04. Hate him
Minha respiração ainda estava pesada enquanto saía do banheiro. A imagem de Anthony com os cabelos encharcados, gaguejando de raiva e humilhação, estava gravada na minha mente. Eu devia me sentir culpado, mas não sentia. Nem um pouco. Ele merecia aquilo.
Por tudo o que ele me fez passar no ano passado, isso ainda era pouco.
Lembro de cada risada, cada comentário debochado, cada empurrão que ele e os amigos dele me deram nos corredores. Como eles jogaram meu lanche no chão e riram enquanto eu tentava limpar a bagunça ou quando desperdiçaram litros de leite no meu armário para pregar uma peça idiota. Eles me transformaram no alvo deles, me tornaram o garoto que todo mundo achava que podia pisar. Agora era diferente. Eu não era mais aquele garoto. E Anthony Larusso estava descobrindo isso da pior maneira possível.
Enquanto atravessava o corredor, meus punhos ainda fechados, vi Lizzie. Ela estava lá, olhando para Anthony, com aquela expressão confusa no rosto, como se não entendesse nada do que estava acontecendo. E, claro, Anthony aproveitou para soltar seu teatrinho dramático.
— Está vendo? Seu querido vizinho fez isso. Eu te disse. — Ele saiu antes mesmo que ela pudesse responder, com aquele olhar de vítima que ele fazia tão bem.
Lizzie olhou na direção dele e depois para mim, como se esperasse uma explicação. Mas eu não tinha nada a dizer. Ela era amiga dele? Mesmo? Algo dentro de mim revirou, uma mistura de raiva e frustração. Como ela podia não enxergar? Como ninguém via que a verdadeira vítima nessa história era eu?
Continuei andando, ignorando o olhar dela. Não tinha paciência para lidar com isso agora. Ela provavelmente já estava se juntando ao time de Anthony, achando que ele era o coitadinho na história. Era sempre assim.
Mas isso me deixou ainda mais irritado. Desde que ela apareceu, com aquele jeito falante e curioso, achei que talvez ela fosse diferente. Achei que talvez tivesse encontrado alguém que não me julgasse ou não tomasse partido. Mas não, claro que não. Lá estava ela, provavelmente comprando cada palavra que Anthony dizia. E isso só fazia minha raiva crescer.
Enquanto caminhava até a saída, senti minha mandíbula se apertar. O mundo parecia sempre estar contra mim. Não importava o quanto eu me esforçasse, o quanto eu tentasse melhorar. As pessoas como Anthony sempre encontravam uma forma de parecer os bonzinhos, enquanto eu era o vilão.
Eu não ia deixar isso barato. Não ia deixar ninguém me transformar no garoto fraco de novo. Kreese estava certo. Sem compaixão.
Era isso que eu precisava lembrar. Era isso que ia me manter firme. Lizzie, Anthony, ou qualquer outra pessoa que quisesse se meter nisso... Que viesse. Eu estava pronto.
Enquanto caminhava para casa, eu chutava pedrinhas na calçada, tentando me acalmar, mas minha cabeça ainda fervia. A raiva em mim era como um vulcão, sempre à beira de explodir. O que Anthony fez no passado não saía da minha mente, e hoje foi só mais um lembrete de que, mesmo com tudo o que aprendi no Cobra Kai, algumas feridas ainda estavam abertas. Mas eu não ia recuar. Eu me tornei alguém mais forte, e ele precisava entender isso.
Conforme eu avançava pela rua, vi Lizzie pedalando à minha frente. O som familiar da corrente da bicicleta e o ritmo suave das rodas cortando o asfalto me fizeram reconhecê-la de imediato. Meu peito apertou, e um desconforto estranho começou a crescer.
