𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 23: 𝐒𝐞𝐣𝐚 𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳 𝐧𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚

— Mel, está indo para a próxima saída.

É a última coisa que escuto Tyler dizer no comunicador. Acabei roubando um carro que haviam abandonado e agora estou como uma louca dirigindo pela cidade em direção ao lugar que Tyler me disse. Não estou me importando com pedestres, cachorros atravessando a pista, carros, nada. Eu só quero a minha filha de volta.

O pior que a porcaria do carro não é tão rápido, mas foi a melhor coisa que consegui pegar na pressa. Por enquanto, só meto o pé no acelerador o tanto que dá até ver um Audi Preto com a placa de Leonard.

— Vai logo, lata velha.

Sorrio quando o carro chega perto e bato na traseira de Leonard, ele rapidamente olha pra trás e saca uma arma atirando contra mim, me abaixo e bato novamente fazendo ele perder o controle do carro e virar para o lado de novo, mas não consigo a tempo de bater de frente com outro carro fazendo o meu capotar.

Sinto tudo girando e algo perfurando minhas costas. Agora vejo tudo de cabeça pra baixo e aquela movimentação na rodovia. Chuto a porta saindo nem me importando com o sei lá o que cortou minhas costas. Leonard parou o carro ficando de frente pra mim, esperando só a hora de acelerar e cair fora.

— Sua maluca, desgraçada! – a mulher que estava no carro que bateu comigo sai mancando, com a cabeça sangrando e gritando. Mas não dou à mínima. — Você vai pagar, ouviu? Não tá me ouvindo? – ela me empurra e a olho fervendo de raiva.

— Sai da minha frente. – empurro ela para o lado e saco minha arma que assusta a mulher fazendo ela arregalar os olhos — Devolve a minha filha, Leonard! – grito apontando em direção ao carro.

— Por que Amelie? – ele coloca a cabeça pra fora da janela. — Ela é sua filha tão quanto é a minha neta. E ela vai ser muito útil pra mim. Vai ser melhor do que você mesma já foi. – ele diz e atiro no vidro, o fazendo abaixar — Cuidado, filha. Pode acabar matando a sua. – Leonard acelera cantando pneus.

— LEONARD!!!!

Guardo minha arma no coldre correndo em direção ao carro que entra na cidade as pressas. Aproveito para segui-lo entre os prédios e quando alcanço, pulo em cima do teto do carro. Sem tardar, Leonard atira pra cima e desvio socando o teto tão forte que faço um buraco acima do volante. Leonard incansavelmente vira o volante para tentar me derrubar. Olho dentro do carro, mas nada de Daya.

— Cadê a minha filha??

Enfio a mão pelo buraco agarrando o volante girando-o tão forte que o carro sai da rua entrando no Central Park.

— Sai da frente! – grito para as pessoas que estão no caminho — Ai meu Deus. – com a ajuda da minha teia, pego impulso pulando do carro e agarrando uma criança que estava parada com um sorvete na mão sem reação. — Tudo bem, querido.

Empurro o menino levemente pra ele sair, saco minha arma e dou dois tiros nos pneus traseiros de Leonard deixando o carro vulnerável e sem controle até bater na árvore.

Depois de trocar o pente da arma, caminho em passos lentos até o carro, encontrando Leonard com a cabeça sangrando tombada sobre o volante.

— Daya? – a chamo.

— Mãe! – escuto uma batida dentro do porta malas. Deixo minha arma no coldre indo até o porta-malas tentando abrir a tampa. — Mãe, é você?

— Sou eu, meu amor. Calma.

— Me tira daqui! Eu tenho claustrofobia.

Sou totalmente interrompida com dois tiros em minha direção. Me abaixo atrás do carro sacando minha arma e dou a volta vendo Leonard já de pé pelo vidro do carro. Disparo três tiros em sua direção acertando pelo menos um em seu ombro. Aproveito sua distração com a dor pulando o capô do carro dando um chute no rosto e outro na arma que acaba indo para seu lado direito.

Leonard resmunga de dor, observo-o limpando o sangue da boca e quando me olha, dou outro soco em seu rosto fazendo-o desequilibrar. A raiva que estou sentindo duplica de uma maneira que não me controlo, torço seu braço machucado para trás e chuto sua lombar o fazendo gritar. Tenho certeza que escutei um barulho de osso quebrando ou deslocando.

— É você luta bem. – Leonard diz rindo quando cai no chão.

— Foi você que me ensinou. – chuto seu rosto.

— Você era meu orgulho, sabia?

