𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 17: 𝐑𝐞𝐯𝐞𝐥𝐚çõ𝐞𝐬

⚠️ Possui gatilhos

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Antes, minha cabeça estava sim curiosa, e agora Leonard só piorou tudo.

Logo após Leonard sair da sala fui levada para uma maior. Nela, há uma cadeira enorme de ferro, correntes penduradas na parede, marcas de sangue por todo lugar que parecem estar ali há anos. Ao lado da cadeira, um monitor de computador e vários aparelhos de medicina numa mesa auxiliar: bisturis, pinças, eletrocardiógrafo, cardioversor, seringas e outras coisas que não consegui discernir. Além de uma máquina de choque como na outra sala. Sou deixada de pé e Mateo entra na sala acompanhado de um homem com jaleco branco. Minha boca fica seca na hora pensando no que ele poderia estar fazendo ali, mas a pergunta é respondida na hora quando Mateo pega uma tesoura e corta minha roupa retirando-a do meu corpo me deixando apenas com as peças intimas, saindo da sala em seguida. Apenas o homem de jaleco fica.

Abraço meu copo e quando olho para frente vejo um vidro de uma sala de observação. Ao contrário de uma de delegacia, consigo ver totalmente as cadeiras do outro lado e o momento exato que Leonard entra com Mateo, alguns homens e Serguei Gusev, o maior cafetão da capital Russa, junto com seus homens.

Flashback

— Senhor Gusev, a nossa oferta é pegar ou largar. – digo, entrelaçando minhas mãos em cima do colo — Trazer essas crianças aqui é mais complicado do que imagina. Por isso, o senhor Benson oferece 40% dos lucros para o senhor. Além de boas vindas e seus mais sinceros agradecimentos.

O homem de cabelos grisalhos na minha frente me observa com um charuto na boca enquanto tento negociar a leva de crianças que Mateo e eu trouxemos. Pobres crianças. Estão assustadas e eu simplesmente não consigo fazer nada.

— Senhorita Parker, se Mateo não se importar gostaria de tratar desses assuntos em particular com você. – Serguei diz, depois de tirar o charuto da boca.

Olho para Mateo implorando mentalmente pra ele não me deixar sozinha aqui. A sala de Serguei fica no subsolo, perfeito para se esconder, e nossas armas tiveram que ficar com seus guardas. Mateo me olha, dá um sorrisinho para mim e se levanta, pedindo licença e saindo. Se eu tivesse a mesma autoridade que Tyler, sem me preocupar em ser espancada depois, eu o espancaria agora mesmo.

Serguei deixa o charuto na mesa, se levanta e anda pra trás de mim. Fecho meus olhos e respiro fundo tentando controlar meu nervosismo até sentir as mãos dele apertando meus ombros.

— Quantos anos você tem, Amelie?

— 19, senhor.

— O que uma moça tão jovem está fazendo num negócio sujo desses? – as mãos de Serguei descem meus braços.

— Às vezes.. Precisamos fazer o que for preciso pra conseguir algo. E aqui estou eu.

— Pode ficar de pé, por favor?

Travo meu maxilar e fico uns segundos pensando se devo ou não, até que me levanto virando de frente pra ele. Serguei é um homem gordo, pançudo e quase careca. Lembra muito Wilson Fisk, o Rei do Crime de Nova York, na versão russa. O gorducho segura minha mão me levando para o centro de sua sala, me rodeando como um predador olhando cada centímetro do meu corpo e aquela sensação, a mesma sensação de nojo me percorre.

— Você é muito bonita, Amelie. Leonard tem sorte de tê-la. – ouço a voz de Serguei atrás de mim — Diga-me, não gostaria de ser mais do que uma simples negociante? – sinto sua mão segurando minha cintura e um puxão me fazendo encostar meu corpo ao dele. — Posso te transformar numa mulher importante, senhorita Parker. -3 Serguei deposita um beijo em meu pescoço e a vontade de vomitar predomina quando ele abre o zíper da minha saia.

— Não estou interessada, Gusev. – me afasto fechando — Estou bem no meu cargo. E com todo respeito, Leonard é meu chefe, mas não sai me beijando. – digo e Serguei aperta o punho — Se o senhor não se importa, gostaria de fechar o acordo. Tenho coisas importantes pra fazer.

Flashback

Serguei e Leonard ficam a frente do vidro. Os olhos de Serguei correm meu corpo. Leonard me vendeu? É isso mesmo?

— Como vai, senhorita Parker? – Serguei diz.

— Lembra-se de Gusev, Amelie? – Leonard pergunta, colocando a mão no ombro de Serguei. — O laboratório dele desenvolveu um novo soro, que dado na dose certa, é capaz de fazer a pessoa canalizar energia do próprio corpo.

— E o que isso tem haver comigo? – pergunto. O homem de jaleco segura meu braço me jogando na cadeira e prendendo meus pulsos.

— Simples querida. Você é a cobaia perfeita. Se der certo, graças a você, ganharemos muito dinheiro. — Leonard diz e respira fundo.

O homem prende minhas pernas, passa uma cinta na minha barriga e uma no meu pescoço para que eu fique reta.

— Ei! Leonard, por favor, não pode fazer isso..

— Eu já fiz querida. Se você sobreviver, o preço é de 50 milhões de dólares. – Leonard sorri — Sente, Serguei, por favor.

Os homens se sentam, menos Mateo que fica no fundo da sala me encarando. Penso seriamente em gritá-lo, pedir pelo amor de Deus. Mas não vai adiantar merda nenhuma.