Ela parou um pouco mais à frente e colocou um pé no chão para equilibrar a bicicleta. Mesmo sem olhar para mim, eu sabia que ela tinha me visto. Suspirei. Não tinha como evitar. Caminhei até ela, sem dizer nada, mas ao me aproximar, o silêncio dela foi o que mais me incomodou. Lizzie nunca era silenciosa. Desde que a conheci, sempre tinha algo a dizer, um comentário bobo ou alguma pergunta curiosa. Mas agora... Nada.
Ótimo, pensei. Anthony deve ter falado alguma coisa. Ele a envenenou contra mim, como sempre faz.
O clima estava pesado. Tenso. Era quase palpável, como se houvesse uma barreira invisível entre nós. Cada passo que eu dava parecia me aproximar de uma explosão silenciosa. Ela continuou andando devagar, com a bicicleta ao lado, e eu a segui, mantendo meu ritmo. Por um tempo, nenhum de nós falou nada. Só o som do vento e dos pneus da bicicleta preenchiam o silêncio.
Finalmente, não aguentei mais. Suspirei alto e soltei.
— Então, ele te contou, né?
Lizzie virou a cabeça na minha direção, o olhar dela sério, diferente do que eu estava acostumado. Normalmente, os olhos dela brilhavam com alguma ideia ou pensamento animado, mas agora... Estavam mais frios, como se estivesse me julgando.
— Contou o quê, Kenny? Que você enfiou a cabeça dele na privada? — A voz dela era calma, mas carregava um tom de irritação que eu nunca tinha ouvido antes.
Cruzei os braços, desviando o olhar para a calçada à frente.
— Ele mereceu. — Respondi seco, sentindo a raiva subir novamente.
Ela parou de andar e virou o corpo inteiro para me encarar, bloqueando meu caminho com a bicicleta.
— Mereceu? Por quê? O que ele fez para você?
Balancei a cabeça, rindo sem humor. Claro que ela não sabia. Por que alguém saberia?
— Ele fez muito mais do que você imagina, Lizzie. Você acha que ele é só esse garoto legal e engraçado que você conheceu, mas ele não é.
Ela estreitou os olhos, claramente confusa e irritada.
— E isso te dá o direito de humilhar ele assim? Kenny, você é melhor do que isso. Ou pelo menos achei que fosse.
As palavras dela me acertaram como um soco. Melhor? Quem era ela para dizer isso? Ela não fazia ideia do que eu tinha passado. Do que Anthony e os amigos dele fizeram comigo. A humilhação, os risos, as vezes que voltei para casa querendo desaparecer.
— Você não entende nada, Lizzie. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, quase um grito. — Ele me fez passar pelo inferno no ano passado. Ele e os amigos dele. E agora você vem aqui, defendendo ele, como se fosse o pobre coitado da história?
Ela piscou, surpresa com minha explosão, mas não recuou.
— Talvez eu não saiba de tudo, Kenny, mas sei que você tem escolha. — Ela apontou para mim, a voz ficando mais firme. — Você pode ser melhor. Mas se continuar agindo assim, você vai acabar se tornando igual ou pior do que ele foi com você.
As palavras dela ficaram pairando no ar, pesadas. Por um momento, não consegui responder. Meu peito estava apertado, e aquela raiva que sentia antes parecia confusa, misturada com algo que eu não sabia explicar. Talvez fosse culpa. Talvez fosse só o desconforto de saber que, no fundo, ela tinha razão.
Lizzie suspirou, como se tivesse desistido de continuar a discussão, e voltou a caminhar, empurrando a bicicleta ao lado.
— Sabe, eu achava que você era diferente, Kenny. Que você era quieto, porém... Gentil. Não alguém que desconta nos outros. — A voz dela estava baixa, quase triste, e isso doeu mais do que qualquer bronca ou discussão.
Por um tempo, seguimos em silêncio novamente, mas agora era um silêncio ainda mais pesado. Eu queria dizer algo, qualquer coisa, mas as palavras simplesmente não vinham.
