Mais uma vez, você havia acordado sozinha na enorme cama de casal. Mas, dessa vez, você não conseguiu conter um sorriso feliz. Acabou dando um gritinho contente e se espreguiçou entre os diversos travesseiros que tinham ali, se lembrando de outra noite incrível que tinha tido com Levi.

Ainda com o mesmo sorriso radiante no rosto, você se forçou a se levantar da cama e ir até o banheiro, tomar um banho, para tirar o cheiro de sexo do corpo, e fazer o resto das suas higienes. Até cantarolou de baixo do chuveiro, enquanto lavava o cabelo.

Toda vez que você e o Ackerman transavam, você se sentia incrível no outro dia, mas, agora, sabendo que vocês não tinham apenas uma relação de sexo casual, você se sentia radiante. Claro que nada da relação de vocês estava estabelecido. Além de não ter nada definido, você não sabia se Levi ainda saia com outras mulheres. Isso sem contar o fato de que um relacionamento sério entre vocês era estritamente proibido. Se fossem mesmo fazer isso, teria que ser escondido.

Mesmo com essa aflição, o sorriso voltou a tomar conta dos seus lábios quando você se lembrou da forma como o Ackerman tinha dito abertamente que ficou com ciúmes de Reiner. Além de ter falado que você era mais bonita do que Petra. Elogios assim nunca lhe impressionaram muito, mas o jeito como Levi falou fez você se sentir a mulher mais bonita de todo o mundo. E você amava isso. Amava o jeito como ele fazia você se sentir desejada e atraente, como nenhum homem já fez você se sentir antes.

Com esse pensamento em mente, você desligou o chuveiro e saiu do banho, se enrolando em uma toalha e indo até o quarto. Não sabia bem o que faria hoje, mas era sábado e você provavelmente não ficaria em casa. Mas já estava na hora do almoço e você não pretendia sair antes de comer, então colocou roupas confortáveis para ficar em casa, enquanto ligava para seu melhor amigo. Não demorou mais do que dois toques para Jean atender.

— Olha quem resolveu aparecer — Você riu com o comentários dele, mas também revirou os olhos — Você sumiu ontem e só mandou uma mensagem dizendo que já 'tava em casa.

— Encontrei um cara interessante e resolvi sair da festa — Enquanto falava, você colocava creme de pentear nos cabelos — Quer almoçar aqui em casa hoje?

— Chego aí em vinte minutos. Quer comer o que?

— Tem um restaurante novo de massas muito bom que abriu perto da empresa.

— É do Nicolo — Você arqueou as sobrancelhas quando se lembrou que Sasha havia sumido noite passava para ficar com o chefe de cozinha. Fez uma nota mental para mandar mensagem para ela depois, perguntando como foi a noite — Eu passo lá e pego a comida antes de ir pra aí.

— Beleza — Você acabou de pentear os cabelos e saiu do banheiro, indo para a cozinha e pegando os pratos e talheres no armário — A gente se vê, então.

— Até já já. Te amo.

— Também te amo.

Assim que a ligação encerrou, você entrou na sua conversa com Sasha e começou a digitar.

Você: Bom dia, flor do dia!
Como foi a noite com Nicolo?

Não demorou mais do que cinco minutos para ela responder. Só o tempo de você pegar uma vasilha com alguns morangos na geladeira e se jogar no sofá da sala.

Sasha: Amiga, foi incrível.
Acho que eu realmente 'tô
gostando dele.

Você: Aaaaa eu sabia!!
Jean 'tá me devendo
quinhentos reais.

Sasha: Vocês apostaram!!?
Vão se foder!

Você: :)

Sasha: Mas, e aí? Vocês
vão pra casa do Armin hoje?

Você: Vai ter alguma
coisa lá?

Sasha: Vai. Eu e Connie vamos
passar aí pra buscar vocês mais
tarde.

Você: Beleza. A gente se vê
mais tarde, então.

Sasha: Não se atrasa!
Te amo.

Você: Também te amo!

No momento em que o contato da morena ficou como off-line, você bloqueou a tela do celular e jogou o aparelho um pouco longe. Suspirou alto e deitou a cabeça em um dos travesseiros altos do sofá.

