𝐓𝐄𝐂𝐇𝐍𝐈𝐂𝐎𝐋𝐎𝐔𝐑 𝐁𝐄𝐀𝐓

   Você abriu seus olhos, ainda sonolenta, percebendo alguns segundos depois o som alto de Mad Sounds, Arctic Monkeys vindo do andar de baixo. Sentou-se enquanto coçava seus olhos, se espreguiçando e bocejando seguidamente, percebeu que vestia uma camiseta preta de Shuji, que ficava na altura de suas coxas, ficava bonito em seu corpo já que favorecia uma largura e dava visibilidade de suas tatuagens — que não eram poucas —, tendo inclusão de alguns piercings.

     Seus cabelos estavam um pouco bagunçados e jogados pelo rosto, o que fez você jogar os fios para trás, enquanto caminhava em direção ao banheiro e fazia suas higienes pessoais. Percebeu que ainda era de noite ao ver pela janela.

     Saiu do cômodo e desceu as escadas, conseguindo ver seus amigos na sala, já à beira da sonolência pelos efeitos das drogas ainda circulando nos interiores. Bem, era esperado, já que hoje é aniversário de seu namorado, Hanma, acabou que o mesmo decidiu festejar o resto do dia na casa de vocês, no fim da tarde você acabou adormecendo pela pressão do álcool e ilícitos misturados. Sorriu ao vê-lo sentado no sofá de canto branco, a cabeça estava tombada para trás e apoiada no encosto, os olhos fixos no teto, enquanto os lábios liberavam a fumaça para o ar.

     Lindo como sempre, com seus fios capilares morenos presos em um coque, enquanto as mechas loiras eram soltas em duas partes nas laterais do rosto, vestia uma camiseta branca larga, na parte de baixo apenas uma calça jogger cinza, não calçava nada nos pés. 

     Ele não pareceu notar sua presença, aparentemente bem distraído pensando em mais das loucuras que sempre planejavam, pois bem, fazer vinte e um anos não era grande coisa, mas estava feliz por aproveitar com seus amigos. Principalmente com você, a namorada dele, desde o colegial. Não teve decisão ou dia específico de um pedido de namoro, Hanma apenas começou te apresentar como namorada dele para seus amigos, ao perceberem que ao saírem, não envolvia somente o sexo, e sim sentimentos que nem vocês compreendiam direito, mas sabiam que era forte o suficiente para estarem juntos.

     Viver com Hanma desde a adolescência era o máximo, mesmo que fosse um delinquente que te fez largar a faculdade em um piscar de olhos, ainda conseguiam manter uma vida boa juntos, claro que o trabalho sempre incluía, mas nada que fosse impossível de conseguir. 

     O conheceu na escola, quando era aluna nova no ensino médio, e por incrível que pareça, conseguiu fazer amizade fácil e conquistar o garanhão do Shuji Hanma, mas por quê? Simples, era tão cara de pau quanto ele. Não tinha palavras para demonstrar seu amor pelo rapaz, assim como também não tinha para descrever o dele por você, somente sabiam que era tão forte que poderiam morrer um pelo outro. Isso era algo que Hanma vivia tentando lidar quando pensava em você, aceitar que era amado e feliz ao seu lado, mas por que pensar no fato de te amar doía tanto?

     — Bú! — Shuji despertou de seus pensamentos ao te ouvir, sorrindo largamente quando te viu com o corpo inclinado em frente a ele. — Tá pensando em quê? Tá geral quase capotando.

     — Ei… — ele te puxou delicadamente pela cintura, te fazendo sentar-se no colo dele. — Nada, eu queria aproveitar pra sair um pouco daqui, contigo. Aproveitei meu aniversário, mas não aproveitei esse dia sozinho com você.

     — E o que pretende fazer comigo essa noite? 

     Shuji sorriu ladino, apertando um dos lados de sua cintura ao se aproximar e juntar os próprios lábios aos seus, iniciando um beijo lento, no qual foi pedido a passagem da língua dele, você cedeu rapidamente, mergulhando os dedos nos fios capilares macios. 

     Sentiu uma das mãos descerem em direção à sua bunda, apertando a nádega com um pouco de força, um sorriso surgiu em seus lábios entre o ósculo, que começava a ser aprofundado naquele momento, ignorando qualquer pessoa que estivesse ali, não é como se já não estivessem acostumados a ver a linda cena de vocês dois se pegando, e até mesmo transando. 

     — Cara, vão pra um motel! — ouviu Kokonoi reclamar, ao lado de vocês, que como os outros também quase dormia.

     Isso fez com que encerrassem o beijo com um sorriso travesso nos lábios.

     — Quer ir lá pra cima? — você perguntou, suspirando quando sentiu o aperto novamente em sua nádega.

     — Vamos lá pra pegar umas coisas, quero te levar pra um lugar. — deu dois tapinhas fracos em sua bunda, para que se levantasse.

     Por um momento estranhou, mas não questionou sobre, era o dia dele de qualquer forma. Levantou-se e seguiu até as escadas juntamente à ele, não demorando para chegarem no quarto, Hanma pegou uma bolsa e colocou toalhas dentro, tendo exceção de algumas roupas caso quisessem trocar a que estavam agora, algo em você sabia o que ele queria fazer, mas precisava confirmar se realmente era o que estava pensando.

     — Por que das toalhas e roupas?

     Shuji levou o olhar em sua direção, desviando-o e fechando o zíper, em seguida iniciando passos até você e rodeando os braços envolta de sua cintura e te puxando para perto, ele apertou o abraço, te fazendo ter os pés fora do chão. Um riso fraco saiu de seus lábios, retribuindo o ato tão forte quanto o dele. 

     — Surpresa. — respondeu, deixando um selar demorado em seus lábios.

     Sua expressão foi simplesmente de tacho quando recebeu aquela resposta, sendo a causadora da risada do mais velho, ele te colocou no chão e segurou suas mãos, entrelaçando os dedos após. As janelas visuais douradas fixavam seu rosto como se quisesse memorizar cada característica, pensando no medo de esquecê-lo um dia, isso acabou o causando um aperto no peito antes de se lembrar o quão feliz estava. Não tinha coisa melhor do que um momento a sós com você.

     Um sorriso largo surgiu em ambos os lábios, quando Technicolour Beat, Oh Wonder começou a tocar no andar de baixo, Hanma não hesitou em te puxar novamente para perto e iniciar passos de danças desajeitados, assim que teve seus braços envolta do pescoço dele, sua cintura foi abraçada com força pelo mesmo, tendo as testas encostadas durante a dança. 

