Kyoko parecia completamente aflita andando de um lado para o outro dentro daquele provador gigantesco onde vocês e Alisa estavam, roupas jogadas de um lado para o outro e bem, aquela provavelmente já era a oitava peça de biquíni que a mulher de cabelos loiros amarrava contra suas costas lhe fitando por cima do ombro de frente para o espelho. Você engoliu em seco passando as pontas dos dedos pela saia florida e longa com uma fenda que vinha até o começo de sua cocha, havia sido a única coisa que Alisa havia deixado que você escolhesse.

   — Eu já disse que aceito usar qualquer coisa, eu não me importo muito com o jeito que eu me visto para falar a verdade.

   Você disse com a voz cansada, só queria ir embora logo, não sabia ao certo a quantas horas estavam ali, Kyoko simplesmente decidiu que não compraria roupas de praia, estava apenas com a regata branca que deixava as tatuagens em seus braços aparentes e um shorts preto. Alisa riu baixo apertando mais forte o cordão do biquíni contra suas costas puxando sua pele fazendo com que você resmungasse de dor.

   — Eu já percebi que você não se importa com o que veste. 

   Ela disse arqueando uma das sobrancelhas lhe encarando pelo reflexo do espelho e você franziu o cenho.

   — Ei! 

   — Não estou falando por mal, é só que bem... suas roupas parecem terem sido tiradas do guarda-roupa de uma senhora de sessenta anos — ela disse suspirando pesadamente e você engoliu em seco antes de encolher os ombros sem saber muito bem o que dizer, Alisa sorriu deixando um tapinha fraco contra seu ombro se afastando por fim —, mas se é o que te deixa feliz fique a vontade, acho que esse biquíni está bom, vamos levar ele.

   Ela disse decidida lhe encarando ali e você abriu um sorriso forçado antes de assentir, ela parecia perfeitamente uma das líderes de torcida de sua escola no ensino médio, bem, talvez ela realmente tenha sido.

   — Alisa.

   — Sim? 

   Ela perguntou enquanto se encarava no espelho amarrando os cabelos loiros em um coque alto antes de abaixar os olhos verdes para os próprios peitos dentro do biquíni azul turquesa como se quisesse ter certeza de que estavam decotados o suficiente.

   — Você trabalha?

   Você indagou curiosa logo tendo os mesmos olhos verdes sobre você, ela sorriu antes de assentir, pousou as mãos sobre a cintura nua.

   — Sou modelo, mas eu estou de férias da minha agência agora.

   Ela disse, você arregalou os olhos de modo surpreso, aquilo explicava o porquê dela ser tão elegante o tempo todo.

   — Modelo do tipo de andar em uma passarela cumprida? 

   — Sim, modelo do tipo de andar em uma passarela cumprida. 

   Ela respondeu rindo e Kyoko chiou por trás de vocês, estava praticamente com o rosto enfiando dentro do celular.

   — Eles já terminaram, vamos coloquem as roupas de vocês, pelo amor de deus.

   Kyoko pediu de maneira quase que desesperada deslizando as pontas dos dedos pela tela do celular como se tentasse ao máximo não levantar o olhar, tinha uma feição irritada em seu rosto, tanto você quanto Alisa se encararam antes de soltar um riso baixo vestindo as camisetas por cima dos biquínis.

                 •••*•••*•••*•••

   A parte da praia que ficava de frente para o hotel estava completamente decorada, você desceu do carro juntamente com Kyoko e Alisa, poucas pessoas estavam ali, Kenma tinha uma feição preocupada em seu rosto quando os olhos cor de mel encontraram você ele suspirou antes de andar em sua direção rapidamente.

   — Não fique brava. 

   Ele disse rapidamente e você franziu o cenho confusa, cruzou os braços sobre seu abdômen desnudo, cerrou os olhos como se sentisse que alguma coisa não estava certa.

   — O que você fez?

   — Eu não fiz nada! O Yaku e o Lev que fizeram.

   Ele disse na defensiva e você respirou fundo sentindo seu estômago se embrulhar, Alisa cochichou algo no ouvido de Kyoko e a mulher apenas assentiu a seguindo para longe deixando vocês dois a sós.

   — O que está acontecendo, Kenma?

   Você murmurou ansiosa e conseguiu ver o homem de cabelos loiros mexer seus dedos uns contra os outros de maneira nervosa, ele engoliu em seco desviando os olhos cor de mel dos seus.

   — O Suna estava muito nervoso depois da reunião, ele não parava de andar de um lado pro outro e estava gritando no celular, parecia que ele iria enlouquecer, então o Yaku ofereceu alguns comprimidos calmantes de ansiedade para ele.

   Kenma murmurou rapidamente dando uma pausa para conseguir respirar, você cerrou os olhos ainda confusa.

   — Okay, mas o que isso tem de mais? 

   — O Lev, ele não sabia que o Suna havia tomado remédio e deu vodka para ele.

   Ele disse encolhendo os ombros e você arregalou os olhos.

   — Vodka?! Onde ele está? O Yaku disse se ele precisa ir ao hospital?

   Você indagou nervosa sentindo seu coração bater forte contra seu peito, Kenma negou com a cabeça devagar.

   — O Yaku disse que foi em pequena quantidade então não tem problema, mas ele não quer voltar para dentro do hotel de jeito nenhum, ele está sentado ali na areia.

