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𝐋𝐀𝐋𝐈𝐒𝐀 𝐌𝐀𝐍𝐎𝐁𝐀𝐍

Respiro fundo pela milésima vez, tentando me acalmar e aliso as mãos suadas no terninho cinza. Do outro lado do tribunal Woo me direciona um sorrisinho presunçoso quase imperceptível. Só de olhar para ele eu sinto ânsia. Ele está fazendo tudo isso só para estragar a minha vida, a troco de quê? Todos esses anos deixei ele em paz, vetando-o da paternidade como ele mesmo quis. E agora quer tirar minha filha de mim!

A pedido do juiz, Woo ficou de pé para apresentar seus motivos pelo qual queria a guarda compartilhada de Celine.

ㅡ Meritíssimo, primeiramente gostaria de deixar claro que apesar de não ter registrado Celine ao nascer, agora eu vejo a necessidade da guarda compartilhada. A senhorita Manoban mora na Itália, enquanto os avós criam a criança em Londres. Ela está mais preocupada em trabalhar, do que com o bem-estar da filha ㅡ Ele me olha ㅡ Eu tenho total condição de criar a menina comigo, sem ter que abandoná-la para trabalhar.

Fechei as mãos em punho, controlando a vontade de levantar, gritar e enforcar esse homem. Como ele pode dizer que eu abandonei minha filha para trabalhar?

ㅡ Você já teve alguma convivência com a menina?

ㅡ Não senhor, Meritíssimo.

ㅡ E por que esperou três anos para entrar com o pedido da guarda compartilhada?

ㅡ Porque faz pouco tempo que a senhorita Manoban mudou de país e Celine começou a ser cem por cento criada pelos avós.

ㅡ Pedir a guarda de uma criança que você não registrou e não tem convivência te deixa em desvantagem, senhor Woo. Sente-se ㅡ O juiz se direcionou a mim ㅡ Senhorita Manoban, apresente por favor os motivos pelo qual é contra a guarda compartilhada.

Meu advogado me deu dois tapinhas na mão por baixo da mesa para me lembrar de fazer conforme combinamos e fiquei de pé, respirando fundo antes de começar.

ㅡ Meritíssimo, quando eu descobri que estava grávida a primeira coisa que fiz foi dizer a Woo. Ele se negou a assumir a paternidade, além de ter me ameaçado caso eu soltasse na mídia que esperava um filho dele.

ㅡ E você tem provas de que meu cliente te fez ameaças? ㅡ O advogado de Woo me olhou com o mesmo ar presunçoso que ele.

ㅡ Senhor Rossi, não é seu momento de fala ㅡ O juiz disse ㅡ Senhorita Manoban, pode provar essa acusação?

ㅡ Sim senhor Meritíssimo.

ㅡ Me mostre, por favor.

Meu advogado ficou de pé ao meu lado tirando de sua bolsa a pasta com todas as provas que tenho contra Woo, tanto as impressas, quanto as que estão em um pen-drive. Mas claro, tirei cópia de tudo e salvei os arquivos em outro pen-drive que deixo em um cofre para não correr o risco de perder.

Senhor Bianchi levou até o juiz os papéis que mostram os prints das conversas que tive com Woo em que ele me ameaçava abertamente e me dizia várias merdas. O homem leu as três folhas grampeadas.

ㅡ Quem garante que não são conversas falsas? ㅡ Woo questionou.

ㅡ Imaginamos que duvidaria, por isso temos também áudios e vídeos com data.

ㅡ Coloque para reproduzir, por favor.

O pen-drive foi entregue para uma mulher que era responsável por reproduzir as mídias. Meu advogado ajudou ela, colocando o áudio certo, então foi reproduzido pelos autofalantes do tribunal.

ㅡ Esse áudio mostra uma conversa do dia quatorze de fevereiro de dois mil e vinte.

"Hwan, por favor acredita em mim! Esse bebê é seu, eu posso fazer o exame de DNA se você quiser."

