01 - o início
[...]
—— Você vai assim?
Amaya me fitava enquanto eu arrumava o os coturnos pretos nos meus pés. Eu usava um vestido azul escuro simples de mangas longos na frente e com as costas nuas, como não era muito fã de saltos optei por usar as botas, para me sentir mais confortável, e minha amiga tinha um grande rancor com meus sapatos, ela os odiava, não me surpreendi quando a vi fazer uma careta para eles.
—— Algum problema? - minha sobrancelha esquerda se levantou.
—— Nenhum.
Dei de ombros assim que ouvi a resposta. Depois de terminar uma maquiagem no rosto, esperei com que may terminasse de se arrumar, iríamos com seu carro hoje, ela não gostava de usar o meu por ser um modelo antigo. May e eu dividíamos um apartamento próximo a faculdade, apesar de termos direito aos dormitórios, gostávamos de ter a nossa própria privacidade, assim, as despesas do lugar ficava por conta nossa, era bom e o aluguel não era tão caro.
Assim que entrávamos no jeep uma música lenta começou a tocar, o que me fez refletir o porquê de eu estar tão ansiosa para ir a essa festa hoje. Amaya havia mencionado tanto a luta de Baji que até eu que não curtia estava esperando esse grande show da noite. E eu também sentia que poderia ser uma ótima oportunidade para me aproximar do homem.
—— O que vai fazer para conseguir que Keisuke Baji a deixe entrevista-lo? - olhei para minha amiga assustada.
—— Como? - fingi que não tinha ouvido aquilo.
—— Qual é [Nome], eu sei muito bem que você é louca pela história dele, e além disso eu leio seu caderno de anotações. - me mostrou a língua —— O trabalho de jornalista começa desde a faculdade, né?
A vi gargalha alto enquanto eu mordia o lábio, se estava tão na cara assim o meu fascínio por ele, era capaz de eu entrar em encrenca, não sabia qual seria a reação de Baji após eu fazer alguma proposta sobre isso para ele.
—— Eu não sei, isso é só algo que eu gostaria de fazer como trabalho, o seu nome é mencionado em todos os corredores, seria interessante um artigo sobre ele. - mordi com força a parte interna da minha bochecha.
—— Você não pode chegar perto dele com essa insegurança, vai travar. - achava incrível a maneira de Amaya me dar força de coragem para fazer as coisas.
—— Isso foi um conselho? - ironizei
Vi ela estender o dedo indicador para o alto, chamando meus olhos para o ato.
—— Vou dizer só uma vez - começou estralando os dedos —— Depois da luta, encontre ele, fale com ele sozinho, faça uma proposta e saia, é simples.
A olhei incrédula, aquilo parecia mais uma cena de filme pornô do que uma jornalista em busca de emprego.
—— Isso realmente funciona na sua mente? Porque na minha é uma vergonha. - cruzei meus braços.
—— Vá a merda, você tem que fazer com que ele fique interessado nisso.
—— Ele não vai me deixar entrevista-lo essa noite Amaya, e nem sei se um dia vai, estou indo apenas para vê-lo lutar, ok? - vi ela concordar de relance.
Revirei meus olhos, Amaya queria me ensinar a fazer uma coisa que era o meu talento próprio, eu sabia que não era fácil assim querer entrevistar alguém que você mal conhece, e usar todas as técnicas que ela deu como solução não funcionaria em nada, principalmente na pessoal que eu imagina que Keisuke Baji fosse.
Após pararmos em frente a uma casa noturna, descemos e esperamos na fila chegar nossa vez. Toman também era muito conhecida pelas festas enormes que eles davam, não era algo para brincadeira, e o principal era que, eles lucravam muito com isso, acho que a maior renda da república vinha com aquelas festas que só aconteciam três vezes no ano. Eu dentre os anos na faculdade fui apenas em uma, mas tive que voltar horas seguidas porquê Amaya passou mal após beber algo batizado por alguém que nunca conseguimos descobrir quem era. E esse é um dos grandes problemas nessas festas insanas, ali dentro rola de tudo e mais um pouco.
