capítulo quatro
TALVEZ A MELHOR IDEIA DE ARIZONA TENHA SIDO ESSE ULTIMATO. Porque duas semanas depois Bella parece um pouco mais feliz, pelo menos mais ativa.
— E o que vocês dois estão fazendo na reserva há tanto tempo? — ela pergunta curioso uma tarde quando Bella e Jacob estão fazendo lição de casa na sala.
Jake é um menino um pouco mais novo que Bella, com pele bronzeada e um sorriso fácil que Ari automaticamente gosta. Sua prima parece muito mais relaxada com ele por perto, como se o menino emitisse uma luz que pudesse desfazer suas sombras.
Os adolescentes trocam um olhar, uma conversa silenciosa.
— Um projeto — Bella responde.
— Segredo — Jake completa.
Arizona revira os olhos, levantando as duas mãos.
— Não se preocupem pessoal, não sou especialista em interrogatórios.
— Quem é o especialista em interrogatórios? — Charlie questiona divertido enquanto desce as escadas. Ele está vestido com roupas normais e Arizona se recusa a admitir que a camisa xadrez de flanela fica bem nele. Essas roupas não deveriam ficar bem em ninguém, muito menos no ex-tio dela, caramba.
— Você, eu acho. — Bella responde enquanto Ari se vira para focar sua atenção na cozinha, onde ela está preparando o jantar. Ela sempre adorou cozinhar e, tem que admitir, isso agora lhe dá uma desculpa perfeita para não olhar para Charlie.
— Você vai ficar para jantar, garoto? — questiona o delegado.
— Sim. Papai disse que você vai assistir ao jogo em casa.
— Sim, embora aquele jantar tenha um cheiro nutritivo. — Arizona escuta seus passos, pesados e firmes, que o aproximam dela. Ela pode sentir a presença dele e se força a olhar por cima do ombro para ele e se deparar com um sorriso um tanto tímido. — Lamento perder isso.
— Não se preocupe, será até amanhã. Você aproveita o tempo com seu amigo. Faz bem à alma gritar com a TV e xingar. — a garota brinca, ao que Charlie nega com uma risada baixa que Arizona gosta um pouco mais.
Nenhum deles... se tocou novamente, de forma alguma. Mesmo sendo algo casual, os dois evitam repetir momentos que lhes provoquem emoções complicadas, por isso procuram nunca ficar sozinhos.
— Até mais tarde então. — com um último olhar e um sorriso estreito, Charlie se afasta e Arizona quase tem que suprimir o suspiro de alívio.
Ela não pode gostar de Charlie. É simplesmente tensão sexual. Provavelmente porque ela não faz sexo há algum tempo.
É disso que você precisa. Flerte. Sim. Tem que sair.
Isso resolverá tudo.
★
— Esse cara está olhando!
— Que?
— Esse cara está olhando para você.
Ela mal consegue ouvir a voz de Lucy por cima da música. Ela continua com o olhar para onde sua amiga aponta e encontra um garoto olhando para ela descaradamente. Parece que seus olhos se fixaram no decote do vestido muito apertado, que estava escondido entre suas roupas há anos.
— Não gosto. — retrucou.
Lucy revira os olhos enquanto toma um gole de seu copo. Algo colorido e excessivamente doce que Ari não gosta muito, mas também pediu, só porque não tem ideia de quais coquetéis estão na moda no momento.
— Vamos, está bom.
— Então vá buscá-lo. — sugere a garota, tomando um gole de seu copo, cercando o canudo com seus lábios vermelhos que contrastam com o vestido preto.
— Nah, eu gosto do amigo dele, o grandalhão que consegue me segurar com uma mão só.
— Todo mundo pode te segurar com uma mão, Lucy. — Ari responde com humor, seu amigo tem apenas um metro e meio de altura e ela, com um metro e sessenta e seis, se sente uma gigante ao lado dele.
— Não se eu arrancar primeiro. — ela tem que admitir que Lucy tem razão, ela é pura personagem em um corpo pequeno e com curvas pronunciadas — Embora eu prefira que ele arranque minha calcinha... Ele está cada vez mais perto!
Os dois amigos se aproximam das meninas, aquele que fica de olho nela olha para ela com um sorriso brincalhão.
— Olá! Eu sou Tom.
— Arizona. — ela se apresenta e consegue ver pelo canto do olho como sua amiga está flertando descaradamente com o outro cara.
Tom se inclina em sua direção com a desculpa de que o volume da música invadiu demais seu espaço.
— Você quer dançar, Arizona? — os lábios dele quase roçam a orelha dela e ela resiste à tentação de empurrá-lo para trás. O menino é legal e bonito, embora tenha dito não. Lucy já está na pista de dança com o outro cara.
E foi isso que você veio procurar, certo? Distraia-se um pouco, tire a cabeça de um certo delegado de polícia vinte anos mais velho que certamente faria coisas muito diferentes com você se fossem os lábios dele que tocassem a sua orelha...
— Claro! — ela aceita, forçando um sorriso para parar o rumo de seus próprios pensamentos.
