TEN

   Você passou o resto do dia como uma sombra de si mesma. Cada som parecia amplificado, cada movimento no escritório fazia seu coração pular como se ele estivesse ali, observando, esperando o momento certo. O bilhete, as rosas, o sangue... tudo parecia um aviso sombrio de que fugir era inútil. E mesmo assim, você queria tentar.

   Quando o relógio marcou o fim do expediente, você recolheu suas coisas com pressa. Suas mãos tremiam enquanto tentava não olhar para ninguém, focando apenas na porta de saída. O corredor parecia mais longo do que o normal, o silêncio mais opressivo. O eco dos seus próprios passos soava como um tambor, marcando o ritmo acelerado do seu coração.

   Mas algo estava errado.

   As luzes do prédio estavam apagadas. Tudo estava fechado, deserto, como se você fosse a última pessoa ali. Seu peito apertou ao perceber que, mesmo sem olhar, você sabia que ele estava lá. Podia sentir. Como um predador à espreita, esperando o momento certo para atacar.

Toji sempre estava por perto. Lhe rondando.

   Você parou no meio do corredor, os olhos vagando pelo ambiente.

    Fuja.

A voz em sua mente sussurrou, insistente.

Fuja igual você fez a dez anos atrás.

Sem pensar duas vezes, sem brigar consigo mesma ou mandar sua mente se calar, você girou nos calcanhares e correu. O som dos seus passos ecoavam pelas paredes do edifício vazio, misturado ao som da sua respiração pesada e ao pulsar do sangue em seus ouvidos. Você não sabia para onde ir, só sabia que precisava se afastar.

O prédio vazio parecia um labirinto. Tudo ao seu redor estava envolto em silêncio, exceto pelo som da sua respiração ofegante e do eco dos seus passos apressados. Você não sabia exatamente para onde ir, só sabia que precisava sair dali. Que precisava escapar dele.

Por trás de você, o som de passos ecoou, firmes, calculados.

— Sophie.

  A voz grave chamou seu nome como uma melodia distorcida. Lenta, arrastada. Ele estava se divertindo.
Seus pés vacilaram por um segundo, mas você forçou o corpo a continuar. Ele sabia onde você estava, mas você precisava de vantagem. Entrou pela primeira porta que viu aberta e encontrou um pequeno escritório, uma mesa, um armário... tudo parecia apertado, sufocante. Apoiando as mãos nos joelhos, você tentou acalmar sua respiração para não entregar sua posição.

Do lado de fora, os passos continuavam. O som de seus sapatos sociais e escuros contra o chão fazia sua espinha gelar. Ele estava andando devagar, como se estivesse prolongando a tensão de propósito.

— Por que você está se escondendo, minha luz? — Ele perguntou, a voz ecoando no corredor. Você se encolheu mais atrás da mesa. — Eu só quero conversar.

Você cerrou os dentes, engolindo o nó na garganta. Sabia que aquilo era mentira. No fundo de seu ser você tinha a plena certeza de que era ele quem havia matado Junpei... Que o sangue nas rosas era de Junpei.

O som dos passos parou.

Seu coração disparou, os músculos tensos, como se estivesse à beira de um abismo. Você espiou pela pequena fresta da porta, mas não viu nada. Ele não estava ali.

Onde ele está?

Antes que pudesse pensar em um plano, algo pesado bateu contra a porta. Você se encolheu com o som, levando as mãos à boca para evitar um grito. Ele estava ali.

— Você não é muito boa nesse jogo, não é? — Ele murmurou, com um toque de humor sombrio — Não vá me dizer que você acha que fui eu quem fez aquilo com aquele pobre rapaz, Sophie.

A maçaneta girou lentamente. Seu coração parecia querer escapar do peito. Quando ele começou a empurrar a porta, você correu para o lado oposto, escondendo-se atrás do armário. Ele entrou, os passos ecoando pelo chão de azulejos. Toji andava devagar, deliberado, como se quisesse saborear o momento.

— Não vai dizer nada? — Ele provocou você segurou a respiração, pressionando o corpo contra a parede. Ele não podia te encontrar. Não agora. Os passos dele pararam, e o silêncio se tornou ensurdecedor. Por um segundo, você achou que ele havia saído, mas então, você olhou para cima se detendo com os olhos azuis e escuros como a noite próximos demais — Sophie.

