II. the glade
— capítulo 2 —
❝ 𝐀 𝐜𝐥𝐚𝐫𝐞𝐢𝐫𝐚 ❞
𖥻 a nova corredora ۫ ּ ִ ۫ ˑ ֗ ִ
𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎𝐔 sentindo o corpo ainda cansado, desejando que tudo fosse apenas um sonho. Ao se levantar, quase pisou em Newt, mas parou ao ver os cabelos dourados espalhados pela rede. Ela respirou aliviada e saiu da cabana.
Dentro, pegou duas mechas de cabelo e as trançou com cuidado, prendendo as tranças na parte de trás da cabeça. Ao sair, a luz forte do sol quase a cegou, e ela ergueu as mãos para proteger os olhos. Quando finalmente conseguiu enxergar, avistou Alby e Minho já acordados.
— Bom dia, Lilith — cumprimentou Alby, enquanto cavava na pequena horta. — Como está a cabeça?
— Bom dia! Está melhor, obrigada — respondeu Lilith, sorrindo. A lembrança do que acontecera no dia anterior ainda a deixava inquieta. Seus olhos seguiram para Minho, que caminhava em direção ao labirinto. Sem pensar duas vezes, ela correu atrás dele.
— Ei! — chamou, fazendo Minho virar a cabeça. — Posso ir com você? Não tenho nada para fazer.
O asiático arqueou a sobrancelha, segurando o suspensório de couro de sua blusa.
— Você não é corredora — respondeu, sem parar.
— Mas eu quero ser uma.
Minho soltou um riso curto e balançou a cabeça.
— Você está me atrasando, sangue-preto. Falamos disso depois.
Lilith parou no lugar, sentindo um aperto no peito ao ouvir "sangue-preto". Respirou fundo, engolindo o incômodo, e revirou os olhos.
— Vai lá, asiático rabugento! — gritou, observando Minho desaparecer dentro do labirinto.
Voltando para a cabana, encontrou Newt ajeitando sua rede.
— Dormiu bem? — perguntou ele, lançando um sorriso acolhedor.
— Dormi, sim. Obrigada por me deixar usar sua rede. Foi muito gentil.
— Não foi nada. Vem, o café da manhã está pronto.
Seguiram juntos até a cozinha improvisada, onde uma grande mesa de madeira ocupava o centro da cabana. Aos poucos, os clareanos se sentavam enquanto Caçarola servia salada de frutas e suco de maracujá com manga. Lilith se acomodou ao lado de Newt, tentando ignorar os olhares que recebia.
— Eles estão impressionados por você ser a primeira garota aqui — sussurrou Newt. — Logo eles se acostumam.
— É estranho. Me sinto sozinha — murmurou Lilith, mantendo o olhar baixo.
Newt encostou a mão de leve no ombro dela.
— Você tem a mim, certo? Sempre vou estar do seu lado.
Lilith sentiu as bochechas queimarem, mas apenas assentiu e voltou a comer.
— Ei, garota! — chamou um clareano mais à frente. — O que você fez para ter sangue preto? É algum tipo de coisa alienígena?
A pergunta fez o desconforto de Lilith voltar com força. Ela não sabia o que responder. Por que seu sangue era preto?
— Chega, cara — disse Newt, lançando um olhar firme para o garoto.
Lilith tentou sorrir, mas era difícil ignorar a sensação de ser diferente.
🦋
Mais tarde, enquanto Lilith andava pela Clareira, colhendo flores, avistou Newt plantando na horta.
— Segundo no comando e fazendeiro? — brincou, se aproximando.
— Isso mesmo. Quer me ajudar? — perguntou ele, erguendo uma cesta de palha.
— Claro.
Eles trabalharam juntos, colhendo cenouras, batatas e alfaces.
— Posso te chamar de Lily? — perguntou Newt, sem tirar os olhos das plantas. — Esse apelido combina com você.
— Pode, sim — respondeu ela, sorrindo. Uma sensação estranha tomou conta de Lilith, como se já tivesse ouvido alguém chamá-la assim antes.
Newt percebeu sua distração e mudou de assunto.
— Quero te mostrar algo.
— Mas eu não terminei de... - A garota não conseguiu completar a frase, Newt puxou seu pulso e ele a guiou até os muros altos, onde uma parede estava cheia de nomes escritos.
— Sempre que alguém novo chega, escreve o nome aqui — explicou ele, entregando uma espátula para Lilith.
Ela escreveu seu nome com cuidado e olhou para os outros, especialmente o de Alby, bem ao centro.
— Espera... Alby passou um mês inteiro sozinho aqui?
— Isso mesmo. Sem memórias e sem ninguém para explicar nada — disse Newt, rindo.
Lilith balançou a cabeça, imaginando a solidão que Alby deveria ter enfrentado.
🦋
Quando o sol da clareira estava se pondo, Minho e Ben voltaram do labirinto, Lilith fez um pequeno sinal para o asiático que parou diante dela.
— Tá bom, agora você pode me mostrar o que sabe. - Minho disse enquanto cruzava os braços.
Ela sorriu.
— Vou correr até o final da Clareira.
— Tem 60 segundos... já!
