1.0
Uma semana havia se passado desde a última vez em que você e Koutarou haviam se visto pessoalmente, pelo jeito o homem andava muito ocupado com o trabalho ultimamente, trocavam mensagens diariamente, menos naqueles últimos dois dias; sentia que aquela era a pior cólica que tinha a meses, quase como se seu útero estivesse sendo literalmente rasgado ao meio e pisoteado diversas vezes por dançarinos de tango, grunhiu baixinho se encolhendo mais contra o sofá macio, estava em um péssimo humor, já havia perdido as contas de quantas vezes se pegou chorando porquê deixou um doritos ou outro cair no chão, seu celular vibrou novamente, outra mensagem de Bokuto, não queria responder, seria grossa se falasse com ele naquele momento, apenas precisava ficar sozinha e morrer lentamente. Atsumu andava de um lado para o outro na sala carregando uma bolsa de água quente pesquisando no google como esquentar aquilo sem explodir já que você se negava a conversar com ele.
— (Nome), se você não me explicar eu não vou conseguir te ajudar.
— Não quero ajuda, quero morrer — disse com cara de poucos amigos se encolhendo mais contra as cobertas, fez uma careta ao sentir outra pontada em seu ventre —, vai embora.
— Não senhora, quer um abraço?
— Não — murmurou com a voz chorosa antes de voltar a se encolher por de baixo das cobertas, o frio sempre piorava os sintomas, fazia com que quisesse morrer —, vai embora, por favor.
Apertava as unhas contra o polegar se arranhando de maneira ansiosa, o homem de cabelos loiros suspirou pesadamente antes de andar em sua direção, deitou o corpo contra o seu fazendo com que grunhisse baixinho afastando o rosto das cobertas, seus olhos caíram sobre seu melhor amigo, piscou devagar tentando não o chutar para longe.
— Não posso te deixar sozinha quando está desse jeito, eu ficava ansioso todos os meses quando chegava perto do seu ciclo menstrual e eu não estava aqui.
— Não vou fazer nada.
Sussurrou antes de desviar o olhar, Atsumu bufou deixando um peteleco contra a pontinha de seu nariz.
— Eu sei que não, mas prefiro não arriscar, TDPM é algo meio impulsivo demais, da última vez você quase...
— Eu sei — murmurou o interrompendo, não queria tocar naquele assunto no momento, principalmente quando se tratava de Atsumu, seu melhor amigo era simplesmente preocupado demais, quando estava perto do ciclo menstrual ele virava uma bola de preocupações e mimos —, pode só avisar para o Bokuto que eu tô viva? Não quero falar com ele agora.
Disse estendendo o celular desbloqueado até o loiro que apenas suspirou pesadamente antes de concordar com a cabeça devagar tomando o celular fino de suas mãos, mandou algumas mensagens antes de o deixar sobre e mesinha de centro, voltou a se levantar ainda segurando a bolsa térmica em mãos, a esquentou durante alguns minutos no micro-ondas com medo que ela simplesmente explodisse; não demorou muito para que a bolsa quente estivesse sobre o pé de seu abdômen, fungou baixinho antes de se encolher mais contra o sofá fitando o filme que passava na televisão fina.
— Eu pedi pra ele vir aqui, acho que vai fazer você se sentir melhor, também quero conhecer ele, não dei minha benção ainda, não sei se ele te merece.
Ele disse de modo simplista quase como se estivesse comentando sobre o clima frio de outono, você arregalou os olhos suavemente se sentando de uma vez sobre o sofá, negou com a cabeça diversas vezes, sentia que sua alma havia literalmente sumido de seu corpo ao escutar as palavras do homem.
— Miya Atsumu, você endoidou?! Meu cabelo está sujo, meu humor péssimo e estou com um rosto de quem não dorme a duas semanas, eu já não tenho muitas chances com o Bokuto, se ele me ver desse jeito vai tudo pro ralo!
— Você sempre está linda, (Nome), cale a boca.
— Não me manda calar a boca! — disse elevando a voz, seus lábios tremeram, não demorou muito para que começasse a chorar de modo violento, voltou a se esconder debaixo das cobertas — Não sou linda, a Lia era linda, eu não sou.
