𝐀 𝐑𝐀𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐄 𝐒𝐄𝐔𝐒 𝐏𝐄𝐎̃𝐄𝐒

A rainha fode o rei.

Me diziam que era o contrário quando se estava no poder. A gula atacava com a luxúria, a excitação de ter seus cavalos à mercê de você, além do restante dos peões, as torres, e claro, sua rainha.

Com minhas próprias mãos, descobri que essa é a mentira mais amarga no mundo das mulheres. 

Homens abusivos podem te matar se quiserem. A ira toma conta deles, transformando-os em um dragão furioso com sede de sangue, atravessando o castelo de cartas que se transformam em cinza assim que a chama os banha com seu ódio. A fixação pelo sofrimento, o pecado que formiga por nossas veias para descontar isso de alguma forma, fazendo o que pode para alcançar o alívio.

Até transformar-se na tão maldita gula.

A rainha quer mais, ela quer mais poder que o rei, ela consegue dominar sua mente, seu corpo, sua alma. O que pensar quando a gula e a ira, estão cara-a-cara? A gula ganhará, manipulando seu adversário com sangue nas mãos e lágrimas de crocodilo nos olhos, e o principal: conseguirá se sair como vítima.

E então, ao finalmente matar seu rival, ela enxerga a ganância, o rei.

A ganância está pronta para o banquete, está com tanta fome que seus olhos brilham para conseguir tudo da gula. Oh, céus… Dois seres que prezam por mais, nunca estão satisfeitos, sempre dispostos a alcançar o topo até que sobre apenas uma delas em cima da torre.

O fim trágico da ganância diante o abismo da gula.

O salto fino da gula para sobre o peito da ganância, que sorria como se aquele ainda fosse o melhor dia de sua vida. Como se quem tivesse ganhado fosse ela. Mas ela apenas está pensando que seus olhos estão fixos em um pecado a sua altura. 

Não, está olhando para alguém melhor do que ela.

E assim, percebemos que o rei era apenas um mero peão aos pés de sua rainha.

Xeque-mate.

© 𝐁𝐘 𝐇𝐀𝐑𝐈

＃𝟤𝟪, 𝗮𝗴𝗼. 𝟮𝟬𝟮𝟯