|Capítulo 01|
P.O.V Beatrix Swan
Eu estava contando os dias. Daqui a exatamente duas semanas, Bella chegaria. Tinha perdido a conta de quantas vezes já imaginei esse momento. Era engraçado como algo tão simples poderia me deixar tão animada.
Era uma tarde de sexta-feira, e a escola tinha sido como sempre, sem grandes emoções. Bem, exceto pelo fato de que Edward Cullen continuava me encarando. Isso estava começando a me deixar um pouco desconfortável. Papai estava no trabalho, como de costume, e eu estava jogada no sofá, zapeando pelos canais de TV, sem nada interessante para assistir.
De repente, a campainha tocou. Me levantei, descalça, e fui abrir a porta. Quando a abri, me deparei com Seth Clearwater. Meu rosto se iluminou automaticamente com um sorriso.
— Seth, oi. — digo, meio que tentando arrumar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Bea, oi. — respondeu ele, sorrindo daquele jeito tímido que só ele sabia fazer. — Eu... tô atrapalhando?
— Não, eu tava sem fazer nada. — respondi, dando espaço para ele entrar. Fechei a porta e seguimos até a sala. Foi aí que eu realmente notei: Seth tinha mudado. Ele estava mais musculoso, o corpo começando a ganhar definição. Seu cabelo longo caía sobre os ombros, e eu fiquei meio sem jeito de notar o quanto ele tinha crescido.
— E... — ele começou, passando a mão pela nuca, claramente nervoso. — Eu escutei o Jared comentando com o Embry... sobre você ter visto o Paul se transformar. — ele disse isso, e eu soltei um suspiro, meio que rindo da situação.
— Fofoca corre rápido, né? — brinquei, revirando os olhos.
Seth riu, mas em seguida ele ficou sério, se aproximando de mim de uma forma que me deixou meio nervosa, o coração batendo um pouco mais rápido.
— Você deu mesmo um soco no Paul? — ele perguntou, agora bem perto de mim. Eu senti meu rosto esquentar de imediato, como se minhas bochechas estivessem pegando fogo. Ele estava tão perto que eu gaguejei sem conseguir responder direito.
— E-eu... é, foi... — tentei falar, mas minha voz falhou.
Seth me olhou com aquela expressão curiosa, o que só fez minhas bochechas ficarem ainda mais vermelhas.
— Bea? — ele insistiu, sorrindo de um jeito que me deixou sem saber o que fazer. Eu ri, nervosa.
— Ok, sim, eu dei um soco no Paul. Mas eu juro que não foi como você está imaginando. — admiti, tentando disfarçar o quanto a proximidade dele me deixava desconcertada.
Ele soltou uma risada baixa, se afastando um pouco, mas ainda mantendo o olhar fixo em mim.
— Você é corajosa. — comentou ele, balançando a cabeça como se estivesse impressionado.
— Ou talvez um pouco idiota. — brinquei, e ambos rimos.
— Você não é idiota. — disse Seth, e, como se o universo quisesse me provar o contrário, acabei tropeçando nos meus próprios pés.
Eu senti o chão sumir debaixo de mim e, no desespero, agarrei Seth, que não teve tempo de reagir. Caímos juntos, eu em cima dele. Meu coração começou a disparar no instante em que nossos corpos se chocaram e ficamos parados, no chão, nos encarando.
O silêncio entre nós parecia eterno. Tudo ao meu redor desapareceu, e o único som que eu ouvia era o da minha respiração acelerada. O olhar de Seth estava cravado no meu, mas, depois de um segundo, meus olhos caíram para os seus lábios, que estavam tão próximos.
Por um momento, tudo o que eu conseguia pensar era em como eu nunca tinha percebido o quanto ele estava diferente... e o quanto eu agora estava diferente perto dele.
Seth também parecia ter notado a mudança, porque seus olhos ficaram um pouco mais intensos, mais focados nos meus.
— Bea... — ele sussurrou, a voz quase inaudível, mas cheia de algo que eu não conseguia identificar. Ele não fez menção de me empurrar, nem eu de me levantar. Estávamos ali, presos naquela sensação estranha e nova.
