I. the arrival

— capítulo 1 —
❝ 𝐀 𝐜𝐡𝐞𝐠𝐚𝐝𝐚

𖥻 bem vinda a clareira ᳝ ࣪⠀. ִ ་ .

UM SOM METÁLICO ensurdecedor
reverberava pelo espaço fechado. A garota de cabelos escuros encolhia-se em um canto, as mãos pressionadas contra os ouvidos, tentando abafar o barulho. Sua cabeça latejava incessantemente, e o pânico tomava conta de cada célula de seu corpo. Onde estava? Quem era ela? Por que não conseguia lembrar de nada?

Aos poucos, abriu os olhos, mas o ambiente em volta não fazia sentido. Estava cercada por caixas de metal com suprimentos, panos rasgados e cordas jogadas ao acaso. Uma luz vermelha piscava incessantemente, deixando seus olhos azuis ardendo de irritação. Desesperada, gritou. Gritou com todas as forças que tinha, mas não obteve resposta.

De repente, o som metálico cessou, e a luz mudou de vermelho para verde. Ela prendeu a respiração e se arrastou para trás, escondendo-se atrás de uma das caixas. O barulho de engrenagens ecoou, e o lugar onde estava tremeu. Então, o teto se abriu, deixando o sol ofuscante invadir o espaço. A garota cerrou os olhos enquanto a claridade iluminava sua pele pálida e os cabelos escuros, que grudavam no rosto, úmidos de suor.

Quando finalmente conseguiu abrir os olhos, viu algo inesperado: vários garotos a cercavam, olhando-a com expressões confusas e boquiabertas.

— Uma garota? — perguntou um deles, incrédulo.

— Parece que encontramos alguém para ajudar o Caçarola na cozinha! — gritou outro, provocando risadas.

O coração da garota disparou. O pânico a dominou. Ela levantou-se de um salto e empurrou os garotos à sua frente, correndo na direção oposta. Suas pernas se moviam rápido, mas logo percebeu que não havia saída. Estava cercada por muros altos, tão altos que pareciam tocar o céu.

— Olha só, encontramos uma corredora! — brincou alguém, gargalhando.

Os comentários ecoavam ao seu redor. "Esquisita", "novata", "o que ela faz aqui?". Suas mãos tremiam, e a náusea subia pelo estômago. Procurando um refúgio, entrou na primeira cabana que viu. Lá dentro, encontrou uma mesa improvisada com algumas armas rudimentares. Pegou uma espada, hesitante, e saiu com passos trêmulos para enfrentar o grupo de garotos.

— Que lugar é esse? Por que estou aqui? Quem são vocês? — disparou as perguntas, apontando a arma para eles.

Um rapaz loiro, de olhos castanhos suaves, deu um passo à frente, as mãos levantadas em um gesto pacificador.

— Ei, calma — disse ele, com a voz tranquila. — Não vamos machucar você.

— Quem é você? — perguntou a garota, ainda apontando a espada, recuando instintivamente.

— Sou Newt. Prazer.

Havia algo na voz dele que a fez hesitar. Ele parecia familiar, mas... de onde?

— Posso responder suas perguntas — continuou Newt. — Mas primeiro, abaixe essa espada. Está me assustando.

O tom brincalhão do loiro a desarmou um pouco. Relutante, ela soltou a espada, mas permaneceu alerta.

— Está confusa, eu sei. Todos ficamos no começo. Isso aqui é a Clareira. Não sabemos quem nos colocou aqui, mas sabemos que foi obra de uns desgraçados. — A garota deu um breve sorriso forçado, forçando algo na mente mas nada, não vinha nada. — Vem comigo — Continuou Newt, fazendo um gesto para que o seguisse. — Vou te mostrar como as coisas funcionam por aqui.

Enquanto caminhavam, os olhos dela captavam cada detalhe: garotos de todas as idades realizando tarefas, construindo, cuidando das plantações, rindo em pequenos grupos. Mas nenhum rosto feminino. Só ela.

Um rapaz mais velho, de pele escura e aparência firme, se aproximou, logo após o encerramento da apresentação.

— E aí, Newt? Como anda a nova fedelha?

— Bem — respondeu o loiro, sorrindo. — Alby deu um aceno positivo para Newt e em seguida de virou para a menina.

— Eu sou Alby, o líder por aqui. Qualquer problema, vem falar comigo — disse o rapaz, estendendo a mão para a garota. — Caso não me veja, Newt está aqui para isso, o segundo no comando. — O moreno disse enquanto piscava para o loiro.

Ela apertou a mão dele, mas antes que pudesse responder algo, Alby apontou para a estrutura de madeira alta no centro.

— Lá em cima você pode observar tudo. Mais tarde, explico o resto.

Ela concordou com a cabeça e Alby logo se despediu.

