𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 18
CAPÍTULO 18
17 anos antes
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Minha cama está uma bagunça. Tem papéis picotados para todo canto, e já perdi minha tesoura dezenas de vezes no mar de revistas.
— Amber, olha que lindo! — Allison me mostra a modelo que acabou de recortar da revista, ela usa um vestido laranja extravagante do desfile, mas mesmo assim minha irmã gosta. — Ah, quero ser modelo um dia. E atriz. E cantora. E tudo mais.
Eu pego o papel da mão dela, juntando com a mini montanha de modelos e conjunto de roupas que recortamos. Nós vamos colar num quadro para nos servir de inspiração, só não achei que daria tanto trabalho.
— Aqui. A última. Acha que tá bom?
— Acho que conseguimos fazer três murais com tudo o que recortamos — eu digo, levando todas as nossas peças para o lado limpo da cama.
A parte que nós duas realmente queríamos chegou, então nós colamos nossos conjuntos de roupas favoritos em nossos quadros. Até recortamos manchetes sobre como construir um bom visual, e usamos como fundo para as nossas modelos. Estou amando criar isso. Nem ligo para os meus dedos cheios de cola.
Como esperávamos, sobrou bastante recorte de revista, então decidimos criar outro quadro, mas como os nossos estilos juntos. No meio, desenhamos um coração lindo e grande para caber nossas iniciais.
— A gente arrasou — Allison diz, batendo palmas, e isso quase a faz colar uma mão na outra. Eu achei engraçado.
— A gente tem o melhor quadro da amizade de todos os tempos! — Eu exclamo, jogando as mãos para cima, levando alguns retalhos junto. Quero ter esse quadro até quando eu e Allison estivermos com noventa anos, assim a gente pode mostrar para os nossos bisnetos.
Infelizmente, não consigo continuar pensando no futuro com minha irmã porque alguém entra no meu quarto, chamando atenção.
— O que você tá fazendo aqui? — Cinco pergunta para Allison, que está jogada em minha cama. Por algum motivo, ele não está de uniforme.
— O que você tá fazendo aqui? — Ela rebate.
Cinco apenas revira os olhos, dizendo para mim em seguida:
— Tá pronta?
— Pronta…? — Eu penso um pouco, buscando os compromissos na minha agenda mental.
Merda. É hoje! É agora! Como eu posso ter perdido o sono de ansiedade e ter esquecido em cima da hora?
— Quase. Só uns minutinhos. Eu já vou — Eu aceno com o braço, forçando um sorriso. Cinco não acredita muito e começa a analisar o que eu e Allison fizemos, e toda a bagunça de papel e cola que tem na minha cama.
Para a minha sorte, Allison se levanta e empurra Cinco para fora do quarto, fechando a porta em seguida.
— Ele é tão chato — ela murmura, enquanto eu estou correndo pelo meu quarto num pé só, vasculhando meus armários e gavetas. — Pra onde vocês vão?
Queria tanto poder contar a ela sobre Cinco, e sobre o que eu venho sentindo, mas não tenho tempo agora.
— Eh… Vamos só comprar gibis.
— Posso ir com vocês?
Não, Allison. Enquanto estou tirando todos os meus uniformes e roupas para fora do armário, minha cabeça planeja um motivo infalível para Allison não nos acompanhar.
— Se o Cinco concordar… — Essa é a desculpa mais infalível. Eu estendo dois cabides com vestidos na frente dela — Qual é melhor? O amarelo ou o preto?
— Você ainda não usou o preto, vai com ele.
— Valeu.
Não é como se eu tivesse muitas opções. Tiro o vestido do cabide e começo a me vestir, perdendo o equilíbrio com um pé só e me apoiando na minha cômoda. O que falta agora?
— Você pode me emprestar seu gloss? — Eu pergunto a Allison, calçando meus sapatos. Nunca fiz um nó tão rápido.
Eu não teria que pedir o gloss dela se eu não gastasse todo o meu dinheiro com revistas em quadrinhos. Mas Allison aceita, e vai até seu quarto buscar. Arrumo o meu cabelo, superficialmente, pois meu instinto diz que Cinco vai aparecer em um minuto.