Eu senti meu rosto esquentar de novo, dessa vez de um jeito diferente. Parecia que o ar ao nosso redor estava carregado, como se algo estivesse prestes a acontecer. Eu não sabia se era medo ou excitação que estava dominando meu peito, mas antes que pudesse pensar em algo, Seth sorriu de um jeito leve.
— Você está bem? — ele perguntou, mas sua voz soou rouca, como se estivesse tão afetado quanto eu.
— Estou...eu só... — gaguejei, tentando encontrar alguma desculpa para explicar o que tinha acabado de acontecer. Mas como eu poderia explicar esse momento? Eu, caindo desastrada e agora deitada sobre ele, nossos corpos praticamente colados? Eu não conseguia.
Meus olhos voltaram para os dele, e naquele segundo, a distância entre nós parecia ainda menor. Eu pude sentir o calor que emanava dele, e algo dentro de mim queria que aquele momento durasse mais.
Eu estava tão focada em Seth, presa naquele momento, que mal ouvi a porta se abrir. O som de uma tosse forçada me trouxe de volta à realidade. Levantei a cabeça de repente, e Seth também ergueu o olhar. Ambos encaramos meu pai, Charlie Swan, parado ali, de braços cruzados, com uma expressão séria que me fez gelar por dentro.
— Ahn... oi, pai. — falei, tentando esconder o constrangimento. Eu me levantei rapidamente, ajeitando meu cabelo com um movimento nervoso. Seth seguiu meu exemplo, mas parecia tão desconfortável quanto eu.
Charlie olhou de mim para Seth, e então arqueou uma sobrancelha.
— Tudo bem por aqui? — ele perguntou, a voz firme, mas com aquele tom de "pai que viu algo e não gostou".
— Sim, claro! — respondi rápido demais, tentando soar natural. — A gente só... caiu. — completei, com uma risada forçada. Meu coração ainda estava acelerado, mas agora não era pelo momento com Seth, e sim pela presença do meu pai.
— É, foi um acidente.— Seth deu um sorriso meio nervoso, coçando a nuca—Nada demais, senhor Swan.
Charlie continuou nos encarando, sem mudar a expressão. Eu sabia que ele não compraria essa desculpa tão facilmente. Ele suspirou, ainda de braços cruzados.
— Certo. Bem, Seth, acho que é melhor você ir pra casa agora, está ficando tarde.—disse ele.
— Claro, senhor.—Seth assentiu rapidamente.—Eu já estava de saída.—ele se virou para mim, com um olhar meio envergonhado, mas também divertido.— Nos falamos depois, Bea?
— Claro. — sorri de volta, tentando agir como se tudo estivesse normal, mas eu sabia que meu rosto ainda estava vermelho.
Assim que Seth saiu, olhei para meu pai, que ainda me encarava, agora com um leve sorriso no canto dos lábios. Ele suspirou de novo, mas não disse nada. Apenas balançou a cabeça e foi em direção à cozinha.
Eu fiquei ali, no meio da sala, ainda processando o que tinha acabado de acontecer, tanto com Seth quanto com meu pai. Que situação...
Segui meu pai até a cozinha, ainda sentindo o peso do constrangimento. Ele estava sentado à mesa, com uma cerveja na mão, e me olhou assim que entrei. O olhar dele era firme, mas carregava um toque de ironia. Ele tomou um gole.
— Você lembra que eu tenho uma arma, né?— ele perguntou
Minhas bochechas esquentaram instantaneamente, e eu revirei os olhos. Mordi o lábio, tentando conter o embaraço.
— Pai, o Seth é meu melhor amigo, deixei a infância— murmurei, tentando soar convincente, mas minha voz falhou um pouco.Ele me olhou, inclinando a cabeça com um leve sorriso.
— Talvez você tenha deixado a infância, mas não tenho tanta certeza assim. — ele murmurou, como se falasse mais para ele mesmo do que para mim.
Eu o encarei por um momento, sem acreditar. Respirei fundo, reunindo coragem, e o questionei.
— Tá, e você está se divertindo com tudo isso? Ou está fugindo? Ou só mantendo a pose de pai ciumento e protetor? — disparei, cruzando os braços.