     Vendo de fora, parecia apenas um casal curtindo um momento juntos ao som de uma música aleatória, mas na verdade, essa tal música aleatória não poderia ter tocado em um momento mais perfeito que este. É a música de vocês, afinal. Foi tocada quando tiveram o baile de formatura, ambos foram acompanhantes um do outro, embora não fosse a praia de Hanma, valeu a pena fazer um esforço para te levar a um evento como este. Além do mais, se divertiram nesse dia, e jamais esqueceriam.

     Acabou que os passos começaram a se tornar mais cambaleios, por culpa do mais velho, ele não sabia dançar em ritmo lento muito bem, te rendia até risadas divertidas por isso, o som que o rapaz tanto ama ouvir em todo esse mundo. Os dois se jogaram no colchão da cama, caindo na gargalhada pelo momento tão gostoso e divertido. Seus dedos mergulharam seus próprios fios capilares, tendo os olhos fechados enquanto ria, Shuji assistiu a cena, alimentando seu coração com algo que ele nomeava ser serotonina para ele, te ver sorrir ou rir é a coisa favorita dele.

     Quando você abriu os olhos, levou-os em direção ao garoto ao seu lado, o rosto estava tão próximo do seu que conseguiria facilmente roubar um beijo naquele momento, mas não o fez, apenas roçou a ponta do nariz no dele, quase fechando novamente os olhos pela sensação tão relaxante.

     — Jump into the heat… — ele começou a cantar baixo, você não conteve, mais uma vez, um sorriso largo.

     Tinha que admitir, Shuji até poderia não ser o melhor dançarino do mundo, mas tinha uma voz tão angelical quando cantava, que facilmente te fazia derreter igual algodão doce na língua.

     — Spinnin' on our feet, in a technicolour beat. — você o acompanhou.

     — You and me… — ambos continuaram a cantar juntos, entrelaçando os dedos. — Caught up in a dream, in a technicolour beat.

     Era impossível tirar o sorriso do rosto, estavam tão imersos naquela sensação boa, aquelas emoções eufóricas circulando nos interiores, simplesmente eram tudo o que precisavam e jamais tirariam uma ideia assim da cabeça, aproveitar um bom momento juntos enquanto a música favorita de vocês tocava. Estava tudo tão perfeito que chegava a ser surreal.

     Fizeram questão de esperar a música acabar até você finalmente decidir colocar um short e chinelos antes de sair, visualizando o carro estacionado em frente à residência quando já se encontravam fora. Hanma colocou as coisas no banco de trás, você já se sentava no passageiro e o aguardava entrar, quando ele o fez, deu partida após ligar o motor. Rapidamente pegou seu celular e conectou o bluetooth na caixa de som, ouvindo Youngblood, 5 Seconds of Summer começar a ecoar.

     — Hey! — a voz do mais velho soou animada. — Eu lembro dessa.

     — Claro que lembra. — sorriu largamente. — Os sons das sirenes ainda estão na minha cabeça, sabia? — brincou.

     — Como se você não gostasse de ter uma ótima história de cadeia pra contar pra estranhos. — ambos caíram na gargalhada.

     Muitas vezes, ouviram que pegaram o papel de casal caótico da escola, até os dias atuais, uma loucura atrás da outra por pura necessidade de adrenalina, o que gerou fugas de policiais em uma dessas experiências juntos, resultando em ambos serem presos em delegacias diferentes. Você foi solta primeiro que ele depois de algumas semanas, mas não hesitou em visitá-lo todos os dias, até que o mesmo estivesse livre. Drogas sempre estavam envolvidas quando a polícia ia atrás de vocês. No dia que ambos foram presos, o motivo era de venda das mesmas, geradas pelo mais velho, mas tinha seu envolvimento.

     As músicas da playlist que fizeram para ouvir juntos rolava conforme Hanma dirigia, você relaxava sentindo o vento bater contra seu rosto e te enviar leves arrepios, o que consequentemente fazia seus fios capilares voarem também. O garoto estacionou em uma das vagas da rua, aquele lugar não te pareceu estranho, com certeza já havia passado por ali algumas vezes. 

     Saiu junto com ele assim que as portas foram destravadas, direcionando os passos à ele, que segurou sua mão e entrelaçou os dedos ao iniciarem uma curta caminhada até uma mercearia, lá compraram algumas bebidas, Shuji guardou uma garrafa de vodca em uma parte separada das outras no carro e pegou a bolsa antes de voltarem a caminhar, jogando conversa fora como sempre faziam. Você sorriu mais uma vez, pois seus olhos encontraram a vista da escola que estudaram no passado, hoje estava fechada, não tinha ninguém ali desde que decidiram fechá-la completamente, então era apenas mais uma escola abandonada, mas que vocês nunca conseguiram a deixar de vez.

     Sempre iam no banheiro do local, com seus amigos para vadiar, ali tinha tantas lembranças que se tornou parte de vocês de alguma forma, por isso, simplesmente apareciam ali para se divertirem e relembrar os momentos tão bons que passaram naquele lugar. Não julgava Hanma por querer passar ali no dia de seu aniversário, pois era algo importante para ele.

     Ao chegarem, colocaram as garrafas de bebidas no chão, junto a dois ziplocks e um cartão para alinhar as fileiras de cocaína que trouxeram. Shuji começou a bolar um baseado, enquanto você pegava o prato de vidro que estava junto aos demais na bolsa, colocando um pouco do pó e alinhando em duas fileiras, seu namorado te deu um canudo quando estava pronta para aspirar, assim fez, tombando a cabeça para trás seguidamente. O mais velho te acompanhou quando terminou de bolar, aspirando a outra fileira, a qual fez seu nariz formigar pela sensação nostálgica e costumeira para vocês dois, você tomou o baseado da mão dele, acendendo-o com o isqueiro quando o colocou nos lábios, assim dando a primeira tragada.

     Ele abriu uma das garrafas de Jack de maçã verde, dando um longo gole pela boca da mesma, em seguida te oferecendo, você aceitou prontamente. Aquilo estava bom demais, tão bom que queriam que o tempo congelasse naquele exato instante, principalmente Hanma.

     — Sinto falta das coisas de antes. — a voz dele quebrou o silêncio.

     — Coisas de antes?

     — Sim. Não parecia tão monótono como hoje, eu devia ter aproveitado mais.

     — E como você queria ter aproveitado?

     Shuji sorriu minimamente, sem deixar os dentes à mostra, e então, repousou os olhos baixos e cansados, que tinham a companhia das olheiras profundas abaixo da linha d'água, um tanto quanto semelhantes às suas, a cabeça dele tombou para trás, piscou devagar, suspirando pesadamente, como se buscasse algum ar para conseguir respirar.

