1.6
[O moço que quer a fantasia de gato]
>>>gatinha tá acordada? tô te esperando aqui fora
>>>pspspspsps, acorda
>>>amor, você disse ontem que ia correr comigo de manhã
>>>acorda, vida, vou pular a janela e te arrancar da cama
Você bufou de maneira irritada ao escutar seu celular vibrar diversas vezes contra a cômoda, se encolheu mais por debaixo dos cobertores quentes antes de colocar a mão para fora tateando o móvel em busca do celular o puxando para si, abriu os olhos de maneira preguiçosa desbloqueando a tela quase que de automático, fitou as mensagens antes de bufar mau humorada escrevendo quase que de olhos fechados antes de voltar a jogar o celular na cama.
[você]
não vou<<<
Não queria ter que levantar as oito da manhã de sua cama confortável para correr sem motivo pelas ruas, era doideira, Bokuto era doido, talvez estivesse bêbada demais na noite passada para ter aceitado aquilo, não queria correr, apenas queria dormir o dia inteiro e acordar por volta das quatro da tarde, tomar um chocolate quente e voltar a dormir, estava frio do lado de fora da casa e até mesmo dentro, o maldito aquecedor continuava quebrado, precisava dar um jeito naquilo logo para que não morresse de hipotermia. Seu celular vibrou diversas vezes, bufou irritadiça se sentando na cama de uma vez pronta para matar Bokuto com as próprias mãos, pegou o celular vendo o nome do namorado na ligação, respirou de maneira mau humorada antes de atender de uma vez aproximando o celular do ouvido.
— O que?
— Hey, que mau humor.
Ele respondeu rindo, você apenas revirou os olhos antes de voltar a deitar seu corpo de modo violento contra a cama, fechou os olhos.
— O que você quer?
— Não vai responder meu "hey hey", gatinha?
— Kou, eu estou passando mal de sono, me deixe dormir.
— Nós não íamos correr?
— Mudei de ideia não vou mais, você arrumou uma namorada sedentária sinto muito.
Disse com a voz mau humorada, quando não acordava por conta própria ficava com um péssimo humor durante uma boa parte do dia, sentia que deveria desligar a ligação para não brigar com Bokuto, não queria que começassem seu primeiro e oficial dia como namorados por uma briga boba. Estava prestes a desligar quando ouviu a voz do homem do outro lado da linha.
— Posso dormir com você, então? Só quero passar um tempo com você, gatinha, tenho que trabalhar mais tarde — ele sussurrou antes de rir baixinho, você piscou de maneira preguiçosa —, não me importo se vamos ficar juntos correndo ou na sua cama, só quero ficar com você.
Sentiu seu coração derreter pouco a pouco, soltou um riso fraco antes de concordar com a cabeça devagar mesmo que soubesse que ele não poderia ver, só Bokuto sabia como lidar com a bagunça que era os seus pensamentos quando estava de mau humor, era impressionante o modo como ele simplesmente fazia com que tudo desabasse em questão de segundos e você ficasse bem, ele lhe fazia bem, olhou ao redor antes de bocejar de maneira cansada.
— Dê a volta na casa, tem um jardim com piscina e uma varandinha na parte de trás, a porta tá quebrada então só puxa ela com um pouco de força que ela abre, vou desligar.
Disse de maneira sonolenta antes de encerrar a ligação por fim jogando o celular em um canto qualquer da cama, voltou a se encolher por baixo dos cobertores fechando os olhos de modo preguiçoso, escutou o som da porta de vidro da varanda ser arrastada e logo em seguida passos subindo os degraus rapidamente em direção ao seu quarto, riu baixinho sentindo o homem deitar o corpo contra o seu de maneira delicada puxando o cobertor para baixo deixando alguns beijos úmidos contra seu rosto.
— Preciso dar um jeito naquela sua porta depois e se alguém invadir sua casa um dia.