Ele não respondeu imediatamente, só me deu aquele olhar típico de Charlie, meio sem expressão, mas com um toque de humor. Balançou a cabeça devagar, como se fosse uma mistura de tudo que eu disse.
Eu revirei os olhos de novo, percebendo que não ia tirar mais nada dele, e saí da cozinha, ainda com as bochechas quentes.
(...)
Dois meses haviam se passado, e amanhã seria o dia que Bella chegaria. Eu estava animada, claro, mas também tinha outra coisa na minha cabeça. Algo que eu ainda não conseguia definir. Era Seth. As coisas entre nós haviam mudado, e eu não sabia como lidar com isso. Sempre que ele estava por perto, eu ficava nervosa, as palavras fugiam e acabava gaguejando, o que não era nada normal para mim.
Estava deitada na cama, perdida nesses pensamentos, quando ouvi a voz do meu pai me chamando. Levantei rapidamente e saí do quarto, correndo pelo corredor e descendo as escadas. Ao chegar na cozinha, dei de cara com Jacob, Billy, Harry, e... Seth. Um sorriso escapou dos meus lábios involuntariamente.
— Vamos comer pizza. — anunciou papai, me tirando dos pensamentos. Fiz uma careta, percebendo que era a única menina ali.
— Só eu de menina aqui? — perguntei, fingindo indignação.
— As "crianças" vão comer na sala, e os adultos ficam aqui na cozinha.—Harry riu comentando
Eu troquei olhares com Jacob e os outros, mas meu olhar se fixou em Seth. Ele me encarava de volta, um sorriso tímido nos lábios, e meu coração deu uma leve batida a mais. As coisas estavam diferentes entre nós, e eu sabia que não podia mais ignorar isso.
(...)
Enquanto os "adultos" conversavam animadamente na cozinha, eu, Jacob, e Seth estávamos na sala. O único sofá estava cheio, com Jacob à minha direita e Seth à esquerda, me deixando no meio deles. A TV estava ligada, mas a verdade era que nenhum de nós realmente prestava atenção. De vez em quando, eu sentia o olhar de Seth sobre mim, mas ele rapidamente desviava assim que nossos olhares se cruzavam. Eu, sem conseguir evitar, também o olhava de tempos em tempos, e a tensão entre nós era inegável, ainda que silenciosa.
Jacob, por outro lado, não parecia notar o que estava acontecendo, ou talvez estivesse simplesmente ignorando. Ele, como sempre, começou a me provocar, cutucando meu braço e soltando piadinhas que me faziam rir.
— Você não muda nunca, hein, Jake. — revirei os olhos, rindo.
— E você adora. — ele respondeu com um sorriso travesso, dando um leve empurrão no meu ombro.
Seth, ao meu lado, ficou visivelmente tenso. Eu não conseguia entender de imediato, mas percebi o desconforto quando ele mexeu no cabelo e desviou o olhar com uma expressão que eu conhecia bem. Ele estava... com ciúmes? Seth nunca foi de demonstrar esse tipo de coisa, mas a forma como ele apertou os lábios e evitava olhar para mim ou para Jacob deixou tudo claro. Era quase como se ele estivesse forçando a si mesmo a não dizer nada, tentando disfarçar.
— Ei, quer assistir ou vai ficar me irritando o tempo todo? — perguntei, cutucando Jacob de volta.
Ele riu, mas Seth, ao meu lado, murmurou algo baixo, quase inaudível.
— Disse algo, Seth? — Jacob provocou, sem nem perceber o desconforto que havia causado.
— Nada. — Seth respondeu rápido, os olhos fixos na TV, mas o tom seco denunciava que não estava "nada" bem.
Eu olhei para ele, intrigada, percebendo a tensão em seus ombros. Então, me virei um pouco, tentando criar algum contato visual com Seth, que evitava me olhar. Ele claramente estava incomodado com a proximidade entre mim e Jacob? O que só aumentava o clima estranho no ar.
— Seth, tá tudo bem? — perguntei, tocando de leve seu braço, tentando quebrar o gelo.Ele finalmente me olhou, mas foi rápido.
— Tá sim... — disse ele, mas sua voz parecia distante, e o desconforto estava evidente.
