QUATRO MESES DEPOIS 

   Aurora corria de modo animado pelo jardim gigantesco da parte de fora da casa, tinha um chapéu de festa sobre seus cachos ruivos, você soltou um riso baixo enquanto segurava a caixa de doces a levando em direção ao centro do jardim, a mesma foi logo tomada de suas mãos pelo homem ruivo, ele tinha uma feição séria em rosto, cerrou os olhos antes de negar com a cabeça devagar

   — Nem pense nisso, sabe muito bem, sem esforço.

   Shoyo disse de modo decidido enquanto levava a caixa até a mesa, você riu divertida andando rapidamente até ele, revirou os olhos.

   — A caixa não pesa nada, Sr. Hinata.

   — Bem eu preferiria que a Sra. Hinata fosse uma esposa compreensiva e me entendesse — ele disse colocando a caixa sobre a mesa, virou o corpo em direção ao seu, passou uma das mãos por sua cintura lhe puxando para mais perto, aproximou seus rostos com cuidado —, apenas estou preocupado, não quero que vocês dois passem mal.

   O homem murmurou acariciando o pé de sua barriga ainda não tão grande mas que já se fazia visível de longe, juntou seus lábios com cuidado, o sentiu sorrir fraco contra a sua boca, alguém cutucou sua panturrilha, afastou seus rostos com cuidado em um estalo baixo levando o olhar até o chão se detendo com o garoto pequeno e de cabelos escuros do tamanho da Orie.

   — Mãe da Orie, você pode sair de perto do Hinata? Eu quero bater a espada nele mas vai machucar o bebê — ele murmurou concentrado para não se embolar nas próprias palavras, balançou a espada de papelão em sua mão —, ela é feita de unha de dragão pode fazer dodói.

   Você riu antes de concordar com a cabeça dando dois passos para trás, Shoyo cruzou os braços com um sorriso divertido em lábios, Kyo bateu a espada de papelão contra a perna do ruivo que fingiu uma careta de dor enquanto se jogava no gramado.

   — Kyo, você me matou... chame um médico.

   Ele disse fingindo uma voz sofrida, o garoto de cabelos escuros gritou em comemoração antes de erguer os braços quase como se houvesse acabado de ganhar uma batalha.

   — Pronto Orie, eu protegi sua mãe dele, agora você pode casar comigo!

   Kyo disse elevando a voz antes de correr até a garota estava concentrada demais em tentar pegar um passarinho que voava de um lado para o outro, Shoyo levantou quase que de imediato, tinha um sorriso divertido em lábios andou em sua direção devagar; escutaram o som de passos próximos a vocês, levaram a atenção até o mesmo se detendo com uma Orie completamente ofegante, segurava um balão gigantesco em sua mão, pulava de maneira ansiosa.

   — O presente de aniversário, a Orie quer ver logo!

   A garota ruiva murmurou animadamente, você riu baixinho antes de concordar com a cabeça pegando o balão da mão da menina que agora completava três anos, Aurora havia decidido que o presente que ela queria de aniversário era um irmãozinho, especificamente um menino para que ela pudesse jogar vôlei com ele, vocês tentaram explicar que uma menina também jogaria vôlei com ela, mas ela queria um menino, nem você ou Shoyo sabiam o resultado ainda, esperavam que ela não ficasse tão magoada se a cor que escapasse do balão fosse rosa.

   — Vamos furar, está bem? Mas se for uma menina você não vai ficar muito magoada, vai?

   Shoyo indagou segurando o ombro da garota com cuidado, ela fez uma careta.

   — Se for uma menina a mamãe pode devolver e pegar um menino.

   Ela disse simplista antes de sair correndo para perto de Kyo, você e Shoyo se encararam de maneira aflita, não sabia o que dizer a garota caso fosse uma menina, por fim Anna e Hadassah chamaram a atenção dos convidados para que você não tivesse que gastar sua garganta, vocês dois andaram até o meio do jardim, o homem de cabelos ruivos possuía uma agulha em mãos, todos ficaram em silêncio por muito tempo, ansiosos, o som alto de algo estourando se fez presente, você fechou os olhos aflita os abriu novamente, Orie gritou animada.

   — É um menino!

   Ela exclamou antes de correr em sua direção, você suspirou aliviada antes de concordar com a cabeça a segurando por entre seus braços. Era um menino. 

