" [...] neste mesmo dia e mês, eu falei com você pela primeira vez. "

🌧️

As nuvens rajem o céu nublado.

Os pássaros negros cortam o branco com o bater das asas ensaiado, sumindo na linha irregular do horizonte marcada pelos bosques de folhagens sepiáceas que se desprendem das árvores e se aglomeravam às margens das ruas movimentadas de Tóquio.

A câmera fotográfica que Hera carrega em suas mãos já havia sido usada inúmeras vezes; não para registrar imagens da paisagem, mas sim das pessoas.

A garota sempre amou a fotografia. Registrar momentos simplórios sempre foi arte da vida, e não importava se para alguns era um processo criativo ou uma simples maneira de retratar um objeto ou uma pessoa, para ela sempre foi muito mais que isso.

Cada foto tem sua própria identidade e porquê. Aliás, o que seria da arte sem uma história por trás?

Essa é a graça do que as lentes são capazes de captar: elas eternizam segundos. 

Durante os últimos três anos, Hera viajou o mundo inteiro fazendo exatamente isso: marcando momentos, milésimos de segundos, com as lentes da sua câmera.

Ela sempre tenta aproveitar ao máximo pequenas coisas da vida e estar em Tóquio era como fazer com que tudo o que a fez se apaixonar por essa arte, a inunde com mais força — se isso é realmente possível.

O seu sorriso é radiante. A morena capta alguns movimentos de carros. Uma senhora desconhecida dando esmolas há dois sem tetos. Um senhor brincando com seu cachorro... Tudo o que era considerado simples, se tornava magnífico aos seus olhos, porque para ela a simplicidade é bela.

Hera tem uma paixão absurda pela vida e muito provavelmente, por todos os dias o seu despertar ser tão incerto, conseguia enxergar uma beleza infinita em coisas banais.

ㅡ Você parece um criança com essa câmera ㅡ a voz de Wakasa chamou sua atenção antes que pudesse tirar mais uma foto, agora de um casal de idosos ㅡ Vamos logo, Shinichiro está louco para te ver.

ㅡ Ele não desistiu de me levar na Toman? ㅡ perguntou, voltando a ajustar a lente e mirar no casal ㅡ Eu já disse que não estou afim de ver um bando de garotos se batendo como animais na selva.

ㅡ Vamos lá, Hera. Não seja tão rabugenta ㅡ revirou os olhos.

ㅡ Vá a merda.

A risada anasalada do mais velho ecoou. Ele se aproximou por trás, rodeou sua cintura com os braços e lhe apertou, fazendo seu ar faltar por instantes. Assim que se separam, a morena desferiu dois tapas no ombro de Wakasa, que sorri em resposta enquanto olhava para ela.

ㅡ Eu senti sua falta, pirralha ㅡ bagunçou seus cabelos ㅡ Viajar o mundo é muito daora, mas bem que você podia ter vindo visitar a gente antes, né?

ㅡ Shinichiro só sabia me perguntar sobre a minha irmã. Ele até hoje acha que tem alguma chance de namorar com ela ㅡ revirou os olhos e deu de ombros ㅡ Depois que eu saí daqui e fui para Londres, tive vontade conhecer o mundo e agora voltei. Não reclame.

ㅡ Shinichiro nunca vai superar a sua irmã e se duvidar, hoje ele ainda tenta te convencer a dar o novo número dela.

ㅡ Ele que se conforme. Hika vai casar no final do ano.

ㅡ Não conte isso a ele, é capaz de meter os pés pelas mãos e ir atrás dela.

ㅡ Eu sei, conheço o Shin ㅡ sorri, guardando a câmera fotográfica na sua bolsa e indo na direção da moto de Wakasa.

ㅡ Quer dirigir? ㅡ perguntou, estendendo a chave na sua direção.

ㅡ Hoje não. Quero fazer igual quando era mais nova e você me levava para o parque nessa lata velha ㅡ cantarolou irônica.

ㅡ Você quer que eu te deixe aqui? ㅡ arqueou uma sobrancelha, lhe olhando de cima a baixo.

ㅡ Você não teria essa coragem…

ㅡ Experimenta falar da minha bebê aqui de novo ㅡ ele bate no tanque da moto, uma Harley Davidson Sportster ㅡ Eu te deixo aqui e finjo que nem conheço.

