O caminho de volta para o hotel era iluminado pela satisfação que eu sentia. Um sorriso discreto, quase cruel, permanecia nos meus lábios enquanto o vento noturno esfriava meu rosto. Eu sabia que tinha feito exatamente o que pretendia. Axel estava confuso, desarmado, e completamente fora de equilíbrio.
Meu ódio por ele queimava como brasas no fundo do peito, e esse pequeno jogo psicológico não era apenas necessário, era pessoal. Ele era um dos obstáculos mais perigosos entre mim e a vitória no Sekai Taikai, mas, além disso, ele me irritava de uma maneira única. Aquele ar de altivez, a maneira como ele me olhava como se pudesse decifrar algo em mim, seu jeito inocente que certamente não me engana... Tudo nele era insuportável.
Molhei os lábios quase sem querer enquanto entrava no hotel, e imediatamente me arrependi. O gosto ainda estava ali, amargo e insuportável, me lembrando do beijo que eu tinha dado nele. Franzi o rosto, limpando os lábios com as costas da mão.
— Foi por uma boa causa. — Murmurei, tentando ignorar o desconforto.
Assim que cheguei ao meu quarto, empurrei a porta sem cerimônia. Kwon estava lá, jogado na cama como se não tivesse uma preocupação no mundo. Ele estava com a cabeça apoiada nas mãos, mas, ao me ouvir entrar, se endireitou, sentando-se na beirada da cama.
— E aí? Fez o que eu disse? — Ele perguntou, um sorriso de canto surgindo em seu rosto.
Fechei a porta atrás de mim e cruzei os braços, encostando na parede.
— Fiz. — Assenti brevemente, mantendo o tom casual. — Talvez funcione melhor do que eu esperava.
Kwon soltou uma risadinha e balançou a cabeça, satisfeito consigo mesmo.
— Isso se chama conceito de estratégia, irmã. Brinque com o coração dele, confunda os pensamentos, e ele vai se desmontar sozinho. O Axel pode ser forte, mas, como eu disse, ele é emotivo. Todo mundo sabe disso.
Fui até a minha cama e me sentei na beirada, sentindo os músculos tensos do dia. Olhei para ele, que parecia mais animado do que deveria, considerando o estado em que estava na noite anterior.
— E se isso não for suficiente? — Perguntei, embora soubesse que não era o caso. A verdade é que eu queria ouvir Kwon reafirmar o que já sabia.
— Vai ser suficiente. — Ele falou com convicção. — O cara é bom, mas ninguém, nem mesmo ele, consegue lutar de verdade quando a cabeça está uma bagunça. E você, mana... — Ele apontou para mim, com um brilho malicioso nos olhos. — Você é especialista em bagunçar as pessoas.
Sorri de canto, mas não respondi. Ele tinha razão. Desestabilizar adversários era algo que vinha com naturalidade para mim, mesmo que isso significasse jogar sujo às vezes. O tatame não era apenas força e técnica, era estratégia, e eu estava disposta a fazer o que fosse necessário para vencer.
Enquanto Kwon falava sobre as próximas etapas, eu me inclinei para trás, apoiando as mãos no colchão. Meus pensamentos vagavam de volta para a cena na praia. O olhar confuso de Axel, sua hesitação, e a maneira como ele finalmente cedeu. Era como assistir alguém caindo em uma armadilha perfeitamente montada.
Ele tinha retribuído o beijo, claro. Mas era óbvio que ele não sabia o que fazer com a situação. Isso me deu um prazer quase cruel. Ele achava que podia ser uma ameaça para mim? Bem, agora ele tinha algo mais com que se preocupar.
Kwon continuava falando, mas eu já não estava ouvindo. Em vez disso, fechei os olhos por um momento, me concentrando na sensação de estar no controle. No final, era isso que importava.
Controle.
E Axel, quer quisesse ou não, estava exatamente onde eu precisava que ele estivesse, sob minha influência, com a cabeça bagunçada e a confiança rachada.
A vitória estava ao meu alcance. E, com cada movimento estratégico, eu me aproximava ainda mais dela.
Kwon inclinou-se para trás, apoiando-se nos cotovelos enquanto uma expressão travessa dominava seu rosto.
— Sabe, Hanna... Se precisar dormir com ele para quebrar aquele cara em pedaços de uma vez só, você pode fazer isso. — Ele falou, carregando o tom com sarcasmo e soltando uma gargalhada logo depois.