Seu melhor amigo respirou fundo tentando manter a própria calma voltando a andar em sua direção, se abaixou ao pé do sofá levando as mãos até a coberta a afastando devagar de seu rosto que estava completamente molhado pelas próprias lágrimas, aproximou o rosto do seu deixando um selar fraco contra sua testa, segurava a Alteza Leopoldina em braços, a colocou sobre o sofá e a gata apenas se aconchegou ao seu lado, você fungou baixinho parando de chorar pouco a pouco enquanto abraçava a Alteza com um dos braços, Atsumu afastou o rosto devagar.
— Me desculpe ter mandando você calar a boca... quer comer alguma coisa? Você não come nada desde ontem a noite.
Você negou com a cabeça devagar, esfregou a bochecha contra o ombro limpando as próprias lágrimas.
— Não estou com fome.
— Nem um tiquitinho?
— Nem um tiquitinho — sussurrou com a voz fraca, estava mais calma, escutar o ronronar da gata preta certamente fazia com que não entrasse em pânico, suspirou pesadamente —, quero energético.
Atsumu revirou os olhos ao escutar suas palavras e apenas concordou com a cabeça se levantando do chão para buscar mais uma lata de energético para você, já havia perdido as contas de quantos havia tomado, era sempre difícil dormir quando estava perto do ciclo menstrual, os pesadelos eram horríveis e sempre tinha crises terríveis de pânico envolvendo o dia do incêndio. TDPM ou também conhecido como Transtorno disfórico pré-menstrual fazia com que a sua ansiedade e crises aumentassem em um nível absurdo antes do começo do ciclo, já havia perdido o controle do próprio corpo algumas vezes, sua última crise forte havia sido dois anos atrás alguns meses após o acidente, ficou internada no hospital por alguns dias, nunca havia visto Atsumu tão desesperado.
Você e seu melhor amigo conversaram por apenas alguns minutos já que você sempre volteava a atenção para o filme que passava na televisão quando se cansava do assunto. Era uma bagunça. Uma completa bagunça, sentia que sua vida era um verdadeiro redemoinho de problemas, nada nunca parecia dar completamente certo para você, quando algo bom acontecia mais cinco coisas péssimas vinham logo em seguida, não sabia lidar com aquela situação, era complicado demais.
Não demorou muito para que escutasse batidas insistentes contra a porta da sala, Atsumu andou até lá em passos rápidos abrindo a mesma devagar, você virou o rosto para o lado se detendo com o Miya conversando de maneira séria com a pessoa do lado de fora, deu um passo para o lado deixando a entrada livre, um Bokuto desesperado adentrou na casa olhando para os lados a sua procura, sorriu aliviado quando os olhos amarelos caíram sobre você, parecia ter corrido uma maratona, estava completamente ofegante segurando algumas sacolas de mercado. Andou até você em passos rápidos se ajoelhando de frente para o sofá, aproximou o rosto do seu deixando diversos beijos contra suas bochechas, testa, lábios e as pontinhas do nariz, riu baixinho o vendo se afastar devagar.
— Fiquei preocupado, gatinha, estava pensando em arrombar a porta da sua casa e ver se estava tudo bem — ele sussurrou, sacudiu a sacola de mercado em sua mão —, te trouxe alguns comprimidos, seu amigo disse que estava com dor... chocolate também, não sabia o seu preferido e trouxe um de cada.
Você sentiu seu coração se amolecer pouco a pouco ao escutar as palavras do homem, sorriu de modo bobo abrindo os braços como se pedisse por um abraço, ele riu baixinho largando as sacolas contra o chão antes de subir sobre você deitando o corpo com cuidado sobre o seu sem fazer peso para não lhe machucar, você suspirou pesadamente o abraçando com força escondendo o rosto contra a curvatura do pescoço do mais velho.
— Me desculpa não ter respondido as mensagens, não tô muito bem pra ficar no celular — disse com a voz falha quase como se fosse começar a chorar novamente, fungou baixinho —, não fica chateado comigo, juro que...