ㅡ Cala a boca e dirige logo.

ㅡ Você já tentou ser menos bruta alguma vez na vida? ㅡ pergunta em um tom irônico  ㅡ Nove de dez repostas suas são como patadas.

ㅡ Dez de dez perguntas suas são estúpidas ㅡ deu de ombros, pondo o capacete que Wakasa lhe entregou ㅡ Você ainda está no lucro de ter pelo menos uma resposta decente.

O garoto sorriu, subindo na moto e esperando que ela o acompanhasse para poder dar a partida. O caminho durou longos minutos, os quais serviram para que Hera conseguisse observar as inúmeras mudanças na capital, onde morou até os seus treze anos. Quase tudo estava diferente, as únicas exceções eram a antiga lanchonete que sempre se encontrou com seus amigos – a PlusePluse – e a mania que Shinichiro tinha de abraçá-la até o ar lhe faltar.

Depois de quase sete anos se comunicando com os dois somente por videochamadas, estar com eles no mesmo lugar que costumavam frequentar quando mais novos trazia uma sensação inexplicável de nostalgia e felicidade.

ㅡ Você não tem noção do quanto senti sua falta ㅡ Shinichiro murmurou contra seu pescoço.

ㅡ Eu também senti sua falta, Shin ㅡ sorriu, se afastando minimamente e acariciando seu rosto ㅡ Vou passar bons meses por aqui, então vamos ter bastante tempo para compensar os anos que passei fora.

ㅡ Só na sua cabecinha que meses vão compensar anos ㅡ Wakasa diz, dando um peteleco na testa da garota.

ㅡ Quer que eu vá embora antes? ㅡ arqueou uma sobrancelha.

ㅡ Nem cogite isso, Kagami Hera. Vou sequestrar você para que não vá embora ㅡ Shinichiro ameaçou.

ㅡ Ata que você vai ㅡ ela gargalhou, ficando de ponta de pé e passando os braços ao redor do pescoço dos dois ㅡ Vamos entrar, estou com fome.

PlusePluse era uma lanchonete que ficava mais próxima à saída norte de Tóquio, sendo o lugar favorito do trio de amigos desde mais novos. Assim como há sete anos atrás, Shinichiro, Hera e Wakasa se sentaram juntos na mesma mesa que tinham costume. Quase nada havia mudado no estabelecimento, somente uma extensão para ser usado como hotel para caminhoneiros que passavam por ali.

Não demorou muito para que os dois garotos começassem a falar animadamente sobre como eram incríveis os eventos que tinham nas casas de luta, o qual Shinichiro prometeu que levaria a morena em uma dessas hoje. Ela sempre soube que os amigos amavam acompanhar as lutas ilegais que rolavam pela cidade, principalmente quando ocorriam na Toman, só pela forma como contavam cada mínimo detalhe para si assim que chegavam em casa.

Mesmo a distância, tanto eles como ela tentavam manter cada um presente na suas respectivas vidas. Era difícil, ela não podia pegar. Haviam dias que não conseguiam se falar e às vezes até semanas, mas sempre voltavam à rotina de se comunicar. 

Hera se mudou para Londres junto com a irmã um ano e meio depois do falecimento dos pais das duas em um acidente de carro, ocasionado por homem embriagado que, pela a condenação que recebeu na época, ainda deveria estar preso.

Sua vida na Europa não foi difícil. Hera nunca fôra muito acessível e optava por permanecer mais sozinha do que a maioria das adolescentes, principalmente pelos seus gostos, que ela mesma considerava "diferentes". Durante todo o tempo que ficou longe do Japão, a garota manteve o contato com Wakasa e Shinichiro, que mesmo sendo cinco anos mais velhos que ela, eram seus melhores amigos.

A paixão avassaladora de Shinichiro por sua irmã mais velha foi o que fez o garoto se aproximar de si, tentando conseguir mais e mais informações sobre Hika para tentar conquistá-la. Infelizmente, mesmo que Hera apoiasse um possível relacionamento entre os dois, sua irmã jamais daria a menor abertura para o moreno, principalmente pela diferença de idade.

Após todo esse tempo, o Sano ainda pergunta por Hika sempre que pode, mas todas as respostas que sua amiga lhe dava eram vagas, justamente por saber que a irmã sequer lembrava da existência do mesmo.

