#4

Aviso de conteúdo:
- menção: uso de drogas
relacionamento abusivo.
- descrição vaga dos efeitos.

🥀⛓️

- Que merda você faz aqui? - Tsukishima agora apertava o pulso de Hana a arrastando para o lado de fora da casa, um pouco mais afastada do resto das pessoas.

Quando a viu parada do outro lado da cozinha não demorou para ir até ela completamente desnorteado, ele provavelmente não havia visto a garota na hora que chegou, e muito menos sabia que ela agora fazia parte da universidade de Tóquio.

- Primeiro, me solta! - Hana puxou o próprio pulso acariciando o local, Kei deu um passo para trás como se repensasse tudo o que fez nesse curto minuto - Segundo, que porra você tava fazendo?!

Hana não costumava falar nenhum tipo de palavrão, foi criada desde cedo para ter um vocabulário correto e formal, mas a morena estava tão insana que jogou toda educação que recebeu naquela cozinha.

O loiro franziu o cenho - Foda-se o que eu faço ou deixo de fazer. Agora me diga o que você - o tom enojado deu mais ênfase ao se referir a Hana - faz aqui? Esse lugar não é pra você.

- Você não é ninguém pra ditar qual é o meu lugar! - Hana não imaginava que o garoto havia se submetido a esse tipo de coisa depois que ela foi embora. - Kei... - ela suspirou fundo tomando compostura novamente - Eu vim aqui pra conversar e me deparo com você usando aquilo de novo. Você me prometeu...

Tsukishima parecia cada vez mais alerta e ansioso, os dedos não paravam quietos assim como ele.
Mas ele não perderia uma oportunidade de ferrar com a noite de Hana, mesmo estando quase dormente de tanta substância.

- Você também prometeu ficar ao meu lado, e olha onde estamos - ele olhou ao redor - No final nós somos apenas dois mentirosos - a postura arrogante e defensiva se fez presente - E não é como se você não usasse.

- Eu parei! - Hana tentou se aproximar, mas ele ia recuando cada vez mais - E-Eu... Cumpri nossa promessa até o final.

Tsukishima deu a ela um daqueles sorrisos carregados de arrogância e escárnio, a analisando de cima a baixo antes de emitir um estalo com a língua - Veio aqui fazer o que? Me pedir desculpas? Pedir para voltar?

Hana riu sem humor algum cruzando os braços - Não quero voltar, até porquê não sinto absolutamente nada por você, só queria ter uma conversa civilizada, mas parece que você não está em condições nem de se manter de pé.

A garota tinha a postura inabalável, o olhar frio e a voz mantendo o mesmo timbre, mas doía tanto vê-lo assim, destruído por uma droga. Hana mentiu, ela vem mentindo pra si mesmo.

Ela sentia falta, queria tê-lo de volta, mas ela não podia...

- Que se dane essa merda toda! Quero que você suma da minha frente, já causou estragos demais.

Tsukishima não sabia como reagir, como pode amar e odiar tanto uma pessoa que não consegue distinguir qual dos dois sentimentos predomina?

Hana machucou seu coração que até então era como uma muralha, mas ainda sim ela a quebrou em pedaços e Kei não fazia idéia de como lidar com isso.

Hana viu que desestabilizou o garoto, então tentou se aproximar novamente, mas dessa vez, tentando manter o tom de voz mais caloroso.

- Essa merda vai te corromper aos poucos... Eu não quero que você acabe morto.

- Nenhuma droga vai me destruir mais do que você.

Hana simplesmente não soube o que falar, fico estática ali, Kei sempre teve o dom de a deixar sem palavras.

Ele e ela compartilhavam das mesmas táticas, ferir com palavras, agredir o ponto que sabe onde dói. Os dois sempre usaram isso para se afastar das pessoas, mas as coisas desandaram quando começaram a usar isso entre si.

- Deveria se enterrar na mesma vala que ela, as duas se merecem tanto que deveriam estar no mesmo lugar - ele cuspiu as palavras que atingiram Hana feito facas, se ela machucou Kei, ele fez a mesma coisa com ela três vezes mais. - Você sempre gostou de jogar a culpa nela pelos seus próprios erros que acabou ficando a ela. Amargurada e incapaz de admitir que foi errada.

O relacionamento conturbado deles começou no início do ensino médio, quando Tsukishima sem querer acabou preso na biblioteca com Hana, e se encantou pela garota de pouca fala.

Mas Hana, nunca teve o ensinamento do que é amar. A ideia do amor para ela era completamente vaga e simplória, quando Kei entrou em sua vida, ela simplesmente não soube o que fazer.

Ela foi criada com princípios ríspidos, tendo abertura para apenas aquilo que lhe faria chegar ao topo.

Manipulada e moldada para um único propósito.

Entretanto, ele chegou e a desviou de seus ideais, e pela primeira vez, Hana se sentiu feliz.

Mas aquela mulher... Era desumano, até mesmo em seu leito de morte ela atormentou a filha.

Hana fugiu de tudo.
Para evitar se desviar novamente.

E ela fez isso da maneira mais cruel possível. Machucando, para que não voltem mais, para que esqueçam a Hana que mal pode existir.

- Você é cruel... - Hana dizia com frieza e raiva, não iria chorar ali. Ela mal sentia vontade de chorar

- Não mais que você.

Kei nunca entendeu o problema de Hana, ele exigiu algo que ela não sabia dar. Não recebeu e nem foi ensinada a amar, ela não aprenderia de uma hora para outra. Kei não compreendia, não deu a ela tempo o suficiente para sequer entender a própria mente.

- Eu vou embora, e eu não quero ver sua cara no campus, maldita.

