2.1

   Várias caixas de pizza se encontravam contra as toalhas postas na areia, haviam as comprado logo após descobrirem que a lasanha havia virado uma massa preta e sem forma completamente queimada, nunca havia visto Atsumu tão irritado como naquele momento, mas tudo se resolveu quando pediram pelo menos umas oito caixas de pizza, três delas sendo vegetarianas, a música tocava tão alto contra a caixa de som que fazia a areia sobre seus pés vibrar suavemente, tinha uma saia longa e colorida que chegava até seus pés e um moletom preto de Bokuto para que ficasse protegida do frio, o homem de cabelos acinzentados deixava uma das mãos firme em sua cintura enquanto a outra entrelaçava seus dedos lhe mantendo perto enquanto giravam os pés sobre a areia em uma dança animada demais para que você conseguisse acompanhar sem tropeçar nos próprios pés.

   Nuestra Canción de Monsieur Periné tocava de maneira alta fazendo com que você risse alto quando o homem girava seus corpos deixando que seu corpo fosse jogado para trás sendo segurada pelo braço forte do acinzentado, continuaram a dançar contra a areia enquanto Osamu e Atsumu pareciam conversar sentados nas toalhas comendo alguns pedaços de pizza.

   — Acho que gosto mais dessa música do que gosto de você.

   Você murmurou de maneira divertida vendo o homem revirar os olhos apertando mais forte sua cintura, conseguia sentir os cristais de areia arranhando suavemente as solas nuas de seus pés, as ondas se quebravam contra as rochas de maneira alta mais ao longe; Bokuto encolheu os ombros antes de movimentar os pés para o lado lhe arrastando consigo, eram iluminados pelas luzes exteriores da casa e pela lua que estava em seu ápice no céu escuro.

   — É mutuo gatinha, não se preocupe.

   Ele disse antes de rir ao ver você fechar a cara em uma feição mau humorada, curvou o corpo sobre o seu juntando seus lábios de modo carinhoso parando de dançar quando a música chegou ao seu fim dando lugar a Friends do Chase Atlantic já que agora era o homem de cabelos loiros quem comandava a lista de reprodução, afastou os lábios dos de Bokuto correndo os olhos até o melhor amigo arqueando uma das sobrancelhas de maneira divertida.

   — Está sofrendo por alguém, Atsumu?!

   Indagou fingindo uma expressão de pena o vendo mostrar o dedo do meio para você antes de jogar o corpo contra as toalhas postas sobre a areia, Koutarou riu de maneira suave passando um dos braços por volta de sua cintura lhe puxando para mais perto, chocou seus corpos com cuidado aproximando mais o rosto do seu roçando seus lábios delicadamente, você o sentiu rir baixinho, a respiração quente do mais velho lhe causando arrepios suaves.

   — Tenho uma coisa pra você.

   Ele murmurou com a voz baixa afastando o rosto devagar do seu, você levantou o olhar em direção ao homem antes de abrir um sorriso divertido em lábios, pendeu o rosto para o lado.

   — Vai me pedir em casamento?

   — Ainda não, apressada — Bokuto murmurou rindo, suspirou fingindo estar magoada enquanto ele revirava os olhos, levou uma das mãos até sua bochecha a acariciando com as pontas dos dedos —, pode fechar os olhos?

   Você engoliu em seco sentindo seus ombros tremerem em ansiedade, assentiu de maneira quase que obediente enquanto fechava os olhos devagar sentindo a brisa da noite que vinha do mar se chocar contra seu rosto arranhando suas bochechas suavemente fazendo com que você respirasse fundo tentando manter a própria calma, com certeza era ansiosa demais, principalmente quando se tratava de Bokuto Koutarou.

   — O que é?

   Indagou enquanto ele afastava a mão de sua bochecha, não respondeu, ficaram em silêncio por alguns segundos que literalmente pareciam tortura para o seu coração frágil, não demorou muito para que o homem segurasse a mão por entre a sua de maneira delicada a trazendo para mais perto, sentiu algo gélido em contato com seu dedo indicador se fixando contra o começo de seu dedo, respirou fundo sentindo seu coração bater quase que desesperado contra o próprio peito, suspirou trêmula quando sentiu os lábios de Bokuto deixaram um beijo suave contra sua testa.

   — Pode abrir os olhos agora, gatinha.

