𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 41
CAPÍTULO 41
3 meses depois.
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Eu sabia que a paciência dele tinha limites, mas não fui eu quem separou 17 casas diferentes para visitar.
— Amber, essa é a última de hoje! — Diz ele, estressado, desligando o carro. Está assim porque encontrou sua casa dos sonhos na quinta que visitou, logo as outras doze não tinham mais importância.
— É a última da lista também, amor.
Com passos largos e sem me esperar, ele segue o caminho da calçada até a porta de entrada. E lá ficou, pois precisa esperar o corretor de imóveis e desaparecer usando seu teletransporte seria um pouco rude.
— Ele gostou mesmo daquela, né? — Sr. Davis, o corretor, diz para mim, com uma risada descontraída.
— É, vai ser difícil convencer ele a escolher outra. — Respondo. Cinco fecha a cara na mesma hora, assim como ele fez cada vez que o corretor troca uma palavra comigo.
O Sr. Davis abre a porta, e Cinco entra apressadamente, olhando ao redor com as mãos no bolso. Um olhar de desprezo tão grande que é possível desvalorizar essa casa inteira.
— São 150m² de área construída e…
— Muito pequeno. Nem tem segundo andar. Nossa família é grande, isso aqui não serve. — Cinco interrompe Davis, torcendo os lábios para baixo com insatisfação. Nossa família é grande, sim, mas não vamos morar com eles. Cinco é capaz de encontrar qualquer defeito para recusar essas casas.
Muito criativo, aliás. Uma das casas ele recusou pois não havia um quintal espaçoso o suficiente para um cachorro de grande porte correr à vontade. Nós não temos cachorro.
— A estrutura comporta um segundo andar sem problemas, Sr. Hargreeves, além dos outros 70m² que podem ser construídos para expandir a casa.
— Pra falar a verdade, odiei a cor dessa parede.
Eu suspiro, escondendo meu rosto entre as mãos por um instante, envergonhada.
— Amber, vamos ficar com aquela. Estava ótima. Era grande, moderna, tinha um sótão, não tinha problemas na estrutura nem no bairro… — Cinco tenta me convencer.
De fato, uma das melhores casas que já visitamos. Eu só não consigo levar a sério uma casa que parece ter um rosto. As janelas do segundo andar e a porta de entrada estão perfeitamente colocadas para parecer dois olhos e uma boca aberta. Eu acho engraçado. Vamos ser conhecidos como Os Vizinhos da Casa com Rosto.
— Tá bom. Podemos ficar com aquela.
Um micro sorriso aparece em sua boca.
— Perfeito. Onde podemos assinar? — Cinco diz, virando-se para o corretor, que se surpreende com a rápida decisão.
— Bom, eu vou precisar preparar a documentação e…
— Amanhã estará pronto, acredito.
— Amanhã, Cinco? — Questiono. Além do tempo ser curto demais, será que ele esqueceu que amanhã é nossa festa de casamento?
— Talvez um prazo maior, Sr Hargreeves?
— Quanto antes melhor, não é mesmo? Amanhã passamos no seu escritório. Obrigado.
Ele estende sua mão para se despedir de Davis, me puxando em seguida, impedindo que eu faça o mesmo. Sussurro um pedido de desculpas ao corretor pelo meu noivo apressado e nada gentil. Quando já estamos dentro do carro e Cinco dá partida, pergunto outra vez:
— Amanhã?
— Claro. Vamos sair o mais rápido possível daquele hotel nojento.
— Amanhã não temos compromisso?
— Temos? — Cinco junta suas sobrancelhas, olhando para mim por uns instantes. Quando sua expressão muda, ele não aguenta me encarar por tanto tempo e procura por carros inexistentes na rua, como quem está concentrado no trânsito, para disfarçar. — Amor, eu não esqueci.
— Você acabou de lembrar.
— Não, eu tô pensando nisso a semana inteira.
— Seu terno ainda tá amassado dentro do guarda-roupa.
— Eu ia mandar passar hoje.
— Fala a verdade, você não quer essa festa amanhã.
Cinco bufa, deixando o peso de sua mão bater no volante.
— É. Não tô a fim — Ele diz. E me enrolou por três meses, adiando os preparativos o máximo que pôde, com desinteresse, sempre dizendo que… — Eu tô fazendo por você. Você sabe.
