0.1
Seus olhos ardiam suavemente, as luzes coloridas piscando constantemente lhe cegavam por alguns segundos, o som da música era completamente alto, mesmo que estivesse trabalhando ali por algumas semanas você certamente ainda não havia se acostumada por completo, os ruídos altos lhe davam dor de cabeça, bufou fechando os olhos com força tentando manter a própria calma.
Apenas por mais alguns meses S/N, você precisa terminar de pagar a faculdade ou você está ferrada.
Pensou consigo mesma enquanto abria os olhos devagar fitando o local ao seu redor, pessoas de todos os lados, alguns lhe encaravam de cima abaixo como se fosse um simples pedaço de carne, você se segurou para não revirar os olhos deixando um sorriso simplista sobre os lábios pintados de vermelho; aquele não era um dos melhores empregos que você poderia ter arranjado, mas em apenas uma noite você arrecadava muito mais do que em um mês trabalhando por horas na pequena cafeteria que ficava na esquina da faculdade, e bem, ninguém tinha a permissão para lhe tocar, mesmo que odiasse ser olhada daquele modo, principalmente por homens, eles não tinham permissão para lhe tocar. Bufou apertando o sobretudo preto ao redor de seu corpo, os saltos extremamente altos faziam com que seus pés doessem, sentiu uma mão pousar sob seu ombro, virou o rosto para o lado se detendo com uma cabeleira alaranjada e completamente bagunçada, você sorriu.
— Hey, Shoyo, como foi lá?
Perguntou elevando a voz ao máximo para que se sobressaísse da música alta, o garoto ruivo sorriu largamente enquanto encolhia os ombros, estava com o tronco desnudo coberto apenas por uma calça apertada de látex que deixavam as coxas grossas amostra, glitter por todo o seu corpo, ele suspirou.
— O mesmo cliente de sempre, ele sempre aluga a mesma sala individual e nunca aceita outro dançarino sem ser eu!
Disse praticamente gritando e você riu de maneira quase que escandalosa vendo as bochechas do garoto corarem, algo quase impossível para ele, ficar envergonhado.
— Talvez ele seja um velho tarado que se apaixonou por você, pequena tangerina!
Você gritou, Hinata revirou os olhos e mostrou o dedo do meio antes de rir negando com a cabeça.
— Ele é bem novo até, talvez tenha a minha idade.
Disse alto, você sorriu encolhendo os ombros, isso era bom, desde que ele não fosse um louco qualquer que pudesse sequestrar o garoto ruivo, as vezes você sentia que se importava muito com ele mesmo que se conhecessem a poucas semanas, afinal, Shoyo era um dos únicos dançarinos daquele clube que não lhe enxergavam como uma concorrente, os outros funcionários não se importavam se você planejava ficar lá apenas por alguns meses, você era uma ameaça e eles certamente sabiam daquilo, já faziam algumas noites que seu faturamento estava melhor do que os dos outros, você estava começando a ser mais notada, mesmo que odiasse aquilo e principalmente aquele emprego era o melhor que conseguiria no momento, precisava de dinheiro para a faculdade e as mensalidades não eram nenhum pouco baratas.
Estava prestes a abrir os lábios para falar algo quando escutou seu nome ser gritado próximo a si, virou o rosto para o lado rapidamente se detendo com uma das funcionárias de segurança, tinha os cabelos negros em um rabo de cavalo alto e vestia um terno escuro, andou rapidamente em sua direção lhe encarando de cima a baixo antes de levar os olhos claros em direção ao pedaço de papel presente em seus dedos finos, levantou o olhar em sua direção novamente.
— Você é a S/N, certo? — ela indagou enquanto arrumava os óculos em seu nariz, você engoliu em seco antes de assentir, nenhum dos seguranças daquele clube haviam lhe dado uma palavra sequer desde o dia em que havia chego, a mulher suspirou — Você é a próxima.
