada, mas seus olhos a seguiam com atenção, como se tentassem decifrar algo invisível. Ele notou o brilho de seus cabelos lisos e morenos caindo suavemente sobre os ombros, o contraste vibrante de seus olhos azuis que pareciam carregar tanto mistério quanto determinação. O formato delicado de seu nariz, o contorno suave de seu rosto, tudo nela parecia se encaixar de forma quase irreal.
Mas o que realmente o fascinava era o jeito como ela gesticulava enquanto falava, suas mãos se movendo de forma expressiva, como se cada palavra fosse acompanhada por um fragmento de sua alma. Havia algo no brilho de seus olhos — algo que parecia iluminar o ambiente, mesmo nos dias mais sombrios.
Newt se pegou sorrindo de lado, sem perceber, perdido em pensamentos. Talvez fosse a força com que ela enfrentava tudo, ou o jeito que seu sorriso aparecia, mesmo em meio à incerteza. Ele não sabia dizer, mas Lilith tinha uma forma de ser que fazia o mundo ao redor parecer mais vivo.
— Disfarça. — Minho sussurrou no ouvido de Newt o que o fez fechar o sorriso e revirar os olhos para o asiático.
— Bom, não sei vocês mas eu estou cansada! — Lilith exclamou enquanto se sentava, Newt acompanhou o gesto.
Lilith e Newt logo começaram a brincar de adoleta enquanto Minho e Thomas foram correr pela área para passar o tédio.
— A-do-le-ta... — Lilith dizia enquanto batia na mão do loiro e vice versa, Newt não parava de rir o que a fez rir também, mas de repente um mal estar surgiu na garota , sua visão ficou embaçada... dor de cabeça... náusea...
" CRUEL é bom , Lilith. "
Ela não via mais Newt e sim a mulher loira que dizia novamente isso para ela , atrás dela a garota via a mesma menina de pele pálida e cabelos escuros.
" Eu não aguento mais vê-los sofrer "
uma voz masculina.... a voz de Thomas.
" Me desculpe "
A garota desconhecida disse , uma expressão de culpa estava em seu olhar.
" Tudo vai mudar ..."
Lilith não identificou de quem era a voz, estava em uma espécie de refeitório quando sentiu sua braços sendo tocados.
" Mãe , Mãe ? "
Ouvia sua própria voz dizer isso , de repente , ela estava deitada em uma maca , sem conseguir se mexer.
- Lily?! Lily você tá bem ? — Perguntou Newt a chacoalhando, a garota balançou a cabeça, vendo agora....Newt
- Oi!...Oi...tô... — Disse enquanto tentava processar as lembranças que teve.
- Tem certeza ? Uns segundos atrás você estava ótima aí de repente ficou assim. — O loiro disse com uma pitada de preocupação na voz.
— Estou sim, não se preocupe! — A morena garantiu.
No mesmo instante Thomas e Minho chegaram e logo se juntaram com os amigos.
— Thomas e eu verificamos a área , nada de verdugos. — Minho disse
🦋
A noite no Labirinto era diferente de tudo que já haviam enfrentado antes. O som metálico dos verdugos ecoava nas paredes, misturado ao vento frio que soprava pelas passagens estreitas. O grupo se abrigou em um canto relativamente seguro, onde as trepadeiras eram densas o suficiente para oferecer alguma proteção visual.
Minho montava guarda, inquieto. Thomas permanecia em silêncio, absorvendo cada detalhe do ambiente. Newt estava encostado na parede, ainda se recuperando, e Lilith tentava manter a calma, mas sua mente estava a mil.
— Você devia dormir um pouco — sugeriu Newt, a voz ainda baixa.
— E deixar você sem supervisão? Nem pensar! — respondeu Lilith, forçando um sorriso.
Ele tentou rir, mas fez uma careta de dor.
— Eu sei que você está brava comigo.
Lilith cruzou os braços.
— Brava não é a palavra certa. Estou furiosa, Newt! Por que você foi para o Labirinto? Você sabe que não é seguro para você!
— Não é seguro para ninguém. E, se queremos sair daqui, todos precisamos tentar! — O loiro rebateu.
— Isso é ridículo! — Ela levantou-se, irritada, e começou a andar de um lado para o outro. — Não é seu trabalho se arriscar assim! Você... você não precisa provar nada a ninguém!
Newt a observou, silencioso. Lilith não era de se estressar ou de ser explosiva, mas quando o assunto era alguém importante correr perigo ela não hesitava. A garota demorei fora doce, bondosa, apaixonada, cheia de vida. Mas, por trás de toda aquela energia, havia uma preocupação genuína com os outros, principalmente com seu melhor amigo, Newt.
— Eu só queria ajudar — ele murmurou.
Lilith parou de andar e se ajoelhou ao lado dele.
— E quase se matou no processo. Você já é importante para a gente, Newt. Para mim. Não precisa colocar sua vida em risco para provar isso.
Antes que ele pudesse responder, o som distante de metal raspando contra pedra cortou o ar, seguido pelo som metálico da pata do verdugo.
— VERDUGO! — Minho alertou
No mesmo instante Lilith ficou confusa, ela e Minho estudaram as partes seguras do labirinto por anos, sabiam que nessa parte os verdugos não chegam.
Todos ficaram em silêncio absoluto. A respiração pesada de Newt e o coração acelerado de Lilith eram tudo que ela conseguia ouvir. O som metálico ficou mais próximo, e Minho fez um gesto para que todos recuassem ainda mais para dentro das trepadeiras.