Enquanto ele para no sinal vermelho, eu apoio meu braço na janela do carro, sustentando minha cabeça que parece pesar o dobro essa semana, com tantas coisas para resolver. Eu tento pensar pelo lado dele. Estar o tempo inteiro querendo sair de perto dos irmãos; suas visitas semanais à Comissão, desempenhando seu papel de diretor; a busca da casa perfeita e uma festa de casamento indesejada. Seria o item mais esquecível para ele, isso é fato.
Eu só queria que ele estivesse tão ansioso e feliz como eu.
— Ei, não faz essa cara. — Ele pressiona seu polegar contra minha testa, desmanchando a expressão preocupada que eu não percebi que tinha. Em seguida, ele aperta meu queixo, usando um tom mais calmo na voz. — É claro que eu quero comemorar com você.
— Mas está com vergonha deles.
— Não estou! É que… — Cinco perde o fôlego, sem ter o que falar. — Eles sempre falam a mesma coisa. Já cansei.
Nós dois estamos cansados. Nem as minúsculas demonstrações de afeto em público fizeram nossos irmãos perceberem que Cinco não é tão insensível e frio quanto parece.
Eu seguro a mão dele, forçando um pequeno sorriso em empatia. Agora, pelo menos, temos data para sairmos daquele hotel.
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Allison encontrou um apartamento perto de nós, poucos dias depois que anunciei meu casamento em um jantar. Ela se mudou para lá com a sua filha e nós costumamos fazer visitas semanais, nunca esquecendo de dizer que a cada semana Claire parece ter crescido mais. Também foi em uma dessas visitas que convidei minha sobrinha para entregar as alianças. Claire aceitou na mesma hora, e ficou pulando de alegria no sofá até se cansar.
Hoje, elas duas vieram para comemorar esse dia comigo. Eu acho que eu não podia estar mais nostálgica e sensível.
— Tia, você não pode chorar. Vai borrar a maquiagem — Claire diz, mais racional que eu, pincelando blush em minhas bochechas.
Eu olho para cima e pisco um pouco. Faz algumas horas que estou aqui dentro me arrumando e esperando a hora de começar a pequena cerimônia. Estou tão nervosa. Mil vezes mais que achei que estaria. Já estou me acostumando a chamar Cinco de meu marido e escutar ele me chamando de esposa, mas quando todos ao seu redor estão arrumados e esperando por você, felizes com esse casamento, o frio na barriga é inevitável.
Parece mais real agora.
O som das músicas tocando lá fora, juntamente as vozes de Luther e Diego discutindo por algo irrelevante, o clima de festa e a atenção que minha família me dispõe agora me deixam ainda mais ansiosa.
Eu só penso em como meu noivo está agora.
Cinco começou a beber antes da hora?
Está se estressando à toa por conta dos meninos?
Está tão ansioso quanto eu?
Está fazendo a sua barba na frente do espelho agora?
Arrumando a gravata?
Ele lembrou de passar ferro naquele bendito terno?
Sua vida também está passando diante dos seus olhos? E está percebendo quanta sorte tem?
Todas as vezes que eu olho para o espelho, e me encontro com um vestido branco, minha barriga congela. Acontece tantas vezes que vou acabar ficando dolorida.
O vestido não é nada parecido com o meu primeiro. Não é nem um vestido de noiva. É só o vestido branco e longo mais lindo que encontrei dentro do prazo que tínhamos, ele tem alças largas e as costas nuas. Agradeço a mim mesma por ter escolhido um vestido mais solto, se eu tivesse um vestido colado em meu corpo inteiro provavelmente teria rasgado-o enquanto respiro fundo.
— Vocês estão juntos há um tempão, por que está chorando agora? — Klaus questiona, se jogando na cama do meu quarto enquanto acende seu cigarro.
— Você não entenderia.
Allison dá um tapa na mão do irmão, apontando com os olhos para a filha que se diverte passando o batom em mim. Não sei quantas vezes agradeci a minha irmã pelo penteado que fez, e o quão perfeito ficou, eu devia agradecer mais vezes.
— Klaus, vá buscar um copo d'água para ela — Allison pede, a voz como um sussurro, ainda fraca.