— Tá tudo bem? Nunca vi você se arrumar tanto. Nem para os bailes de premiações — Allison entra em meu quarto, entregando sua maquiagem para mim.
— Tá tudo normal — dou de ombros, acrescentando que as revistas que vimos hoje me inspiraram. Eu realmente nunca me arrumei tanto.
Eu escuto batidas na porta, e pelo ritmo, sei que é Cinco. Minha barriga congelou por um instante. Eu abro a porta, preparada para dizer que podemos ir, mas Cinco não me xingou pelo atraso, ele sequer consegue dizer uma palavra.
— Posso ir com vocês?
O silêncio aumenta, até Cinco perceber que a pergunta foi para ele.
— Não. — Ele responde, direto para Allison, que caminha até seu quarto chateada. Cinco perde um bom tempo calado, observando tudo o que há de diferente em mim. Ao ponto de eu também me olhar para saber se não tem nada de errado. — Agora tá pronta?
— Agora sim.
Cinco inclina seu braço para o corredor, indicando que eu vá na frente. Só há uma forma desse encontro ser arruinado e será pelo humor dele ou sua pouca paciência. Nós descemos as escadas devagar, eu parando em cada degrau para usar o pé certo no próximo. Se Cinco ainda está me acompanhando, então está disposto a ter paciência.
— Você passou batom? — Ele pergunta, de repente, me fazendo parar onde estou. Ele reparou, isso é bom, não é?
Ou será que estou com um pouco de gloss nos dentes? Eu devia ter conferido antes de sair. De qualquer forma, dou de ombros, com uma confirmação indiferente.
— Desnecessário, você sabe. — Cinco abre um pequeno sorriso de canto. Tão desnecessário quanto a quantidade de vezes que ele penteou o seu cabelo na mesma direção para estar perfeito assim? Ambos nos dedicamos, é isso.
Com sorte, o nosso lanche hoje vai tirar meu batom antes de Cinco.
— Já escolheu para onde vamos? — Cinco diz, enterrando suas mãos no bolso quando chegamos no térreo.
— Estou com tanta vontade de comer donuts.
— Donuts? Sério?
Estou salivando só de imaginar um donuts com cobertura de morango e muitos confetes num prato prontinho para mim.
— O que você sugere, hein?
— Nada. Você escolhe dessa vez. Da próxima sou eu. — Cinco se aproxima da porta, virando a maçaneta. Por dentro estou comemorando dando soquinhos no ar. Vai ter uma próxima?
Cinco gira a maçaneta várias vezes, mas a porta não se abre. Ele se agacha para observar a fresta da porta, apenas para descobrir que está trancada.
— Onde pensam que vão? — A voz ríspida que tanto conhecemos ecoa atrás de nós. Eu aperto os meus olhos antes de me virar, porque em questão de segundos minhas emoções trocaram de lado.
Eu dou meia volta, encontrando Reginald parado nos pés da escada, exigindo respostas. Não busco qualquer reação em Cinco, eu posso continuar encarando Reginald até sairmos por esta porta.
— Nós vamos numa… livraria. — Respondo. Em toda essa semana que passou, Cinco e eu nunca planejamos o que dizer caso alguém pergunte. Achávamos que não seríamos pegos.
— A avaliação bimestral de vocês começa semana que vem, deveriam estar estudando ao invés de passear pela cidade. — Reginald diz, no seu volume alto, que sempre atravessa meu peito e ecoa dentro de mim. — Número Oito, você não está liberada para sair em nenhuma hipótese! Não podem vê-la debilitada.
— Mas… — Cinco tenta, suas palavras na ponta da língua, porém o velho ranzinza o interrompe.
— Sem mais! Voltem já para os seus deveres. Não ousem desrespeitar minhas ordens! Andem, sumam daqui! — Reginald acena com a sua mão, um gesto de desprezo.
Nós andamos em direção a escada. Mesmo doendo, tento andar rápido com as muletas somente para sair do campo de visão de Reginald. E para ele sair do meu. Subo as escadas. Degrau por degrau. Meu pai que odeia os filhos segue para o seu escritório, e sinto meus olhos arderem, como acontece regularmente nas minhas interações com Reginald.