Muitos pensamentos sobre Levi rodavam na sua mente. Era um assunto delicado e ao mesmo tempo perigoso. Seu pai obviamente ficaria com raiva se descobrisse o que você andava fazendo com o novo sócio da empresa e, depois de tantos anos de brigas, não queria decepcionar Erwin de novo.

Mesmo assim, não conseguia evitar de esboçar um sorriso involuntário toda vez que o Ackerman tomava conta de seus pensamentos. Nem dava mais para negar que você sentia algo por ele, só não sabia o que era ainda.

Somente o som da porta principal se abrindo fez você levantar a cabeça, apenas o suficiente para conseguir ver Jean entrando no apartamento, com uma sacola na mão esquerda.

— 'Tá de ressaca? — Ele perguntou, assim que fechou a porta atrás de si.

— Não, é mais cansaço mesmo.

Você se levantou, com certa dificuldade, e foi até ele, que já estava na cozinha, abrindo as embalagens do almoço de vocês.

— Parece que Nicolo realmente sabe o que faz — Você disse, assim que o cheiro sensacional da massa atingiu suas narinas.

— Falou com Sasha hoje?

— Falei e você 'tá me devendo quinhentos reais.

— Porra — Você voltou uma risada alta com o grunhido dele.

— Ela também disse que o pessoal vai pra casa do Armin hoje.

— 'Tô sabendo — Enquanto falava, o moreno servia um prato para ele e outro para você, que já estava sentada em uma das cadeiras na mesa — Você vai querer ir?

— Por que eu não iria querer?

— Não sei — Ele deu de ombros — Achei que você fosse sair com aquele cara que você anda ficando.

Nesse exato momento, você congelou.

Nunca quis mentir para Jean, mas também não queria falar a verdade. Toda vez que ele lhe colocava contra a parede, mentir sobre Levi era como uma facada em seu estômago. Você queria contar a verdade para ele e tirar esse peso enorme das costas, mas não queria que seu amiga tivesse que mentir e esconder a relação proibida que você estava tendo com o novo sócio da empresa do seu pai.

— Que cara?

Para sua surpresa, ele riu da sua pergunta.

— Você 'tá estranha desde o aniversário de Eren e fica evitando perguntas sobre os caras com quem você 'tá saindo — Ele explicou, se sentando na cadeira na sua frente, ainda sem tocar na comida — Eu não sou idiota, [Nome]. Sei que você 'tá se encontrando com o mesmo cara desde aquele dia. Por isso você vem recusando todo mundo que chega em você e fica saindo de fininho dos lugares — Jean fez uma pausa. Ele olhava fixamente nos seus olhos, com um pequeno e discreto traço que raiva, que logo se transformou em tristeza — Eu só não consigo entender porque você fica escondendo isso de mim.

Você desvirou o olhar das íris castanhas. Era impossível encarar o seu melhor amigo agora.

— É complicado — Depois de um suspiro pesado, você respondeu, ainda encarando o prato na sua frente, percebendo que não estava mais com fome — Eu não queria te esconder isso, mas também não posso contar. Ainda não, pelo menos.

Um pequeno silêncio pairou por vocês durante alguns segundos. Você não conseguia encara-lo ainda. Estava envergonhada demais para isso.

— Você podia ter falado isso desde o começo — O tom suave que ele usou para falar, fez com que você levantasse o olhar novamente. Jean tinha um pequeno sorriso nos lábios e uma sensação indescritível de alívio percorreu por todo o seu corpo — Eu vou esperar até você poder me contar.

— Obrigada.

Não existia ninguém no mundo que você confiasse tanto quanto Jean. Talvez, contar sobre sua relação com Levi não fosse uma ideia tão ruim assim. Você sabia que ele não contaria para ninguém, mas era justamente por isso que você não queria que ele soubesse. Não queria ter que fazer o Kirstein guardar esse segredo.

Passado isso, vocês começaram a comer, conversando sobre a festa de ontem e sobre a casa de Armin mais tarde. Você adorava como, em um piscar de olhos, você e Jean ficavam bem depois de uma discussão. O moreno agia como se nada tivesse acontecido, para o seu alívio. Era bom não se estressar com isso e ter mais tempo para pensar com calma sobre o que você faria em relação a Levi.