No mesmo instante, Newt a conduziu para outra área, um bosque com árvores altas e um lago cristalino.

— Sempre venho aqui quando preciso me desestressar. — Explicou Newt enquanto passavam por uma pequena ponte a cima do lago.

— Uau — sussurrou a garota, fascinada.

Ela observava as árvores e a forma como as folhas se movimentavam com o vento, as flores das cores mais lindas e brilhantes possíveis, mas, um barulho na água a fez levar um susto, ao olhar na direção do lago, sem aviso, Newt mergulhou na água, dando um sorriso travesso enquanto ajeitava o cabelo molhado que caía no rosto.

— Vem!

— O quê? Nem pensar! — Exclamou se recuando

Newt nadou até ela e estendeu sua mão

— Tudo bem, me ajude a sair.

A garota se aproximou aos poucos e pegou na mão do loiro mas, antes que pudesse protestar, ele a puxou para dentro do lago. Pela primeira vez desde que chegou, ela riu

— Meu Deus! Eu só tenho essa roupa! — reclamou, tentando afastar o cabelo molhado do rosto.

— Isso não é um problema — respondeu Newt, rindo e jogando água nela.

Depois de mais ou menos uma hora se divertindo, Lilith saiu do lago com os cabelos molhados colados ao rosto  e com as roupas encharcadas, o frio do entardecer começando a arrepiar sua pele. Ela apertou os braços ao redor do corpo para tentar se aquecer, mas foi interrompida por Newt, que se aproximou com um sorriso suave e as roupas dele nas mãos.

— Aqui, você vai acabar congelando assim—disse ele, estendendo a camisa limpa e o casaco. Lilith hesitou por um momento, mas a expressão calorosa de Newt a convenceu.

— Obrigada —murmurou, aceitando o gesto e sentindo o cheiro familiar dele enquanto se envolvia nas peças.

🦋

A nova fedelha estava em uma das cabanas junto de Newt enquanto ambos se secavam completamente, o som da porta da cabana se abrindo fez os dois se virarem.

—Newt , deixa que eu assumo agora. A voz de Alby ecoou pela cabana — Preciso que em ajude na plantação . - Newt concordou com a cabeça e olhou para a garota, dando um sorriso

— Até mais. — Newt se despediu, a novata deu um "tchau" com a mão para o loiro.

— Vi que já se divertiu , não é ? — A morena concordou com a cabeça, sorrindo — Seu nome?

— Eu sou... eu sou... - A fedelha começou a dizer mas afinal... quem ela é ?

— Me conte algo sobre você,qualquer coisa. — O mais velho insistiu.

A morena pensou por um instante , forçando alguma memória mas só vinha o mesmo borrão preto, um pânico voltou a surgir na garota

— Eu... eu não sei nada sobre mim... — Ela disse colocando a mão na cabeça — Porque?

— Não se preocupe,é normal , daqui um ou dois dias você se lembra, — O mais velho disse enquanto apoiava levemente a mão no ombro dela — Vem, me acompanha. — Alby começou a andar e a morena o seguiu, eles chegaram em um estrutura de madeira alta, que Alby havia falado mais cedo — semelhante a uma casa na árvore.

— Espero que não tenha medo de altura. — Disse enquanto subia as escadas, a morena riu e começou a subir também , eles chegaram no último andar da casa da árvore, Alby e a garota se apoiaram na grade de madeira que tinha lá.

— Nos comemos aqui,dormimos aqui, plantamos nossa própria comida, construímos nosso abrigo e , o que mais precisamos , a caixa nos fornece. — O mais velho apontou para o local em que a garota chegou.

— A caixa ? — perguntou confusa

— Todo mês ela envia suplementos e um novo fedelho , sempre vieram homens , o que é estranho , por que dessa vez veio você.

— Enviada? Porque ?!Quem nos trouxe aqui ? A garota perguntava cada vez mais confusa , o pânico só aumentava por ela não se lembrar de nada.

— Isso não sabemos.

— E... o que tem pra lá ? — Perguntou a garota apontando para a abertura entre as grandes paredes de rochas.

— Nos só temos três regras. Começou Alby a olhando sério— Primeira:faça sua parte , aqui não tem lugar para preguiçosos , segunda:
nunca machuque outro clareano , nada funciona se não tivermos confiança , e a mais importante: nunca vá além daqueles muros. Você entendeu ? — A garota concordou com a cabeça — Agora, vamos, você chegou tarde e temos muito a fazer.

🦋

A noite começou a cair lentamente, tingindo a clareira de tons dourados e laranja até que a escuridão tomou conta. As tochas foram acesas, iluminando o espaço com uma luz bruxuleante, e o som de risos e música improvisada encheu o ar. A fogueira central crescia em intensidade, e os Clareanos, um a um, se reuniam ao redor dela, transformando a noite em uma celebração calorosa que contrastava com os desafios do dia.