   Ele sussurrou, suas pálpebras tremeram de leve enquanto abria os olhos devagar, abaixou o olhar até suas mãos juntas, entreabriu os lábios surpresa antes de rir baixinho se detendo com um anel delicado sobre seu indicador, era prateado, uma borboleta pequenina se encontrava acima dele, riu baixinho antes de erguer o olhar até o homem vendo as orbes amarelas correrem por todo o seu rosto, quase como se quisesse guardar cada uma de suas feições.

   — Kou... eu amei — sussurrou com a voz falha antes de abaixar o olhar mais uma vez para suas mãos juntas se detendo com um anel parecido no dedo indicador do namorado, era um pouco maior do que o seu e possuía um molde de borboleta, você sorriu de maneira boba juntando suas mãos com cuidado encaixando o seu anel contra o de Bokuto, levantou o olhar até ele mais uma vez —, eles completam.

   — Eles completam, amor.

   Ele repetiu antes de rir baixinho, segurou seu rosto com a mão livre lhe trazendo para mais perto aproximando seus lábios de forma cuidadosa, se beijaram de maneira lenta, soltou a mão do homem para passar os braços ao redor de seu pescoço o puxando para mais perto o sentindo sorrir em meio ao beijo enquanto empurrava mais a boca contra a sua levando a mão livre em direção a sua cintura trazendo o seu corpo para mais perto.

   Estava feliz demais, feliz demais para ser saudável. Bokuto certamente sabia como mexer com suas emoções, de uma maneira que você não conseguia entender de tão bem que lhe fazia.

  ⸙͎۪۫

   Uma semana havia se passado desde o dia em que voltaram da praia, Bokuto continuava sem trabalhar, pelo jeito ainda não haviam o chamado de volta, ele não queria contar o que havia acontecido e bem, você apenas respeitava, afinal, tinha segredos que também não queria contar ao namorado, coisas que ele definitivamente não precisava saber, desde que conhecesse apenas o seu melhor lado tudo ficaria bem, não via motivos para estressar o relacionamento dos dois com a bagunça que era a sua vida.

   Andava de um lado para o outro no pequeno café com a bandeja prateada em mãos se concentrando para não deixar nada cair, Aiko, a mulher ruiva estava sentada por trás do balcão ficando responsável por cobrar os pedidos dos clientes, você estava fazendo o trabalho pesado, era difícil andar sem parar e anotar as coisas, imaginava o quando devia ser complicado fazer aquilo nas situações que aquela mulher grávida se encontrava, sua barriga parecia literalmente a um passo de explodir.

   — (Nome), vamos fechar a cafeteria depois que o último cliente sair, okay? Deve estar cansada, vou pedir para a Natsu te preparar um chocolate quente.

   Ela murmurou enquanto se levantava da cadeira com cuidado, você abriu os lábios para negar mas ela apenas lhe lançou um olhar sério como se dissesse que não havia espaço para discussões, suspirou pesadamente concordando com a cabeça por fim, girou os calcanhares andando de cabeça baixa até uma mesa onde haviam duas pessoas, levantou o olhar até eles segurando o caderninho por entre seus dedos, entreabriu os lábios surpresa ao ver quem estava ali; o homem de cabelos claros arregalou os olhos castanhos antes de rir baixinho ao lhe encarar.

   — O professor de piano da Alteza Leopoldina! — murmurou rindo antes de apontar para ele sem nem ao menos notar quem estava de frente para ele, o homem riu baixinho antes de concordar com a cabeça, você sorriu encolhendo os ombros — Sugawara, né? Desculpa, eu não costumo guardar os nomes de todas as pessoas com quem já me apresentei.

   — Tudo bem, já faz mais de dois anos a última vez que nos vimos, não te culpo por não se lembrar, na verdade o Osamu me pediu para vir aqui — ele murmurou apontando para a pessoa ao seu lado, você virou o rosto rapidamente se detendo com o Miya, piscou confusa o encarando ali, ele acenou para você com um sorriso curto em lábios, acenou de volta antes de voltear a atenção para o Sugawara —, eu estou participando de outra agência em Tóquio, (Nome), você tem muito potencial, sabe disso não sabe? Eles disseram que lembram de seus papéis e disseram que lhe dão uma chance de voltar para o ramo da música se você quiser.

   Você arregalou os olhos suavemente ao escutar as palavras do homem de cabelos claros, uma sensação ruim em seus estômago e um gosto amargo em sua língua, nunca mais havia pensado voltar a trabalhar como atriz e musicista, não conseguia, não conseguia mais, negou com a cabeça devagar antes de apertar mais forte o caderninho em mãos.

