𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 20: 𝐒𝐞𝐦 𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚𝐬
POV Narrador
Leonard ordenou que Amberly fosse levada para ficar com Daya até que os procedimentos com Amelie tivessem sido concluídos. Ann conseguiu passar discretamente um bisturi a Amberly que a ajudaria a se livrar do colar em seu pescoço. Ela se sentou no chão ao lado de Daya segurando sua mão, esperando alguma notícia ou algum pedido de Leonard, mas isso só veio no dia seguinte.
— Não queria trabalhar? Então vamos. – Leonard diz para Amberly.
— Vai trabalhar pra esse monstro? – Daya pergunta de olhos arregalados e Amberly apenas assente levemente com a cabeça. Decepcionada e começando a chorar, a menina vira de costas para os dois.
Leonard arrasta Amberly pelos corredores para levá-la até sua sala. Ele tinha coisas importantes para tratar com ela. Já que se mostrou relutante arriscando a própria vida pra trabalhar com ele, Leonard queria ver realmente até onde essa coragem iria.
— A garota está com falhas. – Serguei barra os dois no corredor. — Não vou comprar se continuar assim.
— As coisas vão se resolver, Serguei. Eu prometo. Mais três testes e tudo ficará bem, e vai poder levar a Amelie. – Leonard tenta garantir ao homem impaciente.
Serguei acompanhou os outros testes feitos com Amelie, no qual não mostraram resultados positivos, sendo preciso ressuscitar a garota duas vezes.
— Ela não aguenta mais três, Leonard. Não vou levar um cadáver. Para o seu bem.. – Serguei aponta o dedo — Espero que no primeiro ela já fique boa. Senão nosso trato está desfeito.
Serguei da às costas indo para o elevador. O sangue de Leonard ferve ao ponto de fazê-lo apertar o próprio punho numa intensidade tão grande que faz suas unhas machucarem a mão. Quando se recompõe, leva Amberly para sua sala.
— Fale sobre suas habilidades. Quero saber se é de confiança. – Leonard diz, ficando do outro lado de sua mesa.
— Posso teleportar e criar coisas pontiagudas – Amberly respira fundo — Facas, espadas, adagas. Os que mais uso.
— Já fez algum trabalho antes? – Amberly concorda com a cabeça — Tragam a Amelie, mesmo se estiver morta.
— Sabe.. – Amberly diz se aproximando de Leonard — Fica difícil falar com isso apertando meu pescoço constantemente.
— Que pena, mas só vai tirar quando eu achar que deve. – Leonard já estava sacando os jogos de sedução de Amberly e queria garantir que isso não funcionaria com ele. Assim como não funcionou das outras vezes com outras mulheres.
— Eu já disse que quero trabalhar pra você. Então por que continuo presa?
— Pergunta pra Amelie. Trabalham melhor acorrentadas.
— Você nunca me viu trabalhando. – Amberly reclama.
— Pretendo ver, mas por enquanto você fica com ela. Até que eu tenha certeza.
.
Amelie
Um dos homens me arrasta pelo corredor como se eu fosse um saco de batatas. Tiveram que me ressuscitar duas vezes depois desses últimos testes. Na terceira vez que eu.. Morri, consegui voltar sozinha, sem precisar de um desfibrilador. Eu já estou me sentindo mais fraca do que o normal, mas a mesma sensação de eletricidade continua. Só recobro um pouco a consciência quando entro na sala de Leonard.
— O que aconteceu?
— Várias paradas. Voltou sozinha na ultima.
Levanto minha cabeça para olhar Leonard e o vulto de Amberly surge no meu campo de visão. Fico me perguntando do porque ela está aqui, mas me recordo quando ela disse que queria se infiltrar. Parece que levo outro impacto quando os olhos de Amberly me encaram como se estivesse preocupada, mas ao mesmo tempo tentando esconder isso.
Sou colocada na cadeira antes do homem sair e o desconforto me faz abraçar meu próprio corpo.
— Tudo bem, querida?
— Não me chama assim, me poupe. – digo fraca.
— Está ferida? – Leonard pergunta num tom preocupado e debochado ao mesmo tempo, e apenas consigo dar uma risada fraca sentindo seus olhos descerem pras minhas pernas. — Vou pedir para o ginecologista te examinar depois. Bom... – Leonard cruza os braços na mesa — Já que Amberly aceitou trabalhar com a gente, preciso que façam um trabalho.
— Ela não conta nem como metade. – Amberly diz. — Não deveria enviar ela.
— Mas ela vai. – Leonard retruca. Preciso mostrar para Serguei que ela está em plenas condições. Se falhar durante a missão, vai ter um atirador pronto pra dar um tiro na sua cabeça. – Leonard diz me olhando e Amberly olha pra baixo. — Lembra-se de Wilson Fisk? – balanço a cabeça concordando. Como não lembrar aquele guarda roupa ambulante? — Enquanto a boneca estava brincando de casinha com a bonitinha ai do lado, Fisk roubou o nosso carregamento de armas que estávamos levando para o Texas. Vocês duas.. — Leonard aponta – Vão pegar de volta. Aquela carga vale muito mais do que todo esse prédio.
— Armas nucleares. – digo.
Leonard tinha feito uma parceria com um laboratório Alemão para começar a fabricar armas nucleares capaz de fazer um limpa em Nova York e em mais três cidades próximas. Eu me lembro de que tínhamos feito um bom negócio vendendo para um traficante do Texas e iríamos levar a carga esse mês.
— Vai ter permissão pra tirar a coleira quando chegarem. Alguns homens vão com vocês. – Leonard encosta na poltrona — Fisk tem um exercito e seria um desperdício levar só duas. Vão daqui 3 horas. Enquanto isso, se preparem. Estão horríveis.