Revirei os olhos tão rápido que fiquei surpresa de não sentir tontura.
— Você é um grande idiota. — Murmurei em coreano, enquanto pegava o travesseiro mais próximo e o jogava direto no rosto dele.
O impacto fez Kwon rir ainda mais, o som ecoando pelo quarto como um irritante sino de vitória. Ele jogou o travesseiro de volta na cama, ainda rindo, mas eu já tinha decidido ignorá-lo. Peguei minha toalha e segui para o banheiro, fechando a porta atrás de mim com um estrondo que era mais uma declaração de "não me encha o saco" do que qualquer palavra que eu pudesse dizer.
Assim que entrei, olhei meu reflexo no espelho. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo desalinhado, com mechas soltas coladas à pele pela umidade. Meu rosto trazia os sinais do cansaço dos treinos, uma expressão que eu conhecia bem demais, sobrancelhas levemente franzidas, olheiras começando a se formar e uma tensão evidente no maxilar.
Soltei o cabelo com um movimento rápido, sentindo o alívio imediato da pressão no couro cabeludo, e liguei o chuveiro. A água quente começou a preencher o banheiro com vapor, cobrindo o espelho com uma camada de condensação.
Entrei no banho e deixei a água escorrer pelo meu corpo, lavando não apenas o suor acumulado, mas também a tensão que parecia se acumular nos meus músculos. Os últimos dias tinham sido intensos, para dizer o mínimo. Cada treino parecia ser uma batalha contra mim mesma, meus limites físicos, meus pensamentos, e até as expectativas de Sensei Kim e de Kwon.
O pequeno jogo de poder com Axel na praia me trouxe uma vitória momentânea, mas eu sabia que não podia me distrair. Ele era apenas um oponente, uma peça no tabuleiro. Se eu concentrasse toda a minha energia em derrotá-lo, correria o risco de perder de vista o objetivo maior, ser a melhor.
Eu precisava lembrar disso constantemente. Não era apenas sobre vencer uma luta, nem mesmo sobre vencer o Sekai Taikai. Era sobre provar para mim mesma, para Sensei Kim, para o Cobra Kai e para meu pai, que eu estava ali por mérito próprio. Que eu era capaz.
Enquanto ensaboava os braços, percebi o quanto meu corpo estava tenso. Cada músculo parecia carregado com a intensidade dos treinos. A dor era constante, um lembrete físico do quanto eu estava me esforçando. Suspirei profundamente, tentando deixar a água quente aliviar as tensões.
Mesmo que eu não fosse a líder do Cobra Kai, eu sabia que tinha algo a provar. Tory podia carregar esse título, mas eu precisava demonstrar que era indispensável para a equipe. Cada chute, cada soco, cada gota de suor derramada tinha que valer a pena.
Depois de enxaguar o sabão, inclinei a cabeça para trás, deixando a água escorrer pelos meus cabelos e sobre meu rosto. Fechei os olhos, permitindo-me alguns segundos de quietude, de silêncio absoluto, antes de desligar o chuveiro e pegar a toalha.
Enquanto me secava, um pensamento me atingiu como um golpe, mesmo que Axel fosse um adversário formidável, ele não era meu único obstáculo. Focar exclusivamente nele seria um erro de principiante. Eu precisava lembrar que o verdadeiro inimigo não era ele, nem ninguém do Iron Dragons. O verdadeiro inimigo era qualquer coisa que me afastasse do meu objetivo.
Vesti meu pijama, um conjunto simples e confortável, e saí do banheiro. Kwon estava exatamente onde eu o tinha deixado, deitado na cama e mexendo no celular, com a expressão relaxada de quem não tinha uma única preocupação no mundo.
Ele ergueu os olhos quando me viu, abrindo um sorriso provocador.
— Já se decidiu se vai seguir meu conselho? — Ele perguntou, tentando esconder a risada que ameaçava escapar.
Ignorei completamente a provocação, jogando a toalha na poltrona próxima e me sentando na beirada da cama.
— Boa noite, Kwon. — Falei secamente, puxando o cobertor e me deitando de costas para ele.
Eu sabia que ele não ia parar de falar tão cedo, mas naquele momento, não importava. Eu precisava descansar, porque amanhã era um novo dia de treino, um novo dia para me tornar ainda mais forte.