ㅡ Achou muita coisa diferente?

ㅡ Sim e não ㅡ suspirou, apontando para o milkshake de blueberry no cardápio ㅡ Tudo parece diferente e ao mesmo tempo igual, é como se as coisas tivessem somente reformadas, mas ainda permanecessem do mesmo jeito.

ㅡ Até a Joe reformou essa espelunca ㅡ Wakasa murmurou, olhando de soslaio para a mulher de meia idade que vinha na direção da mesa.

Joe se aproxima dos três amihos e busca o bloco de notas no bolso do seu avental. Os cabelos grisalhos estão presos em um coque e um laço enfeita o topo da cabeça; o vestido azul céu se estende até os seus joelhos e o mesmo crachá de sete anos atrás está posto na parte superior direita da roupa.

Hera e os demais sempre foram clientes fiéis da lanchonete. Era o único lugar de Tóquio que tinha o milkshake de blueberry, o favorito da garota. Não era comum ver pessoas conhecidas por ali por conta da localização, sendo mais frequente a presença de caminhoneiros para rápidas refeições. Porém, agora com a extensão do lugar para além de uma lanchonete, também um hotel, era comum ver diversos veículos de cargas estacionados por ali a qualquer horário.

ㅡ O mesmo de sempre? ㅡ perguntou, intercalando a atenção entre os três e ficando por mais alguns segundos em Hera ㅡ Menina, você me é familiar…

ㅡ A senhora lembra da pirralha? ㅡ Shinichiro diz, fazendo-a arquear a sobrancelha surpresa.

ㅡ Pensei que você tinha morrido, menina ㅡ ela sorri, abrindo os braços para abraçar a morena ㅡ Nunca mais apareceu por aqui.

ㅡ Eu me mudei para Londres ㅡ explicou, enquanto a mulher continuava esperando ela se levantar para cumprimentá-la ㅡ E continuo sem gostar de contato físico.

ㅡ Continua enjoada então ㅡ tomba a cabeça para o lado e põe aos mãos na cintura ㅡ Quem já se viu passar tanto tempo fora e não querer dar uma abraço.

ㅡ É assim mesmo… Eu tive que abraçar ela a força ㅡ Shinichiro dramatiza.

ㅡ Ela é muito ingrata, isso sim ㅡ Wakasa declara ㅡ Fui no aeroporto buscar ela e sequer um obrigado recebi.

ㅡ Ingrato é você, menino abusado ㅡ Joe ralha, batendo com o bloco de notas no ombro do meio loiro ㅡ Acha que eu não escutei você falando do meu estabelecimento nesse instante? Devia cobrar seus lanches pendentes que tem aqui.

ㅡ Pelo amor… Era brincadeira, eu juro ㅡ balança as mãos desesperado ㅡ Eu chamei de espelunca de uma maneira carinhosa.

ㅡ Espelunca é a tua cara, menino.

ㅡ É mesmo ㅡ Hera concorda rindo e logo Wakasa mira sua atenção nela, quase a fuzilando com o olhar.

ㅡ Joe, você sabe que ele ama esse lugar ㅡ Shinichiro diz ㅡ Coloque ele para lavar os pratos no fim do expediente que ele aprende a nunca mais falar mal daqui.

ㅡ Farei isso ㅡ concorda, logo abrindo um sorriso ㅡ Como a menina voltou hoje, vou fazer tudo por conta da casa.

ㅡ Não preci-

ㅡ Muito obrigada, Joe! ㅡ Wakasa interrompe Hera antes que ela negue, fazendo-a socar seu ombro irritada.

ㅡ Já sei o que cada um de vocês gosta. Volto já com os lanches ㅡ avisa, antes de dar meia volta e ir na direção a cozinha.

Assim que Joe some da vista de Hera, a atenção da garota volta para Shinichiro, que a cutuca duas vezes e exibe um largo sorriso na sua direção. A morena arqueia uma sobrancelha, sabendo que o mais velho com toda certeza inventaria algo que, provavelmente ela não iria gostar, mas ele conseguiria a convencer de participar de o que quer que fosse.

ㅡ Não gosto dessa sua cara ㅡ estreitou os olhos.

ㅡ Vamos na Toman hoje.