Jacob, finalmente percebendo o clima, arqueou uma sobrancelha, como se só então tivesse captado o que estava acontecendo.
— Ah... acho que vou pegar outra coisa na cozinha. — disse Jacob, levantando-se e nos deixando sozinhos no sofá. Eu sabia que ele estava se retirando de propósito.
O silêncio se instalou por um momento, e eu me virei mais para Seth, que agora não tinha como evitar a conversa.
— Ei... você tá estranho. — comentei, tentando quebrar a tensão,Seth suspirou, passando a mão pelo cabelo.
— É só que... — ele hesitou, claramente desconfortável, mas seu olhar encontrou o meu por um segundo antes de desviar novamente. — Jacob fica te provocando e... não sei. É meio irritante.
Fiquei em silêncio por um momento, digerindo suas palavras. Seth estava mesmo com ciúmes, e por algum motivo, isso me fez sorrir levemente. Não porque eu quisesse que ele ficasse incomodado, mas porque finalmente, algo que estava tão subentendido entre nós, estava começando a aparecer.
— Seth, você sabe que ele só faz isso porque somos amigos, né? — tentei tranquilizá-lo, ainda sorrindo.Ele deu de ombros, claramente não muito convencido.
— Eu sei, mas... — ele começou, mas parecia não saber exatamente como terminar a frase.
— Mas? — encorajei, me inclinando um pouco mais para ele, sem perceber o quão próximo estávamos agora,Seth olhou diretamente para mim, e dessa vez, ele não desviou o olhar.
— Só... me incomoda. — ele disse, baixinho, e por um momento, eu pude sentir toda a vulnerabilidade por trás de suas palavras.
Jacob voltou para a sala com três pedaços de pizza, jogando um para mim e outro para Seth enquanto se acomodava no sofá.
— Aqui, aproveitem. — ele disse, sorrindo despreocupadamente.
Agradeci com um aceno, mas minha mente estava em outro lugar. Fiquei mastigando o pedaço de pizza, mas o gosto nem estava fazendo sentido. Tudo o que eu conseguia pensar era na estranha tensão entre mim e Seth. Seth... com ciúmes? A ideia martelava na minha cabeça. Será que ele gostava de mim? Eu nunca tinha pensado nisso de verdade. Para mim, Seth sempre foi o amigo confiável, aquele que estava ali para tudo, mas agora...
Olhei de canto de olho para ele, que comia em silêncio, os olhos fixos na TV. Era tão estranho. Será que isso poderia ser real? Sempre tive uma queda pelo Jacob. O jeito despreocupado dele, a confiança, o sorriso travesso... Eu sempre pensei nele como algo mais, mesmo que nunca tenha dito isso em voz alta. Mas agora, com Seth ali, esse sentimento de conforto e tensão ao mesmo tempo... estava me deixando confusa.
Eu continuei encarando a TV, mas as cenas do filme passavam em um borrão. As perguntas não paravam de surgir na minha cabeça. Será que Seth gosta de mim de verdade? E eu, o que sinto por ele? Não estava preparada para essa reviravolta, e meu coração parecia bater mais rápido do que o normal.
Jacob, claro, parecia alheio a tudo, completamente despreocupado, como se não percebesse a tempestade que se formava dentro de mim. Ele se mexeu no sofá, olhando para mim.
— O que foi? — ele perguntou, notando meu silêncio. — Você tá estranha.
Antes que eu pudesse responder, Seth finalmente falou, interrompendo meus pensamentos.
— Ela tá sempre assim quando tá pensando demais. — Seth disse, com um tom levemente brincalhão, mas eu pude perceber a tensão por trás da piada.
Seth me olhou de relance, mas desviou o olhar logo em seguida, como se não quisesse ser pego encarando.
— Eu... só tô distraída. — murmurei, tentando soar despreocupada, mas sabia que minha voz estava falhando um pouco,Jacob riu, balançando a cabeça.
— Sei. Vai ver você tá pensando no filme. — ele disse, despreocupado, voltando sua atenção para a pizza.
