𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 25
CAPÍTULO 25
Agora
⦿
Cinco usa seus poderes para levar Viktor até o meu apartamento com mais facilidade. Ele o colocou deitado no meu sofá, enquanto provavelmente pensa onde irá deixá-lo quando induzir o coma. É a dúvida que mais me aflige.
Tenho a constante sensação de que estamos escolhendo o caminho errado, e por um momento eu até me pergunto o que o papai faria nessa situação. Provavelmente algo com o mesmo nível de ética, porque quando a bomba relógio que destrói o mundo é da sua família, você não tem opções.
— No que está pensando? Tá fazendo careta.
— Eu não faço careta — debato, esticando um cobertor por cima do meu irmão desacordado. Cinco me segue enquanto eu vou para o outro lado da sala, olhar para a janela fingindo procurar algo lá fora. — Só é… triste o que estamos fazendo com ele.
— Não íamos precisar se ele não quisesse nos ver mortos. — Cinco diz, infelizmente me convencendo de que ele tem razão. Ele chega mais perto, colocando meu cabelo para trás a fim de deixar meu pescoço exposto. — Não se preocupe com isso.
Cinco pressiona sua boca levemente por cima dos meus curativos no rosto, traçando uma linha que termina em meus lábios. Me viro de frente para ele e acompanho seu ritmo, é disso que eu preciso agora: da confiança de Cinco quando assume um problema. Eu fico extremamente mais leve. Leve ao ponto de ele me manusear como quer.
Ele agarra minha cintura, sua mão mais forte do que eu me lembrava, e me apoia na parede. Nosso beijo é tão fácil, como se eu conhecesse essa boca da mesma maneira que conheço a minha. Sua respiração cada vez mais frenética e como ele deixa nossos corpos totalmente colados, acende o mesmo calor que só senti igual com ele. Há dezessete anos.
Me assusta que agora está vindo com mais intensidade, recobrando todos os anos que perdemos, e talvez eu não tenha tanto controle para não levá-lo ao meu quarto. Cinco leva suas duas mãos às minhas costas, subindo, se enrolando em meus cabelos, e então descendo. Progressivamente mais. Quando aperta, deixo escapar um som de satisfação.
Me afasto de sua boca para tomar fôlego, aproveitando o momento para me localizar em seu peitoral, desabotoando seu paletó. Os seus olhos quase se reviram e fecham ao ver minhas mãos. Cinco deita em meu pescoço, respirando profundamente e beijando minha pele. Agora que se curvou, seu ombro não bloqueia mais minha visão, e assim posso ver Viktor de pé na sala de estar boquiaberto com a cena que vê.
Eu puxo o ar como se tivesse visto um fantasma, por outro lado, Cinco solta uma risadinha porque acha que o meu suspiro foi seu mérito.
— Ai. Meu. Deus. — Viktor diz, pausadamente. Ele está como uma estátua.
Na mesma hora, Cinco xinga com sua voz grave em meu pescoço e se afasta de mim. Não tem como explicar o que estávamos fazendo. Estávamos simplesmente nos agarrando com as mãos dentro das roupas do outro. Cinco arruma o terno e discretamente pega o meu jarro de flores da janela, escondendo-o atrás de seu corpo.
— Viktor, nós podemos explicar — Cinco começa.
— Como assim vocês…? Desde quando que…? Ai, eu não devia ter visto isso.
— Não mesmo.
Dou uma cotovelada em Cinco.
— Não é de hoje. Nós… escondemos bem, na adolescência — Eu digo, tomando cuidado com as palavras. Parece muito pior dizê-las em voz alta.
— Eu estou indo embora. Juro, não vou contar pra ninguém, porque… Ah, sério, você e o Cinco? — Viktor diz, chacoalhando a cabeça como se pudesse apagar a cena que viu. Ele parece tão desacreditado que acha que é uma piada.
— Espera aí, você não vai embora. — Cinco dá alguns passos ameaçadores na direção do irmão.
— Eu já disse que não vou contar para ninguém.
— Meu caso com a Amber te assustou tanto que você esqueceu que estava prestes a explodir o mundo ontem à noite. Se essa raiva ainda tá aí não me importa, mas você não vai sair daqui.