Após passarmos pela entrada, entregando os documentos para o segurança avaliar nossa idade, pude reparar que a entrada do bar era iluminada com um letreiro vermelho neon profundo acima de uma porta escura, com cordas de veludo vermelho revistando a área a frente toda. Lá dentro a música estourava alto nos meus ouvidos enquanto podia ver milhares de pessoas bebendo ao redor, e algumas strippers dançado no palco central, olhei para o alto e pude ver que lá havia uma área vip, provavelmente apenas os membros da Toman que estavam lá, tentei ver quem mas com as luzes roxas e azuis foi impossível enxergar alguém com a minha visão um tanto falhada naturalmente.
—— Precisamos de uma bebida. - ouvi minha amiga pronunciar e a segui até o bar.
Passávamos por inúmeras pessoas, alguns nem era da nossa faculdade, e a maioria eu nunca tem tinha visto pelos corredores do campus, tinha muita gente estranha mas eu sabia que todos vieram pelo mesmo motivo que eu e Amaya.
—— O que vão querer meninas? - o barmen perguntou olhando para mim e Amaya.
Pude sentir um flerte dele com ela.
—— Eu vou querer algo com gin - minha amiga foi a primeira a dizer.
—— Quero whisky com coca cola. - disse e ele afirmou saindo para fazer as bebidas.
—— Whisky duplo, quer ficar bebada gata? - Amaya me fitava com um sorriso nos lábios.
—— Talvez assim eu crie coragem para falar com Baji. - ouvi ela rir.
Eu não iria ficar bebada, o whisky era apenas para esquentar o meu corpo e preparar a minha mente para ver a luta que rolaria mais tarde. Se os boatos são todos verdades, eu tinha certeza que rolaria muito sangue naquele ring. Já me sentia enjoada só de pensar nisso.
Após alguns drink e conversas com a minha amiga, pude ver Draken se aproximando da nossa mesa no canto, ele estava bem bonito hoje, roupas pretas, botas e uma corrente de ouro fina, combinado com os brincos na orelha que chamava atenção para aquele dragão desenhado na lateral da cabeça. Sempre tive curiosidade para perguntar se doeu muito a tatuagem.
—— Então você veio mesmo, gata. - cumprimentou a minha amiga e eu apenas dei um aceno de leve para ele.
—— Claro que sim, estou louca para o show da noite. - um sorriso enorme brotou nos lábios da ruiva.
—— Vamos então, te levarei para o local. - ele disse olhando lentamente para uma porta vermelha no final do corredor que estávamos.
—— Certo, vamos então [Nome]? - eu concordei pegando minha bolsa um pouco desajeitada, mas eu percebi Draken me fita ferozmente com o olhar.
—— Sim? - falei baixo e vi ele se inclinar um pouco para chegar a minha altura. Esse cara deveria ter mais de 1,80m.
—— Sabe que o que acontecer lá embaixo ficará lá embaixo, não é jornalistinha?
Ele comentou na minha face e eu engoli em seco concordando. Nunca pensei que Draken soubesse quem eu era ou o curso que eu fazia.
—— Gostaria de ouvir da sua boca se entendeu. - eu sabia que essas lutas eram clandestinas e que, o que realmente acontecia lá dentro ninguém falava sobre, mas nunca pensei que seria encurralada por isso.
—— Sim, não sou fofoqueira. - respondi desviando os olhos do dele, Ken Ryuguji era alguém que me intimidava para um caralho.
Ouvi ele apenas murmurar um "muito bom" e começamos o seguir até passar pela quela porta pequena e vermelha, cruzando ela, pude sentir que hoje não seria a melhor noite da minha vida, muito pelo contrário, sentia que tinha tudo para dar errado. Fazer tudo isso estava além do que minha pessoa costuma fazer no dia a dia. Assim que descemos as escadas, deixamos nossos pertences em um armário e um segurança revistou por cima nossos corpos. A segurança que a Toman tinha estava começando a me irritar, era só uma luta, não precisava de tudo isso.