     — Sinto falta de viver, princesa.

     — Ah… Você diz esse "aproveitar"... — respondeu, receosa.

     — Vamos, não faça essa cara. — uma risadinha fugiu da boca dele, que esticou o braço para alcançar seu pulso, não demorando para te ter sentada no colo, com ambas as pernas ao lado da cintura. — Eu tô me divertindo pra caralho com você.

     — Sim, mas… As vezes me causa a impressão de que nem isso é o suficiente.

     — Ah, meu Deus… [Nome]! — segurou seu rosto firmemente entre as mãos, fazendo ambos os olhares se encontrarem fixos um ao outro, mais uma vez. — Eu amo você, ok?! Não tem coisa melhor nesse mundo do que aproveitar esse dia com você, eu queria que o tempo parasse agora, só pra não acabar.

     — Eu também queria isso. — suspirou, aproximando o rosto do dele até encostar as testas. — E eu também te amo.

     Shuji não esperou nem um segundo sequer para colar os lábios nos seus, sendo iniciado mais um dos melhores beijos que sempre davam, tendo rapidamente as línguas incluídas, estas sendo acariciadas uma pela outra, ganhando alta profundidade tão facilmente quando teve as mãos segurando seu quadril. Você deixou um arfar fugir quando uma delas deslizou por dentro de suas costas, te causando arrepios pela mão gélida em seu dorso, você começou movimentos no colo do rapaz, que não segurou um suspiro forte.

     Sua destra adentrou a calça do mais velho, você sentiu um aperto em sua nádega, causada pela mão do garoto, cuja tinha a tatuagem escrita "punição", enquanto a que subia em direção ao seu pescoço era o "pecado". Não demorou para encontrar a extensão ereta, começando movimentos lentos, o mais velho liberou o primeiro gemido com um tom carregado de rouquidão, fixou o rosto dele com os olhos se fechando, apertando sua bunda com mais força e posse, confessava que aquilo havia doído, mas não é como se não gostasse. Seus lábios começaram a trilhar beijos pelo pescoço tatuado dele, que o deixou mais exposto para que desse continuidade e deixasse alguns chupões naquela área. 

     — Aproveita que hoje tô boazinha, meu amor. — sorriu travessa, ouvindo o risinho fraco dele. — Se quiser que eu vá rápido, é só me pedir, ou melhor… Mandar. O aniversariante merece.

     — Então… — a mão que estava em seu pescoço, subiu ate seu queixo para repousar o indicador e polegar, este que se direcionou ao seu lábio inferior para deslizar ali. — Eu quero que vá mais rápido, ou senão, você vai se arrepender.

     — Me arrepender seria impossível, quando envolve você me fodendo igual uma cadela.

     Antes que Hanma pudesse te dar qualquer resposta, ainda mais suja que a sua, apenas foi audível o gemido rouco e arrastado dele quando acelerou os movimentos com a mão, circulando o polegar na glande, que já mostrava sinais do pré-gozo, consequentemente sendo mais fácil para acelerar.

     Sentiu-se satisfeita ao ver que conseguiu calar a boca dele tão facilmente, sabia bem que não só ele te tem na palma da mão, como você também tem. Estava tão bom, a sensação estava tão gostosa, não só para ele, quando o via assim você começava a sentir uma forte euforia dentro de si, aquilo fez com que lhe causasse uma reação em resultado, sentindo sua calcinha ficar molhada. Você se agachou ao sair do colo dele, aproximando o rosto do membro, abocanhando-o com rapidez, dando o som tão bom dos gemidos do mais velho, uma das mãos dele agarrou os fios de sua nuca.

     Era um pouco difícil colocar tudo na boca pelo tamanho, mas nada impedia de masturbar o que sobrava, somente servindo para aumentar o prazer do garoto, simplesmente adorava ter sua boca com aqueles movimentos experientes, não esquecendo em momento algum de movimentar a língua, deixando a extensão mais molhada, já que a saliva escorria de sua boca. Rodeou-a na glande, em lentos movimentos, Hanma estava enlouquecendo, você sabia perfeitamente o jeito que ele gostava e mal poupava rapidez, sabia que ele queria gozar logo.

     Além do mais, saberia que ele iria querer fazer muitas coisas do que receber só um boquete, não que estivesse ruim, ele amava o seu oral, mas claramente queria aproveitar mais do que aquilo com você. Queria que você também gozasse, te ver tendo um orgasmo seria um presente de aniversário e tanto.

     Os dedos dele se apertaram em seu cabelo, logo sendo forçada a acelerar os movimentos, o que assim foi feito sem hesitação, causando até mesmo engasgos por conta da força que ele colocava, mas não era um problema, estava até acostumada, na verdade. O som dos gemidos começaram a aumentar, junto à respiração ofegante, sinalizando que o ápice estava perto, você novamente começou a trabalhar a língua nos movimentos, Shuji sentiu um forte arrepio com isso, como também sentia seu peito descer e subir, na tentativa de procurar fôlego.

     E então, sentiu ser espalhado em sua língua, diminuindo os movimentos, mas não saindo até que engolisse tudo, sem deixar uma gota para trás.

     Hanma limpou o canto de sua boca com o polegar quando se colocou sentada, ajeitando a calça de volta. Não hesitou em te puxar para um beijo afoito, fazendo questão de mostrar que aquilo estava bem longe de terminar, isso te deixava empolgada em tantos níveis que era impossível explicar a sensação. 

     — Eu, definitivamente, nunca vou me cansar disso. — ele disse, ao encerrar o beijo.

     — Eu também tô longe de me cansar. — sorriu maliciosa, deixando um longo selar nos lábios dele. — E também, longe de querer parar.

     O sorriso de seu namorado foi um dos mais lindos que ele deu, esta noite, mesmo sendo ladino, ainda era sincero e repleto de amor, podendo ver isso de forma nítida diante seus olhos, que continham um brilho tão intenso ao serem fixos em você. 

     — Vamos pra outro lugar, mas antes… — tirou um ziplock, contendo duas balas de ecstasy, ele parecia ter guardado justamente para esta noite. — Vamos ficar loucos.

     — Hmm… Mas você tá dirigindo.

     — O efeito do ecstasy demora de trinta a quarenta e cinco minutos, princesa, e não é como se não estivéssemos acostumados a dirigir completamente dopados. — um riso fraco foi liberado de seus lábios, assentindo. — Qualquer coisa a gente chama a Senju e mais alguém, eles viriam correndo de moto pra buscar e um se encarrega de dirigir o carro.

     — É melhor.