Ele sussurrou deixando um último beijo estalado contra sua bochecha, você riu baixinho antes de negar com a cabeça devagar, passou os braços ao redor do pescoço do homem o puxando para mais perto o abraçando com força, ele beijou seu pescoço de maneira delicada enquanto arrancava os tênis de corrida ficando apenas com as meias acinzentadas adentrando nos cobertores quentes aproximando o corpo do seu abraçando sua cintura; você sorriu se aconchegando contra o corpo do homem recostando o rosto contra o seu peitoral.
— Só você e o Atsumu sabem sobre a porta da varanda, ninguém vai tentar invadir, é bom deixar uma entrada fácil para vocês, nunca se sabe se um dia vou tentar alguma coisa — murmurou com a voz baixa, antes de fechar os olhos com força arrependida de ter dito aquilo, ele não precisava saber de todos os problemas que possuía, respirou fundo pensando em como contornaria a situação —, só faço isso pra deixar o Atsumu calmo, ele é meio paranoico.
Talvez ele seja paranoico porquê você quase se matou da última vez que teve uma crise forte, sua idiota.
Pensou consigo mesma deitando mais o corpo contra o do homem que suspirou pesadamente levando uma das mãos até seus cabelos os acariciando com cuidado, ficaram em silêncio por alguns minutos, não disse nada, apenas continuou com os olhos fechados fingindo estar dormindo para não ter que tocar naquele assunto no momento. Bokuto respirou fundo movimentando os corpos sobre a cama com cuidado para não lhe acordar abraçando mais forte seu corpo contra o dele deixando um beijo suave no topo de seus cabelos.
— Não precisa esconder as coisas de mim, gatinha — ele sussurrou mais para si mesmo do que para você em seus braços, respirou de maneira trêmula lhe abraçando mais forte, quase como se fosse começar a chorar a qualquer segundo —, não vou aguentar se alguma coisa acontecer com você também.
Ficou em silêncio ainda fingindo estar dormindo, não havia entendido ao certo o que ele havia tentado dizer, mas certamente não estava pronta para ter aquela conversa, não agora, não estava pronta para contar tudo o que assombrava os seus pensamentos ou todos os remédios que tinha que tomar para ficar com a cabeça no lugar, certamente não estava pronta, tinha a forte sensação que Bokuto não saberia lidar com todo o caos que significava ser você, preferia lidar com tudo aquilo sozinha e apresentar para ele apenas o seu melhor lado, daquele modo poderia ser feliz.
Ele estava sendo seu pilar no momento, certamente não poderia deixar que descobrisse sobre a bagunça que era.
Uma completa bagunça.
⸙͎۪۫
Não conseguiu conter o próprio riso enquanto via o homem tropeçar nos próprios pés na calçada que dava para a cafeteria onde frequentavam uma vez ou outra, ele grunhiu baixinho antes de arrumar a postura voltando a segurar suas mãos juntas entrelaçando seus dedos com cuidado, lhe puxou para mais perto mantendo seus corpos perto um do outro. Haviam acordado a alguns minutos, Koutarou não lhe deu nem tempo de pensar no momento em que abriu os olhos implorando por um café gelado mas você disse que não sabia fazer café gelado então ele apenas disse para que se arrumasse e fossem a cafeteria que não ficava muito longe de sua casa.
— Você anda muito, Kou, não se sente cansado?
Indagou ofegante já cansada pelos poucos minutos em que andaram, vestia uma calça legging preta e um moletom azul claro que ficava simplesmente gigantesco contra o seu corpo, havia roubado do guarda-roupa do homem nas vezes em que fora em sua casa, aos poucos o seu guarda-roupa surgia com uma peça de roupa do homem, uns dias atrás havia encontrado as meias felpudas dele dobradas em sua gaveta de roupas íntimas, disse que havia deixado ali para quando fizesse frio, aos poucos a essência de cada um se fazia presente no dia a dia. Bokuto negou com a cabeça devagar antes de apertar o passo fazendo com que você tropeçasse nos próprios pés.
— Eu gosto de andar, só uso o carro para fazer a compra do mês no mercado.