Quando passamos finalmente por uma cortina pesada de veludo escuro pude perceber que o local já estava bem cheio, a maioria do pessoal lá de cima que encontrei pelo caminho estavam todos aqui sentados e animados esperando o show começar. Ainda seguindo o loiro, passamos pela área toda até chegar em uma parte reservada, tinha dois membros sentados encarando nos. Draken os cumprimentou e sentou, Amaya fez o mesmo, eu já fiquei um tanto perdida, não sabia se me apresentava ou ignorava eles.
—— Essa é uma amiga muito próxima minha, ela veio assistir a luta de hoje. - soltei todo o meu ar quando minha amiga aliviou minha tensão após me apresentar. Eu apenas acenei para os dois.
—— Mikey. - o loiro estendeu a mão para mim e eu a peguei lentamente após ouvir seu nome. Então esse era o líder da república, ele parecia alguém comum demais pelo o que já ouvi falar dele. —— Esse é Takashi.
Apenas sorri para ele e pus a sentar do lado da minha amiga que estralava os dedos de ansiedade. Quando as luzes vermelhas do lugar se apagarem e substituíram apenas por uma amarela no centro, mostrando que o ring estava de pé e com as portas abertas esperando os lutadores entrar, senti meu estômago se agitar para o que veria a seguir. Vi um loiro com sobrancelhas bem marcadas ser o primeiro a entrar no círculo, algumas vaias e aplausos eram dispersados no local, e vi Amaya bater forte com as mãos assim que uma movimentação a mais começou no início da entrada.
—— Parece que ele já está aqui. - a ruiva comentou olhando para trás e batendo as palmas no meu ombro.
Eu repeti seu olhar vendo nitidamente que ele andava lentamente pelo corredor até chegar no ring a sua frente. O capuz preto cobria todo o seu rosto junto com o seu corpo também coberto, mas a mãos dele me chamaram a atenção, pareciam estar bem machucadas, com algumas fitas em volta, mostrando nitidamente que ele já havia brigado bem antes dessa luta. A pergunta era só com quem?
Quando o moreno pisou no círculo, começaram uma sequência de aplausos e gritaria vindo da plateia, eu podia sentir toda a energia ali. E não demorou muito para que Chifuyu Matsuno subisse no ring também, eu o conhecia pela aulas de arquitetura que meu curso tinha. Não sabia que o loiro fazia parte da república, ele era alguém que eu gostava muito de conversar nas aulas. Quando o mesmo começou a falar, eu entendi seu papel, ele estava anunciado a briga de hoje e a volta da lenda ao seu lado esquerdo.
—— É com entusiasmo que hoje eu aviso a vocês que, Keisuke Baji lutará contra Tetta Kisaki.
Mais vaias e aplausos foram distribuídos após a partida de Chifuyu do ring, e quando foi liberado para que a lutasse começasse as luzes se apagaram ficando apenas um fio de luz vermelha vindo da entrada. É tudo ali acontecia muito rápido, eu não vi quando ele tirou o capuz, mas pude apenas ver os dois homens ali se batendo freneticamente, tudo acontecia muito rápido para que meu cérebro processasse aquela luta, eu conseguia ouvir apenas as batidas de socos e chutes distribuídos pelo ring. A plateia gritava cada vez mais de animação, e quando as luzes do local voltavam a se acender normalmente, eu tomei um susto com o que pude ver agora, nitidamente a minha frente.
Ele estava coberto de sangue na primeira vez que o vi.