— Eu te disse Amelie, que contaria coisas que você nem imagina. – Leonard diz, em na mesma hora, Mateo engole seco. — Então, eu vou contar. O bom é que você vai sentir dor. Então o efeito não vai ser ruim. — de canto de olho, vejo o homem de jaleco pegar uma seringa com uma agulha grossa e comprida. — Creio que Tyler já te contou o motivo de Mateo doar sangue pra você.

— Isso pouco me importa. Não muda o que ele fez. – digo. O homem coloca um líquido vermelho dentro da seringa e depois fios conectados no meu corpo.

— Verdade, não muda o fato que você gerou uma filha do seu próprio irmão. – meu corpo estremece e Mateo olha para Leonard surpreso.

— O que? Não percebeu nem vendo a menina? – Mateo permanece em silêncio voltando para sua pose autoritária. — Você acha mesmo que ia conseguir esconder isso de mim por mais tempo?

— Se você a machucar...

— Não vem com ameaças, Amelie. Não está em condições pra isso. – Leonard ri, meus olhos lacrimejam e permanecem fixos neles — Eu sei tudo sobre a sua vida. Cada passo que você dá, cada lágrima que derrama cada pessoa que coloca a vida em risco toda vez que pede ajuda. – Leonard estica a mão e Mateo entrega uma folha — Amberly VanCite, mutante e provavelmente uma futura namorada. Não julgo você odeia homens. Peter Parker, o filho da minha ex-cunhada e o homem aranha. Evolução a dele, não é? De um menino marrento pra um dos Vingadores mais queridos - minha mente buga quando ele diz cunhada.

— Espera, você disse cunhada? – pergunto e ele me encara.

— Disse, Amelie. Eu disse. – Leonard devolve a folha para Mateo e volta os olhos pra mim. — Acho que sua mãe.. -– ele faz uma pausa, levanta e coloca as mãos nos bolsos — Esqueceu-se de contar um pequeno detalhe da sua vida. E agora que ela morreu, eu vou ter que fazer esse trabalho.

Olho para Mateo que abaixa sua cabeça e tensamente passa seus dedos na testa. O homem de jaleco apenas fica ao meu lado esperando a ordem de começar o procedimento.

— Assim como você, Mateo também ficou surpreso com a descoberta. – Leonard o olha — Mas, ele ficou mais surpreso com a outra.

— Que outra?

- Você considera sua mãe uma santa, Amelie? – desvio o olhar para o lado — Eu acho que você não deveria. Ela escondeu uma das coisas mais importante pra você. Seu desejo de ter um irmão, alguém que pudesse te proteger de todas as suas idiotices, de todas as pessoas que te machucaram. – Leonard aproxima do vidro — Está decepcionada, não é? – não consigo achar as palavras pra responder, só o silêncio predomina e isso diverte Leonard — Ficaria mais decepcionada se eu dissesse que Lincoln não é seu pai? – o olho.

— É mentira!

— É? Como tem certeza? Megan mentiu sobre Mateo, por que acha que ela não mentiu novamente? – Leonard pergunta e minha garganta seca. — Lincoln não é seu pai, Amelie.

— Cala a boca.

— Ele nunca foi.

— Cala a boca! – aumento meu tom de voz.

— Não foi ele que engravidou a vadia da sua mãe duas vezes. Porque ele não podia, nunca pôde ter filhos.

— Ele me diria. Me diria.

— Sabe por que não disse? Porque ele também foi enganado. Aplique uma dose. – Leonard pede e o homem injeta o líquido vermelha em minha veia. Na mesma hora, sinto meu corpo queimar, como se tivesse fogo correndo em minhas veias. O suor insuportável se junta à dor e meu corpo começa a tremer violentamente contra minha vontade. — Seu pai, Amelie, é o homem que te deu um emprego, te ensinou a ser uma das melhores ladras que essa cidade já teve. – meus olhos se arregalam e não só os meus, mas os de Mateo também.

— É mentira!

— Não, Amelie. Não é. Seu pobre papai foi enganado pela Megan no primeiro mês de namoro. Você não nasceu prematura, ela já estava grávida quando dormiu a primeira vez com o imprestável do Lincoln. E sua mãe, Amelie, sempre te odiou nunca te amou de verdade. Nunca sentiu desejo em protegê-la, porque ela nunca quis você. Tirando aquele desgraçado, ninguém nunca te amou e nunca vai te amar e sabe por quê? Porque você é insignificante, um erro.

— Cala a boca – começo a chorar descontroladamente.

— Termina isso logo. Serguei tem outros compromissos.

Leonard dá as costas para o vidro e o homem liga a máquina. Dessa vez, a onda de choque é maior, fazendo meus olhos revirar e meu corpo se debater violentamente contra a cadeira.

.

— Deixem-na na cela. Ela precisa se recuperar para a próxima etapa. Se preparem pra fazer uma visitinha a minha neta.

Escuto ao longe a voz de Leonard e a porta sendo trancada. Estou sozinha novamente. Jogada no chão com o corpo se debatendo calmamente agora junto com aquela dor.

As palavras dele não param de martelar minha cabeça. Minha vida toda foi uma mentira. Uma grande mentira.

Minha mãe sabia pra quem eu estava trabalhando e mesmo assim mentiu. Preferiu me ver chegando em casa quase morta todo santo dia. Agora vejo que todo seu "esforço" foi a mais pura mentira.

Lincoln, meu pai. Morreu sem saber a verdade. Foi tudo planejado e ele pagou o preço por isso. Mas nunca vai deixar de ser meu pai não importa o que outros digam.

Sinto meu pescoço ficar vermelho e um soluço invade minha garganta. Minha respiração voltou mais acelerada do que nunca e quando não aguento mais grito tão alto ao ponto de fazer a luz piscar.

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