1.9

   Era o primeiro dia dos tratamentos de Kenma para o transplante de medula, ele tinha que tomar vários medicamentos e fazer uso de algumas quimioterapias para tentar ao máximo erradicar um pouco do câncer de sangue e preparar seu corpo para o transplante e bem... você não poderia o acompanhar dentro das salas de tratamento, Alisa já era uma das pessoas que estava junto a ele, porque bem, ela também precisava de um leve tratamento para se manter saudável.

   E você? Você estava enlouquecendo andando de um lado para o outro na sala de estar, se sentia como uma mãe que havia levado o filho para o primeiro dia da escola.

    E se ele sentir fome, ou frio? Ele com certeza não pegou a blusa antes de entrar no carro com Alisa e Kyoko. E se o jogo dele acabar descarregando e ele ter esquecido o carregador? Ele vai enlouquecer.

   Você pensou consigo mesma de modo aflito apoiando o queixo entre dois de seus dedos girando os calcanhares quando chegava ao limite da sala dando meia volta e fazendo todo o percurso de volta, Suna bufou.

   — Por céus, mulher, você está me deixando tonto pare de andar de um lado para o outro!

Suna disse de uma vez com a voz irritada e você bufou de modo mau humorado levando os olhos em direção ao homem sentado em uma das poltronas que tinha uma revista de vôlei aberta em suas mãos, você revirou os olhos, seu humor estava péssimo.

— Cale a boca, Suna, não é como se você já não fosse tonto normalmente.

Você disse com a voz baixa em um resmungo que o homem de olhos dourados com certeza entendeu porque ele fez uma careta indignada, bufou irritado voltando o olhar para sua revista.

   — Eu não tenho culpa do seu mau humor por estar preocupada com o Kenma.

   Ele disse com a voz séria sem tirar os olhos da revista em suas mãos, você praticamente tremeu seu corpo de raiva, nem ao menos sabia o porque de estar tão irritada.

   — Pelo amor de deus, Rintarou, cale a boca.

   Você murmurou com a voz chorosa jogando o corpo contra uma das poltronas escondendo o rosto entre suas mãos, sentia que acabaria entrando em uma crise de choro a qualquer instante. Suna suspirou pesadamente levando os olhos dourados em sua direção, jogou a revista sobre uma das mesinhas decorativas se levantando da poltrona e andando em sua direção, se agachou a sua frente apoiando as mãos em suas coxas inclinando o rosto tentando enxergar você que estava escondida entre suas próprias mãos.

   — Ei, o que está acontecendo, hum? — ele perguntou com a voz suave acariciando o começo de suas coxas cobertas por a calça de moletom com os polegares como se tentasse te acalmar, você engoliu em seco, não respondeu, Suna respirou fundo — Princesa? Linda? Ma chérie? Vamos fale comigo, pode me xingar se quiser, eu não me importo.

   Ele disse abrindo um sorriso curto, você soltou um riso baixo e fungou baixinho antes de assentir afastando o rosto de suas mãos, seus olhos estavam marejados, encarou os olhos dourados do mais velho abaixo de si, você engoliu em seco, encolheu os ombros.

   — Me desculpe por ter sido grossa.

   — Nah, está tudo bem, eu gosto de mulheres sadomasoquistas.

   Ele disse arqueando uma das sobrancelhas arrancando uma risada alta de sua garganta, você revirou os olhos antes de dar um tapa de leve contra sua testa.

   — Fique quieto, seu idiota.

   Você balbuciou baixinho, ele apenas assentiu e de fato vocês ficaram em silêncio por alguns segundos com o homem de cabelos escuros apenas acariciando suas pernas e lhe olhando com cuidado como se quisesse ter certeza que você estava bem.

   — Você... — ele começou com a voz baixa — está se sentindo deixada de lado, né? Por não poder ter ido junto?

   Suna indagou com a voz baixa e você arregalou os olhos de modo assustado, como aquele homem conseguia lhe ler tão bem? Você assentiu devagar, encolheu o corpo suavemente, uma sensação ruim em seu estômago.

   — Eu não gosto do fato de que deixaram ela ficar e não eu... digo, como ela vai saber do que o Kenma precisa?

   — Ela quem, Ma chérie? A Kyoko? Bem... algum guarda costas tinha que acom...

    — Não! — você o cortou rapidamente, engoliu em seco desviando o olhar — A Alisa.

   — A irmã do Lev?

   — Sim, Suna, que outra Alisa você conhece?

   Você murmurou irritada e o mais velho soltou um riso baixo antes de encolher os ombros.

   — Eu não sei, não estava prestando atenção nela.

