𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 32

CAPÍTULO 32

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Com certeza não era assim que eu imaginava o fim da minha noite. Estava muito bom para ser verdade. Cinco estava com muita pressa para me explicar o que havia acontecido, só mandou eu me vestir e ir para a sala. E assim eu fiz. Coloquei sua camiseta e uma calça velha que estava mais perto.

Já vestida, eu fui para a minha porta, encontrando dois corpos masculinos no chão, de onde escorre todo o sangue para dentro da minha sala. A poça de líquido vermelho chega cada vez mais perto dos meus pés.

— Te machucaram? — Eu perguntei. Apesar de não escutar tanto barulho dessa briga, os dois caras foram brutalmente assassinados. Cinco inclinou seu braço, olhou para o próprio peitoral, buscando feridas que talvez a adrenalina não o fez sentir. Eu encontrei pequenas manchas vermelhas eu seu corpo, e podia imaginar os golpes chocando-se contra ele.

— Eu vou ficar bem — Cinco assentiu, sem se preocupar. — Vem, me ajuda. Segura os pés desse aqui.

Sem tempo para um interrogatório, eu me posicionei ao lado do corpo e segurei os pés do homem. Cinco fez uma contagem para nós levantarmos na mesma hora. Quando a contagem acabou, ele usou seus poderes para nos levar até uma floresta. Eu não fazia ideia de onde estávamos e como ele conhecia aquele lugar.

Demos alguns passos até encontrarmos um espaço sem tantas árvores, e soltamos o corpo pesado daquele homem. As mãos dele que ficaram pendendo o caminho inteiro, finalmente descansou no chão de folhas secas. Dessa forma, consigo ver perfeitamente o corte terrível e violento que Cinco fez naquele pescoço. Foi grande o bastante para quase decapitá-lo.

— Ei, não olha muito. Vamos pegar o outro — diz Cinco, chamando a minha atenção. É conveniente que ele não queira que eu veja do que ele é capaz.

Eu seguro a sua mão encharcada de sangue, que por um momento embrulha o meu estômago. Ele nos leva para o meu apartamento com seus poderes, e repetimos o processo. Dessa vez, com o homem mais magro e com furos em sua barriga.

Voltamos para a floresta, colocando esse corpo em cima do outro. Paramos por uns instantes, colocando as mãos nos joelhos para aliviar as dores de nossas costas não tão jovens.

— O que vamos fazer? — Eu pergunto.

Cinco tira do seu bolso um isqueiro, me respondendo sem usar uma palavra. Antes de dar um belo fim aos corpos dos invasores, Cinco os revista. Ele procura por qualquer coisa em seus bolsos, nas calças, paletós, e finalmente encontra. Um papel pequeno e dobrado estava escrito qual a missão deles, que não nos surpreende ao revelar que era tirar a vida de toda a Umbrella Academy.

Depois que esses corpos já não são mais úteis, Cinco ateia fogo em suas roupas, cabelos e sapatos. Até que aqueles dois corpos em chamas não passassem de uma enorme fogueira. Eu me afastei devagar deles, procurando por algo melhor para me distrair.

Passo minha mão sobre minha testa, tentando processar o que aconteceu nos últimos trinta minutos. Eu estava deitada e confortável com Cinco na minha cama e agora estou queimando cadáveres com ele? Como aconteceu tão rápido?

— Amber?

Eu olho para trás, atendendo. Espero que ele continue a falar, mas seu olhar carrega todos os arquétipos defensivos.

— Eu fiz o que eu precisava fazer.

Eu balanço a cabeça. Não estou contra ele.

— Eu abri a porta e eles perguntaram se você estava. Eu disse que não. Eles insistiram para entrar e conferir, mas eu não ia deixar.

— Tudo bem.

— Foi necessário.

— Eu sei.

Eu caminho até ele, sem saber se esses barulhos são as folhas que estou pisando ou os estalos das roupas e pele queimando ao lado. Seguro o rosto de Cinco com as duas mãos, acidentalmente sujando-o com sangue. Ele não precisa me provar que mata só quando necessário, eu sei disso. Não precisa tentar mostrar que é perfeito só porque demos um passo a mais na nossa relação e ele quer que continue assim. Ele não precisa.

— Eu sei, meu bem. Me leva pra casa, estou com frio.

Ele relaxa seus ombros, deitando por uns instantes em minha mão. Cinco me dá um beijo na testa, em seguida, olha pela última vez para a grande fogueira e usa seus poderes, nos trazendo de volta à cena sangrenta que ficou.

Pegamos baldes e panos velhos, e perdemos muito mais tempo limpando a minha sala do que nos livrando dos corpos. O cheiro estava impregnando em meu cérebro, e aquele líquido vermelho espesso estava me enjoando. Era muito sangue. Era muita pele e restos de seus intestinos.