"Não perca seu tempo fazendo teste nenhum. Estou pouco me fudendo, Lisa. Você planejou engravidar para pegar o meu dinheiro. Acha que eu vou mesmo cair nessa?"

"Eu nunca quis seu dinheiro, só quero que você possa assumir essa criança, não fiz sozinha!"

"Eu vou ser bem claro com você. Não vou assumir criança nenhuma e é a última vez que te falo. Se você vender essa notícia para ganhar fama em cima de mim, eu juro que mato vocês dois."

O áudio original é bem maior, mas eu e Bianchi concordamos que essa é a parte chave de toda conversa e que vai me deixar em vantagem. Sinto dor física só de ouvir tamanha humilhação que passei, tudo para que minha filha tivesse um pai.

Capturo o olhar de ódio que Woo carrega enquanto encara o chão, com as mãos cruzadas no queixo.

ㅡ Senhor Woo, vai dizer que esse áudio é falso também?

ㅡ Não senhor, Meritíssimo.

ㅡ Você acabou de confessar um crime. No caso específico de ameaça de morte, o artigo 612 do Código Penal estabelece que qualquer pessoa que, de maneira ameaçadora, comunique a intenção de matar outra pessoa, a pena pode ser de até 5 anos de prisão.

ㅡ Meritíssimo, é uma conversa antiga, deve ser levado em conta oque meu cliente é agora! ㅡ O cara tá desesperado.

Woo fica de pé, enquanto ele e seu advogado tentam consternar a situação que tudo isso se tornou. Bianchi me disse que esse áudio era a minha salvação, por conta da ameaça de morte. Um processo sobre guarda geralmente leva de quatro a seis meses para chegar a uma posição final, mas por conta disso é capaz que seja mais rápido além de que a causa para mim está praticamente ganha.

ㅡ Ordem no tribunal! ㅡ O juiz grita ao microfone e todos se calam e voltam a tomar seus lugares ㅡ Rossi, oque o seu cliente é, não anula o fato de que ele cometeu um crime! Mesmo que uma denúncia não tenha sido feita na época, há provas perante o tribunal e Woo Do Hwan terá que pagar!

O juiz chama um oficial de justiça e um promotor para conversar em sigilo. Depois ele volta a falar no microfone.

ㅡ Será aberto e marcado o mais rápido possível, uma audiência contra Woo Do Hwan para tratar sobre a ameaça de morte feita contra Lalisa Manoban em fevereiro de dois mil e vinte. Se for condenado a prisão, Lalisa ficará com a guarda unilateral de Celine Manoban. Se tiver que pagar apenas uma multa, haverá outra seção dessa audiência. Senhor Rossi, você ou seu cliente tem algo a dizer?

ㅡ Meritíssimo, meu cliente não pode pegar prisão por uma ameaça que não foi denunciada na época!

ㅡ Você se formou em qual faculdade? Porque já não conhece mais as leis ㅡ Virou em minha direção ㅡ Senhor Bianchi, você ou sua cliente tem algo a dizer?

ㅡ Lalisa terá que comparecer ao tribunal individual de Woo Do Hwan?

ㅡ Provavelmente não será necessário porque ela não fez uma denúncia direta ㅡ Concluiu ㅡ Sendo assim, Este tribunal está agora suspenso. Vou proferir minha sentença em uma data posterior.

Ele se levanta e se retira do tribunal. Dois oficiais de justiça vão até Woo e meu advogado me segura pelo braço, nos guiando a saída.

ㅡ Acha que tem probabilidade dele ser preso?

ㅡ Pode ser que sim ou pode ser que não, porque você não fez uma denúncia direta, assim como o juiz disse. E também tem muita coisa em jogo. Ele tem dinheiro, é possível que pague somente uma fiança.

ㅡ Posso abrir uma medida protetiva contra ele? Tenho medo que ele fiquei muito irritado com essa audiência de hoje e queira fazer algo contra mim e Celine.

ㅡ Você pode, é só ir em algum Fórum. Se quiser posso ir com você agora mesmo, já estamos com todas as provas necessárias.

ㅡ Então vamos.

