Aquelas estavam sendo as piores férias de sua vida.

Você resmungou de modo dolorido enquanto afundava mais ainda o rosto no travesseiro branco, grunhiu irritada, conseguiu escutar Anna soltar um riso soprado por entre seus lábios, a mulher de cabelos extremamente loiros acariciava seu couro cabeludo com cuidado como se daquele jeito pudesse aliviar ao menos um pouco a dor horrível que latejava em sua cabeça.

   — Eu avisei para você não exagerar na bebida sua idiota.

   Hadassah disse de modo mau humorado enquanto adentrava no quarto, você bufou irritada levantando o rosto do travesseiro antes que morresse asfixiada correndo os olhos até a mulher judia de pele levemente bronzeada, seus cabelos ondulados estavam presos em um coque alto, vestia um pijama de seda, estendeu um copo de água e um comprimido em sua direção, você franziu o cenho.

   — É difícil eu não exagerar na bebida quando eu estou literalmente me rastejando de tédio, daqui a pouco vou entrar no mar e fazer amizade com os peixes.

Você resmungou com a voz rouca enquanto agradecia baixinho pegando o comprimido das mãos da mais velha juntamente com o copo de água o engolindo de uma vez, fez uma careta, Anna suspirou pesadamente enquanto cruzava os braços, olhou para Hadessah, colocou uma mecha loira por trás da orelha, encolheu os ombros, a mulher de cabelos cacheados concordou silenciosamente, quase como se as duas conseguissem conversar apenas com o olhar, você cerrou os olhos confusa enquanto colocava o copo de água sobre a cômoda próxima a cama.

— Você não vai sair hoje, melhor ficar no hotel descansando.

   Anna disse de modo decidido como se não houvesse espaço para discussões, você arregalou os olhos quase que desesperada, negou com a cabeça diversas vezes, levou os olhos até a mulher de cabelos cacheados que apenas encolheu os ombros.

   — Had, ela não pode me proibir de sair! Faz alguma coisa, eu já estou morrendo de tédio nas festas, imagina presa nesse quarto!

— Desculpa, linda, se a chefe mandou eu não posso me opor.

Hadassah murmurou passando um dos braços ao redor dos ombros da mulher de cabelos loiros, você grunhiu indignada voltando a enterrar o rosto no travesseiro, céus, odiava aquelas duas, odiava o fato de como a tratavam como criança apenas por ser a mais nova do trio, você havia feito vinte anos aquele ano enquanto Anna e Hadassah já estavam em seus vinte e dois e vinte e quatro, você não tinha culpa se suas melhores amigas eram duas velhas, com certeza elas estavam fazendo aquilo para terem um tempo sozinhas como namoradas. Você praticamente chiou contra o travesseiro, queria morrer.

   — Eu odeio vocês.

Você disse com a voz abafada contra o travesseiro, Anna riu antes de curvar o corpo sobre você deixando um beijo suave contra seu couro cabeludo, você bufou.

— É para o seu bem, pimpolha, vou sair para comer com a Had, quer alguma coisa da rua?

   — Uma garrafa de vodka e cinco quilos de maconha.

Disse com a voz divertida enquanto levantava o rosto a mulher loira revirou os olhos de modo irritado deixando um tapa contra sua testa, você resmungou escutando Hadassah soltar um riso baixo.

   — Vai se foder, sua idiota.

   — Vai você.

   Você resmungou baixinho, Anna levou os olhos castanhos e irritados em sua direção, ergueu o queixo, você desviou o olhar rapidamente.

   — O que você disse?

   — Nada.

   Murmurou irritada voltando a afundar o rosto no travesseiro.

   — Imaginei, vamos, Had.

A mulher de cabelos loiros disse enquanto puxava a namorada para fora do seu quarto do hotel, você bufou enquanto se aconchegava mais contra o acolchoado, não se importaria nenhum pouco se a cama engolisse seu corpo naquele exato momento, sentia que sua cabeça explodiria a qualquer segundo, estava cansada, sentia que se fechasse seus olhos eles nunca mais se abririam, talvez aquela fosse a ressaca mais forte que você já havia tido em sua vida e bem, álcool era literalmente o seu sobrenome, pelo menos nas festas da faculdade.