     As duas balas foram tiradas dos pequenos saquinhos, deixando-as abaixo das línguas, onde sentiram o gosto amargo, mas ao mesmo tempo bom, logo o efeito apareceria. O mais velho pegou o baseado que estavam fumando antes, que agora se encontrava apagado, guardando-o no bolso, trataram de pegar as garrafas, continuando a beber uma delas juntos enquanto se direcionaram até o carro estacionado em uma das vagas, entrando no veículo seguidamente.

     O trajeto iniciou somente com o som das músicas aleatórias, sem ter companhia de suas vozes, a mão gelada do garoto estava repousada em sua coxa enquanto dirigia, você estava imersa com sua garrafa de Jack, quase chegando pela metade, o que já começava a te dar breves efeitos pelo alto consumo, Hanma não bebeu tanto, mas os efeitos dos ilícitos ainda tinham certa dominância de seu interior, ambos não pareciam se preocupar, mesmo que deveriam, pois as chances de baterem em algum lugar, ou até mesmo sofrerem um acidente, eram extremamente altas.

     Você sorriu animada quando percebeu a praia vazia, cada segundo mais próximo, a própria. Realmente era o que estava pensando. Shuji estava te levando ao local onde aconteceu a primeira vez de vocês, era noite de ano novo e ambos estavam tão bêbados que nem se importaram do fato de ser um lugar público, o restante das pessoas estavam tão bêbadas e drogadas que nem se deram o trabalho de parar para assistir. Lembrava-se bem que, neste mesmo dia, acenderam uma fogueira e esperaram o som nascer. Um dos momentos que vocês também queriam ter a habilidade de congelar.

     O viu pegar a bolsa e retirar as duas toalhas, fixando os olhos em você, posteriormente.

     — E aí?! Tira a roupa. — disse, deixando um sorriso crescer nos lábios.

     — Eu já sabia. 

     Ambos começaram a tirar as peças de roupa até se encontrarem completamente nus, embora a noite estivesse um tanto fria, fizeram questão de ignorar esse detalhe por agora, prestando mais atenção nas músicas que ainda eram liberadas da caixa de som conectada ao bluetooth de seu celular, em alto volume. Largaram as toalhas de forma alinhada na areia, não tão longe, mas também não próxima da área molhada, e então, correram até o mar e mergulharam quando a altura da água já estava nos joelhos.

     Subiu até a superfície depois de ficar um pouco debaixo d'água, sentindo a tremedeira tomar conta de seu corpo, em seguida jogou seus cabelos molhados para trás, tirando um pouco do excesso. Conseguiu ver Shuji se aproximar, deixando apenas a parte do nariz fora da água salgada, mas logo colocou o rosto para fora de uma vez ao jogar um pouco de água em você, que devolveu de maneira mais violenta.

     Então lá estava vocês, brincando de uma espécie de guerrinha de água, onde podia ouvir de longe Stick Around, ENVYYOU fazendo companhia àquele momento.

     As risadas ecoavam divertidamente naquele momento, mas não durou tanto para que seu corpo estivesse próximo do mais velho, que te puxou para ter suas pernas envolta da cintura dele, ambos começaram um beijo, diferente do anterior que esbanjava mais luxúria, esse parecia ser repleto de amor e carinho, em uma quantidade de intensidade maior que antes. 

     Shuji tinha as mãos segurando suas nádegas, mas logo um dos braços te segurou firmemente, para que ele deslizasse a mão em direção a sua intimidade, iniciando movimentos circulares em seu clitóris. Um gemido abafado foi liberado de seus lábios, começando a rebolar o quadril em busca de mais contato do que somente os dedos, necessitava dele tanto quanto das vezes anteriores. Apertou as coxas na cintura do mesmo, causando um aperto maior entre os corpos, o que fazia seus seios serem esmagados contra o busto desnudo e molhado do rapaz, nada diferente do seu.

     Sentia o olhar queimar em você como uma chama quando se afastaram pela falta de fôlego, analisando cada feição de prazer que escapava de seu rosto, rebolou novamente o quadril com certa pressa para que aquilo começasse logo, ele rapidamente entendeu. 

     Ainda no colo do mais alto, sentiu ele começar a caminhar até chegar na areia seca, te deitando quando alcançou as toalhas e ficando por cima de si, não demorando para iniciarem mais um beijo, presos naquele momento de amor e prazer, tão apressados para sentirem um ao outro até explodirem ao chegar ao êxtase. Claramente não era pelo sexo, apenas queriam sentir um ao outro, queriam sentir o amor fundido apenas em um, causado por vocês dois.

     Sentiu seu interior ser invadido pela extensão de Hanma, que começou a se movimentar com precisão, mas não tendo pressa alguma para acelerar, suas mãos abraçaram as costas dele e deixaram um rastro com as unhas, gemendo baixo contra o ouvido do outro, conseguiu sentir a pele dele se arrepiar, te satisfazendo ainda mais. Seus gemidos serviam para melhorar completamente aquela experiência, como na primeira vez, mas diferente de antes, sentia um prazer bem mais intenso do que uma foda qualquer, como imaginavam que seria antes de tudo acontecer.

     Os movimentos foram acelerando aos poucos, sua entrada se contraiu na extensão dele, que gemia baixinho contra seu ouvido na intenção de te provocar, claramente conseguindo, você também não perdia a oportunidade de começar a gemer de forma manhosa, do jeito que ele amava e sempre desejava ouvir.

     Seu clitóris ganhou atenção do polegar dele, aumentando seu prazer de forma mais intensa, não era como as outras vezes, essa parecia ser mais carinhosa, claro que gostava quando ele enchia a mão para colocar pressão no toque, mas dessa forma parecia tão diferente, como se fosse apenas vocês no mundo. A lubrificação de sua entrada facilitava os movimentos do mais velho, acertando seu ponto sensível várias vezes, sua voz aumentava com a força que ele começava a usar, mas ainda colocando total carinho durante o ato.

     Hanma beijou seus lábios novamente, sem parar com os movimentos do quadril e polegar em seu clitóris inchado e carente, ficava um pouco difícil para beijá-lo, já que o membro dele entrando e saindo de você várias vezes era o que ganhava uma atenção maior sua, mas ainda sim faria um esforço. Com a outra mão, ele acariciou seu rosto, seu corpo balançava freneticamente com os movimentos dele, o prazer aumentava ainda mais com seu ponto sensível sendo acariciado, ele estava tão acostumado a fazer isso que nem dificuldade tinha mais.