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࣪O ambiente estava carregado de expectativa e tensão enquanto caminhávamos pelo corredor do ginásio, o som de nossos passos ecoando contra as paredes. Meu coração batia em um ritmo controlado, disciplinado, mas meus pensamentos estavam alinhados com o desafio que nos aguardava. Era o momento de mostrar que o Cobra Kai não estava ali para participar, mas para dominar.
Antes de chegarmos ao tatame, ouvi a voz firme de Kreese me chamando. Parei imediatamente e virei-me para ele. Sua expressão era impenetrável, um reflexo de alguém que vivia e respirava o mantra da vitória.
— Hanna. — Ele começou, cruzando os braços enquanto seus olhos perfuravam os meus. — Você sabe o que é preciso para vencer?
Meu corpo endireitou-se automaticamente, como se tivesse sido puxado por fios invisíveis.
— Sim, sensei. — Respondi com firmeza, mantendo meu tom sem hesitação.
Ele me estudou por um momento, antes de dar um passo à frente.
— Não espero de você compaixão. Tory pode ser a líder da equipe, mas eu sei que ela tem fraquezas. — Ele parou, o nome de Robby Keene parecia pairar no ar como um peso. — Se você perceber que ela está falhando, que não está à altura, não hesite. Assuma o controle. Ataque primeiro.
Engoli em seco, processando suas palavras. Ele sabia que isso seria arriscado, que poderia causar tensão com Sensei Kim, mas ainda assim, ele me dava essa ordem. Kreese nunca teve paciência para líderes que hesitavam, e eu sabia que ele confiava em mim para fazer o necessário, mesmo que isso significasse romper a hierarquia.
— Sim, sensei. — Repeti, mantendo minha voz firme.
Ele assentiu brevemente, e curvamos-nos um para o outro, um gesto de respeito e compreensão mútua. Quando voltei para junto da equipe, já era hora de entrar no tatame.
A entrada foi um espetáculo por si só. Nossas roupas pretas brilhavam sob a luz, o símbolo do Cobra Kai destacando-se como uma ameaça visível. Passamos pelos outros competidores, e eu podia sentir seus olhares, alguns medindo nossas forças, outros transbordando de hostilidade ou desdém. Não importava. O foco estava apenas na vitória.
Quando paramos em nosso espaço designado, observei os competidores com atenção. O time dos Iron Dragons estava lá, é claro, com Axel entre eles. Ele evitava me olhar, mas eu podia ver a tensão nos ombros dele. Ótimo, pensei, satisfeita por saber que meu pequeno jogo psicológico estava funcionando.
Outras equipes estavam presentes, mas nenhuma tão ameaçadora quanto os Iron Dragons. Eu analisei cada membro com cuidado, catalogando possíveis fraquezas em suas posturas ou expressões.
Logo o árbitro chamou nossa atenção e explicou as regras, lutaríamos em um grande círculo, cada equipe intercalando seus membros com os oponentes. Se quiséssemos trocar de lugar com alguém da nossa equipe, precisaríamos tocar a mão dessa pessoa, o que tornava a troca uma questão estratégica. Força e técnica eram essenciais, mas venceríamos apenas com um plano sólido e uma confiança inabalável uns nos outros.
Olhei para Tory, a líder oficial, enquanto ela ajustava a faixa ao redor da cintura. Ela parecia confiante, mas havia uma rigidez em seus movimentos que me fez lembrar das palavras de Kreese. Será que ela realmente está preparada para isso? Como seria o momento em que ela precisaria enfrentar Keene?
Quando chegou a hora de nos posicionarmos, formamos um círculo ao redor do tatame. O ambiente estava preenchido por gritos de apoio vindos das arquibancadas, mas para mim, tudo isso era apenas ruído de fundo. Meu foco estava nos lutadores à minha frente.
O primeiro golpe seria dado por Tory. Ela trocou um olhar com Robby, que estava na equipe adversária, observando à distância, e a hesitação foi quase imperceptível. Quase. Meu punho cerrou-se automaticamente. Kreese estava certo. Essa ligação emocional é uma fraqueza.
Ela deu um passo à frente, iniciando a luta contra um dos membros dos Dublin Thunderers. Os golpes eram rápidos e ferozes, mas eu já podia ver que ela estava medindo demais seus movimentos, como se estivesse preocupada em errar. Quando ela finalmente bateu na minha mão para que eu assumisse, senti um alívio ao entrar no centro do círculo.
Assim que tomei o lugar dela, o mundo pareceu desacelerar. Meu oponente era rápido, mas eu era calculista. Meus golpes não eram apenas ataques, eram estratégias que se alinhavam com a cadência do combate. Cada movimento meu era preciso, forçando meu adversário a recuar e a reagir, ao invés de atacar.
