𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 4: 𝐏𝐮𝐧𝐢çã𝐨
⚠️ Possui gatilhos.
..
— Atrasada. – Mateo me barra no corredor quando entro.
— Eu cheguei na hora.
— São 8h35, garota. Temos hora aqui. Ou ainda não aprendeu?
Olho meu relógio parado em 8h00 e desesperadamente pego meu celular que marca a hora que Mateo disse. Respiro fundo e tenho vontade de correr, sair dali.
— Vamos. – Mateo agarra meu braço me empurrando corredor a fora.
— Eu sei andar.
Ele nem ao menos olha na minha cara, apenas sai me arrastando enquanto tento seguir seus passos. Subimos para o terceiro andar onde fica a sala de reuniões de Leonard e as salas que são meus pesadelos.
— Se perdeu no meio do caminho? – Leonard diz quando entramos. Ele está sentado em sua poltrona lendo alguns papéis.
— Não, Leonard. É essa garota teimosa.
— Dando trabalho de novo, Amelie? – Leonard me olha por cima dos óculos e Mateo me joga em direção à mesa.
— Acabou a pilha do meu relógio. – digo, sem atrever a olhá-lo. Mas ele se levanta e aperta meu queixo, obrigando-me a olhá-lo nos olhos.
— Lhe dei um celular por vários motivos, menina. – Leonard diz, num tom calmo, mas ameaçador. — Por sorte, a sua punição terá haver com o trabalho que vai fazer.
— E qual é?
— Vai descobrir.
Leonard faz sinal para Mateo, que agarra meu braço novamente e me puxa em direção à porta. Assim que saímos da sala, Mateo me solta deixando com que eu ande sozinha.
— O que ele quis dizer com isso? – pergunto.
— Não é da sua conta.
- É muito da minha conta. Por que sou que vou fazer essa merda. – digo, Mateo respira fundo e me olha torto. — Qual o seu problema comigo hein? Eu nunca te tratei mal quando entrei aqui, e você me trata como um lixo.
— Se sua ideia é me fazer ajoelhar na sua frente e pedir perdão, está perdendo seu tempo. – Diz, parando de andar. — Até porque eu gosto de ajoelhar na sua frente, mas isso quando eu estou no meio das suas pernas.
Engulo seco e sem pensar, estalo minha mão no lado direito do rosto de Mateo, descontando toda minha raiva guardada há muito tempo. Arrependo-me na mesma hora que ele me agarra pelo pescoço, me joga dentro de uma sala e já me empurra pra cima de um sofá.
— Para, Mateo. – tento me soltar, mas ele apenas agarra meus pulsos e os prende em cima da cabeça. As lágrimas começam a formar nos meus olhos porque é claro o que ele vai fazer.
Tento dar uma ajoelhada no meio de suas pernas, mas o desgraçado tem bom reflexo e segura meu joelho, deixando minhas pernas presas também.
— Não é tão corajosa agora, né? – Mateo aperta meu rosto e as lágrimas correm como cachoeira no meu rosto.
— Mateo – escuto a voz de Tyler do outro lado da porta. — O chefe está te chamando.
— Já vou. – Mateo diz, colocando a mão dentro da minha calça.
— Agora!
— Ok. Agora olha bem pra mim. – Mateo fala baixo e segura meu rosto. — Espero que seja boazinha daqui pra frente, porque não vai gostar do que eu vou fazer com você da próxima vez que te punir.
Mateo sai bruscamente de cima de mim, passa a mão no cabelo e sai pela porta. Fico sem reação alguma deitada olhando o teto, apenas abrindo e fechando as mãos pra aliviar a dor do aperto.
— Ei, ei – Tyler se ajoelha do meu lado — Calma, Mel. – Desvio meu olhar para Tyler, me sentando e o abraçando. — Tudo bem, tudo bem.
.
Precisei de alguns minutos para me recompor e Tyler ficou comigo. Abraçado em mim até que eu me acalmasse. Ele me convenceu a ir para o trabalho pra que não fosse punida por isso.
— Ok, descobrimos que uma pessoa acabou vendo o rosto de um de nossos homens e acabou indo na polícia abrir uma denúncia – Leonard diz — Pra evitar mais problemas, Mel, ele é todo seu.
Estranho essa ordem de Leonard. Não sou eu quem cuida de pessoas que tentam acabar com os negócios de Leonard. E sim, Mateo.
— E.. O que o senhor disse que seria minha punição também?
— Senta. – ele ordena e obedeço me sentando na cadeira, já esperando o que ele vai fazer. — Vai fazer isso do melhor jeito possível.
