0.3

   Você suspirou de maneira pesada enquanto olhava para a caixa gigantesca que estava sob seu colo, você abraçava como se sua vida dependesse daquilo. Suna parecia extremamente irritado agarrado ao volante enquanto traçava o caminho para sua nova morada, você bufou abaixando o olhar para a caixa lacrada em seu colo, escutou o homem resmungar para ele mesmo enquanto fazia uma curva sem muita pressa.

   — Por céus, eu não sei por que diabos você precisava trazer tudo isso, poderíamos muito bem comprar mais depois — ele disse de modo ranzinza, você revirou os olhos enquanto desviava o olhar para a janela encarando as ruas iluminadas de Tokyo, o homem bufou —, você ficou quase uma hora empacotando toda essa merda, tem noção de como Kuroo vai ficar irritado? Ele disse para que não demorássemos.

   Ele murmurou por fim deslizando o corpo suavemente sob o assento, você correu seus olhos em sua direção, encolheu os ombros o encarando ali, ele parecia concentrado, as mãos grandes se arrastavam pelo volante de modo quase que preguiçoso enquanto ele estreitava os olhos dourados para enxergar melhor a frente do carro; você engoliu em seco volteando os olhos em direção ao começo da tatuagem nos nós de seus dedos, se perguntava o que seria, eram apenas uns riscos pretos, queria saber o que tinha por baixo daquele terno grosso, como era sua tatuagem por completo. Você suspirou pesadamente antes de desviar o olhar para sua caixa.

   — São meus trabalhos da faculdade, telas, pincéis, tintas, algumas anotações e livros também — você murmurou de modo cansado enquanto repousava a testa contra o vidro da janela, Suna te encarou com o canto dos olhos —, eu não poderia simplesmente deixar tudo isso para trás, sabe? Eu não tenho muito dinheiro para gastar comprando coisas novas sem necessidade.

   Você disse por fim, ele deu um sorriso de canto antes de assentir volteando sua total atenção para estrada, ele parecia concentrado demais tentando não bater o carro, aquilo te fez querer rir. Não demorou muito para que chegassem por fim, passaram por um portão gigantesco que provavelmente era muito maior do que a altura de seu apartamento, você estava abismada enquanto adentravam no local que era completamente bem iluminado com postes decorados para todos os lados, um jardim vasto decorado com flores e uma fonte solitária, você engoliu em seco, um ou outro homem com um terno preto andavam no local como se estivessem de vigias, você olhou para suas cinturas, pareciam armados.

   Eu vim parar em algum tipo de palácio da realeza?

   Você perguntou para si mesma ainda completamente incrédula, Suna parecia calmo demais ao seu lado enquanto estacionava o carro, os olhos dourados correram em sua direção, ele sorriu enquanto retirava o cinto e se curvou suavemente em sua direção, você quase arfou baixinho sentindo a respiração quente que escapava de seus lábios se chocar contra a pele morna de seu pescoço, seu corpo se arrepiou suavemente, ele soltou seu cinto fazendo com que o barulho metálico se chocando contra a estrutura do carro lhe assustasse repentinamente fazendo com que seu corpo tremesse de leve, ele abaixou o olhar para sua bochecha e sorriu.

   — Vamos, Slut-chan.

   Ele disse em um sussurro se afastando por fim, você engoliu em seco antes de franzir o cenho de modo irritado, conseguia sentir suas bochechas quentes.

   — Não me chame assim.

   Você disse de modo ríspido enquanto abria a porta saindo rapidamente segurando a caixa em suas mãos e fechando a porta com o joelho sem muita delicadeza, Suna riu baixinho enquanto saía do carro também, andou até você, pousou uma das mãos em seu ombro.

   — A casa daqueles malditos bichanos fica mais para frente, vamos me deixe levar essa caixa — ele murmurou arrancando a caixa grande de suas mãos a segurando sem dificuldades, levou o olhar em sua direção e acenou com a cabeça em direção ao carro —, pegue sua mala, está no banco de trás.

   — Está bem.

   Você murmurou andando até o carro e pegando a mala grande com a maior parte de suas roupas ali a colocando sobre o chão e a arrastando pelas rodinhas enquanto seguia Suna pela pequena estrada de concreto em meio a vastidão daquele jardim. Você arregalou os olhos de modo assustado a cada passo que chegavam mais perto da "casa" talvez aquela fosse a maior residência que já havia visto em toda sua existência, os olhos dourados de Suna caíram sobre você, ele riu da sua reação encolheu os ombros.

   — Eu sinto que nunca vou me acostumar também, nosso chefe consegue ser bem extravagante quando quer.

   Você o encarou entreabrindo os lábios de modo surpreso.