— Acho que você devia usar aquela bolsa que eu te dei de aniversário no ano passado — Jean disse, quando vocês já acabaram de comer e estavam só conversando de forma descontraída — Eu nunca vi você usando... — Mas ele foi interrompido pelo som da campainha tocando.

— Eu vou lá atender — Você disse, já se levantando e entrando na sala — E vou usar a bolsa sim — Gritou em resposta, já abrindo a porta.

O sorriso que você tinha no rosto logo de desfez quando você viu quem havia tocado. Em situações normais, você estaria muito feliz em ver Levi na sua casa, em plena tarde, para algo que não fosse apenas sexo. Mas, agora, com Jean a poucos metros de vocês, você ficou apavorada.

Rapidamente, você empurrou o corpo forte do Ackerman para trás e saiu para o corredor com ele, fechando a porta atrás de si.

— O que você 'tá fazendo aqui? — Você perguntou, tentando não gritar e correr o risco do Kirstein ouvir.

— Eu preciso falar com você — Ele respondeu, simples, como se não fosse nada demais, até que franziu as sobrancelhas e olhou para a porta que você tinha acabado de fechar — Tem alguém aí dentro?

— Por que não avisou que vinha antes?

— Tem alguém aí, [Nome]? — O Ackerman parecia irritado, o que fez você arquear as sobrancelhas, confusa. Nem se passava pela sua cabeça que Levi pensava que você estava com outro homem lá dentro. Ele só não sabia que era Jean.

— Levi, o que você..? — Mas você não acabou de falar.

— Senhor Ackerman? — Jean perguntou, assim que abriu a porta e viu vocês dois no corredor — O que o senhor está fazendo aqui?

Para sua surpresa, a expressão de Levi suavizou. Agora, ele tinha certeza de que você não estava tendo encontro romântico com alguém no momento. Isso o deixou mais aliviado do que ele gostaria de admitir.

— Erwin me pediu para avisar a Senhorita Smith sobre uma reunião de emergência amanhã — Ele respondeu, com a mesma expressão neutra de sempre — Só vim avisar à ela.

— Não podia ter mandado uma mensagem?

— Eu tentei ligar, mas ela não atendeu.

O Kirstein tinha as sobrancelhas meio franzidas e um olhar desconfiado. Você já sabia que ele tinha associado tudo. Sabia que teria que explicar para ele como que o cara que você estava saindo era, na verdade, Levi Ackerman.

— Se me derem licença — O mais venho falou, quebrando o silêncio que havia se formado — Eu tenho que ir.

Você e Jean apenas assentiram com as cabeças, vendo Levi dar as costas e sair pelo corredor. Sua respiração só voltou ao normal quando o Ackerman já estava fora do seu campo de visão. Enquanto entrava de novo no apartamento, você tentava pensar em uma forma de explicar tudo ao Kirstein.

— Caralho — O moreno disse e, para sua maior surpresa, ele tinha um sorriso divertido nos lábios — Você 'tá fodida mesmo. De todas as merdas que eu já vi você fazer, pegar o sócio do seu pai é, disparada, a maior delas.

— Cala a boca — Você sussurrou e revirou os olhos, indo até o sofá e se jogando dele — Eu disse que era complicado.

— Isso não é só complicado, [Nome] — Jean se sentou ao seu lado, mas não encarava você — Sabe que Erwin vai ficar muito puto se descobrir, né?

— Eu já sei disso.

— Por que você só não para de se encontrar com ele?

Você não respondeu. Claro que essa ideia já tinha se passado pela sua cabeça. Inclusive, o próprio Levi já tinha lhe dito que vocês não transariam de novo. Mas não tinha dado certo. Vocês eram como um imã, que se atraiam um ao outro, e, por mais que você tentasse tirar ele da cabeça, não conseguia.

— Você gosta dele, né? — A pergunta de Jean fez você suspirar, antes de responder.

— Gosto — Sua voz saiu mais baixa do que você desejava.

— Nesse caso — O moreno começou a falar e, enquanto isso, lhe puxou para que se sentasse, envolvendo seu corpo com os braços longos dele, em um abraço reconfortante — Vamos fazer o possível pra que seu pai nunca descubra.