— Ei, ei, ei, por que a senhorita tá se desculpando? Não tem problema, da próxima vez só me avisa que tá tudo bem, não precisa responder as mensagens se não estiver se sentindo bem, gatinha.
Ele disse afastando o corpo do seu devagar, levou uma das mãos até sua cintura girando seus corpos com cuidado fazendo com que invertessem as posições deixando ele deitado contra o sofá e você deitada contra o peitoral o homem, esfregou a bochecha ali devagar antes de levantar o rosto até o mais velho, piscou devagar.
— Mesmo?
— Uhum, mesmo, quer que eu passe a noite aqui com você? Podemos fazer lanchinhos.
Você apenas soltou um riso fraco antes de concordar com a cabeça devagar, Bokuto lhe abraçou mais forte deixando um beijo intenso contra sua testa, ficaram daquele modo por alguns minutos, ele apenas acariciava seus cabelos em silêncio enquanto o filme continuava a passar na televisão, Atsumu se despediu de você com um beijo na bochecha e o típico "Love ya" e um aperto de mão com Koutarou antes de deixar a casa por fim dizendo que precisava ficar de olho no Osamu para ter certeza de que ele havia comido durante o dia.
— Atsumu disse que você precisa conseguir a benção dele.
Murmurou com a voz divertida levantando o olhar até o homem de cabelos acinzentados que arqueou uma das sobrancelhas, cutucou a bochecha com a ponta da língua.
— Você tem um amigo super protetor então.
— Sim senhor.
— Se ele não me der a benção eu sequestro você, tudo certo, vamos viver um romance fugitivo, tipo...
— Bonnie e Clyde.
Você completou, Bokuto riu baixinho antes de concordar com a cabeça devagar, puxou o seu corpo mais para cima aproximando seus rostos com cuidado, acariciou a pontinha de seus narizes com cuidado antes de deixar um selinho suave contra seus lábios.
— Tipo Bonnie e Clyde... o halloween é daqui algumas semanas, precisamos ver as fantasias, meu amigo vai fazer uma festa a fantasia, você quer ir?
Ele indagou com a voz baixa, antes de deixar outro selinho contra seus lábios e depois outro e outro e outro até que se beijassem de verdade; sorriu contra os lábios do homem afastando a boca da dele em um estalo baixo, correu os olhos pelo rosto do mais velho antes de apenas encolher os ombros.
— Não sei se me dou muito bem em festas, não gosto de lugares cheios.
— Vão algumas pessoas só, gatinha, o pessoal do meu trabalho e alguns amigos do Kuroo, você vai gostar, podemos ir embora quando você quiser, está bem?
— Com uma condição.
Você sussurrou passando uma das mãos por trás do pescoço de Bokuto o trazendo para mais perto, roçou os lábios contra os dele o sentindo sorrir fraco enquanto esfregava o nariz contra o seu.
— Qualquer coisa.
— Quero ir de Clyde e você vai de Bonnie.
— O que?! Não! — ele disse arregalando os olhos afastando o rosto do seu rapidamente, parecia visivelmente indignado — Eu queria ver você vestida de Bonnie! Ia ficar tão linda com aquela saia xadreza, tô pensando nisso a dias, até sonhei com isso... vou enlouquecer se você não for de Bonnie.
Ele disse com a voz chorosa arrancando um riso alto de seus lábios, arqueou uma das sobrancelhas sentindo suas bochechas queimarem de leve.
— Bokuto Koutarou, que tipo de sonhos você anda tendo comigo?
— Nada de mais, só você vestida de Bonnie, só isso — ele murmurou, você cerrou os olhos desconfiada fazendo com que Bokuto coçasse a garganta em uma tosse fraca desviando o olhar dos seus —, está bem, aconteceram mais algumas coisas também mas eu não vou te falar nem morto.
O homem de cabelos acinzentados disse e você sentiu suas bochechas carbonizarem em vergonha, apenas concordou com a cabeça enquanto escondia o rosto contra o peitoral do mais velho, suspirou pesadamente.
— Está bem... eu vou de Bonnie.
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