𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 22: 𝐀 𝐦𝐢𝐬𝐬ã𝐨

Uns dez minutos depois, Tobias entrou no quarto nos levando pra fora. Em nenhum momento tocou no assunto sobre o ocorrido mais cedo, e nós também não quisemos perguntar. Não sabemos nem se ele acabou dedurando para Leonard.

— Vai ter suas armas. – Mateo diz quando entramos numa sala. — E o engenheiro fez um lançador pra você. Ele ajuda a canalizar a energia das suas teias. – balanço a cabeça concordando — Já você.. Vai poder tirar isso lá na hora. – Mateo diz pra Amberly que questiona sobre saber usar armas — Leonard quer ver se é de confiança primeiro. Vai receber no local.

Coloco o lançador e um cinto coldre pra colocar um dos revolveres. Deixo minha máscara já colocada e seguimos para a garagem.

— Já sabem o que fazer. – Leonard entra — Tomem o comboio, matem os homens do Fisk, afastem curiosos e podem matar quem se intrometer. Quero minha mercadoria de volta ainda hoje.

— Cadê a minha filha?

— Segura, agora faz seu trabalho.

Mateo nos empurra pra dentro da van onde mais três homens estão, além de Mateo e Paolo. Mais quatro carros e duas vans vão nos seguir pra fazer a operação.

— Estou amando esse lugar, hein – Amberly fala baixo pra mim.

— Ele não foi feito pra gostar. – recarrego minha arma e a coloco no coldre.

Podia ter aproveitado a oportunidade pra dar um tiro na testa de cada um aqui, mas tenho a boa sensação que Tyler está por trás disso. A van segue seu caminho pela cidade, passamos perto de carros de policia que nem sequer ligam para nós porque já conhecem. O clima é tenso, permaneço meus olhos no chão sentindo os de Paolo em cima de mim. Estamos sentados de frente para o outro e isso incomoda.

— Onde vai ser? – pergunto, Mateo olha para o rastreador e me mostra.

— Na rodovia principal.

— Mas são 18h35, a rodovia é lotada há essa hora.

— Problema de quem está lá, ué. – Paolo diz e Amberly ri. A olho inconformada tentando entender onde está à graça nisso. A rodovia principal liga um bairro ao centro da cidade. Nessa hora, muitos carros com pais que acabaram de buscar seus filhos na escola estão passando por ali. — Gostei dessa ai.

— Parece que já estamos virando amigos. - Amberly diz.

— Aqui não tem amigos. – digo perdendo minha paciência.

— Você que decide o jeito que trata alguém. Se continuar assim vão acabar se aproveitando de você. – a olho.

— É ela não aprendeu ainda. – Paolo diz olhando pra Amberly agora — Depois de todos esses anos.

— Cala a boca, Paolo. – Mateo diz alto — Alias os três. – Amberly resmunga baixo a ordem de Mateo e o rastreador apita. — Estranho.

— O que? – pergunto.

— O caminhão do Fisk mudou o trajeto de novo. – Mateo se levanta e vai falar com o motorista. Amberly me olha e pra não tentar levantar nenhum tipo de suspeita, direciono meu olhar para o chão. — Fiquem espertos, pode ser emboscada.

A van anda mais alguns metros mudando de rota seguindo o rastreador. Meu sentido começa me alertar, alguma coisa vai acontecer. Já me preparando, passo o braço envolta de Amberly e não demora pra que algo bata na traseira da van.

— Merda.

Mateo se segura e logo outro impacto dessa vez fazendo quase todos tombarem pra frente. O motorista da van tenta a todo custo segurar o volante, mas não consegue. Agarro Amberly e prendo nós duas ao teto antes da van tombar para o lado. Mesmo assim, com o impacto bato meu ouvido no banco e ele começa a zunir.

Os outros estão caídos e o motorista desmaiado. Solto Amberly devagar e caio no chão batendo minha costela.

— Precisamos sair daqui. – digo me levantando e gemendo de dor.

Porém, Paolo segura meu pé pra impedir que eu ande Amberly o chuta, mas mesmo assim ele não desiste. Antes que se levante, saco minha arma e atiro três vezes em sua cabeça. Já despejando toda a minha raiva em cima dele. Amberly tira a coleira e aponto a arma para a porta da van que começa a ser aberta, mas revelando Tyler e Peter.

— Sentiram saudade? – Tyler pergunta e sorrio — Saiam dai, pelo amor de Deus.