   — Eu não sabia que ter clubes noturnos davam tanto dinheiro assim.

   Suna riu.

   — Como se aquele maldito apenas cuidasse de clubes.

   Ele murmurou de modo irritado, você franziu o cenho confusa pendendo a cabeça para o lado.

   — O que ele mais faz além de cuidar dos clubes noturnos?

   Você indagou de modo curioso, ele negou com a cabeça antes de sorrir.

   — Acho que isso é algo que você não deveria saber, mon ange.

   Ele disse enrolando a língua suavemente, você riu e negou com a cabeça.

   — Você realmente sabe falar francês ou apenas sabe usar algumas palavras para flertar?

   Você indagou arqueando as sobrancelhas, ele ficou em silêncio por alguns segundos, desviou o olhar.

   — Palavras para flertar. Sim, essa é a resposta, chouchou.

   Você revirou os olhos, um sorriso divertido em seus lábios.

   — Ne m'appelle pas chouchou.
Não me chame de chouchou.

   Ele franziu o cenho antes de rir, arqueou as sobrancelhas levando os olhos dourados em sua direção, uma expressão confusa em seu rosto, seus cabelos estavam levemente bagunçados por conta do vento.

   — Você me xingou por acaso?

   Suna indagou em um sussurro, você riu baixo antes de negar com a cabeça, ele estalou a língua no céu da boca de modo desconfiado. Não demorou muito para que subissem os degraus que davam entrada para a mansão gigantesca, Suna bateu na enorme porta de madeira com a ponta do sapato social enquanto um homem com uma aparência nada amigável a abria, ele fez uma careta enquanto lhes encarava de cima a baixo, você franziu o cenho, ele era praticamente careca se não fosse pelo moicano loiro no topo de sua cabeça.

   — Você está atrasado, Suna, leve a stripper para o quarto de uma vez, o chefe já forçou aquele maldito bichano a dormir.

   Ele disse dando um passo para o lado, você cerrou os olhos de maneira irritada, quem diabos ele pensava que era para lhe tratar daquela maneira? Você estava a um passo de dar um passo a frente para confronta-lo quando Suna apoiou a caixa em apenas um dos braços pousando a mão em seu ombro como se lhe segurasse ali, quase como se soubesse o que você estava prestes a fazer, você bufou, ele sorriu antes de assentir levando os olhos dourados e frios em direção ao homem que engoliu em seco.

— Está bem, Yamamoto, agora saia da casa, esse lugar é meu, o seu é no quintal como um bom gato de rua.

Ele disse erguendo o queixo quase que de modo superior enquanto te puxava mais para perto fazendo com que seu corpo se chocasse suavemente contra o seu peitoral, você engoliu em seco levando os olhos em direção ao homem agora conhecido como Yamamoto, ele encarou Suna com raiva antes de praticamente rosnar saindo da mansão pisando forte. Suna suspirou pesadamente enquanto lhe soltava, os olhos dourados caíram sobre si.

— Não mexa com ele, Yamamoto não é uma pessoa fácil de lidar, as vezes nem obedecer o chefe ele obedece, se sabe lá o que ele pode fazer se ficar irritado com você.

Ele murmurou arqueando as sobrancelhas, você suspirou antes de dar de ombros.

— Não é como se eu não conseguisse me defender sozinha, afinal...

— Só não mexa com ele, S/N, eu não quero mais um problema para lidar.

Ele disse mais firme dessa vez, você bufou antes de concordar por fim.

— Está bem, eu prometo.

Ele suspirou um pouco mais aliviado, vocês adentraram na mansão, você arfou de modo maravilhado encarando o local gigantesco e completamente maravilhado enquanto subia as escadas seguindo Suna em direção aos quartos, chegaram em uma porta branca com alguns detalhes dourados, você abriu a porta se detendo com um quarto que provavelmente era do tamanho de seu apartamento inteiro, a cama era gigantesca, caberiam umas três de você ali.

— Céus, é gigantesco.

Você disse, ele riu, adentrou no quarto deixando a caixa no chão, você entrou deixando a mala próxima a cama, Suna se aproximou, segurando sua mão com cuidado à levando em direção ao rosto, os lábios úmidos tocaram os nós de seus dedos fazendo com que você sentisse seu corpo se arrepiar por completo, ele sorriu enquanto se afastava soltando sua mão.

— Boa noite, ma chérie, durma bem — ele disse em um sussurro enquanto se aproximava da porta, volteou o rosto em sua direção uma última vez —, acorde cedo, estaremos te esperando na mesa do café da manhã.

   Ele disse antes de sair do quarto por fim deixando você levemente atônita enquanto se sentava na cama, suspirou, a cama era realmente macia.

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