— Não se mexam — O asiático sussurrou.
Os minutos seguintes pareceram horas. Um verdugo surgiu na passagem à frente, seus braços mecânicos movendo-se de forma inquieta, como se farejasse o ar. Suas luzes vermelhas cortavam a escuridão como lasers, varrendo as paredes e o chão.
Lilith prendeu a respiração, segurando firmemente a mão de Newt. Por um instante, pareceu que o verdugo iria se afastar, mas então parou, girando a cabeça em direção a eles.
— Droga! — Minho murmurou, agarrando um galho solto no chão.
Antes que pudesse agir, Lilith se levantou.
— O quê você está fazendo?! — sussurrou Newt, alarmado.
Mas nem ela mesma sabia o que estava fazendo, sua mão borbulhava e ao olhar pra ela veias pretas estavam ressaltadas, era como ela não se controlasse, Lilith ergueu sua mão a frente do verdugo como se tinha um propósito pra fazer. As luzes do verdugo brilharam intensamente por um momento, o verdugo rugiu na cara da garota mas ela não recuou, era como se ela estivesse o controlando e, para surpresa de todos, a criatura recuou. Ela deu dois passos à frente, e o verdugo desapareceu na escuridão do Labirinto.
Lilith ficou paralisada por alguns segundos, tentando processar o que acabou de fazer, sua mão temia. Minho, Thomas e Newt a observavam incrédulos, enquanto o silêncio voltava a dominar o ambiente.
— O que foi isso? — perguntou Minho, aproximando-se devagar. — Você acabou de... assustar um verdugo?
— Não sei... — Lilith respondeu, sem conseguir desviar os olhos da direção por onde a máquina havia sumido.
Thomas se levantou, franzindo o cenho.
— Não é possível. Esses monstros não recuam. Não foi sorte, Lilith. Alguma coisa no que você fez...
Ela olhou para sua mão e sentiu um frio na espinha. Suas veias cada vez mais ressaltadas como se quisesse sem pular o fora de seu corpo.
— Sua mão.... — ela começou, hesitando, enquanto apontava para a mão da morena.
Minho, que estava ao lado de Thomas, se aproximou, ainda com a testa franzida, mas com o humor ácido de sempre tentando mascarar a tensão.
— Tá, então deixa eu ver se entendi... — Ele gesticulou para a mão dela, sua voz carregada de sarcasmo, mas com um fundo de preocupação. — Isso aí foi o que assustou o verdugo? Veias pretas? Que tipo de show de terror você tá guardando, Lilith? Primeiro suas lágrimas são negras, seu sangue também... o que é isso?
— Eu não sei! — Lilith respondeu com a voz trêmula, cobrindo a mão com a outra, como se quisesse esconder o que estava acontecendo. — Isso nunca aconteceu antes...
— Ok, então — Minho começou, cruzando os braços. — Você diz que não sabe, mas alguma coisa no seu corpo ou no que você fez fez aquela coisa desistir da gente. Verdugos não fogem, Lilith. Eles atacam, eles matam. Sempre foi assim.
Thomas observava atentamente enquanto ela lutava para encontrar uma explicação. O brilho nas veias dela parecia diminuir aos poucos, mas a sensação de que algo estava profundamente errado não desaparecia.
— Lilith... — Thomas falou suavemente, tentando não soar acusador, mas ainda exigindo respostas. — Tem algo dentro de você, algo que nem você entende. E seja lá o que for, parece que os verdugos sabem disso.
Lilith ergueu o olhar para ele, os olhos brilhando com uma mistura de medo e determinação.
— Talvez... mas isso não muda o fato de que precisamos sair daqui. O que quer que esteja acontecendo comigo, não importa agora. O importante é sobreviver. — Newt respondeu — E se tem mesmo algo de diferente na Lily, ela pode ser a chave para sairmos daqui.
— Bom... o verdugo foi embora! Isso que importa não é ? — Lilith disse tentando acabar com aquele assunto.
O que está acontecendo com ela ?
— Não, Lilith. — Thomas balançou a cabeça. — Nao tem como você querer fugir disso! Você sabe de alguma coisa, não sabe? Algo mais ?
Ela hesitou. Seus sonhos, suas memórias fragmentadas, tudo parecia apontar para algo maior, algo que ela não entendia completamente. Mas, naquele momento, não podia revelar tudo. Não ali, com os verdugos tão perto.
— Não sei de nada, Thomas. — Sua voz era firme, mas havia uma sombra de dúvida em seus olhos. — E, mesmo que soubesse, agora não é o momento para isso. Precisamos sair daqui vivos.
Minho assentiu, embora parecesse desconfiado.
— Certo. Vamos focar em sobreviver.
Eles decidiram esperar mais um pouco antes de se moverem novamente, garantindo que o perigo estivesse longe. Lilith sentou-se ao lado de Newt, que observava-a com atenção.
— Lilith... — ele começou, a voz suave. — Eu confio em você, mas não posso deixar de perguntar: por que parece que você está escondendo algo?
Ela desviou o olhar, sentindo o peso da pergunta.
— Porque algumas verdades são perigosas demais, Newt.
Ele não insistiu, mas Lilith sabia que não poderia evitar essas conversas para sempre.
Enquanto o silêncio caía novamente, Lilith olhou para os outros, seus amigos, e fez uma promessa silenciosa: encontraria a verdade, mesmo que isso a destruísse no processo.
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