capítulo quinze

— Tem certeza que quer ir pescar com o papai?

A voz de Bella soa atrás dela enquanto ela coloca toda a comida na geladeira. Ela se vira e vê sua prima com as duas sobrancelhas levantadas, como se não entendesse porquê está tão animada com um plano tão chato.

— Quero experimentar novos hobbies. — responde a garota sem esconder a alegria mesmo mal tendo amanhecido.

Já se passou uma semana desde que os Cullen voltaram. Ela não viu Edward novamente, exceto porque ele pega Bella todos os dias para ir à escola. Charlie a proibiu de entrar em casa e também de conhecer a filha, mas Ari tem certeza de que a maioria das desculpas para encontrar Alice ou outro amigo é para vê-lo.

Ela presume que Charlie também sabe disso e está apenas se fazendo de bobo para não suspender a punição ainda.

Mas essa punição significa mais tempo para Bella em casa e menos tempo para eles juntos. Nem sabia o quanto gostava da liberdade de poder beijar alguém até não poder mais.

— Fui pescar uma vez e tenho certeza que morri de tédio umas três vezes. — Bella comenta enquanto Charlie desce as escadas com um largo sorriso.

— Você está pronta, companheira de pesca?

Isso faz Arizona rir levemente enquanto a adolescente dá um sorriso divertido.

— Totalmente pronta. — ela toca o boné que está usando enquanto levanta a geladeira que Charlie corre para tirar de suas mãos. — Não pesa tanto.

— Melhor para mim. — responde o homem, que perde um pouco o sorriso ao olhar para Bella. Ele levanta um dedo da mão livre em advertência. — Eu não quero o Cullen por perto.

Bella revira os olhos, cruzando os braços.

— Qual exatamente? Alice ou Edward? — ela responde com a voz afiada.

— Para o idiota que pensa que é o suficiente para minha filha. Alice pode vir quando quiser.

— É muito cedo para discutir. — Arizona é rápida em dizer ao ver Bella abrir a boca para responder. — E vou adormecer em pé se não sairmos agora.

É uma probabilidade muito real porque ela dormiu pouco antes da viagem com Charlie. Eles ficarão ausentes apenas por algumas horas, mas saber que poderão ter um pouco de espaço para si sem se esconder os enche de entusiasmo.

— Divirta-se. — o tom de Bella é mais suave quando ela os dispensa, acenando com a mão na varanda enquanto eles entram no carro de Charlie.

— Você sabe que aquele garoto vai entrar sorrateiramente assim que sairmos, certo? — Arizona pergunta enquanto eles saem da garagem e pegam a estrada.

— Não me tente a voltar e atirar nele. — Charlie murmura, franzindo a testa.

— O que dissemos sobre atirar?

— O que eu poderia fazer se não deixasse sangue no chão?

Arizona revira os olhos, balançando a cabeça divertida, e o rosto de Charlie relaxa, apoiando a mão no joelho da garota.

— Obrigado por dar uma chance à pesca. Você vai adorar, você vai ver.

Arizona não tem certeza, mas o sorriso que Charlie lhe dá faz com que valer a pena acordar tão cedo.

— Agora coloque o braço para trás e jogue-o.

Ari segue as instruções de Charlie, mas acaba com o anzol flutuando a poucos metros deles, bem na margem do rio. A risada do homem a faz fazer beicinho.

— Isso é difícil. — sua reclamação parece um pouco infantil mas eu realmente não esperava que fosse tão difícil.

— Só porque você não tem prática. — ele a consola antes de se colocar em sua espada. Ela apoia a mão na de Arizona, que segura a vara com firmeza. — Muito bem, agora juntamos os braços novamente.

Ele faz o movimento junto, mais forte dessa vez, e o gancho afunda a vários metros de distância, bem próximo de onde o gancho de Charlie pousou minutos antes. A risada alegre de Arizona faz o homem sorrir antes de dar um beijo em seu ombro.

— Viu? Não é tão difícil. — ele murmura nas costas dela antes de deixar outro beijo na curva de seu pescoço e então se afastar. Ele senta em uma das cadeiras que colocaram na beira.

Arizona olha para ele com uma sobrancelha levantada.

— E agora?

— Agora esperamos. — Charlie dá um tapinha na cadeira livre enquanto fala.

Arizona recosta-se na cadeira e fecha os olhos contra o pequeno raio de sol que atravessa as nuvens. O dia está relativamente quente para Forks, os pássaros cantam nas árvores e a água corrente enche seus ouvidos até que ela acalma sua mente.

— Uhm, agora entendo porque você gosta disso. — ela comenta enquanto sua mente parece quase vazia, o fraco raio de sol aquecendo seu rosto. Quando ela abre os olhos, ela encontra Charlie olhando para ela com um brilho curioso nos olhos. — O que?

O homem encolhe os ombros.

— Nada, só esperava que você não gostasse muito. A maioria fica entediado.

— Gosto da calma. Na faculdade eu costumava passear em um parque próximo. Era grande o suficiente para me esconder do resto do mundo e quase esquecer que estava ali.

— Você não gostou da universidade?

Agora é Arizona quem encolhe os ombros enquanto seus olhos claros olham para a água refletindo os brilhos do sol.