Mas eu não estava pensando no filme. Estava pensando no Seth. Será que estou só confusa por causa de Jacob? Isso tudo estava me deixando com a cabeça a mil.
Depois de umas duas horas, Jacob, Billy, Harry e Seth estavam prontos para ir embora. Eu e Seth já estávamos do lado de fora, sentados no degrau da escada da varanda enquanto eles terminavam de se despedir. A noite estava fresca, e o ar silencioso nos envolvia. Eu olhava para as estrelas, mas, na verdade, minha mente estava presa em outra coisa "agora" na tensão de mais cedo, na situação com Seth que meu pai flagrou.Olhei para ele de relance, criando coragem para tocar no assunto.
— Sobre o que aconteceu mais cedo... — comecei, hesitante. — A cena que meu pai pegou, com a gente caído no chão. — dei uma risadinha nervosa,Seth olhou para mim, um sorriso surgindo no rosto antes de rir baixinho.
— Ah, eu juro que por um segundo achei que ele ia sacar a arma. — disse ele, brincando, mas com um brilho nos olhos que indicava que, talvez, ele estivesse um pouco nervoso também,eu ri, balançando a cabeça.
— Não duvido... Ele tava com aquela cara de "pai ciumento" de sempre. — brinquei, sentindo minhas bochechas esquentarem com a lembrança.— Eu acho ou achando divertido a cena.
O riso entre nós foi leve, mas depois o silêncio caiu de novo. Dessa vez, não era incômodo. Era... diferente. Um tipo de silêncio que trazia expectativa. Fiquei olhando para Seth, analisando seu rosto à luz suave do luar. O sorriso dele foi se desfazendo aos poucos, mas não de um jeito ruim. Ele simplesmente me olhou de volta, e nossos olhares se encontraram. Eu senti algo mudar naquele momento.
Ele levantou a mão, e meu coração começou a bater mais rápido. Com delicadeza, ele puxou uma mecha do meu cabelo que tinha caído no rosto e a colocou atrás da minha orelha. O toque dele era leve, quase hesitante, mas ainda assim, me fez sentir um frio na barriga. Minhas bochechas coraram na hora, e eu não conseguia desviar o olhar dos olhos dele.
— Você tá... corada. — Seth murmurou, sorrindo de canto, como se soubesse o efeito que estava tendo sobre mim.Eu ri nervosa, tentando disfarçar, mas o nervosismo era evidente.
— Talvez seja o frio... — tentei brincar, mas minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.
Seth não respondeu, mas também não desviou o olhar. Ele continuou me encarando, os olhos fixos nos meus, e o mundo ao redor pareceu sumir por um momento. Tudo que eu conseguia perceber era ele, tão perto de mim, com aquele sorriso suave no rosto e o jeito como me olhava... Como se quisesse dizer algo, mas ainda estivesse procurando as palavras certas.
— Bea... — ele começou, a voz mais baixa e suave, eu prendi a respiração, esperando, meu coração batendo forte demais no peito.
— O que foi, Seth? — perguntei, quase sussurrando.
Ele ficou em silêncio por mais um segundo, mas seus olhos, fixos nos meus, diziam tudo que eu precisava saber.
Seth começou a se aproximar lentamente, e meu coração parecia bater mais forte a cada centímetro que ele avançava. Eu podia sentir a tensão no ar, e por um breve momento, me perguntei se ele realmente ia fazer aquilo... Mas antes que qualquer coisa acontecesse, a porta atrás de nós se abriu, e nos afastamos rápido, como se tivéssemos sido pegos fazendo algo errado.
— Filho, vamos? — chamou Harry, a voz dele quebrando o momento que quase aconteceu entre mim e Seth.
Eu e Seth nos levantamos rapidamente. Ele assentiu para o pai, e Jacob se aproximou para ajudar Billy a descer a pequena escada. Eu fiquei parada por um segundo, ainda sentindo o coração acelerar por causa de Seth.
— Te vejo amanhã, baixinha. — disse Jacob, inclinando-se para me dar um beijo rápido na bochecha antes de se afastar com aquele sorriso travesso de sempre.
— Amanhã? — perguntei confusa, enquanto ele ia embora, e acenei para Billy e Harry. — Tchau, Billy! Tchau, Harry!