Caramba, eu estou usando o meu melhor vestido, me preparei de um jeito que nunca fiz antes, imaginei milhares de cenários que poderiam acontecer hoje, para ser desmoronado com as palavras insensíveis dele. Quero ir para o meu quarto e gritar no travesseiro, porque ele arruinou o primeiro encontro da minha vida, com a primeira pessoa que gostei na minha vida.
Eu pareço tão idiota agora. Estou arrumada demais para estar em casa e se algum dos meninos me ver agora vai achar patético. Eu só queria passar uma boa impressão porque quero que Cinco goste de mim. Que goste de verdade, e que não seja algo superficial.
Eu quero chorar agora, mas Cinco ainda está do meu lado. Preciso esperar ficar sozinha no meu quarto. Quando chegamos no início do corredor, achei que Cinco seguiria até a porta de seu quarto, mas ele continua do meu lado e dando os mesmos passos que eu.
Já dentro do meu quarto, Cinco encosta a porta, e analisando seu semblante, não parece irritado, mas frustrado.
— Foi mal, Amber — ele lamenta, as mãos saindo do bolso.
— Não é culpa sua.
— Podemos marcar de novo. Algum dia que o velho não pode proibir.
— Tudo bem. — Forço um sorriso.
Além de ser uma chance com Cinco, seria um alívio estar fora das grades dessa mansão por uma tarde. Ver o mundo lá fora. Comer besteiras sem me preocupar se tem a mamãe robô para tirar da minha mão. Nesses últimos dias me sinto sufocada aqui dentro, e sair com Cinco era a minha chance de respirar um pouco.
— Não faz essa cara — Cinco dá um aperto em meu queixo. Deve ser porque estava tremendo, o primeiro sinal de que estou prestes a chorar. — Não está tudo acabado.
— Você tem um plano?
Tem que ter. Ele sempre tem.
— Não vai ser tão legal quanto passear lá fora, mas… é o que eu posso fazer.
— E o que é?
— Me dê a sua mão. E use seus poderes.
Eu faço o que ele pede, passando meu dedo indicador embaixo dos olhos, limpando as lágrimas que nem caíram. Cinco vai na frente, fazendo o percurso que costumamos fazer tarde da noite, quando estão todos dormindo.
Nós subimos as escadas. Todas elas. Chegamos no último andar da mansão, e aqui só tem portas que dão para salas vazias e abandonadas. Menos uma delas, que está trancada. Cinco usa seus poderes, e em um piscar de olhos, estamos dentro do sótão. Faz tempo que não entramos aqui.
— Me espera, eu já volto — Cinco dá dois passos em direção a porta, mas volta para perguntar: — Quais os sabores que você quer mesmo?
Um sorriso escapa de mim.
— De morango com confetes.
— Só esse? Vai matar sua fome infinita?
— De chocolate também. E de mirtilo.
— Certo. Me espera aqui — Cinco diz, demorando um pouco para ir embora porque ficou encarando algum lugar da minha bochecha e minha mão, indeciso. No fim das contas, ele só se teletransportou.
Me espera aqui. Como se eu tivesse para onde ir. Esse cômodo é trancado e só consigo entrar com ele, como ele pensa que vou sair?
Eu me sento no chão, de frente para o vitral, onde sempre ficamos, e espero pacientemente pela volta dele. Está demorando mais do que eu imaginei. Quando estou começando a ficar apreensiva de ter sido esquecida no sótão, Cinco aparece, segurando várias caixas. Ele vem até mim, colocando a pilha de caixas no chão e sentando do meu lado.
— Aqui tá o seu — Diz ele, me entregando a primeira caixa com meus donuts dentro. Tem até um donuts extra de marshmellow. Cinco pega a caixa de baixo, onde guarda os seus doces, e assim que ele tira o primeiro, meus olhos cintilam.
— Que sabor é esse? — Eu aponto para o de cobertura marrom brilhante.
— Acho que é de avelã.
Cinco dá uma mordida no seu doce. Eu não sei se estou hipnotizada pelo cheiro de avelã ou se estou hiperfocada no movimento que sua boca faz. Ou os dois. Só sei que meu donuts de morango parece ter graça nenhuma perto do dele. Será que ele divide?