   — Eu não posso, Sugawara, sinto muito se você fez uma viagem em vão, sei que Tóquio é bem longe de Hateruma, vou transferir o dinheiro das passagens de volta, não acredito que Osamu fez você vir até aqui para isso.

   Disse lançando um olhar praticamente mortal em direção ao seu amigo de infância que apenas revirou os olhos antes de abaixar o rosto, Sugawara negou com a cabeça devagar antes de rir baixinho.

   — Não tem problema, eu já planejava vir aqui a um tempo atrás, vou ficar alguns dias e depois volto, precisava buscar um roteiro com o Osamu também, ele criou uma nova peça que vou atuar, nós trabalhamos bem juntos no passado, apenas achei que seria bom ter você como protagonista.

   Ele murmurou, você respirou fundo antes de negar com a cabeça devagar, estava feliz por ele ter pensado em si mas mesmo assim não poderia deixar de estar irritada com tudo o que Osamu havia feito por suas costas, ele mais do que ninguém sabia que você não estava preparada para voltar a ativa, talvez nunca estivesse, respirou fundo tentando manter a própria calma.

   — Me desculpa, Sugawara, eu não posso, preciso pedir que vocês vão embora, por favor.

   Praticamente implorou, o homem sorriu fraco antes de assentir, deixou o cartão dele consigo caso você mudasse de ideia, não demorou muito para que os dois deixassem a cafeteria para trás. Respirou pesadamente voltando a atender os outros clientes, não demorou muito para que todos fossem embora, tomou um chocolate quente com Aiko e deixou a cafeteria de modo preguiçoso praticamente arrastando os pés contra a calçada, estava tão frio que sentia seus ossos doerem, apertou mais forte o casaco contra seu corpo.

   Andou até sua casa chegando lá em alguns minutos, revirou os olhos de maneira mau humorada ao ver quem estava sentado no degrau de frente para a porta, bufou retirando as chaves do bolso do casaco sentindo os olhos do homem correrem até você, ele tinha uma carranca irritada.

   — (Nome), o que custava você só ter escutado ele? Você precisa voltar com a sua vida, cara, realmente acha que tudo se baseia a ficar deitada o dia inteiro e ver seu namoradinho de vez em quando?

   Ele indagou se levantando do chão, você sentiu seu sangue ferver enquanto abria a porta da casa sem olhar para a cara dele, suas mãos tremiam em irritação, respirou fundo tentando manter a própria calma, queria chorar de raiva.

   — E o que custava você ter conversado comigo antes, porra?! Acha que é quem para dizer como devo viver a porcaria da minha vida, Osamu?!

   Gritou abrindo a porta de uma vez antes de girar o corpo em direção ao Miya que respirava de maneira irritada, ele negou com  a cabeça diversas vezes antes de bater o pé contra o chão como uma verdadeira criança mimada, andou em sua direção parando o corpo a poucos centímetros do seu.

   — Eu estou tentando te ajudar, (Nome)! Você não pode continuar vivendo desse jeito, está definhando a cada dia que passa.

   — Isso não é problema seu, Miya Osamu, eu que tenho que saber quando estar preparada para seguir em frente, você não é a porra do meu terapeuta!

   Bradou irritada batendo as mãos contra as próprias coxas completamente frustrada, sentia lágrimas se formando no canto de seus olhos, Osamu engoliu em seco antes de correr os olhos por seu rosto.

   — A Lia já teria seguido em frente.

   Ele disse por fim, você arregalou os olhos suavemente ao escutar as palavras do homem, sentia como se um enorme balde de água gelada houvesse sido jogado contra o seu corpo, piscou devagar antes de sentir seus ombros tremerem de leve, estava completamente atônita, deu um passo para trás levemente bamba sentindo seu estômago se revirar por completo, queria gritar, abaixou o olhar para o chão, negou com a cabeça devagar.

   — Vai embora.

   — (Nome), me desculpa, eu não quis...

   — Vai embora, Osamu, vai embora! Eu não sou a porra da Lia, é tão difícil entender isso? Eu não sou a Lia, eu não sou — gritou a plenos pulmões sentindo seu corpo tremer por completo, se abaixou no chão encolhendo o próprio corpo escondendo o rosto por entre os próprios braços sentindo seu coração bater forte contra o próprio peito, doía muito —, vai embora, por favor.

   Disse por fim, ele não disse nada, apenas o som dos passos do homem indo para longe, você inspirou e expirou diversas vezes tentando manter a própria respiração no lugar, sentia que estava morrendo, o ar simplesmente não chegava.

   Não aguentava mais.


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