Amberly e eu pulamos van a fora. Pulo direto aos braços de Tyler o apertando e puxando Peter junto.

— Meu Deus, Mel. – Peter diz respirando aliviado.

— Eu odiaria acabar com o carinho aí, mas ainda não acabou. – Amberly diz e nos separamos.

— O que vocês estão fazendo aqui? – pergunto.

— Que acha? Salvando vocês. – Tyler vira e dispara um tiro.

A rua está uma completa bagunça. Carros batidos, pessoas machucadas, pessoas correndo tentando se esconderem e aquelas assustadas o suficiente pra ficarem paralisadas no lugar.

— Eu invadi o sistema do Leonard. Avisei os homens do Fisk sobre o plano. – Tyler aponta pra uns carros chegando e vários homens saindo já com suas armas atirando. — O inimigo do meu inimigo é meu amigo.

Tyler pisca e afasta atirando nos outros capangas. A rua virá uma verdadeira zona de guerra, as duas maiores organizações brigando entre si e nós ajudando-os para ganhar liberdade. Ou melhor, meus amigos me ajudando a ganhar liberdade.

Peter lutando de um lado, Amberly e Tyler de outro. E eu vingando a mim mesma com os caras que estão aqui que se aproveitaram de mim todos esses anos.

— Amelie Parker. – assusto com a voz atrás de mim: Wilson Fisk.

— Fisk – aponto a arma.

— Acho que não é pra mim que você quer apontar isso. – ele diz observando envolta — Sabe, nunca imaginei que uma garota como você trairia seu próprio chefe. Mas olha só você.. Sangue jorrando dessa rua, cabeças rolando, sangue manchando suas mãos.

— Eu não tenho arrependimentos, Fisk. Eu tive meus motivos.

— Claro que teve – ele ri — Admiro sua coragem menina. Você armou uma batalha junto com seus amigos. Seria uma peça importante da minha equipe, deveria pensar nisso.

— As armas. Onde estão?

— Ah eu sabia que você ia chegar nesse ponto – Fisk diz com seu jeito debochado — Estão seguras. Não seria idiota de trazê-las. – ele diz e destravo a arma — Acha mesmo que eu as entregaria pra você?

— Eu te dou qualquer coisa, Fisk. Dinheiro. Os bens do Leonard. – digo e Fisk debocha — Leonard não vai estar vivo pra contar a história até o fim da noite. As armas não estão prontas, quero que entregue pra serem desativadas e em troca, todo o dinheiro dos investimentos de Leonard. Você seria um dos homens mais ricos dessa cidade e sabe disso.

— Ainda vamos ser grandes aliados, Amelie.

— Só o que me interessa é que me devolva às armas, Fisk. – abaixo a arma — Eu parei.

— Se você entra nesse trabalho, nunca vai conseguir sair totalmente. – ele diz. — Eu vejo o medo em seus olhos. Você tenta se manter firme, mas são eles – Fisk aponta para os próprios olhos — São eles que vacilam. Você tem medo e isso é completamente normal, menina. Mas sair.. – ele faz uma breve pausa coçando o queixo — Nossos únicos destinos são a cadeia ou embaixo da terra. Nunca vai ter paz de verdade, olha em sua volta. – respiro fundo — Nasceu pra isso. Foi treinada pra isso, e por mais que eu nunca concordei com os métodos do seu chefe, você é uma excelente guerreira. Leonard a usou pra algum propósito e creio que você ainda vai descobrir qual seja. Por isso.. – ele coloca a mão no bolso e já aponto minha arma de prontidão — Se estiver interessada em continuar fazendo o que você faz de melhor, sabe onde me encontrar – Fisk entrega um cartão com seu telefone.

— As armas, Fisk. – destravo a arma em seu rosto - Eu não vou pedir de novo.

Fisk resisti, mas no fim aceita devolver as armas para serem desativadas. Tyler irá buscar no fim de semana logo depois que eu conseguir o dinheiro.

— Melhor irmos. Antes que nos acertem. – Amberly diz quando chego perto.

— Preciso ir atrás do Leonard. – digo.

— Pegou a Daya. – Tyler diz e arregalo os olhos. — Está saindo da cidade.

— Terminem aqui e vão embora. – digo. — Eu vou atrás da minha filha. – saio andando — Eu quero Mateo vivo.

— Pode deixar. – Peter diz.

Saio a todo vapor com meu sangue fervendo, pronta pra quebrar a cara daquele desgraçado.


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