   Ele disse com a voz baixa e você soltou um riso irônico, arqueou uma das sobrancelhas lhe encarando ali.

   — Como não? Ela é simplesmente linda!

   Você disse e Suna fez uma feição quase que ofendida.

   — Oras e o que isso tem haver? Você também é linda, cale a boca.

   — Cale a boca você.

   — Não Senhorita, cale você a boca.

   — Suna, eu vou quebrar a sua cara.

   — Está bem está bem, continue, o que a Alisa tem haver com o fato de você estar insegura?

   Ele indagou e você engoliu em seco não sabendo como colocar aquilo em palavras sem parecer uma criança egoísta.

   — Bem, ela vai passar mais tempo com o Kenma do que eu de agora em diante e se... ele preferir ela do que eu?

   Você indagou com a voz chorosa, Suna arregalou os olhos lhe encarando ali, um sorriso se formou em seus lábios e ele soltou um riso baixo antes de encolher os ombros, levou uma das mãos em direção ao seu rosto acariciando sua bochecha com o polegar.

   — Isso nunca vai acontecer porque ela tem Haiba no nome e esse sobrenome com certeza da calafrios no Kenma — ele disse simplista e você soltou um riso baixo antes de concordar com a cabeça, realmente ele tinha um ponto — Ei, durante a decolagem você disse que tinha uma galeria de um amigo seu que você queria conhecer, quer ir lá agora? Eles provavelmente ainda vão demorar para chegar.

   Ele perguntou baixinho e você sentiu seus olhos brilharem antes de assentir quase que violentamente.

   — Vou me arrumar.

   Você disse afastando o homem delicadamente e se levantando da poltrona, subiu as escadas curtas quase que correndo em direção ao próprio quarto. Tomou um banho rápido e se secou mais rápido ainda, vestiu uma camiseta branca de gola alta, um suéter bege e calças da mesma cor e os tênis brancos que você usava na maior parte do tempo, enfiou o celular no bolso e desceu as escadas rapidamente se detendo com Suna já arrumado.

   — Vamos?

   Ele perguntou lhe encarando e você apenas assentiu o vendo abrir a porta para ti, você agradeceu baixinho enquanto saía da casa sentindo a brisa da manhã se chocando contra seu rosto, Suna andou na direção de um dos três carros esportivos que ainda permaneciam na garagem o destravando, você sentou no banco do passageiro o vendo dar a volta e entrar pela porta do motorista.

   — Coloque o endereço.

    Ele murmurou apontando para uma espécie de tela presa ao carro e você assentiu o vendo ligar o carro, procurou o endereço da galeria entre suas diversas logo o achando e colocando no painel. Não demorou muito para que Suna desse a partida se infiltrando entre as ruas não muito movimentadas de Paris — ao menos naquele horário — continuou seu trajeto e em quinze minutos mais ou menos vocês estavam rente a uma galeria de artes, sua frente era completamente escura como nas fotos, você desceu do carro de maneira animada.

   — Vocês já se conheceram antes?

   Suna indagou cauteloso enquanto saía do carro o travando, você assentiu.

   — Ele estudou na minha faculdade por uns meses, depois ele trancou e veio terminar os estudos em uma faculdade daqui.

   Você disse com a voz baixa e o homem apenas assentiu enquanto vocês adentravam na galeria em silêncio, diversos quadros espalhados pelos corredores a maioria tinha a assinatura "A" presos a eles.

   — S/N?

   Uma voz grossa lhe chamou, você levou o olhar em sua direção quase que rapidamente correndo para abraçar o homem alto e de pele escura como se não o visse a anos, ele riu e lhe abraçou lhe levantando do chão com facilidade antes de lhe devolver rapidamente, seus olhos se encontraram.

   — Meu deus, por que você não avisou que estava vindo para a França? Sua mãe sabe que... — ele começou mas parou no momento em que seus olhos se focaram com algo atrás de si, você olhou para trás se detendo com Suna com os olhos arregalados, um pé para trás, como se estivesse prestes a fugir — Suna Rintarou?

   O homem indagou confuso e Suna engoliu em seco, seus ombros tremiam de leve.

   — Aran Ojiro.

   Ele respondeu com a voz baixa encarando o homem, você piscou confusa se afastando de Aran encarando os dois sem entender o que estava acontecendo ali.

   — Vocês se conhecem?

   — Ele...

   Aran começou com a voz baixa e Suna bufou, balançou a cabeça bagunçando os fios escuros como se estivesse a um passo de surtar.

   — Aran era meu companheiro de quarto quando nós trabalhávamos para a Inarizaki.

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