Então, me virei para Seth, sentindo meu rosto esquentar de novo. Um sorriso sem graça apareceu nos meus lábios, mas eu não queria que a noite terminasse estranha.
— Até mais, Seth. — murmurei, e antes que pudesse pensar duas vezes, me aproximei dele e dei um beijo no canto dos seus lábios.
Quando me afastei, vi o sorriso bobo que se formou no rosto de Seth, e não pude evitar sorrir também. Sem dizer mais nada, me virei e entrei em casa, sentindo meu coração acelerar de novo.
Assim que fechei a porta, encostei as costas nela, tentando processar o que tinha acabado de acontecer.
— Que cara de garota apaixonada é essa? — perguntou meu pai, encostado na parede, com um olhar travesso. Eu o encarei, tentando esconder qualquer vestígio de emoção, mas, sinceramente, nunca sei se ele está falando sério ou apenas se divertindo à minha custa, como o típico pai ciumento.
— Que cara, pai? — perguntei, me afastando da porta e caminhando até a escada, tentando mudar de assunto.
— Cara de quem está se apaixonando. — ele insistiu, e eu parei no meio da escada, me virando para encará-lo. — Papai conhece a filha que tem. Então, quem é? Jacob ou Seth? — completou, rindo, claramente se divertindo com a situação.
— Pai! — resmunguei, sentindo o calor subir até minhas bochechas. Eu me apressei a subir o resto da escada, tentando escapar da conversa embaraçosa.
Eu sabia que ele só estava brincando, mas a verdade é que seus comentários mexiam comigo, principalmente porque, pela primeira vez, eu realmente estava confusa. O que eu sentia por Seth... e por Jacob?
(...)
Eu mal consegui dormir à noite, com a cabeça cheia de pensamentos que não paravam. Quando o despertador tocou, ainda estava exausta. Me levantei lentamente, caminhando até o guarda-roupa para pegar uma calça de moletom e uma blusa de frio. Vesti minhas peças íntimas e logo em seguida a roupa. Saí do quarto e fui direto ao banheiro para escovar os dentes e fazer minha higiene matinal. Assim que terminei, desci as escadas e caminhei até a cozinha, onde vi meu pai, surpreendentemente animado.
— Por que toda essa animação? — perguntei, indo até a mesa e me sentando. Peguei o cereal, coloquei na tigela e despejei o leite, ainda meio sonolenta.
— Filha, você esqueceu? — meu pai riu, sentando-se à minha frente com sua xícara de café. — A Bella chega hoje.
— Ah, é mesmo. — sorri, lembrando de repente. Como eu tinha esquecido? E olha que estava fazendo a contagem dos dias! Acho que alguém andou me distraindo... — Que horas ela chega?
— Vou para Seattle buscá-la, e acho que por volta do meio-dia estaremos de volta. — respondeu ele.
— Já sei o que fazer para o almoço e o jantar. — comentei, enfiando uma colher de cereal na boca, tentando parecer mais animada do que realmente estava.
— Ah, Jacob e Billy vão trazer a caminhonete da sua irmã mais tarde. — ele acrescentou, tomando um gole de café.
— Quando eu vou poder ter um carro? — perguntei, tentando puxar um assunto diferente. Ele me olhou por cima da xícara, parecendo pensar por um segundo.— Não confia em mim?
— Não é que eu não confie em você para dirigir... — ele começou, como quem tentava justificar algo.
— Já entendi, papai. — cortei, revirando os olhos. Eu sabia que a confiança não era o problema, mas ele adorava prolongar esse tipo de conversa.
Ele sorriu, e eu só pude rir internamente. Mesmo com todos os seus jeitos protetores, era bom ver meu pai assim, animado com a chegada da Bella. Eu também estava ansiosa, mas havia outra coisa ocupando minha mente ultimamente. Ou melhor, alguém.
(...)