— Onde? Esse lugar é enorme. Até parece que vai ter muitos convidados — ele diz, rindo, irônico, levantando-se preguiçosamente da cama.
— A cozinha é no final do corredor — Eu digo, poupando Allison. Resmungando bêbado porque já desfrutou do open bar, Klaus se retira do quarto.
— Você está perfeita, Amber — Minha irmã diz, com lágrimas nos olhos, deixando sua voz ainda mais baixa. — Estou orgulhosa. É seu dia, seca os olhos e aproveite!
Ela me entrega lencinhos do pacote que já está pela metade. Sorrindo, eu faço o que ela pediu, tomando cuidado para não ter que refazer a maquiagem.
— Tia, você é a noiva mais linda do mundo inteiro! — Claire abre os braços para demonstrar essa dimensão, e isso só me faz querer chorar mais. — O tio vai ficar apaixonado! Ele vai pedir pra casar com a senhora duas vezes.
Assim ela conseguiu me tirar uma risada. E foi o suficiente para eu afastar o sentimento de querer chorar o tempo todo. Não quero entrar na cerimônia com os olhos inchados.
— Cheguei, donzela — Klaus diz, abrindo a porta do quarto. Uma de suas mãos segura um copo de água mineral, e na outra dezenas de docinhos. — Pensei que estaria com fome, e não queremos que a noiva desmaie, não é mesmo?
Eu imediatamente peguei aqueles doces e o copo d'água, acabando com eles sem perceber.
— Já está dando 19h, e eu vi Cinco esperando no altar.
— Eu tenho que ir. — Falo, me levantando da cadeira e sentindo novamente as borboletas no estômago. Certo, meu noivo está sóbrio o suficiente para me esperar de pé no altar, e Diego provavelmente não deixaria ele entrar se estivesse com o terno amassado. Chegou a hora. — Onde está o meu buquê?
— Aqui, tia! — Claire de repente surge com o meu buquê em suas mãos.
Eu e Allison ajeitamos o cabelo dela, para estar pronta quando entregar as alianças. E então esperei eles saírem. Me olhei no espelho e respirei fundo uma última vez, saindo logo depois pela porta do meu quarto, segurando o buquê nas mãos que não param de suar. A última vez que fiz isso havia mais de cem convidados e não estava tão nervosa quanto agora, o motivo acho que está bem claro.
Sigo pelos corredores lentamente, encontrando o caminho de pétalas de rosas vermelhas no chão. O lugar que escolhemos para a cerimônia não poderia ser melhor. O lado externo tem uma vista fascinante, sem prédios por perto para cobrir o céu. Os últimos raios de sol alaranjados fazem esse ambiente parecer um sonho.
De início, vejo meus irmãos se levantarem das cadeiras brancas e olharem para trás, me encontrando, ao mesmo tempo que um som agradável começa a tocar. Viktor não perdeu tempo em tocar o violino, com um sorriso enorme no rosto.
Lá no final, quando as pétalas de rosas acabam, encontro o homem mais sério deste mundo cobrindo os olhos com uma mão, abaixando a cabeça, porque simplesmente não acredita no que vê em sua frente. Eu paro de andar para abrir um sorriso inesperado, não imaginei que de todas as reações, essa seria a dele.
Quando tira a mão do rosto, Cinco está vermelho, os olhos brilhantes e todas as expressões de quem está chorando muito. Ele se vira para trás, se recompondo sem que ninguém veja, e volta a olhar para mim como se fosse a primeira vez.
Eu estou olhando para ele como se fosse a primeira vez.
Ele está perfeito.
Está lindo.
Claire estava certa, nos apaixonamos de novo.
Este é o semblante mais realizado que já vi em Cinco. Nunca antes vi tanta alegria em seus olhos, nem mesmo quando estava de joelhos na minha frente. Tenho plena certeza que estou igual. É com esse cara que estou me casando, não há espaço para outro sentimento a não ser alegria.
Começo a andar lentamente por cima das pétalas, seguindo o longo tapete que foi posto por cima da grama. Encontro meus irmãos: Luther com uma câmera analógica registrando minha entrada, Diego segurando as lágrimas, Allison orgulhosa, Klaus batendo palmas, interferindo na melodia magnífica que Viktor está tocando.
