𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 44

Não quero que vocês levem um susto lá no final, então aqui estou. Se despeçam dessa história que aqueceu tanto os nossos corações. 💛

Memes para alegrar esse
momento tão difícil 😭

outro. acendam as suas velas 🕯🕯

outro, exclusivo do gatinho 💛

outro, que ninguém pediu, mas achei muito perfeito e satisfatório

pronto curupiras, podem ler.
muito obrigada por quem chegou até aqui
até a próxima 💛

CAPÍTULO 44

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Meses depois.

De todas as vinte e quatro horas do dia, minha filha decidiu que no meio da madrugada era a hora perfeita para vir ao mundo. Eu estava sentindo algumas dores nesse dia, mas dormi tranquilamente, achando que acordaria pela manhã como todos os outros dias.

Não este.

Eu senti minhas pernas úmidas e acordei por esse motivo, achando que a pressão que a minha filha fazia sobre minha bexiga me fez passar por um constrangimento desses. Mas era demais. Eu me sentei na cama, assustada, e com a ficha caindo do que realmente estava acontecendo. Balancei Cinco do meu lado que respondeu murmurando:

— O que foi?

Acorda.

— An?

— Vai, levanta.

— Amor, tá tudo fechado. Amanhã eu compro. — Ele diz, a voz contra o travesseiro, e usando o mecanismo que ele aprendeu para ter noites inteiras.

— Ela vai nascer.

— Quem, Amber? — Ele murmura outra vez, ainda misturando seu sonho com a realidade. Então eu digo mais alto, para acordá-lo de vez.

— A sua filha! Levanta e me ajuda agora!

Ele finalmente olha para trás, abrindo mais os olhos sonolentos e reparando minha roupa encharcada.

— Ai, caralho.

Num pulo, despertando-o de vez, ele acorda e fica de pé, levando as mãos aos cabelos sem saber o que fazer.

— O que você precisa?

— Ir ao banheiro. Depois você leva a bolsa dela e a minha para o carro.

Ele não questionou, só me ajudou a descer da cama e me acompanhou até o banheiro. Com dores, sim, mas eu não iria sair de casa sem um banho. Com o passar dos minutos, ficar em pé fazia doer mais, então me apressei o quanto podia para me vestir, enquanto passava ordens para o meu marido, que acatava porque era o que ele sabia fazer.

Ele dirigiu como um louco, e apesar da estrada vazia da madrugada, ele não deixava nenhum carro à frente de nós. Chegamos ao hospital, e Cinco buscou atenção de todos os enfermeiros e médicos que encontrava. Não era por mal, mas eu tinha tanto dor que a voz dele me irritava, e sei que fui rude em vários momentos.

Quando nossa filha nasceu, já era dia, tinha pássaros cantando ao nascer do sol. Toda a dor sumiu no mesmo instante que escutei ela chorando, eu não me importava com mais nada, só queria ver o rosto dela.

Horas depois, tudo isso parecia ter sido um sonho. O dia apenas começando e minha bebê do meu lado, parece que eu simplesmente tive um sonho no meio da noite. Mas ela está bem do meu lado. Eu consegui.

Quando me trouxeram o café da manhã, reconheci Cinco atrás das roupas hospitalares e da máscara. Ele chegou perto, hesitante, porque horas atrás eu havia ameaçado ele de todas as formas. Com cuidado, ele se sentou numa poltrona ao meu lado e observou a bebê em meu colo.

— Meu Deus.

Ele piscou várias vezes, mas era notável seus olhos cheios.

— Ela é de verdade. — Cinco fala, abismado. Eu entendo, porque Jade está dormindo e, parada dessa forma, é como uma boneca.

— É sim.

— Que pequenininha.

— Quer segurar?

— Não, não. Melhor não. Vou ficar vendo mesmo. — Ele chega mais perto com a poltrona, apoiando sua cabeça em meu ombro e observando ela de perto. Momentos depois, ele abaixa a sua máscara para beijar a minha testa.

Cinco só se arriscou a tocar sua mão de leve nas costas dela, mas ele disse que ela era frágil demais para ele segurá-la no colo. Jade nunca vai saber ou se lembrar disso, mas nós mimamos ela o dia inteiro. Dois pais bobos de primeira viagem.

Quando ela abriu os olhos, pela primeira vez na presença de Cinco, ele faltou soltar fogos, de tão orgulhoso que estava da sua aposta.

— Eu disse! Ela vai ser a sua cara. Olha esses olhinhos.

Jade arregala os seus olhos azuis para Cinco, acompanhando a sua empolgação, apertando os seus punhos. Espero que isso não signifique que o temperamento será o dele.

Quando estávamos indo embora, na tarde do dia seguinte, Cinco estava tão protetor que fez uma escolta para que nada tocasse a nossa filha.