ㅡ Não.

ㅡ Vamos sim ㅡ retrucou.

ㅡ Não.

ㅡ Vai sim ㅡ Wakasa acompanhou o amigo.

ㅡ Hoje vai ter uma luta super importante e eu quero que você tire umas fotos para a divulgação ㅡ explicou ㅡ É contra uma das principais casas de lutas daqui e o Mikey colocou o melhor lutador dele.

ㅡ Você quer me explorar ㅡ acusou.

ㅡ Você merece ser explorada ㅡ Wakasa diz ㅡ É chata 'pra cacete.

ㅡ Vai se fuder, Imaushi.

ㅡ Por favor, Hera ㅡ Shinichiro suplicou ㅡ A gente só vai no hora da luta e você tira umas fotos, eu apresento você ao meu irmão e aos amigos dele e pronto.

ㅡ Você tem que socializar com outras pessoas, pirralha ㅡ Wakasa murmura risonho, dando um peteleco na sua testa.

ㅡ Eu vou chutar você, seu imundo ㅡ ralha irritada.

ㅡ Topa? ㅡ Shinichiro insiste.

ㅡ Você vai torrar minha paciência até que eu tope, então é o jeito ㅡ dá de ombros ㅡ Vai ser coisa rápida, né?

ㅡ Sim! Eu prometo.

ㅡ Então, fechou.

(. . .)

A iluminação precária inviabiliza Baji de enxergar o rosto da garota que segura a câmera. Ele encara a figura no meio da multidão por longos segundos e de repente, ela some.

Keisuke circula pelo ringue. Distribui sorrisos galanteadores e bate em algumas mãos cumprimentando seus fãs, mas sua atenção está focada em achar aquela garota. Há algo de familiar nela. O moreno não sabe o que e nem se só passa de um engano ou miragem, mas sente que não é nada disso.

Ele olha para todos os lados, sente a brisa gélida se chocar contra o seu corpo febril; a respiração ainda está descompassada, principalmente pela tensão que se acumula em seu âmago. Ele sente as gotas de suor se acumularem nas palmas das mãos como se estivesse prestes a ter uma crise… Agora não, agora não, agora não… seu inconsistente grita silenciosamente por calma e, como as pessoas que o conhecem melhor do que ninguém, Chifuyu e Kazutora aparecem ao seu lado.

ㅡ Baji-san, está tudo bem? ㅡ o mais novo pergunta com um semblante confuso ㅡ Você parece nervoso.

ㅡ Viu alguma coisa? ㅡ o outro pergunta ㅡ Parece que está procurando alguém na platéia…

ㅡ Só um rosto familiar… ㅡ ele dá de ombros, sorri descontraído e volta ao seu típico tom irônico ㅡ Conseguiram tirar aquele peso morto do Hanma??

ㅡ Ele saiu daqui apagado.

ㅡ Você estava inspirado ㅡ Kazutora comenta risonho, dando um tapinha nas costas do moreno.

ㅡ Sempre estou.

Os três dão risadas sinceras e descem do ringue. Baji sorri para as pessoas que o circulam, recebendo os elogios de desconhecidos que só servem para inflar ainda mais seu ego. Ele se aproxima da área onde os membros da Toman ficam e se surpreende com a presença de Shinichiro, irmão de Mikey, ali. O mais velho está vestindo roupas simples e casuais; uma blusa branca de mangas curtas e uma calça preta com alguns rasgos no joelho, a típica corrente com um pingente está posta por dentro da gola e os fios escuros meio desalinhados.

Keisuke se aproxima dos demais, recebe suas roupas de Takemichi e vai até a parte externa, atrás da área vip, e usa uma toalha para secar o próprio suor, se vestindo adequadamente depois. Ele volta para onde Chifuyu o espera e ambos caminham até Mikey, que não tarda em sorri suavemente na direção do moreno, mostrando que estava mais do que satisfeito com o resultado.

ㅡ Baji! ㅡ a voz de Shinichiro chama sua atenção ㅡ Parabéns pela luta, cara. Não vou mentir que só tenho vontade de vir aqui quando Manjiro me diz que você vai lutar.

ㅡ Não é como se fosse uma grande novidade o resultado ㅡ sorrir convencido

ㅡ Sua autoconfiança às vezes me desconcerta ㅡ o mais velho diz.

