Saudade
Eram quatro da tarde de uma quinta-feira quando Bangchan propôs uma noite com os antigos amigos do colegial. Um grupo esquecido, jogado nas conversas arquivadas de Seungmin, cuja última mensagem tinha sido há seis meses, no ano novo. Um vídeo editado de feliz ano novo em cores douradas, que nem ao menos todos responderam ou visualizaram.
Um grupo de nove pessoas, que um dia se tornou oito, inseparáveis com mentes abertas sobre o futuro tão sonhado. Na escola, faziam pegadinhas e desfilavam pelos corredores – pelo menos aqueles que gostavam da tal exibição. Em competições eram sempre os melhores, sempre torcendo uns pelos outros. Em passeios escolares o ônibus se tornava uma mistura de diversão e bagunça, músicas antigas que um dia os remeteriam à adolescência. Em um modo geral, eram amigos para toda vida, mesmo que nem todos fossem tão próximos, e duplas fizessem mais sentido em alguns casos. Mas o que importava é que aconteça o que aconteça, eles estavam juntos.
Seungmin enterrou o sonho de ser músico e modelo a sete chaves. Pensaram até em formar uma banda com os dezoito anos, mas resultou apenas em um sonho distante. Pelo menos Han, Changbin e BangChan aproveitaram alguns meses no ramo.
Estava quase se formando em psicologia e de quebra fazia um trampo como roteirista de uma revista local, para conseguir pagar um pouco das despesas. Em tempos livres, ele optava por passear com cachorros da região ou ajudar um senhor com a tv quebrada (ela estava apenas desligada, mas estava ganhando para isso, então ótimo). Tinha um gato de estimação chamado Sirius Black – idéia de seu ex namorado – e algumas garrafas de vinho no lugar de verduras ou qualquer outro alimento normal que um adulto geralmente tem em casa.
O grupo se separou meses depois do ensino médio acabar. Felix voltou para a Austrália por um tempo a fim de passar um tempo com a família e planejar seu futuro, faculdade e decisões que teria que tomar no futuro. Acabou por continuar como produtor, criando o próprio estúdio no centro da cidade e postando algumas músicas no ano.
Hyunjin, seu namorado e talvez futuro noivo, está no último semestre de direito. Divide um apartamento com o namorado e investe em aulas de canto, por mais que não tenha planos para uma carreira musical. Ele e Hwang tem uma vida muito reservada, de certo ponto. Kim e Lee trocam mensagens aos fins de semana, contando um pouco dos acontecimentos pelas entrelinhas e marcando encontros que nunca aconteceriam de verdade.
Chan, já com sua vida ganha por ser herdeiro, optou por não fazer uma faculdade e abrir a própria academia, e um canal no YouTube onde ensina truques, dicas e pré-treinos para iniciantes no ramo de musculação e buscadores de um bom shape. O que era uma ironia grande do destino, já que em seu tempo colegial era um dos mais magros e fracos não só do grupo, mas sim da escola.
Minho e Jisung viviam em um relacionamento aberto muito comentado, porém respeitado também. Ambos se amavam, e isso bastava. Minho engatou em sua carreira como dançarino profissional e aprendeu libras também. Jisung ficou um bom tempo parado, sem saber que rumo tomar, até decidir virar intercambista no Reino Unido e fazer teatro. Uma pena ter deixado a carreira de musicista para trás, ele era realmente bom.
Jeongin, o mais novo, finalizou a escola um ano depois que os demais e não fez faculdade. Resolveu se jogar entre os tecidos e linhas, se tornando um alfaiate costureiro para uma marca pequena, que aos poucos foi crescendo e hoje tem uma loja física com um movimento consideravelmente razoável. Ele diz ter planos para fazer a faculdade de moda, mas por agora prefere usar o que sabe e apenas.
Kim se encontrou em um mercado a algumas quadras de seu apartamento, com seu all star chuck 70, onde comprou coisas que julgou serem fundamentais para o tal encontro. Seungmin deixou que o encontro fosse no seu cantinho. Não era dos maiores, de fato não era, mas com certeza caberiam todos ali ou pelo menos os que iriam. Pegou uma cestinha e passou pelos corredores vazios e fortemente iluminados, com passos lentos e olhos atentos.