O loiro simplesmente se virou, ainda nervoso pelo ocorrido e pela droga em seu organismo.

Hana sempre soube que Kei sempre fora difícil se lidar, mal sabia o porquê de ter ido falar com o garoto.

Agora ela estava ali, sozinha pesando nas merdas que ele lhe disse e nas merdas que ela fez.

- Não sabia que tinha intriga com o bloqueador - A voz rouca e grave soou pelo lugar tirando Hana de seus melancólicos pensamentos.

Suna. Ali estava novamente.

- O quanto você ouviu? - Hana o fuzilou com o olhar.

- O suficiente pra saber que estavam brigando, mas não o bastante para entender o porquê - Ele se encostou na parede, apoiando o corpo em uma perna enquanto a outra se colocava na parede.

- Vou ir embora, tchau pra você.

- Você não combina com aquela gente - ele bradou enquanto acendia um cigarro - Sabe, a Karasuno, eles não são tão interessantes para ter alguém como você por perto.

- Não entendi, o que quer dizer com a Karasuno não ser o suficiente para mim? - podiam falam o que quisessem de Hana, ela não iria se importar, mas ela não suportava que falassem de seu time.

- Você é muito. O time era pequeno demais para alguém tão brilhante.

Hana riu anasalado o olhando de cima a baixo - Que eu saiba não fomos nós que perdemos na primeira fase dos nacionais, acho que o time pequeno era a Inarizaki.

Suna franziu o cenho apagando o cigarro na parede jogando a bituca no chão, caminhando em passos lentos até a morena - Acompanhava os jogos?

- Ah sim... Não perdia um jogo sequer - Hana brincava com o tom de voz aveludado, tudo para machucar o ego de uma velha disputa.

- Então deve saber que eles só ganharam por aquela estratégia aleatória no segundo tempo, se não fosse por aquilo teriam sido esmagados - Suna rebateu parando alguns centímetros de Hana.

O perfume doce dela invadia suas narinas, ele fez questão de memorizar o cheiro tão marcante quanto o rosto da morena.

- Aquilo não foi aleatório - Hana disse encarando os olhos amarelados, tentando se concentrar o suficiente para não descer os olhos até os lábios.

- Como pode ter tanta certeza?

- Porque foi eu que montei aquela estratégia - Suna não conseguiu conter a surpresa, arrancando uma risada convencida de Hana.

Hana não se lembrava de Suna ou muito menos dos outros jogadores do time, ela só se lembrava de como foi insano ver aquela partida.

- Foi tão gratificante ver o time queridinho dos nacionais sair com o rabo entre as pernas.

Hana era a segunda assistente da Karasuno, Kei a levou até a quadra quando começaram a ser amigos, a garota era uma completa negação com esportes, mas era inteligente o suficiente para entender as regras e conseguir montar estratégias para jogos inteiros.
Ela não aparecia nos amistosos, ou na quadra principal, geralmente só aparecia nos treinos e as vezes em partidas importantes, mas sempre teve uma pitada das jogadas de Hana em cada partida.

Ela se esforçava muito para ajudar os colegas, ela amava fazer aquilo.

Suna riu suspirando - Cada vez você me surpreende mais, fico imaginando como você se esqueceu de mim, eu sou irresistível. - Suna brincou fazendo Hana revirar os olhos em meio a um risada amarga.

- A pode ter certeza que não é tão marcante quanto pensa, seu ace com certeza ficou mais na minha mente do que você - Hana estreitou os olhos sorrindo lasciva - Só me lembrei quem era a Inarizaki quando vi os gêmeos.

Deu meia volta em direção a saída com um sorriso vitorioso nos lábios pintados de vermelho, mas foi impedida por alguém te prendendo contra a parede, com uma mão em cada lado a deixando encurralada.

- Percebi porque ele gosta de você... - Suna sussurrou em seu ouvido a fazendo arrepiar da cabeça aos pés - Você consegue ser tão arrogante quanto ele.

- Sou dez vezes pior se que saber - Hana não ia se mostrar desestabilizada perto dele, não iria mostrar nem um semblante de que estava a mercê.

- Ah eu quero muito saber o quão ruim você pode ser - Ele sorriu encarando sem nenhum escrúpulo os lábios da garota.

Hana é o tipo de pessoa que Suna facilmente evitaria, mas desde a primeira vez que a viu imaginou a garota de cabelos curtos modelando para ele, o olhar frio e intenso dela olhando diretamente para ele.

- Eu quis muito te odiar, você é tão parecida com ele... Mas simplesmente não consigo.

- Você perde a compostura muito fácil - Hana disse com escárnio de cabeça erguida olhando diretamente para os olhos dele.

- Você é convencida, arrogante e trata qualquer um que não te interesse com indiferença fria, mas mesmo assim eu ainda quero saber mais... Por que isso?

Hana se aproximou o suficiente para que milímetros fosse demais para descrever a distância entre seus lábios, ela o fitava com puro desafio, um sorriso felino nasceu em seus lábios.

- É porque eu sou irresistível.

Deixar Suna de guarda baixa e ainda por cima fazer ele admitir que estava interessado aumentou seu ego em patamares desconhecidos. A incógnita finalmente demonstrou algo, aquilo sim foi o ápice de sua noite.
Hana espalmou de leve o braço de Suna liberando caminho para a saída.

Por um momento até esqueceu que brigou com Kei.

- Até mais, Suna Rintarou! - Hana acenou sem olhar para trás, sabendo que provavelmente ele estaria a encarando com os punhos cerrados.

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N/A: se a Hana pedir o Suna late!

1770 palavras

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