|Capítulo 30|

P.O.V Narradora

Era por volta das três da manhã, Caroline abriu os olhos, o sono completamente ausente. Seu coração estava inquieto, como se uma presença invisível a tivesse despertado. Sentou-se na cama lentamente, lançando um olhar para sua irmã, que dormia tranquilamente. Sem fazer barulho, levantou-se com cuidado e caminhou até a porta do quarto, que abriu com um pequeno rangido.

Desceu as escadas com passos lentos, sentindo o frio da madrugada envolver seus pés. Na cozinha, foi direto até a geladeira, abriu a porta e pegou a caixa de leite. Depois, colocou-a no balcão e foi até o armário buscar uma xícara e o achocolatado. Sem pressa, abriu o leite, despejou na xícara e colocou cinco generosas colheres do pó doce.

— Isso é bastante achocolatado. — disse uma voz masculina atrás dela,Caroline revirou os olhos sem nem precisar olhar.

— Preciso de algo bem doce agora. — ela respondeu, levando a xícara à boca.
Stefan entrou e se sentou do outro lado do balcão, observando-a com os olhos cansados.— Por que não me disse sobre a vovó? — ela perguntou, sem rodeios, o olhar firme sobre ele, o mesmo respirou fundo antes de responder.

— Ela pediu pra não contar. Queria passar o tempo com vocês... sem peso, sem despedidas antecipadas. Queria ver você, Bonnie... e a Tessa também.

Caroline abaixou o olhar. Aquilo doía mais do que esperava.

— Depois que... depois que a vovó for, eu vou organizar algumas coisas e me mudar pra Forks. — Stefan falou baixo, com um leve pesar na voz. — Essa cidade sem ela... não vai ser a mesma.

Caroline mordeu o lábio, sem saber como responder. O silêncio pairou por um momento, quebrado apenas pelo som da colher batendo levemente na xícara.

— Vai dormir, prima. — Stefan levantou-se, oferecendo um sorriso triste antes de sair da cozinha.

Caroline ficou ali, olhando para o nada por um momento, antes de soltar um longo suspiro e levar a bebida até os lábios de novo.

(...)

Na manhã seguinte, osol da manhã invadia as janelas com suavidade. Na mesa do café, todos estavam reunidos  menos Elizabeth. Tessa tomou um gole do café e olhou para a filha.

— Caroline, pode ir ver se sua avó está na biblioteca? Ela ainda não apareceu.

Caroline terminou de mastigar a torrada e assentiu, limpando as mãos na calça antes de se levantar.

Caminhou pelo corredor até a porta da biblioteca, onde bateu levemente.

— Vó? Posso entrar?

Ao não ouvir resposta, entrou. A biblioteca estava silenciosa, como sempre. Os livros repousavam pacificamente nas estantes, e a luz do sol desenhava formas nos tapetes. Elizabeth estava sentada em sua poltrona favorita, de olhos fechados, como se estivesse apenas cochilando.

— Vó...? — Caroline chamou, se aproximando.

Nada.

Ela franziu o cenho, deu mais alguns passos e parou ao lado da cadeira. Colocou a mão no ombro da avó, com delicadeza.

— Vó, acorda...

O toque não gerou reação. O corpo da senhora estava frio, o rosto sereno. Foi ali que o desespero invadiu Caroline como uma avalanche.

— Vó? Vó, por favor! — a voz dela falhou, as lágrimas começaram a escorrer em seu rosto.

Levantou-se num salto, cambaleando, e saiu correndo pelos corredores.

— MÃE! PAI! BONNIE! ALGUÉM! — gritou com o coração acelerado.

Na cozinha, todos ouviram os gritos. Stefan foi o primeiro a se mover, quase desaparecendo da vista com sua velocidade, os outros se levantaram, confusos e alarmados, correndo atrás dele.

Ao entrarem na biblioteca, a visão foi devastadora.Elizabeth estava imóvel na poltrona. Tessa levou a mão à boca, os olhos arregalados, já sentindo as lágrimas correrem.

— Não... — sussurrou ela, sendo envolvida pelos braços de Derek.

Bonnie permaneceu na porta, completamente em choque. Os olhos fixos na avó, sem conseguir se mover. Stefan, parado ao lado da cadeira, engoliu em seco, o olhar sombrio.

Caroline estava mais atrás, encostada na estante, o rosto coberto de lágrimas, os ombros tremendo de dor. Nada no mundo a havia preparado para aquele momento.

(...)

Cinco dias se passaram desde que Elizabeth partiu. A cidade inteira parecia ter entrado em luto junto com a família. O céu estava encoberto por nuvens espessas, como se o próprio mundo chorasse pela mulher que tantos conheciam e respeitavam.

No cemitério, o silêncio era absoluto, quebrado apenas pelas palavras do padre e pelo som ocasional do vento entre as árvores. Todos estavam ali  amigos, vizinhos, conhecidos... Mas no centro de tudo, estavam elas, Caroline e Bonnie, lado a lado, com os olhos vermelhos e os rostos pálidos. As mãos de Caroline seguravam firmemente as de sua irmã, como se aquele contato fosse a única coisa mantendo-a em pé.

Stefan permanecia um pouco afastado, com as mãos nos bolsos do sobretudo encharcado pela garoa que logo virou chuva. Seus olhos não desgrudavam das primas. Ele sabia. Mais cedo ou mais tarde, a magia herdada de Elizabeth despertaria nelas, e aquele momento seria decisivo.

A chuva começou a cair mais forte, como uma cortina fina e fria. O padre finalizava suas palavras:

— Que Elizabeth encontre paz eterna. Que sua luz nunca se apague nos corações daqueles que a amaram.

O som grave do mecanismo abaixando o caixão ressoou, um ruído que parecia rasgar o peito de Caroline. A terra começou a ser lançada sobre o caixão. Cada punhado soava como um adeus definitivo.

Tessa, de pé ao lado do marido, encostou a cabeça no ombro de Derek, ele passou o braço ao redor dela, apertando-a com força. As lágrimas escorriam silenciosamente pelo rosto da mulher, enquanto ela sussurrava:

— Eu não estou pronta pra isso...

— Eu sei. — Derek respondeu em tom baixo. — Nenhum de nós está.

Bonnie soluçou ao lado de Caroline e murmurou:

— Eu queria mais tempo com ela...

Caroline apertou mais a mão da irmã e respondeu com a voz embargada:

— Ela está aqui... com a gente. Em tudo.

Bonnie olhou para a irmã, e por um breve momento, as duas sentiram uma energia diferente passar entre elas  quente, pulsante, como uma chama acesa num dia de tempestade.

Stefan, de longe, sentiu também. Seus olhos se estreitaram. A magia... estava começando a se manifestar.

— Vocês vão sentir — ele murmurou para si mesmo. — E quando sentirem, vão entender tudo o que ela preparou pra vocês.

A chuva aumentava, mas ninguém parecia se importar. Todos ficaram ali, até o último punhado de terra ser lançado.

Mais um capítulo amores amores, espero que gostem amores ❤️ 🥰 ❤️ 🥰

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Até o próximo capítulo amores ♥️ 🥰 ♥️

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