— Com licença, você não tá vendo que uma bebê recém-nascida tá passando, não? — Diz ele, para uma senhora com as costas curvadas, se apoiando em sua muleta. Me sinto envergonhada pela educação dele.

— Não precisa disso.

— Claro que precisa, Amber. Ela tá no meio, porra.

Ele realmente acha que eu preciso de pelo menos três metros de diâmetro ao meu redor para me locomover. E tenho certeza que se ele tivesse estudos comprovados sobre viagem no espaço com bebês recém nascidos, ele teria levado Jade para o carro com os seus poderes, para ter mais segurança.

Em casa já não estava tão obcecado. Mas ainda assim abriu todas as portas para mim até eu chegar no berço de Jade e colocá-la deitada lá.

— Ufa! Nenhum arranhão, não é, princesa? — Ele diz, se escorando sobre a grade do berço e observando ela dormir. — O que a gente faz agora?

Você espera pela próxima vez que ela chorar. E eu vou dormir um pouco. — Falo, simples, me virando para sair do quarto.

Foram só dois dias, mas já senti uma falta enorme da minha cama. Cinco devia estar igual, passou esse tempo todo dormindo numa poltrona. Mas ao invés de assentir, Cinco segura o meu braço com a maior indignação no rosto, perguntando:

— É o que?!

— Sim. Acho que vai ser pra trocar a fralda. Ela não está com fome.

— Mas, meu bem, eu nunca fiz isso antes.

— Eu também não. Quer dizer, até ontem.

— Fica aqui.

— Estou exausta.

Cinco enrola seus braços em minha cintura, gentilmente apoiando minha cabeça em seu peito. Ele está a um passo de prometer que fará de tudo nos próximos dias, absolutamente tudo, menos tocar naquela bebê. É demais para ele. Entretanto, ontem eu senti a dor equivalente a múltiplos ossos se partindo, e não estou com tanta paciência.

— Senta aí.

— Cacete, Amber.

— Anda!

Cinco caminha, contra a sua vontade, para a poltrona que há no quarto, se sentando lá com arrependimento. Eu, cuidadosamente, tiro Jade do berço e coloco-a deitada em meus braços. Eu vou até ele, pedindo que faça o mesmo formato com os braços.

— Cara, não vai dar certo.

— Fica quieto, ela tá dormindo.

Eu me abaixo um pouco, transferindo ela de colo. Cinco fica paralisado quando Jade está em seus braços, e ele só é capaz de mexer os olhos.

— Meu Deus.

— Pode relaxar, desse jeito não dá segurança pra ela. — Eu falo, porque Cinco está tão imóvel e assustado que seus ombros estão levantados.

— Mas assim ela vai cair.

— Não vai.

Amber.

Pelos tons de voz mais alto, Jade começa a fazer uma careta, mexendo os braços e pernas devagar como se estivesse acordando do seu sono mais profundo.

— Olha aí, Amber. Pega, vai. Pega ela.

— Você nunca segurou um bebê antes, é? — Pergunto, sem pensar, e tenho vontade de retirar as minhas palavras enquanto prendo um sorriso de constrangimento. Cinco só me olha sério, como se fosse a pergunta mais óbvia.

— Não.

— Fica tranquilo, eu tô aqui. — Eu falo. O que eu acho um pouco engraçado, normalmente é ele quem fala isso, em qualquer situação. Gosto de vez em quando ser o seu suporte. — Segura mais as costas dela.

Eu o ajudo, levantando a sua mão no local certo para ele segurá-la com segurança. E também empurro seus ombros para baixo. Preciso fazer alguns ajustes para que nossa filha fique bem posicionada nos braços dele, como colocando a cabeça dela para dentro dos limites do braço dele.

Ele parece entender de primeira, e da para ver que realmente se esforça, apesar de querer adiar pelo medo. Aos poucos, ele pegou o jeito, e Jade voltou para o seu sono de pedra. Cinco ficou feliz que ela não o rejeitou, e que teve a paciência de esperar o pai dela aprender como se segura um bebê sem deixar sua cabeça pendendo para baixo.

— Pronto. É desse jeito.

— Ah, nem era tão dificil. — Ele fala, como se minutos atrás não estivesse tremendo. De uma forma que nunca ficou em lutas.

— É porque não é difícil mesmo.

— Será que eu consigo ir com ela até o quarto?

Eu, particularmente, gostaria que ele treinasse de pé antes com uma boneca, e não nossa filha. Mas não posso deixar expressar que não confio nele a esse ponto, então incentivo.

— Claro. Ela é leve.

— Esse não é o problema. E se ela bater a cabeça na porta?

Eu respiro fundo.

— Ela não vai bater se você deixar seu braço na frente.