     Os efeitos das drogas serviu para que o estímulo fosse maior, resultando em uma sensibilidade ainda maior para ambos diante aquela experiência gostosa, suas pernas enlaçaram a cintura dele, enquanto ele ainda se movimentava com rapidez e intensidade, logo o ósculo encerrou, mas ele continuou a trabalhar com a boca em seu pescoço, pegando sua mão e entrelaçando os dedos nos seus. Gemeu de frustração quando ele parou com as investidas, mas sendo surpreendida ao ter seu corpo virado com brusquidão, ficando de costas para ele, logo ele deu continuidade no ato, deixando sua bunda um pouco empinada, enquanto um dos braços rodeou seu pescoço e a mão alcançou seu ombro, seu clitóris continuou sendo acariciado pela outra mão dele.

     A sensação só melhorava, o prazer não tinha falta, estava tudo tão perfeito e logo chegaria ao ápice, implorando entre os gemidos para que ele acelerasse, assim foi feito. Os lábios do rapaz estavam próximos ao seu ouvido, liberando os próprios gemidos baixos e roucos contra os seus altos e manhosos, te deixando completamente maluca, as estocadas se aprofundaram quando seus gemidos começaram a causar falta de fôlego, sinalizando o que estava perto de gozar. Hanma continuou, acelerando os movimentos dos dedos e apertando seu pescoço, os dedos enterravam em sua pele no limite, de uma forma que não te enforcasse tão forte.

     — Vamos, princesa, goza no meu pau. — ele sussurrou, próximo ao seu ouvido.

     Suas pernas enfraqueceram ao ouvir a voz rouca dele, pedindo para que gozasse, ele sabia bem o quão sensível estava, e claro, não demoraria nada para realizar o pedido tão excitante dele. Até o frio foi esquecido naquele momento, prestava atenção em apenas gemer tão alto e finalmente gozar, como ele queria, e da mesma forma, queria que ele também o fizesse, ainda dentro de você.

     As vozes logo se fundiram em somente uma, quando finalmente chegaram ao ápice juntos, sentiu sua entrada ser recheada pelo esperma quente de Shuji, ele prolongou seu orgasmo com os movimentos em seu clitóris, quase que não conseguiu manter-se naquela posição, mas era firmemente segurada pelas mãos dele, estas que tinham um controle tão fácil sob seu corpo que chegava a te deixar fraca.

     Sorriu quando sentiu um longo selar em suas costas, gemendo fraco pela falta do membro dele em seu interior, você usou a própria toalha para se limpar, cobrindo-se com a mesma após se secar, o mais velho fez o mesmo, sugerindo para que voltassem ao carro seguidamente. Se trocaram no carro, onde você se preocupou em apenas colocar a camiseta de antes e uma calcinha, Hanma vestiu uma regata larga de cor preta, que tinha um recorte mas laterais do tronco, na parte de baixo colocou uma cueca e uma calça de moletom cinza. 

     — É melhor ligar pra Senju mesmo. — sugeriu a ele, se encolhendo no banco do carro, com os olhos fechados.

     O mais velho apenas assentiu, deixando um longo selar em sua bochecha, em seguida pegando o celular e desligando a caixa de som, discando o número de telefone da platinada, que atendeu após três toques. Quando o rapaz conseguiu convencer ela ir até onde estava, decidindo ir com o irmão mais velho, já que alguém teria que dirigir, vocês dois aproveitaram para ficarem abraçados e trocarem alguns beijos e selares, o som do mar batendo contra a areia era relaxante, consequentemente causava sono em você, principalmente nos braços acolhedores de seu namorado. 

     — Isso foi incrível. — sua voz chamou a atenção dele. — Um pouco diferente da última, mas reviver nossa primeira vez na praia foi o máximo! Você nunca erra.

     — Eu ia te levar pra fazer isso no seu aniversário de dezenove anos, mas algo, no fundo, me disse que aquele não era o dia certo.

     — Pensou no ano passado em me levar?! Eu ia adorar! — sorriu largamente, levantando a cabeça para encará-lo. — Mas mesmo sendo hoje, foi perfeito.

     — Eu te amo, princesa.

     — Eu te amo mais. 

     O mais velho sorriu, segurando seu queixo delicadamente, logo deixando um selar em seus lábios.

     Os irmãos Akashi chegaram depois de alguns minutos, Senju se encarregou de dirigir o carro, reclamando pelo tanto de bebidas que Hanma comprou, Sanzu continuou na moto, não demorando para dar partida quando se ajeitaram no veículo.

     O trajeto seguiu em silêncio, a hora já marcava 01h35m, daria para você e Hanma dormirem um pouco e descansarem, aproveitaram que seus amigos estivessem em casa e deixariam todos dormirem ali. Uma coisa que o garoto também não deixaria de valorizar, seria o momento que se divertiu horrores, não só hoje, mas em vários outros dias. O banheiro da escola que estudaram no passado ocupava todo o espaço em seus corações, pois ali sempre seria o lugar de vocês.

     Quando chegaram, apenas decidiram travar as portas do carro e entrar logo, deixando as coisas dentro, tudo o que você queria era uma cama para dormir, de preferência ao lado de quem você tanto ama te fazendo companhia, em uma conchinha gostosa que sempre faziam. Viu seus amigos espalhados no sofá-cama, tendo Senju se jogando junto à eles pelo cansaço, Sanzu acabou deitando em cima da mais nova, ela pareceu não se importar, já que estava sonolenta demais para reclamar e só queria dormir, mesmo que pudesse acordar totalmente quebrada daqui algumas horas.

     Você e Hanma se deitaram, ignorando o fato dos fios capilares estarem molhados e com cheiro de água salgada do mar, mas mesmo assim, Hanma continuava lindo até com os cabelos desajeitados, e agora que estavam soltos, dava uma visão linda. 

     Ele se ajeitou em seus braços, deitando a cabeça em seu peito, suas mãos iniciaram uma carícia, fazendo-o fechar os olhos, de alguma forma você adormeceu primeiro, parecia tão cansada daquele dia pelo tanto que bebeu e usou, mas com certeza não se arrependia de nada. Por outro lado, Hanma não dormiu nada esta noite, continuou acordado até que a hora marcasse 05h30m em ponto. 

     Shuji se afastou de você cuidadosamente, para não te acordar, e deixou um selar carinhoso em sua testa, acariciando seu rosto por mais ou menos dois minutos, como se procurasse alguma coragem para te deixar sozinha ali. Quando ele finalmente se levantou, fez o mínimo de barulho ao pegar o celular e mais algumas coisas guardadas, saindo do cômodo e fechando a porta com cuidado, seguiu assim até descer as escadas, sorrindo ao ver os amigos ainda capotados, eles com certeza não acordariam tão cedo, o que foi melhor para que o rapaz conseguisse pegar as chaves e sair de casa, caminhando em direção ao carro, onde colocou o que pegou em seu quarto, no porta-malas.