Eles afundam na maré de corpos se movendo ao ritmo da música, as mãos de Tom encontram seus quadris e ela os apoia em seus ombros. O sorriso do garoto é torto e seus olhos ardem com algo que Ari reconhece como atração misturada com álcool.
— Você é linda, sabia disso?
Arizona fica tentada a revirar os olhos. Por que os homens sempre têm necessidade de dizer coisas tão básicas quando querem flertar?
— Obrigada. — é a única coisa que vem à mente e parece que é a palavra que Tom está esperando porque de repente seus lábios estão nos dela.
Tem gosto de gim e tabaco, e a repulsa percorre o Arizona como um raio, fazendo com que ela o empurre com as duas mãos. O menino olha para ela perplexo.
— O que está acontecendo?
— Não me sinto bem. — a desculpa sai de seus lábios rapidamente e ela se sente mal quando a perplexidade de Tom se transforma em preocupação.
— Você quer que a gente saia daqui?
A garota nega.
— Não, não, acho que vou para casa.
Antes que o menino possa perguntar mais alguma coisa ou, pior, oferecer-lhe uma carona, ela passa pelo resto das pessoas para fugir e procurar Lucy. Ao encontrá-la, ela se sente mal por interromper a dança da amiga ou as apalpadelas descaradas com o rapaz, mas a amiga só a olha com preocupação quando ela avisa que vai para casa.
— Você quer que eu te leve? — pergunta a morena.
Ari nega novamente.
— Vou pedir um táxi. — ela dá um sorriso tranquilizador. Lucy a avalia com seus olhos escuros antes de concordar.
— Mas me mande uma mensagem quando chegar em casa, ok?
Arizona assente.
— Divirta-se. — ela pisca para ela para deixar a amiga ainda mais calma e lhe dá um sorriso travesso ao se despedir.
★
Arizona apenas admite que talvez sua ideia de ficar não tenha sido tão boa quando ela está sentada no táxi. Talvez só precise encontrar alguém em um ambiente longe do álcool e da música maluca. Onde quer que seja esse lugar.
A casa está escura quando ela entra. Ela escreveu uma mensagem rápida para Lucy ao sair do táxi.
Quando ele acende a luz da entrada, o rosto meio adormecido de Charlie aparece pela porta da sala. Ele ainda tem a marca da almofada no rosto.
— Você estava me esperando? — Ari pergunta com alguma diversão causada pelo álcool que ainda carrega consigo. Sua boca tem gosto de algodão doce, é a última vez que ela bebe algo que Lucy recomenda.
— Estas bêbada? — questiona o homem ao ver como a garota cambaleia nos calcanhares.
— Que observador, Chefe Swan. — Arizona ironicamente ao deixar cair a bolsa em uma cadeira, mas falha e ela cai com um baque surdo no chão.
— Você vai acordar Bella. — Charlie sibila, a raiva invadindo seu tom enquanto observa cada movimento da garota. — Quem trouxe você?
— O que é isso agora? Um interrogatório? — Arizona responde antes de seguir em direção às escadas, seus pés torcem e ela tem que se segurar no corrimão, perdendo a dignidade que tentou usar em suas palavras.
Charlie murmura uma maldição antes de passar um braço em volta da cintura da garota para ajudá-la a se equilibrar.
— Vamos, vou te ajudar a se levantar para não quebrar o pescoço.
Arizona pensa em protestar a princípio, mas o braço de Charlie parece ótimo em sua cintura, muito melhor do que os lábios de Tom, então ela acaba balançando a cabeça humildemente.
— Cheiras bem. — a garota murmura enquanto sobem as escadas. Seu rosto está tão próximo do homem que seu nariz roça sua bochecha. Tem cheiro de loção pós-barba e algo mais masculino.
Charlie bufa enquanto eles continuam subindo.
— Você cheira a algodão doce. O que diabos você bebeu? — ele pergunta com raiva.
— Algo que Lucy sugeriu. — eles chegam ao quarto dele e Charlie o ajuda a sentar na cama. Um sorriso brincalhão surge em seus lábios enquanto ela observa o Chefe Swan se abaixar para remover os instrumentos de tortura de seus pés. — Gosto quando você fala mal.
Por um momento, os dedos de Charlie permanecem imóveis em seus pés, retardando a tarefa de desamarrar as fivelas dos calcanhares.
— Tomo nota. — ele diz secamente antes de finalmente tirar os sapatos e jogá-los em um canto.
— Quero conhecer a pessoa por trás do policial sério e do pai calmo. — é o álcool que solta a língua dela, pelo menos é o que ela diz para si mesma enquanto Charlie se levanta, olhando para ele com as duas sobrancelhas levantadas e raiva queimando em seus olhos. — Acho que gostaria daquele homem.
— Não, você não iria gostar. — ele responde antes de apontar para a cama em que ela está sentada. — Durma bem, amanhã conversaremos.
— Você vai me punir, Chefe Swan? — a garota cantarola de brincadeira.
O olhar de Charlie escurece e parece que a atmosfera ao redor deles se transformou, como se o mundo estivesse prendendo a respiração enquanto Charlie se inclina em direção a ela para pegar seu queixo entre os dedos.
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