— Me ajuda a fazer a minha próxima compra do mês? Não aguento mais pedir as compras do mercado por delivery — murmurou de maneira esperançosa, sempre erravam os produtos e as marcas que realmente queria e bem, não gostava de sair sozinha para um mercado que certamente estaria lotado e muito menos sem um carro, não aguentaria levar tudo nos braços sozinha —, preparo um jantar especial para você.
Sussurrou parando de frente para a cafeteria, ele sorriu antes de curvar o corpo em direção ao seu roçando seus lábios com cuidado antes de lhe beijar de maneira delicada, levou uma das mãos até seu rosto acariciando a bochecha com o polegar, sorriu contra o beijo antes de ficar nas pontas dos pés vez ou outra pedindo por mais contato, ele afastou seus lábios em um estalo baixo antes de abrir os olhos devagar correndo as orbes amareladas por seu rosto, sorriu curto fazendo com que você desviasse o olhar de maneira envergonhada.
— Posso te ajudar a preparar o jantar?
Ele indagou com a voz baixa, você apenas riu baixinho antes de concordar com a cabeça devagar afastando o seu corpo do dele, voltaram a segurar as mãos juntas quase que de automático.
— Só não queime nada.
— Não vou, prometo.
Ele respondeu com um sorriso antes de deixar mais um beijo fraco contra sua testa; não demorou muito para que adentrassem na cafeteria pequena por fim, andaram até a mesa de canto mais ao fundo e próxima a enorme parede de vidro onde se sentavam a maior parte das vezes, não demorou muito para que a garçonete grávida aparecesse, parecia cansada, os pés estavam mais inchados do que antes e a barriga parecia maior, tinha olheiras suaves por baixo de seus olhos.
— Viu, olha como ela está acabada — Bokuto sussurrou apenas para você ouvir enquanto ela se aproximava de vocês pousando a mão sobre as costas olhando ao redor para ver se ainda possuíam muitos clientes —, eu disse que a gravidez é igual uma ficção científica envolvendo um alienígena parasita.
— Pare com isso, Kou.
Murmurou rindo enquanto a mulher parava em frente a vocês, segurou o caderninho com cuidado, tinha um expressão desanimada em rosto, parecia que iria deitar no chão e dormir a qualquer segundo se fosse possível.
— O que vão querer?
Ela indagou com a voz quebradiça, você e Bokuto abaixaram o olhar para o cardápio em mãos, ponderou por uma fração de segundos pensando em algo que fosse fácil para a mulher equilibrar na bandeja, não queria que ela se esforçasse, não quando parecia estar perto de dar a luz, não sabia se era algo bom ela estar trabalhando naquela altura do campeonato; sussurrou o seu pedido para o homem de cabelos acinzentados que apenas concordou com a cabeça antes de voltear a atenção até a mulher.
— Duas tortinhas de morango, um chocolate quente e um americano gelado.
O homem murmurou e a garçonete apenas concordou com a cabeça rapidamente anotando as coisas de maneira apressada antes de deixar o local até a cozinha nos passos mais rápidos que conseguia, você respirou fundo volteando a atenção até Bokuto, encolheu os ombros.
— Será que vai nascer logo o bebê dela?
— Acho que sim, parece que a barriga dela vai explodir — ele murmurou antes de tremer de leve, quase como se pensar em gravidez realmente lhe desse arrepios, volteou os olhos amarelos em sua direção, sorriu curto —, se você quiser ter filhos podemos adotar.
— Não sei se quero ter filhos, não seria uma boa mãe — murmurou com a voz baixa desviando o olhar para as próprias mãos, sorriu de maneira tristonha —, meu humor muda muito rápido e eu me estresso fácil, não seria uma boa mãe, você acha que seria um bom pai?
Indagou de maneira curiosa volteando o olhar até Koutarou que apenas sorriu fraco antes de concordar com a cabeça devagar, segurou sua mão sobre a mesa brincando com as pontas de seus dedos juntos.
— Acho que seria um bom pai, mas eu não saberia dar bronca — ele murmurou antes de sorrir de maneira divertida —, viu formamos uma boa equipe, eu não sirvo para dar broncas mas você serve.