Pablo, um dos capangas, enche uma seringa com heroína. Respiro fundo e nem me atrevo a dizer nada.
.
— Ela vai dar conta? – escuto alguém perguntando.
Depois da aplicação, fiquei mais dopada que o costume. Pela movimentação, estou em algum caminhão.
— Claro que vai. – sinto um braço rodear minha cintura e olho para a pessoa. Mesmo com a visão embaçada, o semblante de Mateo é irreconhecível. — Ela costuma ficar uma fera quando está assim. Não é, meu amor? – Mateo segura meu rosto e deixa um selinho nos meus lábios, apenas desvio meu rosto e escuto a risada dos homens.
Minutos depois, o caminhão para e Mateo sussurra algo em meu ouvido que não consigo entender. Pablo dá um leve tapa em meu rosto e sinto a adrenalina começar a subir em minhas veias.
— Se prepara Amelie.
Respiro fundo e recarrego a arma com dificuldade, e a coloco no cinto da minha perna com as mãos tremendo. Desço do caminhão e com a visão meio turva, derrubo a porta da casa com apenas um chute, vendo o vulto de duas pessoas levantarem correndo.
— Amelie?
Escuto a voz de uma mulher me chamando, mas não reconheço. Pra mim, é apenas mais uma voz. Nem sou tempo que ela fale mais e dou dois tiros em seu peito. Minha cabeça lateja constantemente e vou atrás da segunda pessoa que tenta se esconder.
— Amelie, querida.
Novamente, disparo dois tiros e a pessoa cai em minha frente. Sem conseguir ver o rosto, apenas o vulto tentando se esconder, subo em cima da pessoa e começo a distribuir socos em seu rosto sem parar.
— Lincoln!
A voz da mulher ao lado me faz parar com o punho no alto pronta pra socar o rosto novamente. Esse nome me desperta. Depois de esfregar meus olhos por alguns segundos e olhar novamente para o corpo quase morto embaixo de mim..
— Pai!! – seguro seu rosto e já começo a chorar. — Pai, reage.
— Tudo bem, meu amor. – ele diz com a voz fraca.
— Me desculpa. Me desculpa. – choro desesperada — Eu vou.. Vou te levar no hospital.
— Não, não, não. – escuto a voz de Mateo atrás de mim e sinto uma arma encostar em minha cabeça. — Ou você termina e acaba logo com o sofrimento do seu pai, ou o levamos e o torturamos até a morte. Sua mãe já foi levada e vai ser jogada em qualquer canto. Termina Amelie.
— Não. – digo.
— Querida. Olha pra mim. – mesmo com minha visão começando a ficar turva novamente, faço o maior esforço para olhá-lo. — Vai ficar tudo bem, ok? – nego e papai segura minha mão e faz com que eu encoste a arma em sua testa — Puxa o gatilho.
— Eu não posso.
— Pode sim.
— Não.. – choro e Mateo destrava a arma. — Para, para.
— Eu te amo. Ok?
Só escuto o barulho do tiro e o sangue espirrando em meu rosto. Depois, apenas uma pancada na cabeça.
.
N
ão sei quanto tempo fiquei apagada, meu corpo dói. Minha cabeça. Meu estômago mais enjoado que nunca com o balançar do caminhão e não sei nem onde estamos indo.
— Leonard pediu pra jogá-la em qualquer canto. Vai acabar voltando mesmo.
Olho ao redor tentando manter meus olhos abertos e já de início vejo um corpo ao meu lado. Mais alguns segundos o caminhão para, sou puxada pelo pé pra fora e jogada em cima de algo que faz o maior barulho. Os homens entram no caminhão e saem queimando pneus.
Devo ter quebrado alguma costela porque a dor é infernal no lado direito do meu corpo. Levanto com dificuldade e totalmente desorientada começo a bater sem paciência nenhuma numa porta. Sem respostas, desisto e começo a andar devagar pela rua. Não faço ideia de onde esteja.
Vejo uma pessoa vindo em minha direção e tento arriscar.
— Ei. Me ajuda, por favor.
— Não tenho dinheiro. - a garota passa direto.
— Não, eu não quero dinheiro. Por favor. – resmungo de dor e encosto na parede — Eu.. Preciso de um lugar pra me esconder.
— Tá drogada? - a garota me olha de cima a baixo e levanta uma sobrancelha – Quem é você? Por que está toda machucada? O que aconteceu com suas mãos? E por que essa cara de quem matou alguém? É da polícia?
Sinto uma dor de cabeça fora do normal e tombo para o lado, batendo a cabeça no meio fio.
— Ok, fudeu.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top