Na sua cestinha, frios, vinhos e outros aperitivos foram colocados. Pensou em fazer talvez uma macarronada ou algo do tipo; Mas seria algo mais casual, não? E com os preços altos.. Seungmin definitivamente estava desviando assim como o diabo corre da cruz. Então seria isso, alguns lanchinhos simples e vinho. Quem não gosta de vinho?
( . . . )
As horas passaram na mesma velocidade de sempre para Kim, rápidas em certas partes, longas em outras. O dia então chegou: Sexta-feira à noite. Um horário perfeito para se acabar em uma boa bebida, jogar conversa fora e depois dormir até tarde no próximo dia, sem ter medo de acordar atrasado ou mais cansado ainda, uma das partes da adolescência que Seungmin sentia falta.
Os pés descalços caminhavam pelo piso frio do apartamento, o guiando para organizar pequenas coisas que faziam uma certa diferença, no olhar do Kim. Deixar o escorredor sem copos ou vasilhas, esticar a coberta do sofá, fechar as janelas. Tudo o que tinha comprado estava posto sob uma bancada de sua cozinha – no mesmo ambiente que a sala –, com a excessão das bebidas que gelavam na parte superior da geladeira. Estava feliz, de certa forma. Iria reencontrar os amigos, isso era bom. Claro que era.
Alguns minutos antes, Seungmin tomava banho. Lavou os fios agora escuros, colocou uma roupa normal do seu dia a dia, porém mais bonitinha. Passou seu perfume favorito, deixou as sardinhas à mostra. Faziam uns bons tempos que não se sentia minimamente bem.
Após o fim de seu relacionamento, o distanciamento dos meninos e a dura realidade de viver, Kim foi diagnosticado com depressão e alguns outros problemas de saúde. Ele tentou lidar com isso de uma maneira mais esportiva no começo, não dando tanta importância, afinal: Tudo passa. Mas, conforme o tempo foi passando e as coisas acontecendo, não era apenas mais uma coisa a se lidar, como ele imaginava. Por isso, na maioria das vezes, Seungmin tinha um semblante cansado, a mente perdida e muita pouca força de vontade.
A realidade é que ele se perdeu nele mesmo. Todos estavam construindo suas vidas, logo logo famílias, e ele mal sabia o que ele era. Era Kim Seungmin, claro. Mas o que Kim Seungmin representa no mundo? Quem é o verdadeiro Seungmin? São perguntas idiotas, mas que resultaram em muitos choros silenciosos na madrugada fria.
Enquanto terminava de passar uma água nos copos que tinha em casa (estavam empoeirados pela falta de visitas), a campainha tocou pela primeira vez. Hyunjin e Felix. Eles estavam tão diferentes e ao mesmo tempo iguais! Ambos com sorrisos grandes no rosto, se disponibilizando para ajudar no que Seungmin precisasse, mesmo que já estivesse tudo pronto. No momento em que estavam apenas os três, contaram como estavam sendo seus dias. O que faziam às três da tarde, o que pensavam para o futuro.. tudo. Falaram sobre tudo, de uma forma nostálgica e leve. E claro, Kim amou.
Felix adorou a decoração do apartamento de Kim. Por mais que seus móveis não fossem lá os mais caros e bonitos, Seungmin tentava ao menos deixar o lugar com uma aparência bonita, tendo vários objetos em referência a séries, ou momentos marcantes de sua vida, como um mural de fotos onde as pessoas mais importantes de sua vida estavam. Ele também fez um pequeno tour com o casal pela casa.
O próximo a chegar foi Jeongin. Ele tinha uma ecobag costurada grande, provavelmente lotada dos livros que lia e outras coisas que ele costumava carregar. Ele chegou com seu sorriso bonito e suas covinhas fofas, a franja preta caindo sobre a testa assim como quando eram jovens. O fone de ouvido branco sobre o pescoço não poderia faltar, assim como as vestes totalmente feitas por ele e de impecável aparência.