— Eu fui tanto seu orgulho que escondeu a verdade de mim durante oito anos. Oito anos, Leonard!! – limpo meu rosto. — Você me enganou, deixou com que usassem meu corpo, me estuprassem. – grito. Algumas pessoas ficam nos assistindo, algumas gravando, outras ligando pra polícia. — Eu confiei em você! Achei que você pudesse ajudar o meu pai.

— Eu sou seu pai, Amelie!!!!

— VOCÊ NÃO É! – grito puxando-o pela camisa — O meu pai se chama Lincoln Brown – digo entre os dentes. Do nada, uma eletricidade começa a percorrer meus braços. Leonard arregala os olhos e tenta se solta, mas o seguro. — E você.. Não é nem metade do homem que ele era.

— Amelie..

Nem dou tempo dele falar batendo sua cabeça no chão. A nuca abre um corte profundo sangrando mais do que seu ombro e Leonard começa a ficar tonto. Olho meus braços sentindo como se tivesse fogo passando nas minhas veias e meus dedos saindo faísca.

— Deu certo. – Leonard diz fraco e começa a rir.

Fecho meu punho ficando em cima dele e com a outra mão seguro seu pescoço distribuindo socos sem parar na cara de Leonard. Acabo perdendo o controle, saindo de mim mesma. A lembrança de ter feito a mesma coisa com meu pai só me dá mais forças pra me vingar do mesmo jeito, da mesma maneira. Sem me importa com quem está vendo, se estão filmando. Eu só quero acabar logo com isso, o fazer sentir a mesma dor que meu pai sentiu.

— Amelie! – ouço alguém gritar atrás de mim, mas não dou atenção. — Mel, para. – Braços me envolvem prendendo os meus e quando olho pra baixo, vejo o uniforme do Peter. — Acabou, Mel, acabou.

Quando olho para Leonard, seu crânio está amassado, seu rosto completamente deformado e ele respirando lentamente.

— Ainda não acabou. – digo, me soltando e indo pegar minha arma.

— Mel! – Peter levanta indo atrás de mim — Mel, para. – ele se aproxima e abaixa minha mão quando aponto a arma. — Mel, para. Ele não vai viver.

— Sai da minha frente, Peter!! – destravo minha arma apontando-a para o Peter — SAI, PETER!!

Peter levanta as mãos em rendição e se afasta, abaixando o rosto quando passo entre ele indo até Leonard apontando a arma em seu peito. Ele vira o rosto em minha direção e, quase imperceptível, move os lábios tentando dizer algo.

— Seja feliz na vida.

Descarrego as balas que sobraram no pente da arma. Ainda tremendo, continuo apontando em sua direção sem demonstrar reação alguma, apenas rancor, nojo, raiva.

— Mel.. – Peter se aproximando esticando a mão devagar pra pegar a arma da minha mão. Quando entrego, desabo de cansaço e Peter me segura. — Calma, Mel. Ei. — ele passa a mão em meu rosto. - Vai ficar tudo bem. Olha pra mim. – o olho — Consegue levantar?

— Consigo. – digo com minha voz falha.

— Consegue dirigir? – balanço minha cabeça concordando — Então, pega sua filha, sai daqui, encontra os outros.

Coloco-me de pé devagar pra tentar equilibrar. Agora que soltei essa carga de energia, me sinto completamente esgotada. Sinto que vou desmaiar a qualquer momento, mas antes eu preciso tirar minha filha daqui.

Pego a chave na direção do carro e abro o porta malas, vendo o corpo minúsculo de Daya encolhido, seu rosto aflito enquanto está desmaiada.

— Dada.. – a pego devagar, a olhando e aninhando-a a meu peito. — Dada.. acorda, por favor.

O flash da câmera de um repórter chama minha atenção, até que eu olhe a maioria das pessoas nos filmando, jornalista já no local, todos abismados com a cena. Respiro fundo e ando devagar pra fora do parque.

— E-eu preciso do seu carro. – digo pra uma senhora que nem hesita em me entregar a chave.

Depois de achar o carro, dirijo direto para o local que estava mais cedo com o pessoal. Com a visão embaçada, estaciono uns metros à frente tombando a cabeça no volante e Daya desmaiada no banco de trás.

Amberly me tira do transe batendo no vidro. Respirando fundo, saio de dentro do carro com mais dor que o de costume.

— Ei, ei. – Amberly me segura. — Vai com calma.

—O que aconteceu? – Tyler vê Daya desmaiada e a pega no colo. — Cadê o Peter?

— Aqui. – Peter pousa do lado.

— Vamos levar vocês pra um lugar seguro. – Amberly diz.

— Ela.. Ela precisa descansar. – digo baixo.

— E Mateo?

— Prenda as mãos, vamos levá-lo. – Amberly diz. — Temos que ir pra algum lugar.

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