     Ele deu partida quando entrou no automóvel, dirigindo quase em um piloto-automático até a casa de seus amigos, a maioria deles moravam juntos, sendo estes os irmãos Akashi, Haitani, Kokonoi e Inui, eles confiavam o suficiente em Hanma para darem uma cópia de chave da casa deles, sendo fácil para ele entrar, mas antes, abriu o porta-malas do carro e fixou as coisas que pegou deles, estas que jamais foram devolvidas quando ele pegou antes. Quando os teve nas mãos, abriu a porta e entrou dentro da casa, seguindo até o quarto de cada um.

     No quarto dos Haitani, deixou dois moletons e uma camiseta, dobrados no colchão da cama de cada um que tinham essas coisas como pertences, logo depois seguiu até o quarto de Senju e deixou uma correntinha, que ela vivia procurando e o garoto sempre bancava o sonso, dizendo que não tinha o visto em lugar algum. Em seguida, foi até o quarto de Sanzu, deixando os tênis all stars brancos de cano médio ao lado da cama, e então, finalmente chegou ao cômodo onde Kokonoi e Inui dividiam para dormir, onde deixou um relógio e uma camisa xadrez vermelha.

     Os olhos rolaram por cada cômodo que passava, analisando a sala por alguns segundos antes de sair e trancar tudo, desta vez iria até onde Kisaki morava, chegando em poucos minutos, fez o mesmo esquema, deixando o uniforme da gangue que participavam na adolescência. Ele sorriu ao lembrar que sentia tanta falta de como tudo era antes, e o que mais o frustrava era saber que jamais voltaria a ser daquele jeito. Como ele tinha dito antes para você, ele sentia falta e vontade de viver, mas simplesmente não conseguia mais.

     Por isso, planejou que no aniversário de vinte um anos seria o dia perfeito para uma despedida, como planejou ano passado, no dia do seu aniversário de dezenove anos.

     Claro, Hanma se sentiu um egoísta quando voltou para o carro e tomou engoliu dois comprimidos de ecstasy junto à vodca que tinha comprado antes, sentindo descer queimar por não ter deixado em algum lugar frio, mas não adiantava simplesmente continuar quando a dor de viver era maior que o medo de morrer. 

     Ele dirigiu até o mesmo local que ficou com você na noite passada, antes de irem até a praia, estacionando o carro em frente à escola, logo saiu ao pegar a bolsa com drogas e bebidas e um pequeno MP3 que usava para ouvir música nos fones, não demorando para entrar e seguir até o banheiro. Ele se sentou no chão, especificamente dentro de uma das cabines, respirando fundo quando sentiu a ansiedade tomar conta de seu interior. Ele pegou uma das cartelas de codeína, tirando todos os comprimidos, que foram derrubados na palma de sua mão, conseguiu engolir todos com a ajuda da vodca. Sem dar pausa, pegou mais três comprimidos de ecstasy e os tomou, novamente colocando tudo para dentro com a bebida alcoólica.

     Um sorriso cansado formou-se em seus lábios, sentindo sua respiração se tornar mais ofegante pela pressão da bebida queimando seu interior, mas estava longe de acabar. 

     Hanma separou quatro fileiras de cocaína, no mesmo prato que usaram antes, cheirando de uma vez, não se deu o trabalho de aproveitar a sensação, já que aquilo com certeza não chegava nem perto de ser algo para se curtir. Estava longe de ser uma diversão, na verdade. Ele acabou com mais uma cartela, desta vez de aspirina, seguidamente pegando uma das novas seringas de heroína, na qual preparou tudo de forma paciente até que finalmente estivesse pronta para injetar, e então, a agulha encontrou diretamente a veia de seu braço, deixando o líquido se espalhar.

      Shuji apenas queria rir agora, rir pela falta de coragem que teve de continuar deitado ali com você, dado mais uma chance para que ficasse bem, que todos os seus demônios internos fossem embora, mas precisava calar as vozes imediatamente, e saber que você deu uma chance à ele de te amar, foi a melhor coisa. Mesmo que o amor fosse algo que ele não soubesse lidar, a sensação de adrenalina quando estava com você era inesquecível, tanto que chegava a doer de uma forma que nem ele conseguia explicar, porém, simplesmente não aguentava mais sentir isso.

     Por mais que existisse uma forte reciprocidade, amizade e respeito, Hanma não conseguia lidar. A sensação doía, e ele sentia-se pior ainda por não saber explicar o porquê disso. 

     Ele ligou o MP3, ouvindo It's Called: Freefall começar a tocar, após isso pegou a canetinha vermelha que sempre levava em seu bolso, escrevendo uma frase na parede. O sorriso não conseguia sair de seus lábios, principalmente quando se deitou no chão gelado, levando uma das mais em direção à testa e mergulhando os dedos até onde seus dedos alcançassem os fios capilares. Respirou fundo, com o pouco de força que restava, pegou o celular e abriu a galeria, rolando pelas fotos e vídeos que guardava com você, a risada dele ecoou quando parou em um vídeo, onde você estava completamente bêbada, dançando como quem não queria nada.

     Seja lá onde ele estivesse, jamais esqueceria.

     Foi estranho você acordar sem ele, principalmente sendo pelo barulho irritante do toque de seu celular, estranhou as diversas chamadas perdidas de seus amigos, mas atendeu rapidamente ao ver o nome de Senju.

     — Senju, esqueceu algo? — perguntou, com a voz um pouco rouca pelo sono.

     — [Nome]... — a voz dela estava um tanto chorosa, você não soube explicar a sensação extremamente ruim que sentiu naquela hora.

     — Senju… O que aconteceu?

     — O Hanma… Ele… — ela começou a soluçar, parecendo tão desesperada. 

     — Senju, o que tem ele? — se levantou rapidamente, encarando o lado vazio da cama, agora sentindo a sensação crescer de uma forma completamente desconfortável.

     — E-eu não consigo! — ela fungava a cada palavra. — Nos espere aí, nós… Nós vamos te buscar, e-

     — Não vou esperar ninguém, caralho! O que aconteceu com o meu namorado? — sua respiração começou a ofegar.

     Até mesmo o sono foi embora tão rápido, pois só se preocupou em colocar um short e seus chinelos, rapidamente saindo do quarto.

     — Então… Venha depressa até a nossa escola antiga.

