2.1

   Você se sentia despedaçada, quase como se seu coração estivesse em fragalhos, uma semana havia se passado mais rápido do que você julgava ser possível, era o último dia de Shoyo no Brasil, em uma horas ele partiria para o aeroporto; Bufou irritada tinha uma feição mau humorada em seu rosto sentada na ponta da cama do homem o encarando de pé a sua frente, simplesmente não acreditava no que ele havia acabado de falar.

   — O que?

   Indagou por entre o riso incrédulo, estava ao máximo tentando não deixar transparecer como aquelas palavras haviam lhe machucado profundamente, ele suspirou pesadamente antes de passar os dedos longos sobre os fios ruivos os colocando para trás encolheu os ombros.

   — Acho que vai ser melhor para você, digo, você não parece o tipo de pessoa que ficaria feliz tendo um relacionamento a distância e bem... eu nem conseguiria responder direito as suas mensagens, quando você estivesse dormindo eu estaria acordado e quando você estivesse acordada eu estaria dormindo — ele murmurou com a voz baixa se abaixando devagar, tocou suas pernas se apoiando ali, acariciou suas coxas cobertas pela calça de moletom com os polegares, sentiu um nó se formando em sua garganta —, é melhor nós nos afastarmos, não quero que fique um clima estranho quando nos encontrarmos outra vez.

   Você forçou um riso, concordou com a cabeça, queria chorar, deu de ombros, suas bochechas estavam queimando como o verdadeiro inferno naquele momento, respirou fundo.

   — Está bem, digo... não temos nada sério, não me importo.

   Respondeu de modo indiferente, ele sorriu de maneira fraca, se encararam por alguns segundos, Shoyo levantou o corpo devagar se colocando de pé novamente, deslizou os dedos por seu antebraço até que chegasse em sua mão a segurando com cuidado lhe forçando a se levantar da cama, você foi puxada para um abraço forte, conseguia sentir todo o ar simplesmente sumir de seus pulmões, suspirou trêmula, sentia que acabaria por chorar a qualquer segundo, levou as mãos até as costas do homem apertando de modo forte o tecido de sua blusa como se o segurasse ali para que não fosse para lugar nenhum, ele lhe abraçou mais forte.

   — Se cuide, está bem? Não fique caindo de bêbada com um desconhecido na praia novamente, obedeça suas amigas, elas gostam muito de você.

   Ele sussurrou por entre um riso baixo, você sentiu seus lábios tremerem, arfou baixinho tentando conter o choro, escondeu o rosto contra a curvatura do pescoço do ruivo sentindo o cheiro de sua pele ali, quase como se quisesse o guardar em sua mente, respirou fundo.

   — Não vai embora, por favor.

   Balbuciou com a voz fraca sem pensar, apertou mais forte as mãos contra a blusa do homem, estava quase entrando em pânico ali mesmo, sabia que deveria ter seguido a sua intuição desde o começo, era um pessoa passageira, eles sempre iam embora uma hora ou outra, havia nascido para ser apenas uma lembrança nada mais do que isso, o único momento em que se permitiu pensar que poderia evoluir para algo a mais, simplesmente aconteceu... outra vez. Shoyo respirou fundo.

   — Mocinha, você sabe que eu não...

   — Eu estou brincando, por favor.

   Você o interrompeu rindo enquanto retirava o rosto da curvatura de seu pescoço afastando o corpo do dele, subiu seus olhos até o rosto do ruivo, ele tinha uma feição confusa, você sorriu antes de encolher os ombros, cruzou os braços.

   — Você não vai me odiar, vai?

   Ele indagou de modo cuidadoso, você riu baixinho antes de revirar os olhos, negou com a cabeça devagar.

   — Eu não tenho motivos para odiar você, Shoyo, namorados de férias foram feitos para ficarem nas férias, você deveria saber disso.

   Estava tentando mentir para você mesma e quem sabe daquele jeito — com sorte — você conseguiria esquecê-lo mais rápido, sarar o seu coração mais rápido, simplesmente esquecer que já havia conhecido um ruivo chamado Shoyo Hinata, ele havia sido apenas mais um, deveria pensar daquele modo mais simplesmente não conseguia. O homem abaixou o olhar para o relógio em seu pulso, engoliu em seco antes de os voltear em sua direção.

   — Está na hora, quer ir junto para o aeroporto?

   Você negou com a cabeça devagar.

   — Tenho que voltar para o hotel, noite de pizza com as meninas.

   Mentiu, pelo simples fato de que não sabia por mais quanto tempo conseguiria segurar o choro, Shoyo suspirou pesadamente antes de assentir, se aproximou de você segurando seu rosto com cuidado por entre suas mãos, aproximou seus rostos com cuidado juntando seus lábios de maneira delicada, você o beijou de modo tão fraco que sua boca nem se mexia direito, estava simplesmente despedaçada, seus lábios se separaram em um estalo baixo, ele respirou fundo juntando suas testas, abriu os olhos o encarando ali.

   — Até outro momento, mocinha.

   Ele sussurrou, você engoliu em seco o sentindo se afastar devagar pegando a mala gigantesca com facilidade do chão.

   — Até outro momento, Shoyo.

   Murmurou, ele sorriu uma última vez antes de deixar o quarto por fim, sentiu suas pernas finalmente perderem a força seu corpo despencou contra o acolchoado do agora ex-quarto-do-ruivo, não teria outro momento, não se permitiria ter outro momento, nunca mais se envolveria com Shoyo, seu coração simplesmente não aguentaria mais aquilo, não aguentaria que se separar dele mais uma vez.

   Se deitou contra a cama encolhendo seu corpo, o cheiro do ruivo ainda estava ali, não demorou muito para que sentisse as lágrimas quente rolarem por seu rosto molhando o lençol, estava simplesmente em prantos, não sabia ao certo quantas horas havia ficado ali mas já havia escurecido, Pedro não bateu na porta, não pediu para que fosse embora, talvez o homem de cabelos escuros soubesse que você apenas precisava ficar ali por um tempo; havia por fim parado de chorar, seus olhos estavam fixos a tela brilhante do celular, deslizava os dedos vendo qualquer postagem ou qualquer vídeo para que quem sabe assim esquecesse dele, agradecia aos céus por não terem fotos juntos, não queria ter que se dar o trabalho de as apagar.

   O celular vibrou em sua mão, um número desconhecido, respirou fundo antes de atender a ligação a colocando no viva voz.

   — Oi?

   — Hey.

   Alguém disse em inglês do outro lado, já havia escutado aquela mesma voz em algum lugar, respirou fundo.

   — Oikawa?

   — Sim, Hinata me passou seu número um tempo atrás, queria saber se você está bem.

   — Por qual motivo eu não estaria bem?

   — Ele foi embora, certo? Pensei que poderia estar triste.

   Ele disse como se fosse óbvio, você bufou, não queria que achassem que estava acabada por causa dele, precisava acabar com aquilo, precisava esquecer Hinata de uma vez por todas, respirou fundo.

   — Não estou triste, estou entediada, você está hospedado em um hotel de Copacabana, certo?

   — Certo, quer vir aqui? Meus amigos saíram.

   Ele disse com a voz baixa, você suspirou pesadamente.

   — Me passe o endereço.

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