Será que ele sabe que o canto da sua boca tem chocolate e que eu não paro de olhar?
— Me dá um pedaço do seu? — Eu peço.
— Não, Amber! — Cinco exclama, de boca cheia, irritado. — Tem mais aí, não pega o meu.
Essa cena não teria sido tão engraçada se Cinco não estivesse todo sujo de chocolate. Eu simplesmente não consigo olhar para ele sem esboçar um pequeno sorriso.
— Tá olhando o quê? — Ele avança um pouco, mas perdeu toda a sua moral quando acidentalmente ganhou um bigode de chocolate.
— Espera um pouco — eu pego um guardanapo dentro da caixa, levando-o até o queixo de Cinco e a ponta do seu nariz. Limpo toda a bagunça que ele fez com o chocolate. — Tá melhor assim.
Cinco abaixa o olhar e depois pisca para mim, porque ele é orgulhoso demais para agradecer em voz alta. Ele comeu mais uns dois donuts, enquanto eu provei um pedaço de cada sabor que tinha. Tem mais donuts aqui do que o necessário, eu sei que não preciso perguntar para saber que Cinco roubou essas caixas.
Quando já estamos cansados de tanto doce, afastamos as caixas para longe, e ficamos mais perto um do outro. Sem dizer uma palavra, Cinco leva seu corpo para o chão, apoiando sua cabeça em cima das minhas pernas. Eu ajusto o meu vestido nas laterais, porém é tarde demais e Cinco parece não ligar se o tecido só cobre metade da minha coxa.
Na verdade, ele não parece ligar para nada. Está assim desde que voltou. Sei que não estamos mais em um encontro de verdade, mas eu também esperava que algo de especial aconteceria hoje. Cinco está deitado sobre minhas pernas desolado, olhando para o vazio, nada de especial virá dele hoje.
— Que cara é essa? — Eu pergunto, arriscando passar meus dedos sobre a direção que sua franja faz.
Cinco levanta seu olhar para mim, em seguida voltando para o ponto fixo na parede que estava encarando.
— Quando eu estava voltando, ouvi o velho falar com o Pogo.
— E?
— Ele disse que vai colocar sensores de movimento pela casa.
— O quê? — Digo, retoricamente. — Já tem as câmeras, por que ele precisa de sensores?
— Por sua causa, Amber. — Cinco revela, sem ânimo algum na voz. — As câmeras não te flagram, então ele não tem como te monitorar. Ele nos viu hoje, deve imaginar que usamos nossos poderes juntos.
— Ah, não…
— Pode ser nossa última vez aqui.
Essa ideia parece distante demais, quase impossível, mas explica bem a cara dele.
— Mas ele colocaria um sensor bem no sótão? — Digo, desacreditando.
— Quem sabe? Ele é maluco.
Cinco suspira. Poucas vezes vi ele abatido, é mais comum vê-lo furioso e com sangue nos olhos, acho que não sei lidar com essa versão. Eu não sei nem como melhorar essa tarde, e animar Cinco, porque prefiro ele me ofendendo por diversão do que ele deitado sobre mim em silêncio.
— Não vai ter sensores e câmeras nos quartos — Comento. Se ele está assim pela possibilidade de perdemos nosso tempo de qualidade, ele ainda vai poder usar seus poderes para ir até meu quarto.
— Mas eu gosto de vir pra cá. É silencioso — Cinco se levanta do meu colo, me encarando sentado. — E é só nosso.
Os olhos verdes claro dele ficam mais brilhantes. Leves traços de raiva na forma que suas sobrancelhas se movem. Cinco está mesmo muito incomodado e aborrecido com a chance de perdemos nosso lugar. Eu também estou chateada. Gosto daqui. Mas talvez meu apego emocional por este cômodo isolado da casa seja menor que o dele, eu não me importo de onde vou estar, contanto que seja com ele.
A mão de Cinco se apoia sobre a minha, acariciando devagar enquanto mapeia todo o meu rosto. Seu outro polegar é pressionado contra o canto da minha boca, arrastando para fora. Ele faz isso algumas vezes, e quando termina de me limpar, sua expressão muda para algo mais agradável.
