1.0

    Estava completamente escuro, você suspirou enquanto seus olhos encaravam mais uma vez a enorme janela de seu quarto revestida unicamente pelo vidro completamente límpido que deixava a vista a tempestade do lado de fora da mansão que parecia que afundaria o jardim e uma enorme inundação, os trovões se fazendo presentes cada vez mais alto, seu rosto se iluminou fortemente com um dos raios que tomou conta da noite escura deixando o quarto mais uma vez de um roxo forte. Sorriu, era lindo, afundou o pincel na tinta presente na paleta presa a sua mão misturando as cores antes de deslizar o pincel pela tela mais uma vez, a tempestade havia saído do céu e tomado conta de sua pintura.

    Você sorriu enquanto criava outro raio forte entre a pintura, olhou uma última vez para o desenho, bom, estava bom por agora, poderia publica-lo em seu site pela manhã quando o terminasse, deixou a paleta e os pincéis sobre a escrivaninha que estava ao seu lado e se levantou do pequeno banco onde estava sentada limpando as mãos sujas de tinta na calça de moletom velha que usava para pintar, pegou o celular que estava sobre a escrivaninha, estava tarde, quase de madrugada, talvez devesse dormir de uma vez, amanhã Kuroo voltaria de viagem e com certeza as coisas ficariam corridas na mansão.

    O mundo ainda parecia quase desabar janela a fora, a chuva ficando cada vez mais forte assim como os trovões que praticamente faziam com que a casa tremesse; arrastou os pés em direção ao banheiro do quarto de maneira preguiçosa, arrancou as roupas sujas de tinta as jogando no chão enquanto entrava dentro do box, tomou um banho quente e rápido sem molhar a cabeça, queria ir para a cama de uma vez. Não demorou muito e logo estava com um pijama folgado — uma blusa cinza e larga com alguns furos e uma calça de moletom velha —, bem era apenas para dormir então não tinha problema.

    Um trovão mais alto se fez presente, dessa vez você mesma sentiu seu coração bater mais forte contra o próprio peito seus ombros tremendo de leve, soltou um murmúrio assustado, levou os olhos irritados em direção a janela, realmente parecia que o mundo estava acabando, sendo consumido por aquela tempestade. Um som alto veio da porta, diversas batidas de uma vez, você volteou o rosto confuso em sua direção andando em sua direção sem pensar muito, poderia ser Kenma, assustado com os trovões.

     As batidas na porta não paravam por um segundo sequer, você abriu de uma vez piscando devagar ao encarar o homem de cabelos escuros do lado de fora, tinha os braços cruzados sobre seu abdômen, seu corpo parecia tremer de leve, os olhos dourados estavam arregalados, assustados, ele parecia ao ponto de entrar em uma crise, Suna entreabriu os lábios para dizer algo quando um trovão mais alto se fez presente, seu corpo tremeu de modo mais violento, um soluço escapou por entre seus lábios, você franziu o cenho, pousou a mão em seu ombro.

    — Suna, você está bem?

     Você indagou tentando deixar a voz o mais calma possível, ele negou com a cabeça rapidamente, apertou os braços mais contra seu próprio corpo, fechou os olhos com força ao escutar outro trovão, suspirou de maneira trêmula antes de abrir os olhos dourados os levando em sua direção.

     — Eu... nunca me dei muito bem com tempestades, posso ficar aqui até passar?

    Ele pediu com a voz baixa você apenas assentiu levando uma das mãos em direção aos seus braços que apertavam o próprio corpo, pareciam rijos demais ali, os soltou devagar segurando o pulso do mais velho entre sua mão o puxando para dentro e fechando a porta logo em seguida, Suna parecia perdido, um pouco assustado.

    — Vamos se deite um pouco.

    Você disse já esperando alguma piadinha maliciosa escapar dos lábios do homem mas ele apenas assentiu enquanto arrastava os pés apenas cobertos por meias pretas em direção a cama.

    — Está bem.

    Ele disse apenas enquanto se deitava, você franziu o cenho, ele realmente não parecia bem, o Suna normal nunca perdia a oportunidade de lhe deixar irritada, ele se rastejou até os travesseiros se aconchegando ali, você suspirou antes de andar em sua direção se sentando ao seu lado, ele tremeu mais ao escutar outro trovão.

    — Tem alguma coisa que eu possa fazer para te deixar mais calmo?

    Você perguntou com a voz calma, ele fungou baixinho, negou com a cabeça, se achegou mais para o lado.

     — Pode se deitar, você parece cansada — ele disse baixo e você apenas assentiu deitando o corpo ao seu lado de frente para si, os olhos dourados grudaram nos seus, vocês ficaram em silêncio por alguns segundos antes que Suna voltasse a falar — Eu vi o seu desenho quando eu entrei, está bonito.

    — É uma tempestade.

     Você respondeu, ele fez uma careta.

     — Eu não gosto de tempestades.

     Ele disse, outro trovão, ele agarrou sua mão de imediato sem pensar muito, respirou fundo, você apenas engoliu em seco ficando silêncio, levou a mão livre em direção aos fios escuros que agora estavam levemente bagunçados os acariciando devagar quase como se tentasse o acalmar.

     — Você pode me ajudar a terminar a tempestade amanhã, ela não é de todo ruim.

    Você sussurrou, Suna soltou um riso rouco por entre seus lábios.

     — Você gosta de desenhar?

     Ele perguntou baixinho, você assentiu o sentindo entrelaçar mais os dedos longos entre os seus.

     — Bem é a única coisa que eu sei fazer direito então pode se dizer que sim.

     — Ah vamos lá, não seja tão crítica com você mesma tenho certeza que é boa em outras coisas também.

     Ele disse, você riu antes de negar com a cabeça.

     — Não sou, pode ter certeza.

     — Okay, no que a senhorita pode se chamar de péssima?

     Ele perguntou com a voz cansada quando outro trovão se fez presente, você continuou com o carinho em seus fios escuros, sorriu.

     — Eu sou péssima cozinhando, em achar constelações, péssima também em jogos de tabuleiro e em música, acho que sou a pessoa mais desafinada que já pisou na face da terra.

    Você disse com a voz baixa, Suna havia fechado os olhos, a tempestade do lado de fora ia se acalmando pouco a pouco, assim como a feição do homem.

    — Também sou péssima em esportes, matemática, meditação e mandarim, eu sou um verdadeiro desastre em mandarim.

    Continuou com a voz cada vez mais baixa até que finalmente parecesse que Suna havia dormido, você suspirou lhe encarando ali, seus olhos pareciam inchados, talvez houvesse chorado, você não conseguia entender o que passava na mente daquele homem, tentou ao máximo não se mexer na cama para não o acordar deixando que seus olhos fitassem o quadro recém pintado por alguns segundos.

    Era realmente uma tempestade linda.

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