     Você somente encerrou a chamada, pegando a chave reserva e saindo desesperadamente de casa, mesmo que a ressaca estivesse dominando seu corpo, foi a última coisa que pensou, só queria chegar e ver Hanma para finalmente poder abraçá-lo. Infelizmente, já imaginava o pior, mas se recusava que fosse exatamente o que estava pensando.

     A noite passada não podia ser a última vez que o teria ao seu lado, não podia! Ele estava bem, estava feliz, estava sorrindo e se divertindo com você e o pessoal. Não podia ser real!

     Não prestou atenção no tempo que conseguiu chegar até lá, mas um aperto forte em seu peito surgiu quando viu o carro de vocês, junto às motos e outros veículos estacionados ali, de alguma forma, não queria entrar para ver o que estava acontecendo, aquela sensação ruim só crescia em seu peito. Assim que entrou, seguiu em direção ao banheiro, vendo de primeira as caras de choro, encarando a cabine específica, sua ansiedade crescia de maneira agonizante, logo viu Sanzu se aproximar com uma expressão nada boa, seus olhos pareciam tão inchados quanto os dos outros. 

     Quando ousou dar o primeiro passo pra ver, foi segurada pelo rosado, o encarou incrédula, mas mesmo assim insistiu em continuar os passos e ver o seu pior pesadelo com os próprios olhos. 

     Suas pernas começaram a dar sinais de fraqueza e desequilíbrio, seus dentes batiam um contra o outro pela tremedeira de seu corpo no mesmo instante, não conseguiu explicar o que sentiu naquela hora, era inacreditável, ou melhor, não queria acreditar de forma alguma. Ver Hanma sem vida, com sua boca coberta de espuma e olhos revirados foi a pior cena que seus olhos pudessem assistir.

     Conseguiu enxergar a frase escrita na parede de forma tão nítida, e foi muito assustador.

     "Estou preso no passado e perdido no presente."

     Era o que estava escrito com canetinha vermelha.

     Novamente se moveu para correr em direção ao garoto, mas foi segurada imediatamente por Sanzu, que encostou seu rosto no peito dele e te abraçou, você só conseguiu pensar em se debater nos braços dele, sentindo as lágrimas começarem a sair de seus olhos, ao mesmo tempo que o grito era liberado de sua boca, o mais alto te segurava firmemente e te abraçava forte, pressionando ainda mais seu rosto contra o peito dele, para que não ficasse ali vendo, até que não sobrou mais forças para fazer quaisquer outros movimentos.

     Só pensou em chorar e gritar nos braços de Sanzu, sentindo a dor no seu peito aumentar, e nossa… Como doía! 

     Seus amigos não conseguiram conter as lágrimas, principalmente Senju, que se agachou e escondeu o rosto entre os braços, soluçando sem parar. Aquilo, realmente, seria algo impossível de esquecer. O amigo de todos ali tinha tirado a própria vida, seu namorado não existiria mais, estava tudo acabado. Nem mesmo Kisaki conseguiu reagir ao ver a situação de seu melhor amigo, estava em choque, parado, olhando o corpo sem vida do garoto.

     A ambulância chegou em alguns minutos, foi difícil para te acalmarem, depois de horas conseguiu finalmente parar de chorar, quando ainda estavam no hospital. Inui estava mais calado que o normal, não disse nada, nem um som saiu de sua boca. Kokonoi e Sanzu estavam sérios, era completamente estranho ver os dois não fazendo nenhuma gracinha, por mais compreensível que fosse o momento. Os Haitani estavam ao lado da platinada, que fixava um ponto aleatório do chão, tão cansados quanto todos ali. Kisaki ainda continuava assustado, mas fora do transe desta vez.

     Você estava destruída.

     — Olá. — ouviram a voz da enfermeira, um tanto quanto calma, mas obviamente sentindo o desconforto de apenas dar mais uma notícia como aquela. — Nós vamos liberar o corpo em alguns minutos, alguém aqui era parente?

     — Eu… Eu era a namorada. — você respondeu, com a voz fraca.

     — Oh… Certo. O corpo será levado ao necrotério, você poderá se despedir, apenas se quiser.

     — Eu quero! — respondeu, um tanto rápido, recebendo uma confirmação da mais velha, antes dela se afastar dali

     A essa altura, a tarde nublada havia aparecido, já que ficaram ali por horas esperando que ele finalmente fosse liberado até o local, Kisaki se encarregou para te levar no carro dele, demorou um pouco para chegar, já que o loiro dirigia com um pouco de calma. O silêncio predominava no carro, junto a um clima pesado se instalando, ali estava horroroso, e por incrível que pareça, sua ficha já tinha caído. 

     Ele simplesmente se foi.

     Nem mesmo chorar você conseguia mais, sua carga acabou, queria apenas se despedir do amor de sua vida e ir pra casa, o que foi feito quando liberaram somente sua entrada.

     Ver o corpo dele ali, sem esperança de acordar, pareceu ser como uma bala entrando em seu peito, da mesma forma que doía, as lágrimas não saíam mais. Teve o tempo que precisou para se despedir, encarando o rosto dele pela última vez. 

     — Eu vou sentir tanta a sua falta, meu bem.

     Não iria ao enterro, não tinha forças para isso. Até mesmo deixá-lo era mais doloroso do que vê-lo naquele banheiro, o lugar que era para ser coberto de lembranças boas, se transformou em um trauma para todos vocês.
     
     Ao sair, recebeu os olhares deprimentes de seus amigos, você sorriu minimamente, sentindo cansaço até para respirar. De alguma maneira, até mesmo seu brilho tinha ido embora.

     — Você quer companhia? — Senju perguntou, um pouco preocupada.

     — Não. — suspirou, encarando o céu nublado, dando sinais de chuva. — Preciso assimilar o que aconteceu… Sozinha.

     — Mas… Gatinha, você tá de luto… Tem certeza mesmo que não quer que fiquemos contigo? — Sanzu quem perguntou dessa vez.

     Um riso fraco saiu de seus lábios, vendo os olhos do rosado marejarem, você se aproximou e segurou o rosto dele, ficando na ponta dos pés para beijar a testa do mesmo, seguidamente abraçando-o, o garoto retribuiu em uma intensidade ainda maior, não contendo as lágrimas. Logo, sentiram a quantidade de braços envolta de vocês aumentarem, se transformando em um abraço coletivo.

     — Eu amo vocês. — sua voz saiu fraca. — Amo muito!