Cinco leva sua mão até minha nuca, nos aproximando. Espero um dia me acostumar com os frios na barriga toda vez que seu rosto chega perto do meu. E com as milhares de sensações quando sua boca toca a minha. É quase como uma explosão que me faz perder o ar, e apesar de parecer caótico, é bom.
Pela primeira vez, eu sinto algo a mais nesse beijo. É meio quente. Cinco não se arrisca muito, mas a ponta da sua língua invadindo meus lábios e minha boca me faz sentir um gosto doce. No começo foi estranho, porém me acostumei mais rápido e não virou um problema. Como pode ser ruim se o tempo todo ele faz carinho na minha nuca?
Quando está prestes a se afastar, ele sela nossos lábios algumas vezes. É minha parte favorita porque parece que ele não vai parar de me dar selinhos.
— Amber… — Cinco olha diretamente nos meus olhos, enquanto eu estou dividindo minha atenção entre os seus e sua boca avermelhada. — Não diz para ninguém, mas eu acho que eu gosto de você. — Ele faz uma pequena pausa, apertando os lábios pelo nervosismo de se confessar. — Não como amigo.
Eu sei que não sou tão inteligente quanto ele, mas falando desse jeito parece que sou burra o bastante para não perceber seu interesse. Minha real dúvida é se esse interesse é passageiro.
— Há quanto tempo?
— Muito tempo.
— Você não tá brincando comigo?
— Não. — Diz ele, de imediato. — Tudo bem se não é o mesmo pra você… Pode me contar.
Tá bem, o burro agora está sendo ele. Eu nunca me arrumaria tanto, com um gesso na perna, para sair com alguém que não gosto.
Eu não sei ao certo o que eu sinto. E mesmo se soubesse, não diria para ele tão cedo. Me acho apaixonada, mas nunca estive apaixonada antes para saber se é mesmo paixão. E nunca amei ninguém antes para saber se é amor.
— Não sei. Eu não sei, mas eu gosto do que fazemos.
Ele leva um tempo para entender.
— Então você não odeia mais o meu beijo?
— Que exagero, eu nunca disse isso.
Cinco abre um sorriso de canto, tomando liberdade para chegar mais perto e me dar mais um selinho. Acho que era só isso que ele precisava para ter livre acesso à minha boca.
— Espere aqui, vou levar essas caixas para fora — Cinco se levanta do chão, tirando as migalhas que grudaram em sua roupa. — E abaixe esse vestido. Não chegamos nessa parte ainda.
Eu imediatamente olho para o meu colo, percebendo que o tecido subiu quando Cinco chegou mais perto para me beijar. Arrasto o vestido para cobrir minhas coxas, enquanto ao lado Cinco ri baixinho pegando as caixas vazias, provavelmente achando graça em meu constrangimento.
Quando Cinco se teletransporta, me deixando sozinha, eu penso em marcar alguma coisa, só para dizer que esse lugar era nosso antes. Se é mesmo a última vez que viemos aqui, só tenho essa chance.
Eu me levanto do chão, apoiando nas muletas para desenroscar o parafuso solto do arco do vitral. Começo a arranhar a madeira da parede, com a ponta do parafuso. Duas letras. A primeira de cada nome nosso. É tão cafona, mas me diverti fazendo.
— Voltei. Quer ajuda pra levant…? — Cinco não termina a sua frase, apenas caminha devagar até mim. — O que está fazendo?
Ele sabe o que está vendo.
— Marcando nosso lugar.
— Muito bem, Amber, querida. Agora você criou provas contra a gente.
— Merda.
— Além de tudo é brega — Cinco tira o parafuso da minha mão, segurando meu braço em seguida para me afastar do vitral. Sem avisar, ele nos teletransporta para dentro do meu quarto, sem perceber que eu deixei uma das minhas muletas para trás.
Mas não importa agora, porque mesmo que não tenha sido um encontro de verdade, eu amei o tempo que passamos lá. E quero passar mais. De tudo o que estamos fazendo, eu quero mais.
⦿ 3.308 palavras
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esse quase foi o lanche deles:
bjs meus curupiras alienígenas 💛
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