Quando terminamos, tiramos nossas roupas e deixamos junto com os panos velhos que foram usados. Eu precisava me livrar logo do cheiro de ferro insuportável. Fomos para debaixo do chuveiro juntos, sem qualquer um dos sentimentos que tivemos mais cedo, havia só companheirismo.

Eu esfreguei pequenos rastros de sangue em suas costas até desaparecerem. Ele lavou as minhas mãos cuidadosamente, como quem não assassinou horas antes. Eu deitei minha cabeça em seu peito e o abracei, um pouco forte demais. Não estamos seguros. Em nenhum lugar. Pode entrar atiradores pela porta do banheiro agora mesmo.

E ainda assim, eu me sinto extremamente segura quando ele envolve seus braços ao redor de mim. Sei que nada vai acontecer enquanto ele estiver comigo.

Depois do banho, colocamos roupas limpas e voltamos para o quarto. Um pouco mais cansados, mas com o mesmo objetivo dessa noite ser a nossa melhor noite de sono. Cinco me puxou para cima dele, dessa vez, apoiando uma mão em meu quadril e outra em meu cabelo.

— Você viu que na mensagem dizia Umbrella Academy, e não só o meu nome? — Cinco diz.

— Percebi. Vão matar todos nós porque estamos agindo juntos.

— Será que os outros sobreviveram?

Eu levanto minha cabeça na mesma hora, encarando ele. Eu não tinha pensado que poderia ter agentes atacando nossos irmãos ao mesmo tempo. E não sei se levei muito bem o tom engraçadinho que Cinco usou.

— Pensa só, pelo menos não vamos ter que contar nosso caso pra eles.

— Não brinca com isso. Quero ver se eles estão bem.

— Tá bem, amanhã nós vamos lá — Ele sobe sua mão para a minha cintura, acariciando.

Dou alguns beijos em seu peito, sem saber se o cheiro de ferro que eu sinto é real ou não. Pelo cansaço, eu adormeci enquanto Cinco ainda passeava sua mão em meu quadril.

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Há uma grande chance de encontrarmos nossos irmãos sem vida. Ou pelos inimigos, ou por eles mesmos. Então quando estávamos no corredor para os seus quartos, foi quase uma vitória ver Diego por lá. Entramos no quarto junto com ele.

— E aí? Quais as notícias dessa vez? — Diego pergunta, pegando sua maletas de facas e colocando seus objetos preciosos em seus lugares.

— Estão atrás de nós. Destruíram a casa da Amber e de madrugada vieram para nos matar — Cinco diz, direto. Diego esboça um pequeno sinal de surpresa com as sobrancelhas. — A missão deles era acabar com toda a Umbrella Academy, e deixar que Viktor acabe com o mundo. Viemos ver se todos vocês estão bem.

— É, acho que estamos. Por enquanto. Allison foi embora então lá se vai o dinheiro para a diária dos quartos.

— Ela voltou para ver a Claire? — Eu pergunto.

— Sim. E Luther também foi. Vai entender.

Seguiu o meu conselho.

— Bom, pelo menos estão longe daqui. Como está Viktor? — Cinco diz, olhando ao redor como se ele fosse aparecer a qualquer momento.

— Não falo muito com ele. Klaus passa mais tempo, e eles estão se dando bem. Está tudo em ordem por aqui, irmão.

Até que então, Klaus e Viktor aparecem na porta. Ambos com maços de cigarros entre seus dedos. Vai ver, Cinco tem mesmo uma audição muito boa.

— Maninha! — Klaus estende os braços, e eu chego mais perto para abraçá-lo. Faço o mesmo com Viktor. — A que devemos a honra de sua visita?

— Viemos conferir se estão bem.

— Melhor impossível. Luther não está aqui — Klaus diz, prendendo sua risada.

— Então vão ter que ficar em alerta — Cinco acaba com a risada do irmão com a sua fala. Ele apoia sua mão em meu ombro, passando pelas minhas costas, antes de continuar: — Eu e Amber fomos atacados ontem à noite, e eles vão vir atrás de vocês.

— O quê? Por quê vão vir de novo?

— Porque impedimos o apocalipse.

— Temos que avisar a Allison. Ela saiu hoje pro aeroporto.

— Isso. Tente um contato com ela. Ou com Luther, ela não vai conseguir responder — Ele dá de ombros, como se não estivesse debochando da situação. — Também tomem cuidado com qualquer estranho que tente se aproximar, fazendo qualquer tipo de perguntas. Eles tentam se infiltrar desse jeito. Não receberam ninguém assim, não é?

— Não, não. Sou só eu e o Ben — Klaus afirma com convicção, olhando para um canto vazio do quarto.

— Bom, algumas pessoas ainda são estranhas para mim, mas ninguém faz perguntas pessoais — diz Viktor, também seguro de sua resposta.