Cinco a segura com mais força, como se preparasse para se levantar. Mas ele não faz. Ele desiste. Apenas inclina a sua cabeça para o lado e encara a bebê em seu colo. Jade está com um macacão rosa claro, que combina com suas meias e luvinhas. Já a toca em sua cabeça é branca, e parece grande demais para ela.

Com medo, Cinco se arrisca a tirar uma de suas mãos das costas dela para levar até seu rostinho. Ele leva o seu indicador até a bochecha dela, apertando fraquinho, e então solta um sorriso. Cinco balança a cabeça, em negação, e então leva sua mão até seus olhos, apertando a barra do blazer contra eles.

— Ela é fofinha. — Ele diz, se explicando, deixando essa personalidade leve tomar conta dele por um segundo. — Vamos lá.

Ela a segura de volta, se preparando um pouco demais para se levantar da poltrona. Às vezes tenho vontade de rir com tamanho exagero. Quando está finalmente de pé, ele joga as sobrancelhas, orgulhoso, me provando que conseguia.

Ele caminha devagar para fora do quarto dela, mas antes ele pede para que eu vigie o caminho dele e seus passos porque ele não irá tirar os olhos dela. Então eu faço, porque não tenho outra opção.

Meu marido consegue chegar até o nosso quarto sem nenhum acidente, como ele temia, e logo se sentou na cama.

— Tá vendo? Eu sou bom nisso.

— É, você tá indo bem.

— Ela nem acordou. — Ele fala, ainda mais orgulhoso de si mesmo.

Eu dou um sorriso, contente que o seu medo foi temporário. Ou a maior parte dele. Eu vou até a janela para fechar as cortinas, logo em seguida eu tiro os meus sapatos e subo na cama. Pensei em ficar apenas no meu lado, para não atrapalhar Cinco e o explosivo super perigoso que ele tem nos braços, mas pelo visto ele estava mais seguro.

Ele pede para que eu chegue mais perto, e eu vou, deitando a minha cabeça sobre as suas pernas. Acho que é um bom momento para ele acostumar a segurá-la por muito tempo, então talvez eu possa tirar o meu cochilo até a próxima vez que Cinco se sentir inseguro com a bebê.

Até lá, ele se diverte, dizendo que ela aperta o seu dedo para brincar, e que é muito forte.

°•°•°•°•°•°• ⦿ •°•°•°•°•°•

Bem, eu sabia que meus dias não seriam mais os mesmos. Mas a mudança foi grotesca. Não é fácil acordar todas as madrugadas. Não é fácil descobrir o motivo do choro. Não é fácil ter trinta minutos de puro e absoluto silêncio, ou sem ter que estar em estado de alerta a todo tempo. E não é fácil ver o meu marido agitá-la só porque quer ler para ela.

— Mas agora?

— Sim, já está anoitecendo.

— E ela tem que dormir.

— Ela dorme quando a gente lê.

Isso não é bem verdade, só aconteceu algumas vezes. Mesmo assim, eu aceito. Levo Jade em meu colo até o último andar da casa, enquanto Cinco está sendo mais agil, levando os cobertores e travesseiros lá para cima.

Eu abro a porta do sótão, acendendo as luzes. Diferente daquele que estávamos acostumados quando crianças, Cinco e eu cuidamos bem desse aqui, e não já uma camada de poeira, em lugar nenhum. É o nosso lugar preferido da casa, e cuidamos muito bem dele.

Há um sofá azul bem grande no centro, de frente para a grande janela de vidro que mostra a noite chegando. Cinco já está aqui em cima, usando seu teletransporte para encher esse sofá com coisas fofas. Além da cesta de livros infantis. Compramos livros cedo demais para ela, mas encontramos uma forma de utilizá-los.

Mesmo sem ela entender, Cinco e eu lemos alguns livros aqui em cima com ela. Acho que em partes fazemos isso por nós mesmos.

— Tudo pronto? — Cinco pergunta, fechando a porta do sótão. Eu levanto o meu polegar e ele se apressa para o sofá, pegando o lugar que já virou seu. — Vem, meninas.

Deixando a cesta de livros no chão, Cinco me puxa para mais perto dele, entre suas pernas, enquanto ele encosta na almofada. Jade está devidamente agasalhada e deitada em meu colo, com ainda mais uma camada de cobertor sobre nós. Cinco escolheu um livro e o abriu na minha frente, para que eu também pudesse ler.

Jade está bem mais entretida puxando o meu cabelo ou descobrindo os próprios pés, mas continuamos lendo porque às vezes notamos que ela presta atenção. Sem contar que escutar a voz de Cinco vibrar atrás de mim também me faz dormir.