Eu de fato estava vendo ele agora, os cabelos pretos presos em um rabo de cavalo, o sorriso cínico mostrando seus dentes caninos da frente, e a pose de quem era indestrutível com sangue jorrado por todo o seu corpo, eu pude perceber que aquele era realmente Keisuke Baji, o insano lutador da Toman. Com Kisaki Tetta jogando no chão e mais sangue espalhando ao redor do corpo, todos sabiam quem venceu aquela luta, e uma gritaria infernal invadiu meus ouvidos junto com aquele cheiro de sangue que me deixava com um mal estar.
Eu não conseguia nem distinguir o que era dele, e o quanto pertencia ao outro homem lutando com ele. Sentia meu estômago revirar com a visão à frente, aquilo era demais para mim, todo aquele sangue espalhado pelo seu rosto, eu via pingar sobre seus cílios, descendo lentamente sobre o nariz até chegar aqueles lábios rosados que carregavam um sorriso cínico desde a hora que entrou no ring, para o adversário à sua frente, que já estava caído no chão sem nenhuma chance de lutar mais.
Todos ao redor daquele local aplaudiam ruidosamente o moreno, acenando com dinheiro em suas mãos mostrando que acabaram de ganhar, apostando nele. Os gritos ali, eram terríveis, como alarmes soando em uma sala de aula, avisando a todos que era hora do intervalo, sendo assim, as pessoas corriam em direção ao ring improvisado, se aproximando cada vez mais dele, como se o lutador campeão fosse uma lâmpada de calor e todos ali estivessem congelando.
Mas eu não, naquela hora, eu fui a única que se virou e correu para fora desejando nunca mais voltar.
Eu só consegui ouvir a voz de Amaya gritar por mim assim que passei finalmente pela porta da boate. Mas eu não parei de correr, eu precisava sentir ar em meus pulmões, meu cérebro estava falhando nesse momento, eu sempre soube que vir aqui era demais para mim. Apesar de ter ficado extremamente curiosa em conhecer Baji, aquilo foi violência em excesso, eu nem conseguia me lembrar de tudo o que aconteceu por ter sido tão brutal a sequência de socos que ele distribuiu no rosto de Kisaki, ele realmente era insano.
Assim que atravessei a rua eu corri quarteirões para uma praça próxima. Não parei até encontrar um banco iluminado por um poste de luz em cima e desabei nele, sentindo meu coração explodir no peito. Tentei recuperar o fôlego, mas o ar não alçava meus pulmões, naquele momento eu percebi que estava tendo um começo de ataque de pânico. Eu me estiquei no banco, pressionado minha mão no meu peito esquerdo, tentando desacelerar minha respiração e os batimentos cardíacos. Enquanto tentava me acalmar a minha mente só pensava em onde estaria Amaya, eu sei que quando corri da casa noturna ela estava atrás de mim me chamando, mas não percebi quando ela desapareceu nessa minha fuga.
Todo aquele sangue ainda estava na minha mente, eu sabia que veria isso hoje, mas nunca pensei que fosse tanto, ainda que tudo estava em cima dele...ele.
Fechando meus olhos, imaginei o rosto dele mais uma vez, senti minha frequência cardíaca começar a aumentar novamente. Mas não de uma forma assustadora, estava mais para uma forma animada. Baji era um homem bonito, bem diferente do que eu imaginava antes. O contorno de seu rosto, o peito e seus braços muito bem desenhados, parecia que ele fora esculpido em mármore. E aquele sorrio traiçoeiro que ele carregava nos lábios ficaria cravado por um bom tempo na minha mente.
Eu abri meus olhos, vendo o céu escuro acima de mim, desejei estar em outro lugar para que eu pudesse ver as estrelas. Cresci em uma pequena cidade no interior do Japão, e lá eu estava acostumada a ver o céu brilhar pelas estrelas todas as noites. Tokyo era muito diferente, com luzes brilhantes e tecnologia de primeira, as estrelas de um céu ali, eram todas bloqueadas.