   Kenma murmurou com a voz baixa apontando para um ponto encolhido mais ao longe de frente para o mar, você suspirou pesadamente antes de assentir, passou os dedos pelos cabelos os colocando para trás, levou o olhar para o homem de cabelos loiros que ainda estava parado a sua frente.

   — Obrigada, gatinho, eu não estou brava, vou tentar levar ele para o hotel, está bem?

   Você disse enquanto retirava os chinelos de seus pés tocando a areia a sentindo por entre seus dedos, Kenma suspirou aliviado antes de assentir, girou os calcanhares andando novamente em direção ao hotel, você bufou baixinho arrastando seus pés pela areia morna de fim de tarde se aproximando mais de Suna que estava sentado de frente para o mar, observando as ondas se quebrarem quase que de maneira hipnotizada. Você respirou fundo se sentando ao seu lado.

   — Você está bem?

   Perguntou baixinho tocando seu ombro com as pontas dos dedos, Suna levou os olhos dourados em sua direção de maneira lenta, cerrou os olhos lhe encarando ali de maneira confusa.

   — Ma chérie?

   — Sim?

   — É você mesma? 

   Ele indagou desconfiado, você riu antes de assentir.

   — Claro que sou eu, Suna, quem mais seria?

   — Um clone.

   — Uau, um clone meu? Quem se daria o trabalho de criar um clone meu?

   Você perguntou franzindo o cenho de maneira confusa como se quisesse entender seu raciocínio, ele piscou de maneira lenta, desviou o olhar do seu voltando a encarar o mar, ficou daquele modo por alguns segundos antes de abrir os lábios.

   — Eu criaria um clone seu.

   Ele disse como se fosse óbvio volteando o rosto em sua direção, você sorriu.

   — Por que você precisaria de um clone meu? Eu já estou bem aqui.

   — Não, você não está aqui.

   — Claro que estou, Suna Rintarou.

   — Não, é um clone.

   — Eu não sou um clone!

   Você disse elevando a voz entre um riso curto, Suna deu de ombros, bocejou.

   — Você quer casar comigo?

   — O que?

   Você indagou confusa juntando as sobrancelhas sem ter a mínima ideia do que estava acontecendo ali, Suna sorriu grogue.

   — Você pode ser um clone mas é bonita igual ela, quer casar comigo?

   Ele perguntou levando os olhos dourados até você, você riu antes de negar com a cabeça.

   — Então quer dizer que você vai querer se casar com qualquer uma que for parecida com ela?

   — Não.

   Ele disse quase que de imediato enquanto franzia o cenho de modo irritado, você sorriu e encolheu os ombros.

   — E por que não?

   — Porque eu gosto dela.

   Você arregalou os olhos pouco a pouco sentindo seu estômago se revirar por completo, entreabriu os lábios sem saber muito bem o que dizer.

   — Você gosta de mim?

   — Não, você é um clone, eu gosto da original, onde você escondeu ela?

   Ele disse mau humorado, você riu baixinho se aproximando mais de Suna pousando a bochecha contra seu ombro o escutando resmungar baixinho tentando se afastar de você mas seu corpo estava mole demais para aquilo.

   — Por que você estava nervoso hoje? Na reunião?

   Você indagou com a voz baixa e o homem parou de se mexer, ficou em silêncio por alguns segundos, fungou baixinho.

   — Eu só causo problemas por onde eu vou, Kuroo deveria parar de me proteger — ele balbuciou, ficou em silêncio por alguns segundos antes de respirar fundo —, alguém viu as raposas gêmeas em Paris hoje, provavelmente estão atrás de mim.

   — Raposas gêmeas?

   Você murmurou confusa achando ser apenas mais um delírio da mente dele, levantou o rosto de seu ombro devagar o encarando ali, Suna assentiu.

   — Sim, avisaram o Kuroo e ele mandou reforços para que ninguém acabasse machucado, alguém deve ter... deve ter avisado que eu estava aqui, por isso vieram atrás de mim.

   Ele disse com a voz cansada, você piscou devagar sem saber muito bem o que dizer, levantou a mão em direção a sua bochecha a acariciando com as pontas dos dedos, Suna girou o rosto em sua direção devagar, arregalou os olhos.

   — Ma chérie?

   Você riu antes de assentir.

   — Você voltou, isso é bom.

   — Vamos entrar, está bem?

   Você disse enquanto se levantava oferecendo a mão para o homem que encarou seus dedos de modo curioso antes de levantar o rosto em sua direção.

   — Você pode me beijar?

   — Não, senhor, agora se levanta, você precisa dormir um pouco.

   Ele cerrou os olhos de modo irritado.

   — Por que você não quer me beijar?

   — Porque você está drogado, Suna, agora se levante.

   Você disse autoritária o escutando resmungar baixinho antes de assentir por fim segurando sua mão e se levantando com cuidado, você suspirou passando o braço longo ao redor de seu pescoço o apoiando ali para que ele não caísse, Suna piscou devagar lhe encarando ali.

   — Você quer surfar amanhã?

   Ele indagou de modo animado e você riu antes de assentir.

   — Só se você prometer dormir agora, está bem?

   Você murmurou, Suna resmungou baixinho antes de concordar com a cabeça devagar enquanto vocês andavam em passos lentos em direção ao hotel.

   — Está bem.