Viktor contorce seu rosto ao ouvir. Talvez ter assistido Cinco e eu nos agarrando realmente o chocou e fez esquecer que queria nos matar. Agora que se lembra, seu rosto começa a ficar pálido, a íris dos olhos claríssimas até ficarem brancas. O brilho forte que vem do seu peito começa a aparecer.
Cinco não perde tempo, se teletransporta e quebra o vaso na cabeça de Viktor, tirando a sua chance de revidar. Viktor desmaia com a pancada, e ao despencar, sua cabeça bate na ponta da mesa de centro. O ricochete fez Viktor parar ao lado do sofá, agora com um ferimento sangrando de sua têmpora.
— Porra, Cinco!
— É, foi mal, quebrei o seu vaso.
Eu me apresso para checar Viktor. Seu sangue está formando uma poça embaixo de sua cabeça, manchando seus cabelos e parte do seu paletó branco. Levo meus dedos até seu pescoço, conferindo seus batimentos.
— Sabe que não pode matar ele — eu digo, olhando para Cinco com advertência. — Ele é nossa garantia que a Comissão não vai atacar.
— Não tentei matar ele.
Pode ser. Mas a pancada que ele deu foi forte o bastante para Viktor perder a vida. Cinco pega uma camiseta minha que estava jogada no sofá e enrola em volta da cabeça de Viktor, estancando o sangramento. Depois de um nó bem apertado, Cinco coloca novamente o corpo de Viktor onde estava: deitado no sofá. Outra vez inconsciente.
— Convencida agora de que Viktor não vai nos escutar? — Cinco diz, retoricamente com seu tom rude.
Ele sai da sala, entrando no corredor e desaparecendo da minha visão. Com essa outra concussão, podemos esperar que Viktor fique desacordado até amanhã. Vou atrás de Cinco no corredor, chegando em meu quarto e encontrando-o sentado na minha cama. Seus cotovelos nos joelhos e os olhos se fixando em mim.
Agora eu sei que ele está certo, e não está só sendo cruel com o irmão. Não preciso admitir em voz alta, ele sabe.
— Se não se importa, eu vou ficar aqui — diz ele, assim que me aproximo, ficando entre suas pernas.
Eu seguro seu rosto com as duas mãos, e o beijo como se os últimos minutos não tivessem acontecido. Cinco segura os meus quadris com força, puxando para perto. Seguindo a sua intenção, eu coloco minhas pernas em cada lado de seu corpo, intensificando nosso beijo.
— Você já ia ficar de qualquer jeito.
Eu abro o restante dos botões de seu terno, tirando-o pelos braços. Cinco faz o mesmo, passando suas mãos por dentro da minha blusa e puxando-a para cima. Seus olhos perdem um tempo com a nova visão, e por onde seus dedos passam, me arrepia. Nunca estivemos com tão pouca roupa em toda nossa vida.
Cinco beija meu pescoço, arrisca descer um pouco para o meu colo e então sobe para a minha boca. Há algo diferente agora. Não parece desejo sexual, só quero estar tão perto dele que nossas peles podem virar uma só. Apoio minha mão em sua cabeça, que está abaixo do meu queixo, e o abraço até meus músculos tremerem.
Meu coração bate mais rápido por saber que ele está bem aqui, nos meus braços, e que dessa vez ele não quer fugir.
— Eu não te disse de volta aquele dia, né? — Cinco olha para cima, me encontrando, enquanto sua mão acaricia minha bochecha.
— Que dia?
— Quando eu fui embora. Mas eu te amava também — Ele pisca, dando um sorriso fraco. Cinco olha para todas as direções para afastar as lágrimas. — Ainda te amo.
Agora são os meus olhos que começam a arder. Abraço a cabeça dele contra o meu peito e o beijo. Parece que todas as lacunas dentro de mim foram preenchidas. Todas as dúvidas e incertezas. Todas as histórias que eu inventava para justificar o desaparecimento dele.
Com uma risada descontraída, Cinco nos empurra para o colchão, deitados de frente para o outro. Ele passa seus dedos entre meus cabelos e bochechas, assim como fazia quando éramos crianças, o que facilmente me faz pegar no sono.
Mesmo depois de tantos anos, Cinco me conhece perfeitamente. Nossos velhos hábitos não mudaram.
1.360 palavras
_____________________________
nosso Cinco permaneceu fiel a vida toda 🙌🙌🙌
Amber é a única mulher da vida dele, que romatico 💖
beijos repolhos 💛
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top