ㅡ Cuidado para não confundir confiança com arrogância, Keisuke ㅡ a voz monótona de Wakasa alcança o moreno, que o olha de soslaio ㅡ São duas coisas que costumam se misturar.

Baji encara o meio loiro, estala a língua e tomba a cabeça para o lado, rindo debochado. Ele gira os calcanhares na direção de Wakasa e quando está prestes a responder, sua fala é interrompida por uma voz feminina em um tom monótono.

ㅡ Por que você gosta de ficar dando pitaco na vida alheia? ㅡ uma garota, alguns centímetros mais baixa que o moreno, aparece atrás do outro ㅡ Você é muito intrometido, Imaushi.

Arrepios circulam a pele de Baji ao perceber de quem se trata. Ele sabia que aquele rosto era familiar, mas não imaginava que seria ela. Faziam muitos anos que Keisuke não via Kagami Hera, ainda sim, era quase impossível que não fosse capaz de reconhecê-la.

O corte de cabelo tinha mudado, ela também tinha uma aparência mais frágil do que ele se lembrava e podia jurar que se não fosse pelo batom avermelhado, seus lábios não se destacariam do tom de pele. Os fios castanhos escuro com algumas mechas um pouco mais claras a deixavam mais jovem, as pupilas esverdeadas eram fracamente iluminadas pelas lâmpadas do local, mesmo que a franja as escondesse parcialmente.

O estilo de roupa que a mesma usava era um pouco diferente do que Baji se lembrava; uma calça cintura alta e uma jaqueta de mangas compridas jeans destroyer que estala contra o âmbar profundo da sua pele; além disso, ela vestia um top preto com alcinhas finas e um par de tênis sneaker cano alto branco.

A diferença de altura entre eles era um pouco maior do que há sete anos atrás, mesmo que Baji nunca tenha se aproximado o suficiente da garota para saber com exatidão quem era o mais alto quando tinham apenas 13 anos.

ㅡ E por que você é sempre tão chata? ㅡ Wakasa pergunta em um tom irônico.

ㅡ Você deveria estar acostumado. Convive consigo mesmo há tanto tempo e não se acostumou com os próprios defeitos? ㅡ arqueou uma sobrancelha.

ㅡ Vocês dois podem parar, viu? ㅡ a voz de Shinichiro chamou a atenção dos presentes, exceto de Baji, que continuou seu olhar fixo na direção da garota ㅡ Hera chegou há algumas horas aqui e até agora eu não vi vocês pararem de brigar nem um por segundo.

ㅡ Tenho que compensar os anos que ela ficou longe e eu não pude implicar, né pirralha? ㅡ diz, passando um braço por cima do ombro da morena ㅡ Aposto que sentiu falta.

ㅡ Eu prefiro ficar calada do que acabar com a felicidade momentânea que essa ilusão está lhe proporcionando.

ㅡ Francamente… ㅡ Shinchiro murmurou ㅡ Eu só vim assistir a luta do Baji, mas vou aproveitar a oportunidade para apresentar a Hera a vocês.

O mais velho puxa a garota dos braços de Wakasa e a põe do seu lado. Ele olha para os membros da Toman presentes e abre um sorriso para estes.

ㅡ Bom, essa é a Hera ㅡ diz, logo apontando na direção de cada um dos garotos enquanto pronuncia seus nomes ㅡ Hera, esse é Mikey, meu irmão, acho que você já conhece ele de vista. Esse é o Draken, já falei dele para você, é o namorado da Emma; aquele é o Mitsuya e aqueles três são o Kazutora, Chifuyu e Takemichi ㅡ aponta para as três figuras mais afastadas antes de se virar na direção de Keisuke ㅡ Esse é o Baji.

ㅡ É um prazer conhecer vocês ㅡ sorri.

ㅡ Olha que milagre, ela tá sendo simpática… ㅡ Wakasa murmura implicante.

ㅡ Eu só não sou simpática com você.

ㅡ Vocês podem por favor parar? ㅡ o mais velho pede, logo soltando um longo suspiro ㅡ A Hera é uma fotógrafa excelente e eu pedi para ela tirar algumas fotos da luta de hoje para ajudar na divulgação.