Lilith disparou, surpreendendo até a si mesma com a velocidade. Quando voltou, ofegante, encontrou Minho com as sobrancelhas erguidas.
— Nada mal — admitiu ele. — Mas não é só isso. Você precisa conhecer o labirinto, entender os perigos, e, mais importante, precisa da aprovação de todo mundo.
Lilith arqueou uma sobrancelha.
— Tá bom. Mas você vai me ajudar, né?
O asiático soltou uma risada curta, mas havia algo de sincero em seu sorriso.
— Acho que já te ajudei bastante... mas vou pensar no caso.
Ela não segurou a empolgação e deu um pulinho.
— Minho, você é o melhor!
Ele revirou os olhos, mas não escondeu a satisfação.
🦋
• • MESES DEPOIS • •
Durante os meses seguintes, Lilith treinou com Minho quase todos os dias. Ele era exigente, mas justo, e, embora reclamasse constantemente do quanto ela o "atrasava", era evidente que acreditava no potencial dela.
— Boa! De novo, mais rápido agora! — gritava ele enquanto Lilith superava obstáculos que Minho criava no campo de treinamento improvisado.
Aos poucos, ela começou a se destacar. A velocidade que antes era apenas natural agora estava acompanhada de estratégia, agilidade e resistência. Lilith conseguia correr longas distâncias, desviando de obstáculos como se o instinto a guiasse.
Um dia, após mais um treinamento puxado, Minho se aproximou.
— Tá pronta.
Lilith arregalou os olhos, surpresa.
— Sério?
— Sério. Vou organizar o conclave. Se eles aprovarem, você vai ser oficialmente uma corredora.
Lilith sentiu um misto de empolgação e nervosismo, mas assentiu com firmeza.
🦋
Naquela noite, o conclave foi realizado na cabana principal. Todos os clareanos estavam presentes, o clima era tenso. Alby, como líder, iniciou o discurso:
— Lilith chegou há alguns meses, e foi uma surpresa para todos nós. Muitos a questionaram, alguns até duvidaram de que ela fosse como nós. Mas ela mostrou que é mais do que isso.
Os olhares se voltaram para Lilith, que estava de pé ao lado de Minho.
— Durante todo esse tempo, Lilith trabalhou duro, treinou sem parar e ajudou na Clareira sempre que pôde. Ela provou que não é apenas rápida, mas que é parte da nossa equipe.
Minho assumiu a palavra, cruzando os braços enquanto encarava a multidão.
— Eu treinei Lilith por meses. Ela é a melhor que já vi. Rápida, esperta e dedicada. Se tem alguém que merece ser corredora, é ela.
O silêncio foi quebrado por Gally, que deu um passo à frente com uma expressão dura.
— Isso é um erro. — A voz dele soou firme, atraindo todos os olhares. — Desde o começo eu disse que ela não é confiável. Por que ela é a única garota aqui? Por que o sangue dela é preto? Não parece estranho para vocês?
Lilith respirou fundo, mas sentiu a raiva subir.
— Se você acha que eu não deveria estar aqui, tudo bem. Mas me diz uma coisa, Gally: o que exatamente eu ganharia fingindo ser alguém que não sou? Se eu quisesse destruir tudo, já teria feito isso no primeiro dia.
Gally ficou em silêncio por um momento, mas não recuou.
— E se for exatamente isso que eles querem? — insistiu ele. — E se você só está esperando o momento certo para nos ferrar?
Alby interveio, levantando a mão.
— Chega, Gally. Todos aqui têm um papel na Clareira, e Lilith provou que merece uma chance. Quem está a favor dela ser corredora?
Os clareanos começaram a murmurar entre si. Aos poucos, as mãos foram se erguendo. Primeiro, Newt. Depois, Ben, Caçarola e outros. No final, apenas Gally manteve os braços cruzados, visivelmente insatisfeito.
— Então está decidido. Lilith é oficialmente uma corredora. — Alby bateu palmas, encerrando o conclave.
Ao sair da cabana, Lilith foi cercada pelos amigos. Newt foi o primeiro a se aproximar, com um sorriso largo.
— Parabéns, corredora. — Ele a abraçou brevemente, mas com firmeza. — Agora você vai me abandonar na horta?
— Nunca! — respondeu ela, rindo.
Minho apareceu logo atrás, com as mãos nos bolsos e um sorriso de canto.
— Você conseguiu, sangue-preto. Mas não deixa isso subir à cabeça, tá bom?
Ela revirou os olhos, mas estava radiante.
— Pode deixar, chefinho.
Minho soltou uma risada curta antes de voltar para a sede.
🦋
Mais tarde, enquanto Lilith se preparava para dormir em sua nova rede, ao lado da de Newt, a voz familiar ecoou em sua mente mais uma vez:
"CRUEL é bom, Lilith."
O flash de uma memória a atingiu como um raio: ela, deitada em uma maca, sendo empurrada por um corredor cheio de luzes. Rostos desconhecidos a observavam.
Lilith acordou assustada, sentindo a respiração pesada. Aquelas memórias fragmentadas estavam começando a voltar... mas o que elas significavam?
Enquanto olhava para o teto da cabana, uma única pergunta ecoava em sua mente:
"Quem sou eu de verdade?"
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