Eu seguro as minhas próprias lágrimas e caminho numa linha reta e tão esperada de encontro a Cinco. Vez ou outra percebo ele piscando mais vezes para limpar a visão, ou levando a mão fechada até a boca e pigarreando.
Mais alguns passos e já estou na sua frente. Por algum motivo, me sinto extremamente nervosa em começar essa cerimônia. Tenho 13 anos de idade e estou na frente de um garoto de 13 anos, e perceber que ele também está ansioso é até reconfortante. Não sou só eu e não é coisa da minha cabeça. Raramente as pessoas se casam com aquelas que deram o seu primeiro beijo na vida, então esse sentimento que tira todo o meu ar dos pulmões e faz um filme da minha vida passar diante dos meu olhos deve ser normal.
— Amber — Cinco diz, num suspiro, esvaindo qualquer que fossem as palavras que ele tinha em mente. — Meu amor…
— Você está lindo. — Eu digo, pressionando meus dedos nos cantos dos olhos, secando as lágrimas. Pelo menos uma vez em sua vida ele abriu mão do terno preto para usar um tom claro, depois de muita insistência da minha parte. Mas ficou tão bom nele, criou uma harmonia com sua pele e seus olhos que estão me hipnotizando.
Eu só tenho mais certeza a cada segundo de que é a melhor escolha da minha vida.
— Você está… — Cinco segura minhas duas mãos, desviando do buquê e me analisando dos pés à cabeça. Ele pisca mais um pouco. — Puta merda, tá perfeita. Você está perfeita, Amber.
Desta vez, não consegui impedir que a lágrima caísse. Eu não quero soltar a mão dele. Quero ficar assim para sempre.
A música se intensifica, e lá da outra ponta do tapete vemos Claire caminhar com um sorriso meigo, adorando o que está fazendo. Está segurando a pequena almofada onde estão nossas alianças e exerce essa tarefa com muito cuidado. Claire se posiciona ao nosso lado, esperando para quando chegar a sua hora de entregar as alianças, e aceitou segurar o meu buquê sem problemas.
Dou um passo para mais perto de Cinco, apertando mais as suas mãos. Estou tão segura sentindo-as que os batimentos em meu peito se tranquilizam.
— Ei, anjinhos, vocês esperaram duas décadas, agora espere dez minutos. — Klaus surge entre mim e Cinco, nos afastando um pouco e tomando o seu lugar atrás do púlpito. Ainda não sei como concordamos em deixá-lo conduzir essa cerimônia.
Ele tem meia dúzia de folhas sobre o que quer falar antes de oficializar nosso casamento.
— Estamos aqui hoje reunidos para celebrar o amor deste lindo casal — Klaus começa, um tom mais alto para todos ouvirem. — Quem lembra quando a Amber se acidentou e o Cinco passou todas as madrugadas na enfermaria com ela, para não deixá-la sozinha? Ou quando ele brigava para não deixar a Amber seguir sozinha numa missão perigosa? E quando a Amber deixou a luz ligada durante os três primeiros anos depois que ele sumiu, caso ele voltasse à noite e encontrasse a casa escura. É, pessoal, só a gente que não percebeu o quanto eles se amavam desde de pequenos. Quem sabe o que teria acontecido se Cinco não tivesse ido embora?
A pergunta deixa um clima estranho no ar, mas logo Klaus conserta:
— Ah, esse amor nunca se apagou, só esteve guardado todos esses anos para o dia em que se reencontrassem outra vez. Nós ficamos com um pé atrás porque conhecemos o Número Cinco que temos, mas apenas um homem loucamente apaixonado pediria a mão dessa mulher em um mês desde que chegou. Sem ofensas, maninha. Acho que Cinco se redimiu e merece a bênção de todos nós. Ele provou que sempre amou essa garota.
Cinco revira os olhos na parte que já está cansado de ouvir.
— O dia de hoje é só para comemorar e oficializar esse matrimonio, pois já sabemos que eles se amarão e respeitarão na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza até que a morte os separe. Já vimos que eles fizeram esses votos quando eram só crianças. Mas preciso perguntar: Cinco Hargreeves, você aceita essa linda e deslumbrante mulher como sua esposa, promete honrá-la e respeitá-la até o fim dos seus dias?