Charlie já tinha saído para buscar a Bella no aeroporto, enquanto eu fiquei em casa, tentando terminar alguns deveres que esqueci de fazer. Já estava preparando o almoço uma lasanha, receita brasileira. Tudo estava tranquilo até que senti um cheirinho suspeito vindo da cozinha. Meus olhos se arregalaram, e eu levantei da mesa de estudos num pulo, saí correndo do quarto e desci as escadas, praticamente voando. Entrei na cozinha, peguei um pano e abri o forno rapidamente, tirando a lasanha e colocando-a sobre a mesa. Estava quente, mas pelo menos não tinha queimado. Suspirei, aliviada.
Logo depois, ouvi a buzina do carro do meu pai. A animação para ver minha irmã tomou conta de mim, e logo a porta da sala se abriu.
— Bea? Cadê você? — a voz do papai ecoou pela casa.
— A Bea ainda é pequena? — ouvi uma voz feminina, e um sorriso se espalhou pelo meu rosto. Saí correndo da cozinha e pulei em cima da Bella, o que resultou em um pequeno choque de ombros entre a gente. Papai riu ao ver a cena. Olhei para Bella, que me apertou em seus braços, e nós duas nos levantamos juntas. Agora, estávamos praticamente da mesma altura.— Bea? E você? — Bella me olhou com um ar de choque. — Achei que estaria menor.
— Faz tempo que você não vê sua irmã. — Charlie brincou. — Sua boneca cresceu.
— Estava com saudades! — falei, empolgada. — E você também mudou, hein? Cresceu um pouquinho.
— Principalmente você. — Bella murmurou, me analisando por alguns segundos, como se estivesse tentando absorver a mudança.
— Eu sei! — admiti, rindo. — Eu sou linda, né? — perguntei, brincando, o que fez Bella sorrir timidamente.
— Bea, pode mostrar o quarto da Bella? — papai pediu.
— Claro, vem, Bella! — peguei a mala dela e puxei sua mão, subindo as escadas com ela. Entramos no quarto, e eu coloquei a mala em cima da cama. — Ajudei o papai a arrumar. — comentei, apontando para os detalhes. — Inclusive escolhi a coberta. Gosta de roxo, né? Quem não ia gostar? — Ri nervosamente e comecei a mexer nos meus dedos. — Desculpa, às vezes falo demais.
— Eu gosto de roxo. — Bella respondeu, sorrindo para mim. — Obrigada.
— De nada! — respondi, feliz por ela ter gostado. — Bom, vou deixar você à vontade. — dei um passo para trás e bati na porta sem querer. — Ops! — soltei uma risada antes de sair correndo do quarto, descendo as escadas.
Na sala, não encontrei papai, então fui até a cozinha, mas ele também não estava lá. Foi quando ouvi a buzina de um carro novamente. Saí correndo para fora de casa e vi Charlie e Jacob ajudando Billy a sair do carro.
— Bea! — Jacob disse, me abraçando e me levantando do chão.
— Você me viu ontem. — ri enquanto ele me colocava de volta no chão. Foi então que Bella se aproximou.
— Bella, lembra do Billy Black? — perguntou Charlie.
— Aham. — Bella respondeu, se aproximando mais, enquanto Jacob me abraçava de lado. — Oi, você está bem?
— Ainda danço. — respondeu Billy, sorrindo. — O Charlie e a Bea aqui não paravam de falar que você vinha.
— Tá bom, continua exagerando que eu te jogo na lama. — papai brincou.
— Depois eu te derrubo junto. — Billy respondeu, e logo os dois começaram a brincar como duas crianças. Eu, Bella, e Jacob rimos da cena.
— Oi, eu sou o Jacob. — disse Jake, olhando para Bella. — A gente fazia torta de lama quando éramos crianças... e também transformávamos a Bea numa boneca.
— Eu lembro. — Bella riu, tímida, enquanto eu revirava os olhos. Fui de boneca até meus cinco anos antes dela parar de ir na casa do papai. — Eles sempre foram assim? — perguntou Bella, observando os dois homens "brigando."
— Vai piorando com a idade. — Jacob respondeu.
— Tenho que concordar. — digo, rindo, enquanto Jake me empurrava de leve, brincando.
Logo, papai e Billy se aproximaram de nós.
— E aí, o que achou? — perguntou Charlie.
— O quê? — Bella respondeu, confusa.