Não sabia como ou quando aconteceu mas simplesmente pegou no sono, seu corpo realmente estava implorando por descanso, mas não era como se fosse admitir aquilo para Anna. Seus olhos se abriram de modo preguiçoso, estava escuro, resmungou baixinho enquanto esticava seu corpo na cama macia, tateou o colchão em busca do seu celular perdido acendendo a tela sendo momentaneamente cegada pela luz brilhante da mesma, resmungou baixinho fitando as conversas novas, novos seguidores no instagram, novas curtidas, as pessoas simplesmente não paravam de te seguir, não depois que você deu o maior PT da história de toda a faculdade, não sabe ao certo o que aconteceu, ninguém sabia os detalhes completos e verdadeiros, mas havia ficado com pelo menos metade dos alunos do curso de advocacia e alguns professores.

Uma mensagem nova de Hadassah havia chego.

[Had<3]
/Oi pimpolha, viemos em uma festa, Anna deixou dinheiro para você em cima da cômoda, compre alguma coisa para você comer, provavelmente só chegamos amanhã de manhã.

P.S. Deixei um cupom de caipirinhas para você, não conte para a chefe, beijinhos te amo/

Você sorriu para o celular, digitou um "Obrigada, te amo" rapidamente antes de praticamente saltar para fora da cama, parecia que a ressaca havia sumido de seu corpo quase que magicamente, estava renovada, arrancou o pijama lotado de estampas de vaca de seu corpo enquanto curvava o corpo sobre a própria mala pegando um shorts claro, um biquíni preto e uma camisa longa e branca com algumas escritas em preto. Se vestiu rapidamente enquanto procurava seus chinelos enfiando o dinheiro e os cupons de desconto no bolso de seu shorts, pegou seu celular saindo do quarto de maneira apressada, se sentia reluzente enquanto deixava o hotel.

   A praia do flamengo estava em um clima agradável, surpreendentemente não estava o calor infernal do Rio de Janeiro, piscou devagar enquanto deslizava os pés pela areia pegando o celular em seu bolso o fitando com atenção enquanto entrava no instagram, em busca de um baile, uma festa, um clube, qualquer coisa, precisava de uma dose de serotonina em seu corpo ou acabaria morrendo de tédio.

Estava tão focada em encontrar alguma coisa que acabou por cair de cara contra a areia, não sabia como, mas sua bochecha estava arranhando contra os grãos cristalizados, suas coxas provavelmente estavam machucadas porque ardiam como o inferno, escutou alguém resmungar, levantou o corpo rapidamente se sentando contra a areia se detendo com uma anarquia de fios laranjas no meio suas pernas, você bufou irritada o chutando, ele resmungou mais alto caindo de costas contra a areia

— Que merda você está fazendo?!

Gritou irritada, ele se sentou rapidamente passando as mãos sobre os fios ruivos os bagunçando como se tentasse os limpar da areia, lançou um olhar irritado em sua direção, apontou para o chão.

— Eu estava meditando! Você que esbarrou em mim!

— Onde já se viu alguém meditar no meio da praia, você está querendo ser roubado?!

— Bem ser roubado eu já esperava mas ser atropelado por você não, isso eu certamente não estava esperando!

Ele chiou irritado, você bufou, seus olhos por fim caíram sobre o rosto do homem a sua frente, engoliu em seco, porra, ele era bonito, encolheu os ombros se sentindo levemente intimidada com aqueles olhos castanhos que não desgrudavam do seu rosto.

— Cale a boca.

Você resmungou, abaixou os olhos para suas coxas, estavam completamente arranhadas, soltou um murmúrio choroso, algumas gotículas de sangue se fazendo presente, o homem de cabelos ruivos levou os olhos castanhos até suas coxas, franziu o cenho.

— É melhor cuidar disso antes que suas pernas necrosem.

Ele disse enquanto levava uma das mãos até sua coxa direita deslizando as pontinhas dos dedos por sua pele, você arregalou os olhos assustada.

— Minhas pernas vão necrosar?!

Você gritou em choque, ele riu alto antes de negar com a cabeça, sua mão apertou sua coxa quase de imediato pelo impulso de seu corpo, você resmungou baixinho o vendo afastar a mão de você rapidamente.

— Eu estava brincando, mas mesmo assim é melhor limpar isso.

Você revirou os olhos, ele se levantou oferecendo a mão para você, você aceitou quase que de imediato sendo praticamente puxada para cima sem dificuldade alguma, seu corpo se chocou contra o dele, respirou fundo o sentindo segurar seus ombros para que você não caísse, engoliu em seco levando os olhos em sua direção, os olhos castanhos fitavam seu rosto com atenção.

— Ei.

Você chamou baixinho, ele piscou devagar, abriu um sorriso curto entre seus lábios e você quis morrer, aquele maldito sabia como era atraente.

— Sim?

Ele indagou com a voz baixa, você encolheu os ombros.

— Quer beber alguma coisa? Tenho alguns cupons para caipirinhas.