Me sentei lentamente, olhando ao meu redor de onde estava sentada, e de repente a consciência por completo me invadiu, eu não tinha ideia de onde estava.
Porra
Meu subconsciente alertou assim que percebi que também não estava com minha bolsa e nem meu telefone, havia deixando tudo para trás. Olhei em volta, me levantando e me virando para o que pensei ser a direção de onde vim. Me virei para o outro lado e ambas direções pareciam exatamente iguais. Estava perdida.
Voltei a me encostar no banco duro, repetindo na minha mente tudo o que vi hoje a noite, foram coisas demais para processar, e ainda sentia meu peito doer de ansiedade. Eu acho que desde que, sai de casa eu sabia que nada funcionária bem hoje, se tivesse escutado meu subconsciente e não Amaya estaria tranquila dormindo em casa e não passando frio como estava agora.
—— Bom, está noite foi um desastre do caralho. - falei em voz alta, pressionado minhas mãos no rosto deixando escapar um gemido baixo.
—— Então está prestes a piorar, porque este é o meu banco. - uma voz baixa e com sotaque afirmou. Eu pulei olhando para o homem que estava num instante parado na minha frente. O rosto dele estava sombreado por um capuz de seu moletom azul escuro com zíper.
—— Você não pode ter um banco, isto é uma praça pública.
Ele manteve as mãos enfiadas nos bolsos olhando pra mim em silêncio. Fiquei nervosa por perceber que discutia com algum desconhecido qualquer.
—— Encontre outro. - me ordenou, a voz saiu extremamente áspera e alta dessa vez. Quando ele deu um passo à frente eu forcei as minhas pernas permanecerem ali e não me levantar para correr.
—— Encontre você outro, estou aqui primeiro. - estreitei meus olhos para ele, enquanto meus dedos agarrava a borda do banco ao lado das minhas coxas.
O homem deu mais um passo à frente novamente, estendendo a mão para tirar o capuz de sua cabeça. E assim que ele terminou o ato, eu o reconheci, ele era Keisuke Baji. Minha respiração na hora deixou meus pulmões em um suspiro suave quando seus olhos finalmente encontraram os meus.
—— Ótimo, você me conhece, agora saia. - resmungou virando-se para sentar no banco no espaço vazia ao meu lado. Seu cabelo que antes estava preso, agora totalmente solto caia por seus ombros em um movimento perfeito.
—— Eu não te conheço - respondi, porém saiu mais suave do que queria, meus olhos deslizavam pelas linhas do perfil dele. A primeira coisa que notei, foi um grande corte acima de sua sobrancelha, estava preso por três pequenos esparadrapos em forma de borboleta. — Você deveria ver isso. - apontei.
Ele não olhou para mim, apenas se encostou por total no banco. Eu não conseguia acreditar que estava sentada ao lado dele sem vomitar, as imagens de sua luta mais cedo começavam invadir minha mente sem permissão. E me sentia ainda mais ansiosa por ter ele justamente para uma conversa, o que imaginei que não aconteceria a noite toda. Por um instante eu me vi perguntando porquê queria tanto conhecer ele.
— Me deixe em paz. - comentou, porém dessa vez, ele se virou para olhar pra mim enquanto falava.
Vi seus olhos percorrendo o meu rosto, descendo pela estação do meu pescoço, braços, seios e nas coxas expostas. Meu rosto queimou, ele nem aos menos tentou disfarçar o olhar, era muita audácia dele.
—— Você é Keisuke Baji. - disse chamando sua atenção de volta para o meus rosto, tão rápido, que eu devo ter parecido assustada, porque ele riu sem humor.
—— Pensei que você não me conhecesse. - zombou, o fez meus rosto ficar vermelho novamente. Não é de admirar que muitos tenham medo dele, ele tem um jeito distinto de fazer as pessoas se sentirem imensamente estúpidas.
—— Ouvir falar de você não é o mesmo que te conhecer. - comentei me afastando dos seus olhos. —— Eu vim ver você lutar hoje.