— Vem Amelie.
Amberly e eu somos levadas para os andares de cima do prédio, onde ficam os quartos mais.. Luxuosos por assim dizer. Leonard deu ordem para que tomássemos um banho. Eu receberia meu uniforme e minhas armas e Amberly receberia roupas. Além de água e comida.
Quando chegamos no quarto, me solto dos braços de Amberly correndo para o banheiro para vomitar. Aquele nojo de mim mesma, aquela repulsa do meu corpo começou novamente. Eu nem sei como tinha algo no meu estômago pra colocar pra fora. Mas alguma coisa eu precisava pra ver se isso aliviava. Tomei um banho e sai enrolada na toalha. Com muita vergonha ainda deixei com que Amberly me ajudasse a colocar a roupa.
Sento-me na cama observando Amberly olhar cada canto do quarto. Mesmo eu dizendo a ela que não há câmeras no quarto, ela continua impaciente e a todo momento passando a mão na coleira.
— Senta aqui na frente e me dá o bisturi. – digo e ela me olha. — Eu sei que Ann deixou com você.
Amberly se senta na minha frente me entregando o bisturi e colocando o cabelo de lado. A coleira tem um chip que conecta diretamente ao computador de Leonard, assim ele saberia quando foi tirada sem sua permissão, mas graças a Tyler que me ensinou uns macetes, consigo fazer isso sem mexer no sensor da coleira.
— Quando trouxerem a comida, vamos matá-los. Roubamos as vestimentas e fingimos ser um deles. – Amberly diz, tirando a coleira e passando a mão no pescoço.
O plano dela seria perfeito, senão tivessem a chance de verem pelas câmeras e nos matarem na mesma hora. Deixo o bisturi embaixo do colchão e convenço Amberly a também tomar um banho. Enquanto ela fica no chuveiro, fico deitada abraçada ao travesseiro deixando meus pensamentos flutuarem.
Flashback
— Mel. - ouço mamãe me chamar e vou até ela – Pode me ajudar aqui?
— Claro – sorrio e vou até ela. Tinha pedido a ela para fazer uma torta de morango, é a minha preferida e achei que seria um bom aperitivo pra comemorar meu aniversário de 11 anos. — O que eu faço?
— Me ajuda a decorar. – ela me entrega um bote com morangos enormes e passo a língua nos lábios a fazendo rir. — Um só, senão não sobra pra torta, formiga. – dou risada e pego um morango mordendo-o e apreciando o sabor — Como está?
— Experimenta. – estendo o morango e ela morde um pedaço.
— Hum... Tá bom hein. – mamãe diz de boca cheia rimos.
Acabou que não sobraram muitos morangos pra decorar porque estava tão docinhos que fomos decorando com um e dividindo outro. Mas até que não ficou de todo ruim.
.
— Hora do seu presente princesa. – papai diz depois de comermos a torta.
— Vocês sabem que eu não ligo pra isso. Nem mereço. E não temos condição.
— Amelie, meu bem, você é nossa filha. Tá fazendo mais um ano de vida e você se comportou muito bem esse ano. É lógico que merece. – mamãe enche minha bochecha de beijos e dou risada.
— Não é grande coisa, princesa. Mas é de coração. – papai pega uma caixinha com um laço vermelho e me entrega — Feliz aniversário, princesa.
Sorrio para os dois e abro a tampa da caixinha. É uma pulseira de couro com uma âncora. É a pulseira que papai. Olho para ele vendo seu pulso vazio e ele sorri.
— O que significa?
— Não tem bem um significado, mas eu quero que me prometa que nunca vai tirá-la. – ele diz e balanço a cabeça — É pra você se lembrar de que nunca vai estar sozinha, meu bem. Eu, sua mãe, vamos estar sempre do seu lado. Se você se sentir pra baixo ou achar que o mundo está desmoronando, ela é pra você lembrar de nunca desistir. De sempre procurar uma solução. E quando perceber que ela já fez o papel de te proteger e te ajudar pode passar pra outra pessoa que irá precisar também, mas agora, ela é sua.
— Te amamos tanto, meu amor. – mamãe me abraça por trás e papai ajusta a pulseira em meu pulso.
— Amo vocês também.
Flashback
Seria pedir demais que o 'eu te amo' da minha mãe fosse verdadeiro? Fico passando o dedo na âncora sentindo meu coração apertar mais. Amberly demorou uns minutos até voltar e se trocar. O que foi bom, porque não queria que ela me visse assim.
— Você tem sonhos? – pergunto pegando-a de surpresa. — Que queria que se cumprisse?
— Eu tinha alguns sonhos pessoais. Agora não. – ela responde sentando na outra cama. — Você? Tem? – nego com a cabeça — Nada que queira?
Acho que paz seria a única coisa que eu realmente quero que se cumpra. Isso a mais de oito anos. Se eu conseguir, depois disso, eu não faço ideia.
— Uma casa bem longe. – digo, Amberly sorri fraco.
— Na beira de um lago.
— Sim, no lago. Com Daya, tendo uma vida normal. – respira fundo – Seria bom. Eu me afastaria de tudo e de todos por um tempo.
— Depois de tanta desgraça, você merece a paz.
— É – viro e fica olhando o teto — Quem sabe teria uma família de verdade depois.
— Com alguém que você ame.
Engulo seco com essa frase. Amberly está apaixonada por mim, por ser insegura, já estou imaginando que essa frase não a inclui. Então de novo começa aquele medo de ser enganada, o medo das palavras de Leonard serem verdade sim.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Claro.
— Você.. Disse que estava apaixonada – sento olhando as mãos — Falou sério ou foi o momento?
— Eu não brinco com coisas assim.
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