Quando finalmente voltei para o círculo, a adrenalina ainda corria pelo meu corpo, mas minha mente já estava avaliando o desempenho da equipe como um todo. Precisávamos de mais coesão. Precisávamos de mais força.
E acima de tudo, precisávamos vencer.
O ambiente era eletrizante. O círculo formado ao redor do tatame pulsava com a tensão entre as equipes. A torcida estava dividida, vozes elevando-se em apoio a um lado ou ao outro, mas o Cobra Kai estava focado apenas no que importava, vencer. Nossa primeira prova era contra a equipe irlandesa, cujos integrantes eram claramente fortes e preparados, mas isso não significava nada. Não para mim.
Minha vez de assumir a luta chegou novamente, e avancei para o centro do círculo com passos firmes, os braços relaxados ao lado do corpo enquanto minha oponente já estava em posição. Era uma garota mais alta que eu, troncuda, com uma presença intimidadora para quem não soubesse olhar além da aparência.
Ela abriu um sorriso debochado, os dentes levemente à mostra, enquanto se posicionava.
— O que foi, magricela? Vai quebrar no meio quando eu te acertar? — Provocou, sua voz carregada de um sotaque forte.
Minha expressão permaneceu neutra, mas internamente, eu já havia decidido como isso terminaria. Não havia espaço para hesitação ou emoção aqui.
O árbitro sinalizou o início da luta, e eu avancei.
Ela tentou me intimidar com um chute frontal no meu abdômen, mas eu me esquivei com facilidade, girando meu corpo para o lado e voltando em posição de guarda. Aproveitei a abertura que ela deixou na defesa e desferi um soco direto no plexo solar dela. O impacto foi audível, e ela cambaleou para trás, arfando com a dor.
— É só isso que você tem? — Provoquei, ajustando minha posição enquanto ela recuperava o fôlego.
Com raiva nos olhos, ela atacou de novo, dessa vez com uma sequência de socos, tentando me encurralar. Dei um passo para trás, deixando os golpes passarem a milímetros do meu rosto, e então vi a abertura perfeita.
Girei sobre o meu pé esquerdo e desferi um chute giratório que encontrou a boca dela com precisão cirúrgica. O impacto foi brutal, a força do golpe fez seu corpo girar levemente, e o som abafado de algo se partindo deixou claro que eu tinha acertado em cheio. Sangue escorreu dos lábios dela, e ela tropeçou, segurando a boca com uma das mãos.
— Engole isso, sua ogra idiota. — Minha voz soou alta e cortante enquanto eu mantinha minha guarda erguida, mesmo sabendo que ela não teria forças para continuar.
O árbitro sinalizou o ponto para o Cobra Kai, e eu não consegui conter um sorriso satisfeito enquanto me afastava.
Caminhei até o círculo e bati a mão na de Kwon, meu irmão, que entrou no tatame com sua energia provocadora de sempre. Ele sempre fazia questão de exibir confiança, quase como uma performance, e isso já fazia parte da estratégia.
Do outro lado, o lutador irlandês era um garoto musculoso, de aparência robusta, que parecia confiar mais na força bruta do que na técnica. Erro número um, pensei, observando meu irmão se posicionar.
Kwon começou com passos rápidos, mantendo-se em constante movimento para confundir o adversário. O irlandês avançou com um soco cruzado, que Kwon facilmente desviou, girando para o lado e aproveitando o impulso para desferir um chute baixo na lateral do joelho do garoto. O golpe foi seco e eficiente, fazendo o adversário vacilar por um momento.
— O que foi? Achei que os irlandeses fossem mais resistentes que isso. — Kwon zombou, girando levemente os ombros para provocar.
O irlandês rugiu de raiva e tentou um golpe de mão aberta, um movimento desajeitado e desesperado. Kwon esquivou-se com facilidade, abaixando-se rapidamente e aplicando um uppercut certeiro no queixo do garoto, que deu um passo para trás, claramente atordoado.
Não satisfeito, meu irmão avançou, desferindo uma sequência rápida, um chute lateral no abdômen seguido por um soco direto no rosto. O adversário cambaleou, os olhos arregalados enquanto tentava manter o equilíbrio, mas já era tarde.