— Eu sei. - ele respondeu e sua voz enviou um arrepio pela minha espinha. —— Eu vi você.
Eu me virei para olhá-lo, mas ele não olhou de volta enquanto pressionava os lábios, como se estivesse forçando as palavras que queria dizer.
—— Você estava com ele. - ele finalmente declarou, como se aquilo fosse um fato, e minhas sobrancelhas se juntaram.
Continuei olhando para ele em confusão, até que ele olhou para mim e falou;
—— Kisaki Tetta, meu oponente, você estava aqui por ele.
Não entendi suas falas de afirmações.
—— Não, eu não estava - balancei minha cabeça —— Eu vim ver você.
—— Por que fugiu no final da luta, então?
Depois daquela pergunta eu me lembrei de que eu deveria estar desempenhando um papel aqui nessa conversa, tentando entrar na sua cabeça para que eu pudesse obter o meu artigo sobre ele. Eu não iria entrar na sua mente agindo como uma idiota com ele, mesmo que tudo em mim estivesse gritando para eu continuar fazendo isso. Não podia deixar que ele começasse a fazer as perguntas aqui.
—— É essa a sua maneira de me perguntar se eu tenho um namorado? - me inclinei contra o banco, esperando parecer confiante e relaxada, não oposto do que eu realmente estava.
Ele virou mais seu corpo para mim, seus lábios se ergueram mostrando um sorriso perverso ali, suas presas caninas aparecerem um pouco, e eu lembrei bem daquele sorriso. Ele deu um desse mais cedo no ring.
—— Você acha mesmo que um namorado me impediria de fazer algo? - ele riu, seus olhos se arrastaram para o meu rosto, encontrando meus olhos mais uma vez. —— Você é apenas um cordeiro. Te comeria viva, se eu quisesse.
— Talvez eu goste disso. - dei de ombros, correspondendo o seu insulto, observei ele virar o seu corpo em direção ao meu lentamente. Ele encostou o cotovelo no topo do banco, apertando as mais no espaço entre nossos corpos.
Meus olhos pousaram em suas mãos, percebi que ele usava esmalte preto e anéis pesados em cada um dos dedos. Porém ainda dava pra ver que suas mãos estavam bem machucadas, alguns cortes eram visíveis. Eu desviei meus olhos de suas mãos e voltei o olhar de volta para seu rosto, vendo que ele ainda estava me observando.
—— O que? - perguntei, inclinado minha cabeça para o lado.
—— Você veio com a Amaya? - por dentro eu estava confusa, ele conhecia minha amiga?
—— Sim, por quê? Ela é uma amiga. - respondi simples.
Se Amaya o conhecia, ela nunca me contou, e por ele saber o seu nome, me dava a intenção que talvez eles fossem próximos.
—— Ela estava te procurando com Draken. - ele deu de ombros e eu apenas concordei. Talvez quando ela me perdeu de vista voltou para a boate ou algo assim.
Ficamos em silêncio depois disso, eu não sabia muito o que falar, sentia o meu corpo formigar com toda essa situação inusitada. E acho que ele também não tinha mais o que falar, ambos estavam calados olhando para o céu sem estrela alguma. Já estava bem tarde, eu precisava encontrar Amaya logo, para podermos ir para casa, então eu me levantei sem muito ânimo, e percebi que ele acompanhou com os olhos o meu ato.
—— Irei procurá-la então. - disse por fim e percebi que ele não deu muita bola. — A propósito, me chamo [Nome], [Nome] Watanabe.
Achei justo falar o meu nome já que eu sabia o seu. Aquilo foi uma apresentação, quase como se fosse para nos vermos de novo, e eu tive certeza disso, quando ele finalmente respondeu:
—— Keisuke Baji.
NOTAS
• Acho que ela não gosta muito de violência, talvez Baji tenha muito o que ensinar para ela.
desculpe erros ortográficos.
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