Naquela noite, enquanto a Clareira inteira celebrava, a garota observava de longe, encostada em uma árvore. Sentia-se deslocada, sendo a única garota ali.

Newt notou seu isolamento e se aproximou.

— Ei, posso me sentar aqui?

— Claro! — Ela disse enquanto dava espaço para o loiro.

— É estranho, não é? — perguntou ele. — Ser a única garota aqui.

— Muito — ela admitiu.

O olhar da fedelha foi para as portas do labirinto a sua frente, enquanto se lembrava do dia que chegava ao final.

— O que é ser um corredor ? — Ela perguntou de repente, se lembrando de um rapaz dizendo algo sobre corredores.

— Os corredores são os mais inteligentes e rápidos de nós. — Newt disse e em seguida apontou para frente — Tá vendo essas portas? — Ela concordou com a cabeça — todos os dias quando elas abrem os corredores entram lá, mapeando,memorizando tentando encontrar uma saída daqui, eles tem que ser rápidos, porque quando começa a anoitecer as portas se fecham... e se eles não voltarem até o anoitecer eles ficam presos — O loiro disse enquanto a olhava fixamente — E, ninguém nunca sobreviveu a uma noite no labirinto.

— A quanto tempo estão procurando ? - Ela quis saber

— Há 10 meses. Acredito que daqui a pouco vão encontrar. Disse o garoto, esperançoso.

Newt se virou pra festa e continuou:

— Tá vendo aquele ali no meio. — Ele apontou para um garoto asiático com um físico bem forte na roda dos corredores — Ela olhou entusiasmada e concordou com a cabeça

— Ele é o Minho , o encarregado dos corredores ele é o mais rápido e ágil de todos nós, todas as manhãs quando as portas abrem ele corre pelo labirinto. Voltando só ao anoitecer.

A história que o menino de cabelos loiros contou deveria ter deixado a morena assustada e decidir não tentar entrar no labirinto , mas o que aconteceu foi o contrário, isso a despertou uma vontade imensa de se tornar corredora, algo dentro dela dizia que ela tinha que ser uma corredora, em questão de segundos, um estrondo começou, a garota olhou para o loiro totalmente confusa.

— Sabe esse barulho? — Ele perguntou, a morena concordou com a cabeça — É o labirinto, mudando. Muda todas as noites,
e isso é a coisa menos bizarra daqui.

— Como... assim ? — Ela perguntou encarando as portas fechadas.

— Boa pergunta, tenta encontrar os desgraçados que nos colocaram aqui. — Disse em um tom brincalhão o que a fez rir.

— Por que ninguém sobreviveu a uma noite no labirinto ? — Ela perguntou cada vez mais curiosa.

— Criaturas....— Disse Newt olhando seriamente pra a garota — Está bem , chega de perguntas por hoje, vem se divertir. — O garoto se levantou e estendeu sua mão para puxar a morena

Mas, antes que pudesse dizer mais, um tumulto começou perto da fogueira. Um garoto forte foi empurrado para fora de um círculo de luta. O responsável era Gally, que a encarou com um olhar desafiador.

— Sua vez, novata — disse ele, apontando para o círculo.

Newt tentou intervir.

— Gally, deixa ela em paz. É o primeiro dia dela aqui.

Mas a garota levantou a mão, impedindo Newt. Algo nela queria provar que não era fraca.

No círculo, ela enfrentou Gally com uma confiança inesperada. Quando ele avançou, desviou e o acertou com um chute no abdômen, surpreendendo a todos — inclusive a si mesma. Mas o momento de glória foi breve. Gally revidou, empurrando-a com força. A garota caiu, batendo a cabeça.

Tudo ao seu redor começou a girar. Uma voz ecoou em sua mente.

"CRUEL é bom, Lilith."

— Lilith — murmurou ela, sentindo uma pontada de dor ao ouvir o próprio nome.

Ao se levantar, percebeu algo estranho: sangue negro escorria de sua testa. A Clareira inteira ficou em silêncio, observando-a com espanto. Assustada, ela correu para o bosque.

Newt e Minho a encontraram minutos depois, encostada em uma árvore, limpando o sangue com uma folha.

— Você está bem? — perguntou Newt, preocupado.

Ela forçou um sorriso.

— Estou. E... lembrei meu nome. É Lilith.

— Lilith — repetiu Newt, surpreso.

— Como você lembrou tão rápido? — perguntou Minho, desconfiado.

— Eu não sei — respondeu ela, desviando o olhar.

Mesmo com tantas perguntas, eles voltaram à fogueira, onde Lilith tentou se misturar com os outros. Mas, no fundo, algo estava claro: ela era diferente. E aquela diferença mudaria tudo.



| Nota da autora 💙🦋

Primeiro capítulo postado !! O que estão achando ?

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