Dessa vez, fizemos mais piadas. Nós sentamos no sofá da sala, tendo Jeongin falando sobre como as boutiques eram incríveis e como gostaria que seus designs aparecessem em uma revista famosa, ou usados por algum modelo famoso. Falou também sobre sua calça com muitos bolsos, e Seungmin reparou nos milhares de acessórios que ele possuía, enfeitando não apenas seus dedos e pescoço, mas também orelhas e bolsos.
O próximo a chegar foi MinHo. Trouxe consigo uma garrafa de soju boa e um arranjo de flores, que como diz ele, foram um agrado de Han, que não pode vir por seus estudos lá fora. Foi recebido com gritos eufóricos como em uma partida de futebol, muitas risadas e comentários como "como você está lindo, cara!". Logo em seguida, antes mesmo que ele se sentasse, ele chegou.
O mundo de Seungmin pareceu parar por instantes enquanto sua cabeça demorava a raciocinar a presença do outro.. Os fios escuros e longos caiam ao redor de seu rosto, pareciam macios e bem cuidados. Seu sorriso doce ainda era o mesmo e a mesma beleza que Kim um dia tinha se perdido.
Changbin era o único do grupo que não tinha um sonho concreto. Ele trancou a faculdade de design interno por motivos de não conseguir estudar. Kim lembrava perfeitamente do dia em que ele voltou para casa tristonho sem a companhia de Jeongin, alegando ter zerado uma das provas mais importantes para o futuro dele. Não que ele não fosse se tornar nada se zerasse aquilo, mas perderia uma ótima oportunidade de ter um currículo melhor. Seo era apaixonado pela arte, gostava de pintar casais, retratos e flores. Tinha uma paixão indescritível por rosas com espinhos, era amante da música e dos filmes de romance. Chorava feito bobo, escondendo toda a postura forte que ele tinha, agindo como uma criança atentada quando queria. Ele chegou a entrar em uma academia de dança, mas fora isso, Seungmin não sabia como a vida de Changbin estava.
Saiu de seu transe ao perceber a poeira se abaixando e o clima se tornando mais quieto, do jeitinho deles. Logo todos se juntaram à pequena sala. Kim sorriu, não seria porque Changbin está em sua casa que ele iria se incomodar, afinal, foi ele mesmo quem o convidou. Um dia já foram amigos e amantes, ele não poderia simplesmente tratá-lo como um grande nada. Ele também era do grupo, ele também fazia parte dessa história. Até porque Hyunjin e Jeongin já tiveram algo, e isso não os impede de serem amigos, de se falarem.
Ele trouxe consigo uma caixa de salgados fritos e um soju de uva verde, seu favorito. Colocou sob o balcão e sentou-se no braço do sofá. Para Seungmin, a casa parecia estar silenciosa enquanto olhava discretamente em direção ao coreano. Talvez estivesse encantado de alguma forma, se recordando de como é tê-lo no mesmo ambiente, como é olhá-lo. Por que olhava tanto? Deveria estar a conversar com Minho ou qualquer um dos garotos, matando a saudade, se divertindo.
Talvez, apenas talvez, tivesse esquecido que Seo também viria.
Mas é claro que Changbin viria.
O líquido amarelado e transparente foi distribuído em copos e aos poucos reposto, e mais uma vez, e tantas vezes que forem precisas. A conversa estava mais do que boa, pequenos grupos criados em um pequeno espaço falando de assuntos diferentes, contando histórias e relembrando velhas memórias. Agora, Kim e Jeongin falaram sobre tendências da atualidade e um meme legal que viram na internet. Porém, ainda sim Seungmin não conseguia parar de sentir a presença do outro no ambiente. Ele desviava seu olhar dos do Yang para o outro, o observando por segundos até voltar e refazer todo o trajeto novamente. Seungmin era um dos, se não, o mais sóbrio dali.
Então de assuntos mais formais ou casuais, de modo geral, agora se tornaram risadas altas e histórias antigas, como crianças. Minho e Felix dançavam no centro da sala sendo aplaudidos pelos outros com gritos e sorrisos, copos que agora se tornaram garrafas e o sentimento de lar novamente. Seungmin mal provou do líquido em seu copo, mas ainda sim poderia dizer que gostava muito da presença deles ali.