Ele sussurrou lhe encarando ali e sem pensar, você se ergueu e correu pela porta antes que ele pudesse te alcançar.

Agora, tudo parecia um borrão. Você virou para a escadaria, descendo os degraus de dois em dois. O som dos passos dele parecia mais próximo, mais pesado.

Chegando ao térreo, você tentou empurrar a porta de saída, mas estava trancada.

Não, não, não.

Você girou nos calcanhares, mas ele já estava lá, bloqueando o caminho, a respiração dele calma, em contraste com o caos no seu peito. Toji sorriu, os olhos azuis escuros brilhando como os de um predador que acabou de encurralar sua presa.

— Está com medo?

Ele murmurou a voz rouca levemente falhada.

Você recuou até sentir suas costas contra a parede. Não havia mais para onde ir. Ele se aproximou devagar, como se estivesse prolongando o momento.

— Por que fugir de mim, Sophie? — Ele perguntou, a voz rouca, mas havia algo de feroz na calma dele.
Quando ele finalmente encostou o corpo no seu, uma das mãos segurou sua cintura com firmeza, enquanto a outra subiu até seu rosto. — Diga que gosta disso... Ou você acha que eu não sei sobre todas as vezes que você gemeu meu nome abafado no seu travesseiro.

Você arregalou os olhos ao escutar as palavras do homem, suas bochechas vermelhas, sua respiração acelerada, tentou resistir, mas o modo como os olhos dele pareciam lhe comer ali faziam com que cada pequena partícula sua implorasse por ele.

Toji pressionou os lábios contra os seus com uma intensidade quase esmagadora. Era como se ele quisesse apagar qualquer espaço entre vocês, qualquer dúvida, qualquer pensamento que não fosse ele. Os lábios dele eram firmes, quentes, e o gosto de café e menta tornava ainda mais inebriante. Ele tinha um perfume amadeirado que fazia com que você quase que se derretesse contra os lábios dele.

Sua mente gritava para resistir, mas o corpo... o corpo parecia ter vida própria. Você tentou afastá-lo com as mãos contra o peito dele, mas foi inútil. Ele apenas segurou seus pulsos, prendendo-os acima da sua cabeça contra a parede, como se dissesse silenciosamente: "Você não vai a lugar algum."

O beijo era selvagem, quase bruto, como se ele estivesse tomando algo que já era dele. Os dedos dele escorregaram por sua cintura, apertando de maneira possessiva, enquanto ele inclinava a cabeça para aprofundar ainda mais o beijo. A língua dele encontrou a sua, quente e provocadora, explorando cada canto da sua boca sem pedir permissão.

Você tentou manter o controle, mas cada movimento dele te fazia ceder um pouco mais. O jeito como ele puxou seu lábio inferior entre os dentes fez um arrepio atravessar sua espinha, e você se ouviu gemer baixinho contra os lábios dele.

Ele se afastou por um segundo, só o suficiente para que você pudesse respirar. Os olhos dele te encaravam como se estivesse se controlando a muito tempo, devorando você inteira.

— Você é tão linda quando tenta lutar.

  Ele murmurou, o hálito quente contra seus lábios.

Antes que você pudesse responder, ele voltou a te beijar, dessa vez com um ritmo mais lento, mas igualmente quente. Errado.

As mãos dele soltaram seus pulsos, mas não te deram liberdade. Uma delas deslizou para a base do seu pescoço, os dedos firmes em uma carícia perigosa, enquanto a outra dedilhava sua cintura descendo para sua coxa a apertando de maneira pouco delicada fazendo com que você gemesse de maneira abafada contra os lábios do homem.

Quando ele finalmente se afastou, você estava sem ar, o coração disparado como se tivesse corrido quilômetros e de fato havia o feito. Ele observou seu rosto com um sorriso quase que vitorioso, como se ele houvesse ganhado aquela maratona, os olhos escuros como tempestades.

— Agora me diga, Sophie — Ele sussurrou, a voz baixa e carregada de um desejo contido —, ainda quer fugir?

Você abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram. Porque, no fundo, sabia a resposta. E ele sabia também.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top