Cinco mal esperou Klaus terminar, e respondeu de imediato:
— Sim, aceito!
Ele rapidamente pega a aliança menor, passando-a em meu dedo anelar.
— Amber Hargreeves, você aceita esse homem charmoso… e meio rabugento como seu marido, promete respeitá-lo e honrá-lo até o fim dos seus dias?
Ai, meu Deus! Isso é real?
— Sim!
— Certeza?
— Absoluta.
Eu pego a aliança restante, colocando-a no dedo anelar da mão de Cinco, apertando-a em seguida, explodindo de felicidade.
— Eu os declaro oficialmente… MUITO, MUITO CASADOS! — Klaus ergue os braços para cima e junto vem aplausos e assobios dos nossos irmãos atrás de nós.
A mistura de música e sons de comemoração ficou em segundo plano, eu só escutei um ruído branco enquanto olhava para Cinco. Os instantes em que nós nos admiramos de quem nos tornamos pareceram horas. Lá no fundo, existe uma amizade que está orgulhosa em ver os adultos que nos formamos. Quando esses breves segundos acabam, Cinco atinge sua velocidade máxima em segurar a minha cintura, meu pescoço, e me beijar uma única vez, por bastante tempo.
Minhas costas arqueiam para trás enquanto ele apoia sua mão, me dando a certeza que estou segura e equilibrada com ele. Nosso pouco fôlego acaba, então afastamos nossas cabeças, observando a expressão maravilhada no rosto um do outro, e então damos mais uma dezena de selinhos.
Cinco me abraça, apoiando minha cabeça em seu peito, me apertando forte, abaixando-se um pouco para dizer em meu ouvido:
— Eu te amo. Muito. Você é a minha vida inteira.
— Eu também te amo, Cinco.
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Aparentemente, meus irmãos estavam necessitando de uma festa, pois só foi nós sairmos do altar que eles se serviram generosamente com as bebidas no bar. Passei um tempo com a Claire, conversando sobre como ela queria uma festa como a minha quando ela crescesse. Não poderia existir um elogio melhor.
Entretanto, eu queria encontrar Cinco porque estar longe dele parece doloroso demais num dia como esse. E não faz tanto tempo que perdi ele de vista. Disse para Claire que poderíamos brincar de esconde-esconde e que ela poderia contar dessa vez, então usei meus poderes para fugir dela e procurei por Cinco.
Ele não estava em seu quarto desmanchando a gravata, nem no meu, ou na cozinha atacando os doces. Eu encontro ele no bar, festejando com o tipo de música que ele não gosta e se perdendo com as luzes coloridas piscando. Eu chego perto dele, recuperando o meu fôlego por finalmente encontrá-lo, e aponto para o drink em sua mão.
— É o segundo?
— Meu amor, eu acho que é o quarto. — Ele ri, me puxando pela cintura e beijando a lateral da minha cabeça. — Toma um pouco.
Cinco me entrega o seu copo e eu provo a bebida. Está boa demais para não pedir outra dose, então enchi o copo. Embora fosse um pouco hipócrita, não deixei Cinco encher seu copo mais uma vez. As vezes que lidei com ele bêbado não foram legais.
— Você precisa estar minimamente sóbrio para assinar o contrato hoje — Eu digo, apoiando minha mão em seu peito, dizendo um pouco mais alto em seu ouvido por conta do volume da música.
— Cacete, eu esqueci disso. — Ele bufa, batendo a mão no balcão, e gemendo como se não quisesse sair da festa agora. Mesmo assim, ele levanta o seu braço chamando a atenção de todos, dizendo: — Pessoal, nós vamos ter que sair um pouco agora. Vamos assinar uns contratos de casa e um monte de merda e…
Um som de desânimo foi coletivo.
— Ah, mas agora?
— Hoje?
— Adivinha quem marcou para hoje. — Eu falo, levantando minhas sobrancelhas.
— Mas a Amber nem jogou o buquê — diz Diego, num tom de indignação.
— As pessoas ainda fazem isso? — Cinco resmunga.
— Vamos, Amber, joga o buquê para nós.
Eu vou correndo, segurando o meu vestido, para pegar o meu buquê. Peço para que todos se reuniam atrás de mim.