     Quando se afastaram, passou o polegar nas bochechas do outro, limpando as lágrimas que insistiam em descer, não importasse o quanto tentava impedi-las, após isso, se aproximou de Kokonoi, deixando um selar na bochecha dele e o encarando por longos segundos, ambos trocaram um sorriso fraco, tendo o olhar dele desviado para o chão. Inui foi o próximo a ganhar um abraço, pela primeira vez em muito tempo ele te abraçou forte, como se fosse desaparecer há qualquer momento. Logo, os Haitani estavam em sua frente, ambos estavam devastados, mas conseguiram arrumar forças para sorrir e te dar um abraço, Rindou beijou o topo de sua cabeça quando se afastou. Por último, ganhou um abraço confortável de Senju, a mesma espalhou vários selares por seu rosto, te fazendo rir fraco, ela deixava lágrimas escorrerem dos olhos, mas como todos ali, ela também sorria.

     — Vocês são as melhores pessoas que eu poderia ter por perto.

     — Você é a lua que dá brilho pro nosso céu estrelado. — Inui finalmente falou, você sorriu.

     Lançou um beijo no ar para todos eles, se aproximando de Kisaki, ele se ofereceu para te levar até em casa, o que você aceitou, já que estava tão cansada que nem sabia se conseguiria ter forças para andar tanto. Caminharam até o carro, ainda tendo aquele silêncio desconfortável.

     — Você… Tá bem? — ele perguntou ao entrarem no carro, o que fez você se irritar um pouco, encarando-o com um semblante sério.

     — Sim, Kisaki! O amor da minha vida se matou e eu tô ótima! — seu olhar rapidamente deu atenção aos leves pingos de chuva, escorrendo pela janela.

     — Desculpa… — ele desviou o olhar, se prendendo no cinto e ligando o motor.

     Nenhum dos dois falou mais absolutamente nada, não tinham o que conversar em um momento daquele. Torcia para chegar logo em casa, e quando aconteceu, não pôde sentir um alívio maior. Encarou o mais velho por alguns segundos, ele parecia alheio, pensando em tantas coisas ao mesmo tempo.

     — Ele devolveu nossas coisas… — virou o rosto para te encarar, você conseguiu ter visão dos olhos marejados dele. — Ele nunca devolvia nossas coisas.

     Aquilo sim, poderia ser chamado de gota d'água, ele estava machucado, não era somente você quem perdeu alguém importante, sabia que todos que tinham um laço forte com Hanma, assim como você, sentiram o peso nas costas e o coração ameaçar pular para fora da boca. Conseguiu apenas sorrir minimamente, aproximando-se do garoto e deixando um selar na bochecha do mesmo, quando se afastou, conseguiu ver uma única lágrima solitária ser liberada do olho dele.

     — Ele te amava. — limpou a lágrima, acariciando a bochecha do loiro com o polegar. — Muito.

     Kisaki sorriu fraco, assentindo com a cabeça e desviando o olhar novamente, esperando que saísse, você assim fez, caminhando até a porta sem olhar para trás.

     Ao entrar em casa, não sentia mais aquela sensação boa de ansiedade para ver quem você mais ama, aquele que te acolhia em seus piores momentos, pois não era somente ele quem passava por diversos problemas. Hanma era seu porto seguro, onde você procurava calmaria e paz, quando sempre queriam apenas fugir até dos próprios pais, que até antes do infeliz ocorrido ele mal tinha uma boa relação com os familiares, sendo de igual forma no seu caso. O abraço dele era o melhor lugar para você fugir, se sentir em casa, era seu lar. 

     Agora como voltaria para casa?

     Não era somente o fato de vocês dois se encontrarem completamente fodidos que os uniam, mas sim quando conseguiam enxergar perfeitamente o quanto ninguém sabia realmente descrever quem de vocês dois era mais louco, além do mais, isso te fazia lembrar-se de quando Shuji tentou matar um cara que havia te assediado, o qual você fez questão de segurá-lo até que seu amado chegasse para acabar com esse nojento, precisando ser segurado pelos irmãos Haitani, Kokonoi e Sanzu, mas foi um tanto satisfatório quando você deu o primeiro soco na cara do indivíduo. Lembrava-se bem de Hanma dizendo "essa é minha mulher", tão orgulhoso. 

     Mais uma coisa que jamais ouviria.

     Passou por cada cômodo da casa, revendo todas as cenas que passaram juntos como um filme de suas vidas, sua mão deslizava para cada parte das paredes e móveis, como se quisesse tocar novamente cada ponto que seu amado tocou um dia. Tudo aquilo virou parte de vocês.

     Era doloroso pensar que, tudo o que ele fez na noite passada era uma despedida. A despedida que, antes era para ser um dos melhores momentos que vivenciaram.

     E claro, não viveria assim.

     Não foi difícil encontrar as drogas nas coisas dele e algumas cartelas de remédios nos armários da cozinha, consideravam-se dois viciados que precisavam de ajuda, mas somente ignorava por achar que servia de uma fonte de diversão para vocês. Hoje, percebeu que, na verdade, Hanma só estava se matando aos poucos, e você mal imaginava.

     Colocou Technicolour Beat para tocar nas caixas de som da sala em um volume alto, você fumava um baseado, tremendo um pouco pela fraqueza causada graças ao efeito explosivo dos remédios misturada às drogas, a essa altura, até sua pele se encontrava pálida.

     — Jump into the heat… Spinnin' on our feet, in a technicolour beat. — você cantava, com a voz um pouco trêmula.

     Fixava os olhos no chão, que ficava um tanto longe de onde estava sentada: a ponta da sacada.

     Toda aquela dor passaria, logo o encontraria novamente, talvez até ficariam juntos na próxima reencarnação e seguiriam de forma diferente desta vez. Suas mãos tremiam até para segurar o baseado entre os dedos, mas ainda conseguia sorrir. Você tinha mais um comprimido de paracetamol na sua outra mão, levando até os lábios e colocando dentro da boca, logo continuou a fumar, sentindo o vento bagunçar seus fios capilares, encarando a tonalidade acinzentada do céu. Ainda pingava algumas gotas, mas nada de chover.

     — You and me… — continuou cantando, fechando os olhos com lentidão.

     Sentiu seu corpo começar a perder o equilíbrio, quando ousou abrir novamente os olhos, somente viu tudo borrado como se as coisas estivessem fora do lugar. 

     Era somente o efeito de cada droga misturada às outras em seu interior, todos juntos.

     Mesmo que estivesse tão decidida, tudo o que sentia neste exato momento era arrependimento, e levaria isso com você pela eternidade. Entretanto, sabia o quanto seu namorado sentiu-se um egoísta, já que ele pensava exatamente como você. Sentia-se da mesma forma, não tinha como não se sentir.

     Eram dois egoístas.

      — Caught up in a dream, in a technicolour beat. 

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