2.9

   Acordou com um som alto vindo do andar de baixo, panelas sendo arremessadas contra o chão, abriu os olhos de modo assustado sentindo o sol da manhã queimar suas retinas suavemente, olhou para os lados a procura de algum resquício de cachos loiros escondidos por entre as cobertas sem sucesso, suspirou confusa enquanto andava até o banheiro, se ela estava sozinha provavelmente estava bagunçando em algum canto e não era como se chegasse mais cedo fosse fazer com que as coisas voltassem para o seu lugar. Se fitou de frente para o espelho do banheiro, se sentia completamente renovada, lavou o rosto e escovou os dentes rapidamente antes de secar o rosto, depois arrumaria as roupas nos armários com calma.

   Deixou o quarto em passos preguiçosos andando em direção a escadaria de madeira que dava para o primeiro andar da casa, conseguia escutar risos vindos de lá, desceu os degraus rapidamente se detendo com Orie sentada na bancada da cozinha, os cachos ruivos estavam brancos e sujos de farinha, Shoyo estava de pé ao seu lado concentrado em não quebrar a massa em suas mãos a colocando com cuidado sobre o papel manteiga.

   — Viu?! Eu disse que conseguia fazer!

   Ele exclamou animado para a garota que riu baixinho antes de bater palmas fazendo com que escapasse uma fumaça branca da farinha por suas mãos, você riu atraindo o olhar castanho dos dois em sua direção, Orie entreabriu os lábios de maneira animada.

   — Mamãe, biscoito de urso!

   Ela disse de maneira eufórica ficando de pé sobre a bancada apontando para a bandeja cheia de biscoitos ainda crus em um formato — levemente deformado — de ursos, Shoyo sorriu enquanto elevava uma das mãos a deixando atrás das costas da ruivinha para que ela não caísse para trás, deu de ombros.

   — Eu preciso sair para o treino daqui a pouco, queria deixar alguma coisa preparada para ela, se eu não voltar muito tarde podemos ir no santuário de pandas.

   Aurora fez uma careta irritada, cruzou os braços.

   — Você disse ursos, não pandas, quero ursos.

   — Panda é um urso, meu amor — você murmurou rindo enquanto se aproximava dos dois ali, deixou um beijo fraco contra a testa suja da menor fazendo com que seus lábios ficassem brancos pela farinha, ela resmungou se afastando voltando a se sentar sobre a bancada enchendo as mãos com massa, sorriu antes de levantar os olhos até o homem, cruzou os braços — Biscoitos de ursos então?

   Ele revirou os olhos de maneira divertida antes de concordar com a cabeça enquanto abria a porta do forno deixando a bandeja lá dentro o fechando rapidamente, retirou as luvas volteando os olhos castanhos em sua direção.

   — Eu sou um ótimo cozinheiro agora para o seu governo, aprendi um pouco... está sujo aqui — ele murmurou levando uma das mãos até seu rosto, passou o polegar sobre seus lábios sujos de farinha os limpando com cuidado, sorriu —, estava conversando com a Orie e parece que ela não entende muito sobre a dor que pode causar nos outros, olhe... Orie como você vai comer o urso?

   Indagou elevando a voz logo tendo os olhos castanhos da garota sobre vocês, ela sorriu, encolheu os ombros.

   — Morder o urso.

   Você soltou um riso alto por entre seus lábios, negou com a cabeça devagar.

   — Você vai machucar o urso se morder ele, Orie, ele vai chorar, você não quer que o urso chore, não é?

   Ela negou com a cabeça devagar, afundou mais as mãos pequenas dentro da bacia de massa, Shoyo suspirou pesadamente segurando em seu braço lhe puxando para mais perto, você piscou de maneira confusa, arregalou os olhos ao o sentir abaixar a alça do pijama por seu ombro aproximando o rosto ali.

   — Veja bem, o urso vai fazer assim se você morder ele.

   O homem de cabelos ruivos murmurou antes de encravar os dentes contra seu ombro, você gritou alto se afastando dele rapidamente sentindo sua pele arder, pisou com força contra o pé de Shoyo enquanto levava a mão até o próprio ombro resmungado de dor, ele riu de maneira sofrida.

   — Aí, Shoyo! Eu vou matar você!

   Gritou de maneira irritada enquanto pegava um pouco de farinha para jogar sobre o homem que simplesmente não conseguia parar de rir, ele negou com a cabeça devagar pousando as mãos sobre sua cintura, respirou fundo tentando recuperar o próprio fôlego.

   — Eu fiz isso por um bem maior, a Orie não quer mais morder um urso, quer?

   Ele indagou correndo os olhos até a garota que encolheu os ombros.

   — Você disse que o urso ia chorar, a mamãe não chorou.

   Aurora murmurou com a voz baixa, sentiu os olhos castanhos do homem voltearem em sua direção, ele tinha um sorriso sugestivo em lábios, apertou mais forte as mãos em sua cintura como se lhe prendesse ali, você arregalou os olhos de modo quase que desesperado.

   — Nem pense nisso, Shoyo Hinata, se você me morder novamente eu vou matar você!

   Gritou quase que desesperada tentando afastar o seu corpo do de homem que abria e fechava a boca tentando alcançar um pedaço sequer de pele de seu corpo, sua destra estava apoiada contra a bochecha do homem tentando o empurrar para longe, Orie gritava irritada de pé na bancada segurando os fios ruivos de Shoyo tentando o puxar para longe de você, estava tudo um caos, não conseguia parar de rir, a porta da sala se abriu. Ficaram em silêncio quase que imediatamente olhando para o lado, um homem de cabelos acinzentados com algumas mechas pretas se fazendo presentes, ele segurava algumas sacolas de mercado, franziu o cenho confuso.

   — Que merda está acontecendo aqui?

   Ele indagou adentrando na casa, tanto você quanto Shoyo se afastaram rapidamente, coçou a garganta em uma tosse baixa, segurou Orie em seus braços a retirando da bancada.

   — Bem, elas são a minha... bem, ela é minha advogada e a pequena é filha dela, estávamos fazendo biscoitos.

   — Advogada? Ah, você é a garota do Brasil, não é?! Eu aguentei esse cara falando de você diariamente por exatos três anos tem noção de como — o homem de cabelos cinzas parou de falar ao receber um olhar irritado do ruivo, engoliu em seco antes de encolher os ombros, sorriu —, enfim, sou Bokuto Koutarou, amigo e colega de trabalho dele, inclusive vim te buscar porquê está atrasado, vamos logo, pode se trocar no carro diga tchau para a sua esposa.

   Ele murmurou deixando um tapa forte contra o ombro do ruivo que resmungou baixinho, você engoliu em seco sentindo suas bochechas queimarem, não demorou muito para que Bokuto deixasse a casa, Shoyo levou os olhos até vocês, sorriu sem graça.

   — Bem... até mais tarde então.

   Ele murmurou tentando lhe abraçar de modo atrapalhado, você riu baixinho o vendo deixar um beijo fraco contra os cachos ruivos de Orie em seus braços antes de ir embora por fim, respirou fundo, Hinata certamente tinha um lado que você não conhecia.

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