Com um movimento ágil, Kwon girou sobre o pé direito e aplicou um chute circular na lateral da cabeça do garoto, que caiu de joelhos antes de se estatelar no tatame.
O árbitro levantou a mão, sinalizando mais um ponto para o Cobra Kai.
Enquanto Kwon voltava para o círculo, a confiança irradiava dele, e ele fez questão de me lançar um olhar de superioridade.
— Fácil demais. — Disse ele, quase como se estivéssemos em um treino casual e não em uma competição de alto nível.
Eu revirei os olhos levemente, mas não pude negar que ele estava certo. A equipe irlandesa era forte, mas faltava-lhes a precisão e a estratégia que nós tínhamos em abundância.
Enquanto o próximo membro do Cobra Kai se posicionava no círculo, eu ajustei minha faixa e voltei minha atenção para o próximo confronto. Era apenas o começo, e o Cobra Kai já estava mostrando que não havia espaço para fraquezas ou hesitação.
Não demorou muito até que anúncio da vitória do Cobra Kai ecoasse pelo ginásio, e as palmas, embora dispersas, pareciam insignificantes diante da energia intensa que vibrava entre nós. Havia uma satisfação coletiva na equipe, um senso de propósito cumprido que se manifestava nos olhares trocados e nos sorrisos carregados de confiança. O Dublin Thunderers, por outro lado, estava visivelmente abalado. Seus membros se entreolhavam, claramente tentando disfarçar o peso da derrota.
Enquanto a equipe se alinhava para deixar o tatame, eu fiz questão de desacelerar os passos. Meu olhar encontrou Axel, parado no outro lado, cercado por sua equipe, mas claramente em outra realidade. Ele me encarava com um misto de frustração e ansiedade, o maxilar tenso e os olhos faiscando algo entre irritação e desconforto. Talvez até constrangimento. Era quase cômico como ele parecia lutar consigo mesmo, e eu não consegui evitar o sorriso que se formou em meus lábios.
Aproveitei o momento e me aproximei dele. Meus passos eram calculados, firmes, como se cada movimento fosse uma extensão da vitória que eu carregava. Parei a uma distância que era quase íntima demais para o contexto, inclinando a cabeça levemente enquanto deixava meu olhar fixar-se no dele.
— É uma pena que ainda não tenhamos nos enfrentado, não é? — Minha voz saiu baixa, mas carregada com o tom de provocação que eu sabia que o desarmaria.
Ele murmurou algo em resposta, mas não foi necessário ouvir cada palavra para entender o significado.
— Você é muito suja... — Foi o que ele conseguiu dizer, a frustração permeando cada sílaba.
Eu ri, uma risada baixa e controlada, enquanto levava a mão ao peito, como se fosse um gesto de falsa modéstia.
— Obrigada. — Respondi com um sorriso que sabia ser irritante. Sem hesitar, deixei minha mão deslizar do meu peito até alcançar o rosto dele. Meus dedos roçaram sua bochecha com a mesma delicadeza calculada de quem domina uma partida de xadrez.
Vi o efeito imediato. Ele ficou imóvel, como se cada músculo do corpo dele tivesse congelado, e uma leve tonalidade avermelhada subiu por seu rosto. O gigante de aço parecia de repente muito pequeno, quase vulnerável, diante de um simples toque.
— Amanhã, quando nos enfrentarmos no tatame, será muito pior. — Murmurei, minha voz quase um sussurro que só ele poderia ouvir.
Soltei meu toque com a mesma leveza com que o iniciei e dei as costas para ele, caminhando de volta em direção à minha equipe. Senti os olhares sobre mim, mas não me importei, a ameaça estava feita. A sensação de controle, de ter não apenas vencido no tatame, mas também implantado outra semente de dúvida na mente dele, era mais satisfatória do que qualquer medalha.
Kwon, sempre atento ao meu rastro, se aproximou e passou o braço pelo meu ombro, um gesto que era metade provocação e metade celebração.
— Boa jogada, irmãzinha. — Ele sussurrou, sem perder o sorriso vitorioso.
— Nem precisei me esforçar. — Respondi em um tom baixo provocativo, mas também carregado de certeza.
Enquanto deixávamos o tatame, senti o peso de cada passo como uma confirmação de que estávamos no controle. A vitória de hoje era apenas o começo, mas a verdadeira batalha começaria amanhã. E eu estava mais do que preparada para mostrar a Axel, e a qualquer outro que ousasse cruzar meu caminho, o que significava ser Cobra Kai.
Obra autoral ©
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