— Não tem um livro que não tenha uma girafa na história? — Cinco fica indignado após a repetição. — Amor, eu falei. Ela vai gostar mais da Liga da Justiça.

— Esquece, não tem quadrinhos do Batman aqui.

Ele bufa, frustrado.

— “Então a dona Girafa disse ao senhor Esquilo que poderia usá-la para subir até o topo da árvore” — Cinco lê tranquilamente, quando começa a questionar. — Isso não faz sentido. Um esquilo consegue subir sozinho numa árvore.

— É só uma história.

— Que vai deixar nossa filha burra.

— Não fala assim. — Eu digo, apesar de estar rindo e concordando. — Quadrinhos do Batman vão deixar ela igual a você.

— É bem melhor. Eu mesmo vou ensinar ela. Quando ela aprender a ler, só vai conhecer livros infantis de matemática.

— Era pra ser divertido?

— Mas vai ser. — Ele diz, óbvio.

Nós voltamos a atenção para o livro infantil e todo colorido à nossa frente. Jade já dormiu, mas continuamos lendo porque, por algum motivo, é bom demais esses momentos que temos. Mesmo quando a história não é tão interessante assim.

Como o esperado, depois de um dia cansativo, nós nos rendemos ao sono. Cinco já estava com a sua cansada e rouca, e o livro estava caindo de sua mão. Eu devolvi o livro para a cesta, apaguei as luzes mais fortes e voltei para onde eu estava. É confortável demais, de uma forma que eu jamais alcançaria se eu tentasse replicar esse conforto.

É os braços dele ao meu redor, uma mão nas costas da nossa filha em cima de mim, e outra em meu quadril. Nossas pernas entrelaçadas. Os beijos que ele dá em minha cabeça. Tudo isso parece um sonho distante e inalcançável, mas já está acontecendo. E com o Cinco.

Eu nunca poderia imaginar que estaria vivendo tudo isso com ele, e que mesmo depois de tanto tempo sem ter notícias suas, os sentimentos que eu tinha por ele não mudaram nem um pouco. E deve ser por isso que estamos construindo uma família em tão pouco tempo.

Eu o conheço a minha vida inteira.

Eu o amei a minha vida inteira.

Ele foi o meu primeiro beijo e o meu primeiro amor. E se posso ser radical, com minhas próprias reflexões, ele foi o meu único amor.

Eu não sei como algo pode ser tão duradouro, quando isso começou éramos apenas crianças, mas talvez seja exatamente por isso. Porque é verdadeiro. Porque é ele. E sempre foi ele. Estávamos destinados a ficar juntos, não importava o que acontecesse.

Os dias difíceis ficam mais tranquilos de lidar quando eu me lembro que eu sempre sonhei com isso. E que subestimei Cinco como marido, pois ele realmente se dedica no papel e faz valer a pena todos os anos que não estávamos juntos. Ele cumpre o que promete porque sabe que um dia ele falhou comigo, e mesmo não dizendo, sei que o seu maior medo é me perder. Ou perder o que temos. Ou perder a família que criamos.

E, sinceramente, eu sinto o mesmo.

Não quero perder momentos como esses. Não quero perder o homem que eu amo, em nenhum dos sentidos. E muito menos a nossa família. Quero estar para sempre assim.

Quero ver Jade crescer, aprender a andar, a falar, a ler. Quero ver nossa primeira filha se arriscar em sua vida e quero que ela se sinta amada. De onde ela veio existia muito amor. E eu vou adorar dizer a ela que o seu pai é o amor da minha vida. Dizer tudo o que enfrentamos até enfim poder ter uma vida serena, e recebê-la de braços abertos.

Quero ver os anos passarem ao lado de Cinco. Cada Natal. Cada dia dos namorados, das mães, e dos pais. Quero ver as rugas aparecerem ao redor de seus olhos, e em seu rosto, ao longo dos anos. Quero ver seus cabelos e barba começarem a ficar cinzas. Quero envelhecer ao lado dele.

Vou ficar extremamente feliz no dia em que nós nos deparamos no espelhos e percebemos que a idade chegou para nós. Vou estar feliz porque tive a sorte de ter uma segunda chance no amor, e que esse durou tanto tempo. Eu serei a pessoa mais grata do mundo.

Ainda somos muito jovens em comparação a esse cenário. Ainda temos uma longa vida pela frente de erros e acertos. É louco pensar que somente aos 31 anos eu sinto que minha vida está finalmente começando. Me sinto ótima com isso.

Nossa filha irá escutar todas essas histórias. De como seus pais eram super herois e se apaixonaram desde a infância. Como nos casamos absurdamente rápido. E como esperamos por ela. O sótão será a nossa tradição.

Nós iremos ler e contar histórias para ela, onde antes contávamos histórias para nós mesmos.

FIM

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