Quando chegamos na rua onde nossas casas ficavam, ela subiu na bicicleta novamente, pronta para pedalar o último trecho. Antes de ir, ela olhou para mim mais uma vez, como se esperasse algo. Um pedido de desculpas, talvez. Mas eu fiquei ali, imóvel, incapaz de dizer qualquer coisa.
Ela suspirou de novo, balançando a cabeça, e pedalou para longe. Fiquei parado na calçada, observando-a desaparecer ao virar a esquina.
Soquei o bolso do meu casaco com força, sentindo a raiva voltar, mas dessa vez, ela estava misturada com algo mais. Algo que eu não queria admitir. Será que ela estava certa?
Fechei os olhos, tentando afastar o pensamento. Não. Kreese sempre dizia que compaixão era fraqueza. Que eu não podia me dar ao luxo de ser fraco de novo. Mas então por que as palavras dela continuavam ecoando na minha cabeça, me deixando tão desconfortável?
Sem encontrar uma resposta, continuei andando até minha casa, o peso da conversa com Lizzie ainda grudado em mim como uma sombra.
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O treino estava intenso. O som dos gritos de kiai preenchia o dojô, misturado ao impacto dos golpes nos sacos de pancada e aos comandos autoritários dos senseis. Eu estava focado, quase em transe. Cada soco que eu dava no saco parecia liberar um pouco da raiva que estava acumulada dentro de mim. Era como se todo o peso do que aconteceu ontem, com Lizzie e Anthony, estivesse concentrado ali, e eu precisava me livrar disso.
Kreese observava de perto, seus olhos fixos em mim como se estivesse avaliando cada movimento. Ele assentiu, satisfeito, mas foi Terry Silver, o novo sensei, que veio até mim com um sorriso calculado.
— Bom trabalho, Kenny. Você tem força, velocidade e, mais importante, a determinação para vencer. — Ele deu um tapinha no meu ombro. — É disso que o Cobra Kai precisa. Um líder jovem e promissor.
Essas palavras me motivavam ainda mais. Eu precisava provar que merecia estar ali, que podia ser mais do que um alvo de piadas. Silver falou sobre a expansão do Cobra Kai, como ele planejava transformar o dojô em algo ainda maior, e a ideia de fazer parte disso me dava uma energia extra.
Logo, Kreese chamou todos para formar um círculo.
— Hoje teremos uma luta. Algo para testar suas habilidades em um ambiente competitivo. — Ele andava pelo meio do grupo, olhando cada um nos olhos. — Kenny, Kyler, ao centro.
Kyler entrou no círculo com o mesmo sorriso irritante de sempre. Ele era o tipo de cara que se achava invencível, tanto na escola quanto no dojô. Arrogante, cheio de si, e, claro, um babaca. Desde que ele entrou no Cobra Kai, ele tentava se colocar como o melhor, mas todos sabiam que isso era mais conversa do que habilidade.
Eu me posicionei de frente para ele, ajustando meu capacete de treino e colocando o protetor bucal. Kyler deu uma risadinha debochada, levantando os punhos de forma teatral.
— Olha só, o pequeno Kenny quer brincar de gente grande. Espero que esteja pronto para levar uma surra de verdade.
Ignorei a provocação. Era o que Kreese sempre dizia, não deixe que as palavras te distraiam, apenas foque no objetivo.
Silver se aproximou, sorrindo, e olhou para Kyler.
— Não subestime seu oponente, Kyler. É aí que os fracos falham.
Kyler revirou os olhos, mas manteve o sorriso confiante.
Kreese deu o sinal, e começamos.
Kyler avançou primeiro, tentando me acertar com um chute alto, mas eu bloqueei facilmente, contra-atacando com um chute direto no abdômen dele. O impacto o fez dar dois passos para trás. Ele riu, mas pude ver que aquilo o irritou.
— É só isso que você tem, Kenny? Achei que o "promissor" fosse mais impressionante.
Eu não respondi. Pulei para a frente com uma sequência de socos rápidos. Ele bloqueou alguns, mas um direto de direita conseguiu passar pela guarda dele e acertar seu queixo, fazendo-o cambalear.