— Luther, não se esconde. É a sua única chance — Eu implico, momentos antes de fazer uma contagem regressiva e arremessar o buquê para trás, sem ter ideia do percurso que isso levou.
Quando me viro para trás para saber quem foi o sortudo, Diego está com um sorriso sem graça, e com o meu buquê em suas mãos. Não sei porquê sua reação foi tão desanimada, ele anda grudado com Lila absolutamente todos os dias e só não estão hoje porque ela não foi convidada para esse casamento. Aliás, é o único dos meus irmãos que tem pelo menos uma namorada.
— Ah, ele vai ser o próximo a casar! — Klaus diz, cantarolando e dando empurrões no irmão.
— É só uma brincadeira, não garante nada. — Ele fala, deixando o buquê de lado. Espero que isso seja só timidez por todos os seus irmãos estarem te olhando ao mesmo tempo.
Cinco e eu já estávamos de saída, quando eu esqueci que havia começado uma brincadeira com a minha sobrinha.
— Tia! Te achei!
— Perdi — finjo decepção.
— Vamos de novo? Agora o tio Cinco conta.
— Não, mocinha. Você vai contar até 100, e eu vou me esconder — Cinco responde.
— Mas eu só sei contar até 74.
— Depois é 75.
— E depois?
— 76.
— E depois?
— 77.
— E depois?
— 78.
— E depois?
— Tá, Claire, conte até onde você sabe — eu interrompo os dois. Cinco está achando tão divertido que iria dizer os números até Claire se cansar.
Ela se vira de costas e começa a contar de olhos fechados. Eu agarro a mão de Cinco, nos deixando invisíveis, e corremos para dentro da casa. Ele me leva para o seu quarto, que por sinal está muito mais arrumado que o meu, onde teria lenços de maquiagem para todos os cantos. Cinco tranca a porta, e então eu desfaço meus poderes para enxergá-lo com nitidez.
— Então agora temos um momento a sós? — Ele suspira, abrindo o primeiro botão de sua camisa, afrouxando para relaxar mais.
— Pouco, mas temos — digo, conferindo o relógio na parede.
— Podemos deixar pra outro dia. Eu só quero você hoje — Ele se aproxima, beijando o meu pescoço. Apoio minha mão em sua nuca e fecho os olhos, aproveitando.
— Então está curtindo a festa?
Irônico, não?
— Quer que eu diga que estava errado? — diz ele, a voz contra o meu pescoço, enquanto suas mãos apertam o meu quadril contra o dele.
— Admita.
— Beleza. Eu não imaginei que seria o melhor dia da minha vida. Eu imaginei, mas nem chegou perto. E até que os outros se comportaram hoje, não foi tão ruim.
— Hm…
Ele beija meu pescoço novamente, devagar nos conduzindo para a parede mais próxima, pressionando minhas costas contra ela. Sua boca encontra a minha, e sinto o álcool em seu hálito em todo momento. Sem muito esforço, eu tiro o seu paletó, jogando-o para o lado. Seu corpo está muito mais quente do que eu estava sentindo, isso está me fazendo suar também. Sua mão aperta meu corpo inteiro, como se estivesse à procura de algo.
Rindo contra a sua boca, eu me afasto e me viro de costas, pressionada entre ele e a parede, mas mostrando o pequeno zíper que ele procura em minhas costas.
— Isso, garota.
— Não estraga, por favor.
E então, cuidadosamente, ele desce o zíper do meu vestido, me seguida derrubando uma alça para beijar o meu ombro. Arrepiando minha pele enquanto sua mão quente adentra o vestido.
É muito gratificante terminar esse dia com uma aliança no dedo e meu homem feliz, porque estava errado quando achou que a cerimônia seria tediosa e constrangedora.
Ao invés disso, foi repleta de amor e felicidade.
Só estamos no começo de uma nova vida. Muito mais leve e reconfortante. Me sinto extremamente confiante. Casei com quem cuida e se importa comigo desde pequeno, quando nem sabia o que era amor. Somos sortudos. Isso acontece uma vez a cada cem milhões de vidas.
⦿ 4.049 palavras
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pra quem não sabe, foi assim que o Cinco foi comprar a casa
dela sim 😍
se preparem pros saltos de tempo na história 💋
bjs curupiras singulares 💛
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