Você entreabriu os lábios surpresa antes de assentir, estranhando um pouco já que você tinha o seu próprio horário para subir no palco iluminado de frente para as inúmeras poltronas de clientes.
— Está bem, eu já vou subir.
Murmurou levando as mãos em direção ao laço do sobretudo para o desamarrar deixando que o tecido deslizasse até o meio de seus braços deixando a lingerie repleta de cristais falsos a mostra, algumas correntes percorrendo sua cintura, combinavam com seus saltos extremamente finos e brilhantes; você estava pronta para se livrar por completo do sobretudo quando a segurança levou as mãos rapidamente em direção ao seu corpo quase que de maneira desesperada agarrando aquele tecido preto o subindo por sua pele novamente cobrindo seu corpo por completo, você arregalou os olhos de modo assustado lhe encarando ali, ela suspirou.
— Você não vai para o palco hoje, você tem uma sala privativa.
Ela disse em alto e bom som fazendo com que você franzisse o cenho de modo confuso, seu coração batendo mais força contra seu peito, engoliu em seco volteando o olhar em direção a mulher que tinha uma expressão neutra, você apertou o sobretudo preto contra seu corpo, você nunca havia tido uma sala privativa, bem, você sabia que os dançarinos que conseguiam salas privativas de clientes faturavam em uma noite um dinheiro referente a quase uma semana inteira de trabalho no palco; mas você não conseguia se lembrar muito bem de nenhum cliente que houvesse demonstrado tanto interesse em si para que lhe contratasse para uma dança individual. Você encolheu os ombros devagar pendendo a cabeça para o lado encarando a segurança a sua frente.
— Eu? Uma sala privativa? Você tem certeza disso?
Você indagou ainda de modo confuso e a mulher assentiu antes de pousar a destra sobre suas costas lhe guiando para longe de todo aquela movimentação, você virou o rosto para o lado uma última vez se detendo com Hinata que apenas sorriu acenando de maneira animada até que sumisse de vista em meio aquela quantidade excessiva de pessoas bêbadas.
— O chefe queria te conhecer, não se preocupe é algo normal para todos os dançarinos que começam aqui.
Ela disse enquanto vocês paravam em frente a uma porta preta, você engoliu em seco de modo nervoso, sentindo suas pernas tremerem suavemente, queria ir para casa, estava ali simplesmente para conseguir um dinheiro rápido dançando, não para se prostituir para o dono da boate que com certeza não passava de um velho nojento. A segurança provavelmente notou seu nervosismo pois pousou a destra em seu ombro com cuidado chamando sua atenção, seus olhos se encontraram, ela parecia mais séria do que antes.
— Se ele tentar te tocar grite "Kyoko" eu virei rapidamente, ele pode ser o chefe mas meu trabalho continua ser prezar pela segurança de vocês.
Ela disse de modo firme como se tentasse se fazer clara, você sorriu antes de assentir, se sentia mais aliviada por dentro mesmo que fosse pouca coisa. Abriu a porta preta por fim se detendo com uma sala a meia luz, algumas LEDs avermelhadas iluminavam o local, você se sentiu tonta por alguns segundos, o cômodo grande estava completamente infestado pelo cheiro de maconha, bufou enquanto adentrava o local fechando a porta logo atrás de si, seus olhos caíram sobre um homem sentado em um estofado grande de veludo no meio da sala, vestia uma camisa social e calças pretas, suas mangas estavam dobradas enquanto levava o baseado em direção aos lábios tragando fundo antes de soltar a fumaça pendendo a cabeça para trás, seus cabelos eram negros como a noite e levemente espetados.
Você engoliu em seco antes de olhar para trás do talvez possível chefe, um homem alto, trajava um terno parecido com o de Kyoko, estava escorado contra a parede, tinha seus braços cruzados, os fios castanho escuro estavam levemente bagunçados, meio úmidos, como se houvesse acabado de sair do banho, ele lhe encarava como se pudesse lhe matar caso você tentasse qualquer gracinha, você engoliu em seco, aqueles olhos dourados lhe assustavam, desviou o olhar rapidamente volteando seus olhos para o homem que permanecia sentado no sofá com as pernas cruzadas, deu mais uma tragada no baseado.
