𝐂𝐇𝐈𝐇𝐈𝐑𝐎
"When it's time, you die alone"
°.✩*.゚
~☆~
Saí para uma caminhada antes do entardecer sem ter um destino em mente. Quando o breu tomou seu lugar no céu, as estrelas o perfuravam incansavelmente.
Preciso ficar sozinha agora.
Estou dando uma pausa.
As coisas ficaram extremamente sufocantes em todos os aspectos. No mundo ao meu redor, no trabalho, em casa, nas paredes ao redor do meu quarto. É tudo meio cruel às vezes. Tem essa coisa sombria consumindo minha energia dia após dia como se houvesse incontáveis mãos tentando me agarrar por trás. Não havia respostas lógicas e as pessoas não querem ouvir sobre os problemas dos outros. Estava cada vez mais difícil achar uma solução.
Não hoje. Talvez amanhã.
Sim, amanhã sempre vai ser uma resposta.
Ontem, eu sonhei com um estranho. Não conseguia distinguir os detalhes de seu rosto, mas o brilho de seus olhos azuis eram marcantes o suficiente para não me deixar esquecê-lo como qualquer outro sonho de uma noite de outono.
Chutando uma pedra em meu caminho, com as mãos enfiadas nos bolsos do meu short e envolvida por um moletom velho, o vento fazia questão de cortar meu rosto. O céu estava limpo de nuvens, sem sinal de tempestades e mesmo assim, não havia ninguém ao meu redor naquela praça. As árvores ao meu redor lançavam cada vez mais folhas secas do outono pelo ar, o som rugindo em meus ouvidos.
Fechando os olhos por um breve instante, inspirei fundo. Alguns rezam em momentos de solidão, mas o que eu deveria fazer se não conhecia nenhum deus? Minha mente não era mais capaz de distinguir os rostos ao meu redor antes que meus olhos caíssem para o chão tentando acalmar meu coração.
Caminhar sozinha ajudava, mas isso também estava perdendo o efeito depois de tanto tempo. Qual vício eu deveria procurar? Em que deveria me apoiar?
Um arrepio percorreu minha nuca, bem como pensamentos estranhos que não eram tão estranhos assim. Tantos dias sombrios cortando minha mente em segundos fizeram com que meus olhos se abrissem rapidamente.
Um mundo sem luz me envolvia por todos os lados que meu campo de visão pudesse alcançar. Minha respiração começou a tropeçar, assim como meus pés fizeram, e em instantes, estava jogada no chão com as palmas das mãos pressionando pequenas pedras tomadas por terra. A dor em meu joelho esquerdo ardia e podia sentir sangrar, enquanto me colocava de pé.
Confusa, me virei em todas as direções possíveis, mas não havia nada para despertar minha visão. A sensação de infinitos olhares queimando minha pele era insuportável, e, além disso, sussurros incessantes em meus ouvidos cortavam a voz da razão, me afundando em um pânico sem fim. Foi então que aquela sensação de infinitas mãos tentando me prender, sufocar e arranhar começaram a se tornar palpáveis. Sem um dos meus sentidos, os outros acabaram por se aguçar e a adrenalina passou a correr em disparada por minhas veias.
Corra...
Corra para fugir.
Não deixe que te alcancem.
Corra o mais rápido possível.
CORRA!
Não há rostos ao meu redor. Não mais. Porém, os olhares ainda queimam sobre mim. Não os conheço, mas sei que não há nada de bom naquela sensação sufocante. Nada de bom poderia vir daqueles toques violentos e trêmulos de raiva.
CORRA OU VAI MORRER!
A voz em minha mente gritava sem parar em busca de um fio de esperança. Sozinha em meio a uma armadilha da minha própria mente, não havia nenhuma luz para seguir, nenhuma estrela, apenas um sentido despertando uma bússola interna.
Apenas o vazio e um coração disparado.
Então é assim que tudo termina? Numa morte solitária e sem explicação?
Foi então que vi sua luz em meio à minha queda. Um vermelho tão puro quanto sangue e tão brilhante como uma chama.
A terra tremeu e se levantou em meio a explosão que disparou no ar. Me encolhendo de joelhos em meio ao cheiro de poeira e sons estranhos espalhados pelo ar, meus dedos se emaranhavam em meu cabelo tentando compreender no que eu havia me metido. Minha cabeça pulsava de dor e logo meu corpo todo estaria da mesma forma quando o efeito da adrenalina se fosse.
E foi quando você me encontrou.
- Aí embaixo é tão confortável assim? - uma voz risonha disse chamando minha atenção. Quando levantei meu rosto, todo o ar foi roubado dos meus pulmões.
Eu sonhei com um estranho de olhos azuis na noite passada.
O óculos escuro pendia na ponta de seu fino nariz, revelando um olhar mais do que perigoso. Era hipnotizante do tipo capaz de capturar sua alma, de um azul intenso, arrebatador e pecaminoso.
Um estranho de olhos azuis como o céu e brilhante como as estrelas, com lábios brilhantes que envolviam um sorriso de porcelana incrivelmente radiante. As mechas brancas de seu cabelo que caiam sobre seu rosto não eram tão estranhas quanto a postura descontraída daquele estranho diante daquela situação.
Mas há uma parte de mim que te reconhece... Você também sente isso?
~☆~
☆(N/A): Sentimentos podem se tornar maldições? Ansiedade é mortal certeza.
Não estava planejando mais nada nessa história aqui, só que aquele final do mangá me destruiu de vez, então vou fazer o que queria ter lido. Fiquem livres para a aparência, não vou limitar nada, apenas quero escrever sobre o nosso querido gato de olhos azuis :)
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