— Diego?

O irmão olha para nós de um jeito diferente, na defensiva, mas ele só joga os ombros e diz:

— Eu também não.

— Ótimo. Continuem assim.

A conversa se encerra por alguns segundos. Isso me faz reparar que não vou ao banheiro há um tempo, e preciso ir agora. Parece até uma deixa para eu sair e deixar os meninos conversarem do que eles gostam, e debater coisas que não gostam de dizer na minha frente. Eu tiro a mão de Cinco do meu ombro, caminhando para a porta, porém ele segura o meu braço e diz baixo para só eu ouvir:

— Onde você vai?

— Ao banheiro.

— Eu vou com você.

— Não precisa vir comigo.

— Não tem nada aí que eu já não vi.

— Essa não é a questão. Eu só quero ir sozinha.

— Mas você não vai. Eu te espero na porta, vamos.

Ele apoia sua mão em minhas costas e me incentiva a sair do quarto. No corredor, eu bufo, revirando os olhos com o excesso de proteção.

— Que foi? Quer que eu fique dentro da cabine com você?

— Dá um tempo.

Ele ri, mas ri sozinho. Cinco se apoia na parede ao lado da porta do banheiro feminino, com um pé na parede e os braços cruzados. Eu ainda encontro paciência para lhe dar um selinho antes de entrar.

Não vou demorar. Só bebi água demais quando acordei porque a noite passada me desidratou. Escolho uma cabine vazia e tranco a porta. Tiro minha roupa e me sento para me aliviar. Aproveito três segundos de paz e silêncio antes de encontrar um namorado assassino porém protetor do outro lado da porta, que sabe que não precisava me escoltar por míseros três minutos.

Eu procuro ao meu redor algum rolo de papel, e o encontro na minha direita. O que me fez reparar na figura abaixo me observando. Pelo vão que separa as cabines na parte inferior, dois olhos escuros marcados com maquiagem preta me espiam por Deus sabe quanto tempo.

— Puta que pariu!

— Aí tem papel?

— Porra, sai daqui! — Ameaço chutá-la.

Com um sorriso maldoso, a mulher se esvai para seu lado da cabine, sem invadir minha privacidade com seus olhos medonhos. Eu rapidamente separo um pedaço de papel para mim, me secando e vestindo minhas roupas em tempo recorde. Furiosa, eu passo o rolo de papel por debaixo da cabine xingando-a mentalmente. Eu não esperava um par de olhos desconhecidos no único lugar em que eu pensei estar sozinha.

Saí da cabine e fui para a pia lavar minhas mãos, levando mais tempo que o necessário para conseguir sabonete líquido naquele recipiente velho. A mulher chega devagar por trás de mim, e posso ver pelo espelho. Ela sabe disso. Então toda essa chegada parece teatral.

— Você é a Amber?

— Quem é você? — Eu digo, ignorando sua pergunta. Reparando melhor, eu conheço esse cabelo. E esses olhos fundos. Eu conheço porque Cinco olhou demais para ela. É a mesma mulher que vimos aquele dia. A mulher que Cinco disse fazer parte da Comissão. Mesmo com a ficha caindo, e pensando que minha morte está mais próxima do que nunca, finjo naturalidade.

— Ah, não acredito que ele não contou.

— Ele quem?

— Diego! Ele me fala muito de você. Desculpa, não foi a melhor forma de me apresentar. Não quis te assustar. Meu nome é Lila — Ela estende sua mão, e sua voz é simpática demais. Nem combina com ela. Eu finjo estar ocupada secando minhas mãos para não ter que cumprimentá-la.

— Que bom te conhecer, Lila. Ficaria agradecida se você não me espionasse por debaixo das portas nas próximas vezes.

— Eu sei, foi mal.

Eu balanço a cabeça. Preciso sair logo daqui. Não sei se Diego está envolvido nisso, mas sei que Lila está fazendo o possível para me manter dentro desse banheiro. Quando caminho em direção a porta, escuto o barulho tão familiar de uma arma sendo engatilhada.

— Já vai embora, Amber?

Eu paro onde estou, e lentamente me viro para trás. Lila está com um revólver apontado em minha direção, com certeza há uma linha reta ligando aquela bala ao centro da minha testa. Em rendimento, levanto minhas mãos.

— Eu sei quem você é e o que você quer — digo, as mãos tremendo em pânico.

— Então vamos acabar logo com isso.

O dedo dela se move ao gatilho, e nessa mesma fração de segundos eu ativos meus poderes, me abaixando. O tiro dispara contra a porta atrás de mim. Ainda agachada, corro para trás das banheiras, me escondendo. Ela não pode me ver, mas pode escutar minha respiração e passos como quem caça um rato.