— Ugh! — Kyler cuspiu no chão, visivelmente irritado. — Sorte de principiante.
Ele veio para cima novamente, dessa vez tentando uma rasteira. Pulei para evitar o golpe e, enquanto ele ainda estava abaixado, aproveitei para girar e desferir um chute lateral que o acertou nas costelas. Ele caiu no chão com um gemido, mas rapidamente se levantou, furioso.
— Você vai pagar por isso, moleque!
Kyler avançou com uma série de golpes, claramente descontrolado, mas isso só o tornava mais previsível. Bloqueei um por um, esperando a abertura perfeita, e quando ela veio, ataquei com um soco direto seguido por um gancho que o fez tropeçar para trás. Ele tentou recuperar o equilíbrio, mas eu não dei tempo. Dei um chute giratório que o acertou no peito, jogando-o no chão.
O dojô explodiu em murmúrios. Kyler tentava se levantar, mas eu estava no controle agora. Dei dois passos para a frente, com o punho levantado, pronto para finalizar.
— Basta! — Kreese gritou, erguendo a mão. — Já vi o suficiente.
Parei, respirando fundo, enquanto Kyler ficava no chão, tossindo. Silver se aproximou, um sorriso satisfeito no rosto.
— Excelente, Kenny. É disso que estou falando. Sem hesitação, sem compaixão. Assim que se vence.
Kyler, ainda tentando recuperar o fôlego, olhou para mim com raiva, mas não disse nada. Kreese o mandou sair do círculo, e ele se arrastou para o canto, humilhado.
Enquanto voltava para o meu lugar, senti um misto de satisfação e alívio. Eu tinha provado meu valor. Aquele idiota não era páreo para mim. Mas, ao mesmo tempo, havia algo que me incomodava, uma sombra de dúvida que eu não conseguia identificar.
Será que eu estava começando a gostar demais disso?
Eu ainda estava tentando processar a luta com Kyler quando o som da porta se abrindo ecoou pelo dojô. Não me virei de imediato, mas percebi o silêncio que tomou conta do ambiente. Foi quando ouvi a voz de Silver, carregada de sarcasmo.
— Ora, ora, o que temos aqui? Uma garotinha perdida no meio do caminho?
A curiosidade me venceu, e finalmente me virei. Meu coração deu um salto no peito. Era Lizzie.
Ela parecia irritada, mas, ao mesmo tempo, determinada. Sua expressão era um misto de nervosismo e teimosia, algo que já começava a reconhecer nela, mesmo que tenhamos nos visto poucas vezes. Silver deu um sorriso cínico enquanto se aproximava, mas Lizzie não recuou. Ela respirou fundo antes de responder.
— Estou exatamente onde deveria estar.
Minha mente travou. O que ela estava fazendo aqui? O que ela queria? Antes que eu pudesse sequer organizar meus pensamentos, ela continuou.
— Eu quero me juntar ao Cobra Kai.
O ambiente ficou tenso. Todos pararam o que estavam fazendo para observar a cena. Kreese foi o primeiro a reagir, aproximando-se com aquele olhar frio e calculista de sempre.
— Você acha que tem o que é necessário para vencer?
Lizzie ergueu o queixo, sem hesitar.
— Sempre gostei de esportes, mas nunca tentei artes marciais. Se eu tiver que provar que posso fazer parte disso, farei.
Os olhos de Kreese brilharam com interesse, e Silver bateu palmas, o som ecoando pelo dojô.
— É disso que precisamos aqui, determinação. — Ele sorriu de canto, olhando para Kreese. — O que você acha, John?
Kreese analisou Lizzie por um momento, antes de responder com um tom firme.
— Suba no tatame.
O ar ficou mais pesado. Lizzie, sem hesitar, deu um passo para frente, tirando os sapatos e subindo no tatame com um ar de confiança que parecia maior do que ela mesma. Kreese olhou ao redor antes de apontar para mim.