ㅡ Ah… Então foi você ㅡ a voz de Baji ressoa com um tom debochado, enquanto um sorriso ladino contamina seus lábios.

ㅡ Eu o quê?

ㅡ Um flash quase me cegou quando estava no ringue ㅡ dá de ombros, apontando para câmera pendurada no pescoço da garota ㅡ Foi esse trambolho aí.

Os olhos de Hera se estreitaram lentamente, enquanto arqueia uma sobrancelha e escuta uma risada alta vinda de Wakasa. Shinichiro chamou a atenção dos demais quando perguntou sobre a próxima luta que seria na casa Valhalla, porém, a garota permanece com sua atenção no moreno a sua frente, que mantém um sorriso ladino e os olhos vidrados nela.

ㅡ Você chamou minha câmera de quê? ㅡ diz, com os punhos cerrados.

ㅡ Foi só um jeitinho de me referir a essa coisa aí ㅡ ri suavemente.

ㅡ Você devia pedir desculpas por isso, sabia?

ㅡ Quer que eu peça desculpas a sua câmera por chamar ela de trambolho? ㅡ perguntou em um tom irônico.

ㅡ Não chame ela assim, seu cretino ㅡ ralhou ㅡ ou eu quebro esse "trambolho" na sua cabeça!

ㅡ Você não quer que eu chame esse trambolho de trambolho, mas você mesma chama ㅡ o sorriso de Baji se alarga, notando o rosto da garota ganhar uma tonalidade avermelhada; não por algum tipo de vergonha ou timidez, e sim de ódio.

ㅡ Eu posso chamar a minha câmera do que eu quiser!

ㅡ Você é bem nervosinha, né?

ㅡ Não sou nada no diminutivo.

ㅡ Bom… ㅡ ele cruza os braços na altura do peito e a olha de cima a baixo, sorrindo debochadamente ㅡ Não é o que sua altura sugere.

ㅡ Cara, eu te conheço a menos de cinco minutos, mas se você continuar torrando minha paciência desse jeito, eu vou te socar.

ㅡ Dúvido que você consiga alcançar meu rosto.

Hera sorriu diabolicamente antes de dizer:  ㅡ Posso acertar outra coisa.

A sobrancelha de Baji arqueou e um sorriso ainda maior nasceu em seu rosto.

ㅡ Aposto que posso encontrar coisas mais interessantes para você fazer com essa "coisa".

ㅡ Por Deus... ㅡ ela fez uma cara enojada ㅡ Você é um tarado.

ㅡ Eu!? ㅡ pôs uma mão sobre o peito como se estivesse ofendido, mas o sorriso irônico não deixa seus lábios ㅡ Sabia que metade das garotas daqui gostaria de escutar isso?

ㅡ E ainda é abusado… ㅡ revirou os olhos.

ㅡ E você esquentadinha.

ㅡ Egocêntrico!

ㅡ Baixinha… ㅡ retrucou divertido.

ㅡ Tarado!

ㅡ Linda ㅡ diz, fazendo Hera se perder nas próprias palavras para encará-lo incrédula.

ㅡ Ei, pirralha ㅡ Wakasa chama, chamando sua atenção para si ㅡ Vamos.

Hera olha novamente para o moreno, que não desvia sua atenção do rosto da garota nem por um segundo, e levanta sua mão, mostrando o dedo do meio para este. Baji abre um largo sorriso, enquanto a observa se afastar lentamente dos demais após ter acenando para estes com um sorriso deslumbrante que revela o brilho bronzeado em suas bochechas, e diz alto o suficiente para fazer Hera se virar na sua direção:

ㅡ Até a próxima, linda.

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hi sunshines! gostaram do capítulo?

me perdoem pela demora, mas eu juro que não foi por falta de tentativas pra terminar esse capítulo!! tudo tá mais corrido que antes e eu estou tentando conciliar a facul - que agora voltou presencialmente - com o wattpad e outras coisinhas pessoais.

mas bom né, o que acharam da primeira interação do baji e da hera?? tem muuuuita coisa por trás da história deles, inclusive questões do passado que ligam um ao outro muito mais do que vocês imaginam rsrsrs

tô muito ansiosa pra trabalhar esse casal, então vou tentar ao máximo não demorar muito pra trazer a att!

bom, é isso!! espero que tenham gostado
e até aproxima. beijos ‹3