— Eu também não a odiei. Simplesmente estudei algo que gostei moderadamente. Eu senti que era algo que eu tinha que fazer. Eu estava namorando um cara no ano passado. — um sorriso aparece em seus lábios mas foi mais uma careta de resignação. — Ele tinha grandes planos. Ele queria montar sua própria consultoria de psicologia, ser o melhor, ganhar muito dinheiro.

— E você não gostou disso?

— Os sonhos dele pareciam bons para mim, mas não eram meus sonhos. Pessoas com grandes expectativas muitas vezes tendem a tornar as expectativas dos outros menos valiosas.

— E quais são suas expectativas?

Quando os olhos azuis se transformam em olhos escuros e ele sente grande interesse neles, Charlie realmente quer saber a resposta. E Arizona sente que pode ser completamente honesta com ele.

— Uma vida tranquila. Uma bela casa. Com jardim onde poderá plantar flores.

— Tulipas. — a palavra pega a garota de surpresa, e ela levanta as duas sobrancelhas. — Um jardim onde você pode plantar tulipas.

O riso que sai do Arizona é fresco como a água do rio.

— Sim, um jardim onde posso plantar tulipas. Também...

— O que mais? — ele a incentiva a continuar, com um sorriso brilhando em seus olhos negros.

— Uma floricultura. — é isso, ele disse, seu sonho frustrado. — Eu gostaria de abrir uma floricultura.

— E por que você não fez isso em vez de ir para a universidade? — não há críticas na sua pergunta, apenas interesse genuíno.

— Viver de um pequeno negócio é quase impossível hoje em dia, principalmente se for... flores. A faculdade era a aposta mais segura.

Charlie pega a cerveja que está no chão e toma um gole antes de responder, como se estivesse considerando bem suas palavras.

— Acredito que a vida é apostar no que você quer, não no que é seguro.

— Achei que era seguro para você. — Arizona confessa e ao olhar curioso de Charlie, ela lhe dá um pequeno sorriso. — Você é um policial em Forks.

Isso faz o homem rir.

— Sim, não é exatamente o berço do crime. Mas não me tornei policial por causa dos atos heróicos.

Arizona apoia o cotovelo no braço da cadeira com o queixo apoiado na mão e continua olhando para o homem ao seu lado.

— Por que você se tornou policial?

— Porque eu quero ajudar. Quero que as pessoas desta cidade possam caminhar em paz. Mantenha a paz. Este é o lugar onde nasci, onde cresci e onde provavelmente morrerei. Quero ajudar a torná-lo um bom lugar.

— Você nunca pensou em ir embora?

Charlie balança a cabeça, tomando outro pequeno gole de sua lata de cerveja.

— Não. Não há nada lá fora que me interesse. Gosto da minha vida tranquila. Renée sempre disse que meus objetivos eram chatos demais.

— Gosto dos seus objetivos. — as palavras escapam de seus lábios e fazem com que a pequena sombra de resignação desapareça dos olhos de Charlie. Ela se abaixa para pegar sua lata na geladeira aberta entre eles e a levanta em sua direção. — Objetivos chatos.

A risada de Charlie quase encobre o som das latas colidindo.

— Objetivos chatos. — de repente um puxão na vara de Ari faz os dois virarem a cabeça — Pegamos algo!

Arizona se levanta abruptamente junto com Charlie.

— O que eu faço?! — a voz da garota está vários tons mais alta e o homem não consegue evitar de rir.

— Basta pegar a vara, querida, e atirar.

Arizona retira a vara da base onde a havia deixado e imediatamente sente o puxão do peixe do outro lado, lutando contra ela. Plantou os calcanhares firmemente no chão.

— Colete linha de pesca. — Charlie a instrui enquanto fica atrás dela. A garota morde o lábio inferior com força enquanto tenta puxar a trava em sua direção. Ela percebe a mão de Charlie apoiada em seu quadril, a respiração dele perto de seu ouvido. — É isso Ari, você já tem.

O peixe rompe a superfície calma da água, agitando-se enquanto Arizona o puxa para mais perto dela. É um tamanho pequeno, mas não importa. É o primeiro peixe dela.

— Um peixe! Temos um peixe! — Ari pula de alegria, tentando evitar que o peixe escorregue de suas mãos enquanto isso.

— Um peixe magnífico! — a alegria de Charlie foi um reflexo da dele ao libertar o peixe para jogá-lo em uma pequena geladeira com gelo que eles haviam preparado para as capturas. — Eu sabia que você conseguiria.

Ainda com a euforia correndo em suas veias, Ari agarra a camisa xadrez de Charlie para puxá-lo para si e pressiona seus lábios contra os dele. O homem levanta as sobrancelhas surpreso, mas retribui o beijo com a mesma intensidade.

— Eu te amo. — as palavras de Ari são firmes e seguras, como o chão que ela pisa, como o homem que ela olha.

Charlie congela momentaneamente, seus olhos se arregalando com o choque daquela confissão. Por um momento, Arizona pensa que o assustou, que ele não sente o mesmo.

Ela abre a boca para dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas naquele momento Charlie segura seu rosto com as duas mãos.

— Eu te amo. — apenas três palavras mas fazem o peito de Ari se expandir de alívio e seu coração bater mais rápido.

Charlie se inclina sobre o rosto dela para beijá-la novamente, com a intensidade daquelas duas palavras, com a calma de quem sabe que ninguém vai fugir.

Sim, Arizona adora pescar.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top