•🏁•

Estamos no aeroporto aguardando para pegar o voo de volta para Itália. Só de pensar nas dezesseis horas seguintes dentro de um avião com uma criança, eu já me sinto cansada.

Minha irmã veio trazer nós duas, agora Celine está brincando alegremente com o primo. Espero que ela fique bem cansada para dormir o voo inteiro.

ㅡ Quando vai ser a próxima audiência? ㅡ Rosé questiona.

ㅡ O juiz não marcou ainda ㅡ Soltei um gemido frustrado ㅡ Estou tão cansada e morrendo de medo do que vai dar isso.

ㅡ Fica calma, Lis. Vamos torcer para ele ser preso e...

Rosé é interrompida pelo toque incessante do meu celular, com um barulho de alarme que nos assustou.

ㅡ O que é isso?

ㅡ É do sistema de segurança da minha casa.

Abri o aplicativo do alarme com as mãos trêmulas, acessando as câmeras de segurança.

ㅡ Ai não acredito...

Um homem invadiu meu apartamento e caminhava tranquilamente pela minha sala. Estava todo de preto, com máscara escondendo todo o rosto, luvas, botas, uma mochila grande e murcha, provavelmente vazia. Ele revirava meus armários e gavetas procurando por algo em específico. Pela tranquilidade do homem, parecia que ele já sabia que não tinha ninguém em casa.

ㅡ Liga pra polícia agora! ㅡ Minha irmã disse, me entregando o celular dela.

Disquei o número da polícia italiana, mudando para a câmera do corredor que leva ao quarto, onde ele tinha ido agora.

ㅡ Polícia de Maranello, qual a emergência?

ㅡ Tem um cara invadindo meu apartamento, por favor, mande uma viatura!

ㅡ Essa ligação é do exterior?

ㅡ Eu estou no aeroporto de Londres, voltando para Maranello e vi pelo aplicativo de segurança. Por favor, ele está me roubando!

ㅡ Senhora, não podemos fazer muita coisa. É uma propriedade privada e se não estiver presente, não podemos tomar nenhuma atitude.

ㅡ O quê? Nem prendê-lo?

ㅡ Só se ele for pego em flagrante.

ㅡ Então mande a viatura!

ㅡ Qual o endereço? Vou ver oque posso fazer.

Passei meu endereço, ela disse que mandaria uma viatura e a ligação foi encerrada. O cara estava no meu closet mechendo nas minhas gavetas. Por fim ele ergue o rosto, vê a câmera e dá um tiro nela para parar a gravação.

Dei um pulo me afastando do celular, cobrindo a boca para conter o grito pelo susto. Não há nenhum movimento na sala, até que ele passa correndo, a mochila cheia e sai do apartamento fechando a porta.

ㅡ Ah, meu Deus... ㅡ Apoiei os cotovelos nos joelhos, escondendo o rosto nas mãos.

ㅡ Essa polícia italiana não presta para nada, Lisa. Já deu tempo deles chegarem lá!

Pensei um pouco, procurando por outra solução e a primeira e única alternativa que achei, foi ligar para o Jungkook. Peguei o celular, discando o número dele.

Alô?

ㅡ Jungkook... preciso de ajuda.

O que aconteceu?

ㅡ Invadiram meu apartamento, eu vi pelas câmeras. Eu liguei para a polícia e eles não foram, disseram que não poderiam fazer muita coisa porque não tem uma pessoa presente. Pode ligar e pedir para eles irem lá? Provavelmente você eles escutem, eu estou desesperada!

Lisa, fica calma. Eu vou ligar e vou com eles, está bem?

ㅡ Não precisa ir, é só ligar e falar que é você...

Não, eu vou. Que horas é seu voo?

ㅡ Em quinze minutos.

Certo. Fique tranquila, está bem? Eu vou resolver isso. Não vamos conseguir manter contato depois da decolagem, então não se preocupe.

ㅡ Tá bom. Obrigada, Jungkook. De verdade.

Sem problemas, Lisa. Qual é o portão do seu voo quando chegar aqui?

Peguei a passagem, olhando as informações do pouso.