Mas isso não o impedia de ir embora. Não completamente, a casa era sua. Ele só precisava de um pouco de ar. Ar! E uma boa garrafa de vinho também. Abriu a vidraçaria que separava a varanda do resto da casa silenciosamente, se sentando no chão. O vento gelado da noite o fazia ter pequenos calafrios, e Kim pensou que iria chorar. Mas porque? Não tinha motivos. Era uma noite feliz. Ele deveria estar feliz.
Encostou sua cabeça na parede clara e fechou os olhos, desejando que sua mente parasse por alguns instantes, que parasse de se amaldiçoar por um tempo e conseguisse aproveitar o momento. Nenhum deles sabia dos problemas que Kim enfrentava, e se dependesse de Seungmin, nunca saberiam.
Não se passaram nem cinco minutos e a porta foi aberta novamente, lenta e silenciosa. Um pouco do calor de dentro do apartamento se misturou com o ar frio da sacada, fazendo Seungmin arrepiar por alguns segundos até que a porta fosse fechada novamente. Ele continuou de olhos fechados.
— Você tá bem?
— Sim. E você?
— Bem.
— Você quer?
A garrafa que Kim tinha esquecido de pegar. Ele sorriu pequeno e a pegou, levando em seus lábios, um beijo não intencional sendo selado no vidro verde musgo. Seungmin não temeu ao tomar um gole bem tomado. A devolveu logo em seguida.
— Chan hyung e Hyunjin estão cantando como idiotas na sala. — O mais velho disse, acompanhado de sua risada nasal e um sorriso fraco. Seus olhos se fixaram nas poucas estrelas que podia ver no céu, divagando entre elas e Kim.
— Eles estão felizes. — Seungmin riu também. — E bêbados. Muito bêbados.
— É, é, estão.
Uma conversa. Uma conversa simples e descontraída. Apenas uma conversa.
Até que nenhum dos dois não tivesse mais nada para falar e o silêncio tomasse conta. Aquele silêncio mortal e um pouco constrangedor se tornou muito barulhento, dizendo coisas que nem mil palavras poderiam descrever. Estavam sentados lado a lado, o máximo de proximidade que tiveram desde o mês de julho, quando tudo acabou. E isso já significava muito.
— Sabe.. Tem uma palavra brasileira que minha avó me ensinou chamada saudade. — Changbin sussurrava, mesmo que ninguém estivesse atento o suficiente para escutá-lo se não Seungmin. Pareciam trocar segredos e fazer confissões, aquelas que você teme dizer e por isso acaba dizendo mais rápido do que esperava, se embolando nas palavras e se escondendo atrás da vergonha. Mas, desta vez, Seo pareceu muito claro ao falar. — Saudade é um vazio que nada pode suprir, uma dor que corrói seu interior enquanto sua própria carne se abraça. Saudade.. Saudade é quando seu coração se aperta quando está longe daquilo que um dia você teve, e agora não mais.
— E eu tenho saudade de você, Seungmin. Muita.
Seungmin achou que o silêncio era barulhento demais entre os dois, mas nada se comparava ao seu coração que batia em seu peito, carente de amor e calor. Seu mundo parou pela segunda vez nessa noite, seu cérebro repetindo as palavras como um toca disco velho, como se tentasse tocar porém não conseguir reconhecer o disco. — Changbin..
Não soube identificar se seria uma advertência ou um chamado, mas não importava de qualquer forma. Kim virou seu rosto e passou a observar o coreano, Seungmin poderia ver um pontinho de esperança e perdimento nos olhos astutos do outro, como se pudesse enxergar a alma e seu interior apenas pelos olhos. Uma pequena fresta em sua boca mostrava o quão sem palavras Kim estava, sem saber o que dizer ou como reagir. Era errado, claro. Terminaram por um motivo, e isso já era prova suficiente que eles não davam certo. Ou pelo menos era o que Seungmin repetia para si mesmo, a fim de mergulhar na mentira própria.
Mas Changbin nunca teve culpa de nada.
Kim se sentia desmerecedor da felicidade. E não pensava isso apenas porque teve um relacionamento de anos rompido, e sim porque se detestava, e isso foi o motivo do término. Seungmin achava que não era bom o suficiente para Changbin, e um dia disse a ele que o tinha traído. Seo de primeira riu desacreditado. Kim jamais faria isso. E então algumas semanas depois ele terminou sem dar muitas explicações, o que agora o fazia se corroer apenas de pensar como poderia ter o machucado. E agora ele estava lá, mesmo depois de tudo.