— Seu presente de boas-vindas. O carro, não está vendo? — respondi, apontando para a caminhonete. Bella me lançou um sorriso.
— Isso? — Bella perguntou, apontando para a caminhonete.
— É, acabei de comprar do Billy. — respondeu Charlie.
— Agora não precisa passar vergonha indo buscar sua filha. — Billy brincou.
— Eu não me importo que o papai me busque. — dei de ombros, encarando meu pai.
— Dei um trato no motor. — disse Jacob, se afastando de mim e indo até a caminhonete.
— Isso é perfeito. — disse Bella, abrindo a porta do carro, acidentalmente acertando Jake. Soltei uma risada. — Desculpa. — Bella comentou, entrando no carro.
— Eu disse que ela ia gostar. Tô ligado. — Billy sorriu, convencido.
— Ah, claro, você é demais. — Charlie respondeu, revirando os olhos.
— Eu ainda vou ter um carro. — falei, olhando para meu pai.
— Já tivemos essa conversa, pequena. — Papai bagunçou meu cabelo.
— Eu ainda vou te convencer. — Pisquei para ele e me afastei.
— Vamos ver, macaquinha. — disse papai, revirei os olhos e fui até minha irmã, encostei na porta, olhando Jacob e Bella.
— Vai querer carona para a escola? — Bella perguntou a Jacob.
— Minha escola fica na reserva. — respondeu Jacob, e vi minha irmã ficar um pouco tensa.
— Relaxa, Belinha. Eu vou ser sua companheira. Estudamos na mesma escola. — digo e percebi Bella suspirar, aliviada.
(...)
Ao anoitecer, como ainda tinha lasanha, resolvemos comer de novo. Estávamos todos em volta da mesa, e eu basicamente pensava em como puxar assunto com a Bella. Afinal, fazia anos que não convivíamos juntas.
— Gosta de ler? — perguntei, tentando começar uma conversa.
— Ah, bom, gosto de ler. E você? — Bella respondeu, meio sem jeito.
— Eu gosto de HQs. Em livros, prefiro temas de lobisomem ou vampiros. Já leu *Diários de Vampiros*? Meu favorito é o Stefan. Ele deve ser bem gostoso. Fico imaginando — comentei, sem pensar, e vi papai se engasgar com a bebida.
— O que você quis dizer com isso? — ele perguntou, levantando a sobrancelha.
— Nada — murmurei, enfiando uma garfada de lasanha na boca para me distrair. Bella me olhava, claramente processando o que eu tinha acabado de dizer. Tentei mudar o foco. — Animada para o primeiro dia de aula? — perguntei, e Bella apenas deu de ombros.
— Não sei… — ela murmurou, ainda meio tímida.
— Tem meninos bonitos lá — falei, tentando fazer ela relaxar. Mas Bella ficou visivelmente sem graça, e papai nos olhou de lado.— Ou podemos focar nos estudos, que é mais importante — completei, dando uma risadinha.
— Isso, foquem nos estudos. Meninas, é hora de dormir — disse Charlie, tentando encerrar a conversa. — Amanhã vocês têm aula.
Terminei de tomar meu refrigerante, me levantei e fui até papai, dando um beijo na bochecha dele.
— Boa noite, pequena — ele disse com um sorriso.
— Boa noite, papai. Boa noite, Bella — falei, sorrindo para ela.
— Boa noite — Bella respondeu, com um sorriso tímido.
Dei uma balançada de cabeça e fui para o meu quarto.
(...)
Depois de escovar os dentes, voltei para o quarto e comecei a arrumar minha mochila para o dia seguinte. Deixei uma roupa separada, então me joguei na cama, olhando para o teto, tentando relaxar.
— Pois é, Bea, sua irmã tá aqui. Nada pode dar errado — murmurei para mim mesma, tentando me convencer. — Aliás, o que poderia dar errado? — ri sozinha, fechando os olhos e tentando não pensar muito nisso.
Então amores espero que gostem e me desculpem se tiver erros de português 🥰 🥰 🥰🥰
Vou amar essa nova versão, principalmente por ter um desenvolvedor melhor de Seth e Bea.
5k de palavras amores.
Até o próximo capítulo amores 🥰🥰🥰🥰
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