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   CINCO MESES DEPOIS

   Shoyo estava enlouquecendo andando de um lado para o outro na casa, Bokuto estava sentado no sofá quase dormindo, eram por volta das duas da manhã quando ligaram para o homem de cabelos acinzentados para que ele cuidasse de Orie, a bolsa havia estourado antes do previsto, mesmo que não sentisse dor até aquele momento sabia que deveriam ir logo para o hospital, estava calma demais, Hinata ao contrário estava simplesmente surtando, segurava a mala de bebê azul em sua mão.

   — Amor, eu já disse que você não precisa levar o guarda-roupa inteiro do Ravi, vamos ficar lá no máximo por três dias, apenas as roupas da malinha estão o suficiente.

   Disse por entre um bocejo, estava morrendo de sono, passou a mão sobre a própria barriga, Shoyo parou de andar, os olhos castanhos pareciam assustados, ele parecia mais do que nervoso, prensou os lábios.

   — Está tudo bem mesmo? Você está bem?

   Ele indagou preocupado andando em sua direção, você sorriu fraco antes de concordar com a cabeça devagar, encolheu os ombros.

   — Nada muito diferente da vez da Aurora.

   — Mesmo?

   — Mesmo.

   Você sussurrou por entre o riso baixo, deixou um beijo fraco contra os lábios do homem, se despediram de Bokuto, não demorou muito para que finalmente deixassem a casa em direção ao carro. Entrou no mesmo arrumando seu corpo contra o assento, respirou fundo, mesmo que as contrações não estivessem tão intensas mesmo assim estava assustada. Muito assustada.

   Partiram enfim em direção ao hospital com um Hinata ansioso batucando os dedos contra o volante.

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   Estava suando frio enquanto encarava o teto da sala de operações acima de você, Shoyo estava ao seu lado completamente coberto com roupas privativas azuladas, uma toca da mesma cor protegia os cabelos ruivos, ele segurou a sua mão com força, estava aflita, não sabia ao certo a quanto tempo os médicos estavam trabalhando ali, havia precisado de uma transfusão de sangue graças a anemia.

   — Estou com medo.

   Disse com a voz fraca, seu marido engoliu em seco, concordou com a cabeça devagar.

   — Eu também estou com medo.

   Ele sussurrou, tudo ficou em silencioso demais por alguns segundos, logo depois um choro alto se fez presente, você fechou os olhos aliviada, riu baixinho sentindo lágrimas brotarem no canto de seus olhos, piscou devagar, não demorou muito para que visse um dos médicos carregando um pacote pequeno por entre seus braços, deitou sobre você com cuidado, arfou baixinho o abraçando com cuidado, ele chorava de maneira aflita, o amamentou o vendo quase que desesperado ali, Shoyo riu baixinho se curvando sobre vocês, deixou um beijo forte contra a sua testa, você sorriu fraco fechando os olhos devagar.

   — Seja bem vindo ao mundo, Ravi.

   Ravi significava sol e naquele momento ele havia sido o nascer do sol tanto na sua vida quanto na de Shoyo.

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   SEIS MESES DEPOIS

   Estava andando rapidamente em meio as arquibancadas V.I.P, nem ao menos conseguia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo, tinha um Wrap Sling ao redor de seu corpo onde Ravi estava apoiado, batia insistentemente as mãos pequenas contra seus ombros gritando alto, você riu baixinho segurando a mão de Orie mais forte contra a sua para que ela não se perdesse em meio aquela quantidade significativa de pessoas; se sentou por fim sobre um dos vários bancos que estavam ali, Aurora se sentou ao seu lado, os olhos castanhos da garota correram sobre a quadra.

   — Cadê o papai?

   Ela indagou ansiosa, você sorriu fraco, não poderia estar mais orgulhosa de Shoyo como estava naquele momento, o homem ruivo estava jogando na liga japonesa representando o Japão nas Olímpiadas, não demorou muito para que os times entrassem em quadra, seu melhor amigo estava ao lado dele, Shoyo estava certo, ele era muito estressado, nas poucas vezes em que haviam conversado você quase empurrou a cabeça de Kageyama contra o chão.

   — Ali está o papai. 

   Você disse sorrindo, Ravi gritou mais alto ao escutar suas palavras, olhou ao redor quase que automaticamente quase como se estivesse procurando o homem de cabelos ruivos; o jogo começou por fim ao som do apito alto, Shoyo jogava de maneira quase que feroz correndo de um lado para o outro, cortou o levantamento de Kageyama acertando a bola em cheio contra o chão adversário marcando um ponto, a torcida urrou, ele levantou o olhar quase que de automático, apontou o dedo em sua direção antes de sorrir, moveu os lábios gesticulando uma frase, sentiu seus olhos marejarem quase que de automático.

   "Eu amo vocês". 

FIM

(ainda falta mais um extra da Aurora adolescente)