— Vamos, Amber. Apareça. Vai ser mais fácil para nós duas.

Ela dispara todo o carregamento em direções aleatórias, na esperança de me atingir. Um desses tiros passou do meu lado. Quando ela anda na minha direção, apontando a arma porque escutou o meu suspiro, assisto Cinco aparecer com seu teletransporte atrás dela, segurando seu braço e tirando a arma de sua mão.

Sem pensar duas vezes, Cinco atira contra Lila, as munições atingindo sua perna e ombro. Ao ver que está em desvantagem, Lila desaparece, assim como Cinco faz com seus poderes. Eu e ele ficamos surpresos com isso, porém enquanto eu estou em choque, Cinco respira fundo e arremessa o revólver no chão, nervoso.

— Amber, aparece, porra!

Eu me levanto de onde estou, e desfaço meus poderes. Ele está bem do meu lado, e quando me vê, seus ombros relaxam em alívio.

— Você tá bem? Foi atingida? — Ele me examina em um segundo em busca de rastros de sangue. — Caramba, o que você fez aqui?

— Exatamente o que vim fazer.

Eu saio em passos apressados pela porta, mesmo que Cinco tenha uma milhão de perguntas, como por que eu não gritei ou por que eu não matei aquela mulher. Eu vou direto para o quarto dos meus irmãos, enquanto Cinco vem atrás buscando minha atenção.

— Tá me ouvindo? O que aconteceu lá dentro? Amber?!

Eu abro a porta do quarto e só paro quando estou na frente de Diego.

— Você conhece alguma Lila?

— An…

— Conhece ou não, Diego?

— Sim, mas é recente e…

Eu parei de escutar nesse momento, apenas coloquei as mãos sobre a cabeça e me afastei dele, por precaução. Eu poderia acabar usando minhas velhas habilidades em luta.

— Alguém pode explicar o que tá acontecendo? — Viktor diz.

— Diego mentiu para nós. É isso.

— O quê?!

— Perguntamos se você conheceu alguém suspeito nos últimos dias e você mentiu — Eu falo, os nervos à flor da pele.

— Mas não achei ela suspeita. Ela só…

— Fez perguntas sobre nós? Claro, ninguém conhece a Umbrella Academy. Mas ela provavelmente perguntou onde trabalhamos e onde moramos.

Diego fica em silêncio, o que automaticamente consente com minha teoria.

— Ela foi atrás de você? — pergunta ele, culpado.

— Agora, no banheiro.

— Foi mal, eu… não sabia.

Eu cubro meu rosto com as mãos, indignada com tamanha falta de inteligência que quase ceifou minha vida. Meu coração ainda está acelerado.

— Idiota — Cinco diz com desprezo. — Nunca mais fale com ela. É membro da Comissão.

— Vacilou, ein… — Klaus comenta sobre o irmão.

De repente este quarto parece pequeno, claustrofóbico demais, e preciso sair para respirar. Nem que seja no corredor. Não é nenhuma surpresa que Cinco tenha vindo atrás, pronto para dizer:

— Eu avisei.

— Ah, por favor…

— Será que agora dá pra contar o que aconteceu lá dentro? — Cinco apoia sua mão na parede atrás de mim, intimidando.

— Ela só se apresentou, disse que conhecia o Diego e que ele falou de nós para ela. Eu reconheci ela, mas não ia sair gritando. Também não quis apertar a mão dela, deve ser por isso que ela desconfiou de mim e quis atirar.

Cinco respira fundo, abaixando a cabeça. Ele pergunta se Lila não disse algo além disso, como os próximos passos de sua equipe, mas eu digo que não. Ele se acalma, agora mais informado, e segura o meu rosto com suas duas mãos.

— Olha, eu disse que vou ficar do seu lado pro resto da minha vida, mas agora é literal. Você não vai a lugar nenhum sozinha. Tá entendendo?

— Você está sendo drástico.

Eu estava certo. Não quero te encontrar morta num banheiro. Você sabe que o que precisar eu consigo pra você em um segundo. — Ele se abaixa para olhar diretamente em meus olhos. — Se precisar, eu fico acordado enquanto você dorme, mas mesmo que seja insuportável eu vou vigiar cada passo seu, Amber.

⦿ 2.919 palavras

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sai do fake Amber

curupirinhas, eu vejo que alguns de vcs tão começando a criar histórias e fico muito lisonjeada quando vcs dizem que eu inspirei (😭😭❤️‍🩹🌹 af até choro) daí eu juntei meus 4,5 neurônios e pensei em criar um guia pra vcs montarem suas histórias

não sou nenhuma profissional, as 4 fanfics nesse perfil são as únicas coisas que já escrevi, mas posso juntar minhas humildes dicas e colocar num lugar só pra quem se interessar

o que vcs acham?

bjs espalhafatosos 💛

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