— Não queira me transformar na mãe malvada, Bokuto Koutarou — disse de maneira indignada antes de rir baixinho o chutando por baixo da mesa, ele fez uma careta suave de dor —, vamos ficar apenas com a Alteza Leopoldina e o Lord Pauvre, está de bom tamanho.
Ele sorriu antes de concordar com a cabeça por fim, não demorou muito para que a garçonete voltasse com a bandeja em mãos, deixou as coisas sobre a mesa rapidamente, vocês agradeceram baixinho, ela estava prestes a deixar o local quando escutaram passos apressados próximos a vocês, alguém abraçou a mulher grávida por trás deixando um beijo suave em sua bochecha, ela riu de maneira delicada virando o rosto para o lado.
— Estou indo para o quartel, amor, não se esforce muito.
Uma voz masculina se fez presente, você levantou o olhar de automático se detendo com um homem não muito alto de cabelos ruivos, os olhos castanhos dele caíram sobre Bokuto que encarava o homem ruivo completamente boquiaberto antes de rir alto oferecendo a mão para o ruivo que apenas riu de volta a segurando com força.
— Hinata Shoyo, você é pai?!
Indagou surpreso e ele apenas sorriu antes de concordar com a cabeça devagar, a mulher grávida os encarava em silêncio como se quisesse saber quem era a pessoa com quem o ruivo conversava, ele levou os olhos para ela de maneira carinhosa deixando um último beijo suave contra os lábios da mulher.
— Ele é o primeiro tenente do corpo de bombeiros, Bokuto Koutarou — murmurou abaixando o olhar para o relógio de pulso, xingou baixinho —, merda, preciso ir, até mais tarde tranque bem a casa lá em cima quando todos os clientes forem embora, não trabalhe muito, amo você.
Ele sussurrou antes de deixar um último beijo contra os lábios da mulher saindo da cafeteria de modo apressado, Bokuto entreabriu para dizer algo para a mulher que não tinha uma feição nada boa para o homem de cabelos acinzentados, você engoliu em seco sentindo uma tensão se formar no local, ela segurou o copo de americano lotado de gelo com uma das mãos antes de jogar o líquido com tudo contra o rosto de seu namorado que fechou os olhos com força, todos da cafeteria ficaram em silêncio lhes olhando de modo assustado, você arregalou os olhos sem entender o que estava acontecendo ali enquanto Koutarou abria os olhos devagar passando a mão sobre o rosto, a mulher bufou irritada batendo com força o copo contra a mesa amadeirada.
— Então foi você quem mentiu para o meu marido sobre ele estar procurando o segundo tenente Tsukishima — ela disse por entredentes, estava vermelha de raiva quase da cor de seus cabelos ruivos, grunhiu irritada empurrando o ombro de Bokuto para o lado que engoliu em seco sem saber muito bem o que dizer —, a situação ficou tão complicada para o lado dele que esse tal de Tsukishima quis demitir o Shoyo, ele quase perdeu a porcaria do emprego, tem noção de como foi uma semana estressante para nós dois?! Eu estou carregando dois bebês, quase morri de estresse!
Disse gesticulando de maneira irritada, Bokuto entreabriu os lábios sentindo uma sensação de culpa atingir seu peito.
— Me desculpe, eu não sabia que ele...
— Não precisa se desculpar, não cometa outro erro desses, não tem noção de como ele ficou mal — ela murmurou antes de fungar baixinho parecia que iria chorar a qualquer segundo —, me desculpem pela bagunça, não precisam pagar.
Ela murmurou antes de girar os calcanhares deixando o local em passos cansados, você suspirou volteando o olhar até o homem segurando sua mão com cuidado, piscou devagar o fitando de modo cuidadoso.
— Você está bem, Kou?
Ele concordou com a cabeça devagar sem levantar o olhar em direção ao seu, parecia simplesmente magoado demais, quase como se houvesse pisado na pata de um filhote sem querer; ele estava prestes a abrir os lábios para dizer algo quando escutaram uma gritaria mais ao fundo da loja, se viraram para trás rapidamente e você sentiu seu coração bater quase que desesperado contra o próprio peito.
A garçonete estava caída no chão desmaiada.
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