— Kenny, você vai lutar com ela.
Eu fiquei perplexo. Meu corpo congelou no lugar.
— O quê? — Minha voz saiu baixa, quase sufocada.
Kreese franziu o cenho, cruzando os braços.
— Você me ouviu, Kenny. Mostre a ela o que é necessário para fazer parte do Cobra Kai.
Olhei para Lizzie, esperando algum sinal de hesitação, mas ela apenas deu uma risadinha nervosa, claramente tentando disfarçar o nervosismo.
— Vai dar para trás, Payne? — Ela me desafiou, erguendo uma sobrancelha. — Aparentemente você tem costume em agir como um covarde.
A provocação me atingiu como um soco. Senti o sangue ferver. Como ela podia me desafiar assim, na frente de todos? Mas, ao mesmo tempo, havia uma voz na minha cabeça dizendo para não fazer isso. Ela não sabia o que estava pedindo.
— Kenny, agora. — A voz de Kreese soou como um comando absoluto.
Engoli em seco e caminhei até o tatame. Meu corpo estava tenso, e meu coração batia rápido. Fiquei em posição de luta, mas hesitei. Lizzie parecia desajeitada enquanto tentava imitar a postura que via nos outros, mas havia algo nos olhos dela, uma determinação inabalável.
— Prontos? — Silver chamou.
Lizzie assentiu rapidamente, enquanto eu mal consegui responder.
— Lutem!
Lizzie foi a primeira a se mover, tentando um chute lateral. Era óbvio que ela não tinha técnica, e eu consegui desviar com facilidade.
— Você vai ter que fazer melhor do que isso — Murmurei, tentando esconder meu desconforto.
Ela não respondeu, apenas tentou avançar de novo, dessa vez com um soco que eu bloqueei facilmente. Apesar disso, havia algo impressionante sobre ela, Lizzie não estava recuando. Cada vez que errava, tentava de novo, mesmo que sua execução fosse desajeitada.
— Kenny, pare de brincar — Kreese rosnou. — Mostre a ela o que significa ser Cobra Kai!
As palavras dele ecoaram na minha cabeça. Eu sabia o que era esperado de mim, mas ainda hesitei.
— É só isso que você tem? — Lizzie me provocou de novo, com um sorriso desafiador, apesar do cansaço visível.
Essa provocação finalmente me tirou do controle. Avancei com um chute rápido, pegando-a de surpresa e acertando seu braço. Ela cambaleou, mas não caiu. Em vez disso, firmou os pés e voltou a posição de luta, mordendo o lábio de dor, mas não desistindo.
— Boa resistência — Silver comentou, admirado.
Lizzie tentou outro golpe, dessa vez um chute baixo, que consegui bloquear com facilidade. Eu sabia que poderia derrubá-la a qualquer momento, mas algo em mim travava. Ela era Lizzie, a garota que falava sem parar, que sempre parecia encontrar uma maneira de transformar qualquer momento em algo leve.
— Chega. — Kreese interrompeu.
Ambos nos viramos para ele, ofegantes. Kreese parecia analisar Lizzie com um olhar calculista.
— Não é uma lutadora ainda, mas tem espírito. E precisamos de um pouco disso. Bem-vinda ao Cobra Kai.
Silver sorriu, satisfeito, e Lizzie deu um sorriso vitorioso, e sua postura parecia demonstrar que ela tentava se conter ao máximo para não saltar de alegria, mesmo que eu pudesse ver a exaustão em seus olhos.
Enquanto ela descia do tatame, nossos olhares se cruzaram por um breve momento. Algo em seu olhar me fez desviar o meu. Havia algo mais ali do que determinação, talvez decepção. Ou eu estava imaginando?
Ela não disse nada, apenas pegou os sapatos e saiu, mas eu sabia que aquilo era só o começo.
Obra autoral ©
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