Seungmin não sabia ao certo quem ele era. Mesmo adulto, as crises e preocupações da adolescência vieram junto com si, e tudo se tornou mais difícil desde então. Ele não sabia mais quem ele era; O que gostava ou apenas dizia gostar para se encaixar em grupos sociais ou para que pessoas gostassem de si, odiava seu corpo fraco e incapaz, e acima de tudo, seu rosto. Ele odiava com todas as forças o seu rosto.
Fora sua personalidade, a qual não sabia ser após tantas mudanças repentinas. E era isso, Seungmin se odiava. Ele se sentia um patinho feio cujo o nome nunca é dito, um fracasso total em sua vida (não apenas socialmente ou profissionalmente), estava existindo, acima de tudo. Não sentia vontade de fazer nada, não sentia nada e muito menos se dava o trabalho de existir. Ele perambulava pelos lugares e chama isso de viver.
A única certeza que Seungmin tinha era que amava Changbin.
E que ele não era bom para ele.
Viver, na verdade, era desfrutar da vida. Rir com amigos, namorar embaixo de árvores em uma pracinha à tarde, sorrir mesmo triste, dançar na chuva, cozinhar mesmo que não soubesse... Viver era aproveitar mesmo a tristeza, e Seungmin parecia apenas se afundar, e afundar, sem prévia para saída ou melhora.
— Por favor, Seungmin, me deixa te ajudar.
Agarrou a garrafa de vinho ao lado dos dois, pressionando seus lábios fortemente contra a borda. Kim sentiu seus olhos arderem e o nó em sua garganta se aprofundar, como se o ar fosse tão pouco que não pudesse respirar. A bebida não tão gelada mas arranhava sua faringe, fazendo seu estômago se revirar e querer jogar tudo para fora ao mesmo tempo que ele achou poder tomar aquilo como água. Ele mordeu seu lábio assim que deixou a garrafa de lado.
Estava em uma batalha interna consigo mesmo e os pensamentos intrusivos que amaldiçoam sua mente: Seungmin também sentia saudades de Changbin. Seus últimos meses foram miseráveis, indo ao trabalho e voltando para casa, o ciclo infinito da sua vida em que na calada da noite tudo se tornava em dor, e pela manhã, tudo se repetia novamente, e novamente. Kim queria dizer que o amava, que não suportava mais a ideia de o deixar mais uma vez, viver uma vida cinza e sem adrenalina, ao mesmo tempo que gostaria de deixar Changbin viver sem seus problemas e erros.
Seungmin se recusava a olhá-lo desde que chegou. Irônico, quando ele não dava a mínima para si naquela sala, Kim não conseguia tirar seus olhos dele. As lágrimas presas nos cílios de seus olhos diziam muito sobre como se sentia, uma absurda vontade de gritar ao vazio, porém nada sair. E digamos que Kim poderia sair dali e se ferir novamente, poderia se martirizar pelos próximos meses por perdê-lo novamente, mas ele sabia que não iria aguentar muito tempo mais.
A ponta dos dedos que brincavam com a barra do suéter se afundavam entre as linhas e seu corpo se virou, ainda sentado, abraçando a carne do outro e sentindo seu cheiro. Seus olhos se fecharam quando os braços do outro o rodearam, e então se sentiu seguro, se sentiu apoiado. Se sentiu algo.
Seo não se importava se Seungmin iria molhar suas vestes ou se alguém os pegasse em um momento tão íntimo e vulnerável, Changbin se importava com Kim. Seus dedos longos se embrenharam nos fios escuros, que se recordava serem loiros, acariciando a raiz calmamente enquanto seu interior morria com o choro silencioso que Seungmin fazia. Essa foi a primeira vez em algum tempo que Kim se permitia chorar e ser ajudado. Foi o primeiro passo que Seungmin iniciou para se perdoar primeiro, e acima de tudo, tentar amar a si mesmo, e então amar Changbin.
E Changbin esperaria. Esperaria por Seungmin o tempo que precisasse.
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