— Vou começar.
Você murmurou com a voz baixa quase em um sussurro, a sala estava muito silenciosa com exceção da batida da música que tocava baixinho quase que de modo arrastado, levou as mãos em direção ao nó do sobretudo para o soltar mas antes que pudesse fazer qualquer coisa o homem que estava no sofá elevou a mão destra rapidamente como se pedisse para que você parasse, negou com a cabeça, você franziu o cenho de modo confuso, não era por isso que estava lá? Para dançar para ele?
— Eu não quero que você dance para mim, eu já sou noivo sinto muito, não aceito ninguém que não seja ele.
Ele murmurou soltando a fumaça por seus lábios, você sentiu seu rosto queimar de modo envergonhado, sem querer seus olhos correram em direção ao homem que permanecia na parte de trás da sala, agora ele tinha um sorrisinho divertido em seus lábios, ele arqueou as sobrancelhas suavemente, você revirou os olhos de maneira irritada antes de os voltear em direção ao chefe.
— O que o senhor quer então?
— Conversar. Bem, eu acho que tenho o direito de conhecer meus próprios funcionários não tenho? Venha se sente.
Ele disse indo um pouco para o lado deixando o acolchoado com mais espaço dando um tapinha ali, você suspirou pesadamente se segurando para não revirar os olhos antes de assentir andando até lá se sentando na ponta do acolchoado logo a frente do homem que permanecia em silêncio escorado na parede, conseguia sentir seus olhos dourados queimarem suas costas.
— Qual o seu nome?
Você indagou volteando o rosto em direção ao homem sentado ao seu lado, bem, você não tinha muitas opções de como começar uma conversa naquele momento, você não poderia simplesmente lançar uma pergunta como "O que te fez ser tão infeliz ao ponto de precisar da companhia de dançarinos?" o homem sorriu, parecia calmo, talvez sempre fosse assim ou quem sabe a maconha apenas estivesse sendo efetiva em seu organismo.
— Tetsuro Kuroo, mas pode me chamar apenas de Kuroo, nunca me dei muito bem com formalidades — ele disse suspirando fundo, você assentiu, ele pendeu a cabeça para trás a encostando contra o estofado encarando o homem atrás de si, sorriu para ele que apenas pigarreou —, esse aqui é Suna Rintarou, meu guarda costas, diga oi Suna, seja gentil ao menos uma vez na vida.
Você levou os olhos em direção ao homem agora conhecido como Suna Rintaro que apenas suspirou enquanto relaxava os ombros, os olhos dourados voltaram a lhe encarar ele piscou devagar deu um passo a frente, curvando o corpo em sua direção, pousou uma das mãos contra o estofado, aproximou o rosto do seu lhe encarando ali, o ar quente escapando de seus lábios se chocando contra sua pele fazendo com que você sentisse seu corpo se arrepiar por completo, ele cheirava a menta e maconha, ele sorriu.
— É um prazer te conhecer, slut-chan.
Ele disse em um sussurro, a voz levemente rouca, você engoliu em seco sentindo o coração bater rápido contra o próprio peito, céus, o mataria, franziu o cenho de modo irritado pronta para desferir um tapa em sua cara quando Kuroo bufou ficando de joelhos no estofado empurrando Suna para longe que apenas riu enquanto arrumava a postura voltando a se recostar na parede.
— Suna, eu já falei para não falar assim com os dançarinos, por deus, você não tem modos — ele disse de modo irritado antes de voltar a se sentar no sofá macio, volteou o rosto em sua direção, passou uma das mãos pelos fios espetados lhes bagunçando mais ainda — Você é a S/N, certo? Eu tenho algo para conversar com você.
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