ㅡ A24.

ㅡ Eu te busco tá bom? Você vai precisar de um lugar para ficar.

ㅡ Não precisa, eu pego um táxi.

De madrugada? Sem chance. Vou ligar para a polícia agora, até mais tarde.

ㅡ Obrigada, Jungkook. Até.

Desliguei e respirei fundo, passando a mão no rosto. Agora é esperar.

•🏁•

Celine está apagada no meu colo e quando ela está dormindo, parece que seu peso triplica. Me aproximei da esteira para pegar nossas malas, batalhando para pegar com uma mão só, porque estava pesada demais.

Uma mão segura a alça da mala por cima da minha e ergo os olhos, vendo Jungkook com boné e capuz. Ele pega as duas malas e sorrir é inevitável.

ㅡ Obrigada ㅡ Falei baixo, tomada pelo cansaço.

Ajeitei o corpo de Celine no meu colo, já que ela estava escorregando para baixo. Quantos quilos essa criança pesa, pelo amor de Deus.

ㅡ Quer que eu carregue ela?

Nem pensei em negar, aceitei de prontidão.

ㅡ Sim, por favor.

Jungkook sorri e gentilmente segura na cintura dela e a vira, colocando ela deitada em seu peito, uma mão firmando o corpinho pequeno por detrás das coxas e a outra nas costas dela.

Senti uma movimentação gostosa dentro de mim ao ver essa cena. Mas eu não posso misturar as coisas, Jungkook só está sendo gentil, nada além disso. Só que ver minha filhinha pequenininha em seus braços, é estranhamente confortante.

ㅡ Lisa, ela é sua cara.

ㅡ Um pouquinho ㅡ Eu sorri.

Puxei as malas pelas alças enquanto íamos em direção ao estacionamento do aeroporto.

ㅡ A polícia foi?

ㅡ Sim, eu fui também. Eles isolaram o apartamento e você precisará ir até a delegacia para fornecer acesso às imagens da câmera e ver se reconhece o cara.

ㅡ Não pegaram ele né?

ㅡ Ainda não. Eles pegaram as filmagens das câmeras do prédio, mas as suas são mais importantes para saberem cada passo dele e oque foi roubado. Além disso você não pode ir para o apartamento enquanto a polícia não voltar lá. Nada pode sair fora do lugar.

ㅡ Entendido. Obrigada, Jungkook.

ㅡ Sem problemas.

ㅡ Pode me deixar em um hotel?

Jungkook abriu a boca, mas não disse nada. Por fim assentiu. Ele destravou o carro, abriu o porta malas para mim e a porta de trás.

ㅡ Vai atrás com ela? ㅡ Eu concordei.

Depois de guardar as malas, sentei no banco de trás e Jungkook colocou Celine no meu colo e fechou a porta.

•🏁•

ㅡ Sinto muito, todos os nossos quartos estão ocupados ㅡ A recepcionista do hotel respondeu.

ㅡ Não tem nenhum quarto com uma só cama?

ㅡ Nenhum.

ㅡ Obrigada.

Voltei para o carro, onde Jungkook ficou com Celine. Iria ser muito alarmante ele aparecer na recepção comigo, se a mulher tira uma foto e resolve postar no Twitter, já era.

ㅡ Não tem nenhum quarto disponível ㅡ Falei, vendo que Celine ainda dormia ㅡ Podemos procurar outro hotel?

ㅡ Esse é o único da cidade, Lisa. São duas da manhã, não vai ter outro hotel disponível.

Porque não me toquei antes? É lógico que ele está cansado, não posso ficar querendo que ele rode atrás de um lugar para mim ficar, achando que é meu motorista em plena madrugada.

ㅡ Você está cansado né, desculpa ㅡ Encarei o chão, envergonhada ㅡ Me deixa no meu apartamento, no quarto de hóspedes não tem problema eu ficar.

Jungkook me encarou como se eu fosse a pessoa mais insana que ele já conheceu.

ㅡ Você é maluca? Vou te levar pra minha casa.

ㅡ O quê?!

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