1.6

"Senti tanto a sua falta, princesa".

Quatro semanas haviam se passado desde que o homem de cabelos longos havia proferido tais palavras e mesmo assim elas continuavam fazendo questão de tomar conta de seus pensamentos, se sentia tão confusa que nem ao menos conseguia pensar com exatidão; abaixou o olhar para a mão destra vendo a linha mais clara que o restante da pele dado ao anel de noivado que havia ficado muito tempo ali, havia o jogado longe em um lago da clinica que havia lá, finalmente sentia que esquecer de Toji ficava cada vez mais fácil, mesmo que detestasse admitir aquilo a terapia realmente estava lhe ajudando, fazia com que visse sua própria vida de outra perspectiva.

O tempo longe do ex-noivo realmente havia lhe feito bem, se sentia mais leve, a dor na costela já não era tão forte e os pontos de sua testa haviam finalmente caído deixando uma linha pequena próxima ao couro cabeludo.

Você estava sentada em uns banquinhos de pedra próximos a entrada da clínica, uma fonte um pouco mais a frente, usava um vestido leve em seu corpo, florido e sapatilhas confortáveis para que pudesse andar o quanto quisesse ali, havia ficado tanto tempo presa dentro de seu apartamento e tanto tempo presa a Toji que sentia que aquela era realmente a primeira vez em que andava livremente, havia virado um de seus passatempos favoritos, simplesmente andar admirando a paisagem ao longe, não sabia que algo tão supérfluo poderia ser libertador ao extremo. Remexia as mãos de maneira ansiosa olhando para a fonte d'água, pela primeira vez em semanas veria alguém que não fossem as pessoas que trabalhavam ali.

   — (Nome)!

   Uma voz estridente disse de maneira animada, você levantou o rosto rapidamente se detendo com a mulher de cabelos curtos, um castanho avermelhado, ela tinha um sorriso tão radiante que poderia iluminar o país inteiro, você soltou um gritinho fino e se levantou do banquinho em um pulo correndo até a mulher não muito alta jogando o corpo contra o dela a abraçando com força, ela riu de maneira assustada lhe abraçando de volta, ficaram assim por alguns segundos antes de se afastarem devagar, vocês se olharam, ela tinha uma feição gentil.

   — Senti saudades, No.

   Você disse com a voz vacilante, quase como se fosse começar a chorar a qualquer segundo, a mulher sorriu.

   — Também senti sua falta, sua boba. — respondeu antes de lhe abraçar mais uma vez e andaram em direção ao banquinho de pedra se sentando em frente a fonte, você suspirou levando o olhar até a mulher — Como você está se sentindo?

   Nobara perguntou com a voz baixa, você encolheu os ombros antes de abrir um sorriso curto nos lábios.

   — Estou melhor, na medida do possível, essas semanas longe do Toji me fizeram tão bem que você não tem ideia, ele não me deixava nem ao menos pensar, quando dei por mim eu havia virado uma espécie de fantoche.

   — Fico muito feliz em ouvir isso — ela disse com a voz baixa enquanto segurava sua mão com cuidado, por uma fração de segundos você jurou ter visto os olhos dela se encherem de lágrimas —, estava muito preocupada com você.

   — Eu sei — você disse quase em um sussurro, passou o polegar sobre o peito da mão da mulher com cuidado, encolheu os ombros —, obrigada por tudo, No, eu nunca conseguiria nada disso se não fosse por você.

   Você murmurou fazendo com que a mulher soltasse um riso baixo, ela negou com a cabeça antes de fungar baixinho, olhou ao redor do enorme jardim onde vocês se encontravam.

   — Você se sente confortável aqui?

   — Sim, mais ou menos, é difícil de explicar na verdade — você disse levando os olhos até a amiga —, sinto que pela primeira vez em muito tempo eu estou livre, vivo passeando por aqui, esses dias eu até alimentei os cavalos, fazia muito tempo que eu não dava tanta risada, um deles tentou comer minha mão, você tem ideia de como mordida de cavalo dói?

   Você disse rindo e a mulher sorriu de maneira divertida ali lhe fitando com os olhos carinhos, quase como se ela estivesse aliviada por lhe ver daquele jeito, e céus, fazia tanto tempo que Nobara não escutava o seu riso.

   — E você tem falado com mais alguém?

   — Não muito, de vez em quando eu falo ao telefone com minha mãe mas eu não sabia se estava preparada para ver mais alguém que não fosse você, sabe? — você murmurou com a voz baixa, respirou fundo — E também tem o... bem...

   Disse de modo relutante, Nobara franziu o cenho.

   — Quem?

   — Bem... lembra daquele cara que eu te falava? Aquele que me ajudava quando estava sem inspiração?

   — Ah, sei, aquele que te ajudava na sua falta de sexo, você diz.

   Ela disse de maneira alta enquanto ria fazendo com que você sentisse suas bochechas ficassem cada vez mais quentes, você concordou com a cabeça devagar.

   — Ele está aqui também.

   Nobara arregalou os olhos.

   — Meu deus! Não acredito, ele também está internado?!

   Você negou com a cabeça devagar, respirou fundo.

   — Ele é meu psiquiatra.

   Nobara ficou em silêncio por alguns segundos lhe encarando ali, os olhos confusos.

   — Como assim?

   — Isso mesmo o que você ouviu.

   — Como assim ele foi de prostituto a médico psiquiatra em questão de anos?

   — Ele já comentou comigo antes que estava tendo que trabalhar com aquilo para que conseguisse pagar a pós graduação, algo do tipo.

   — Meu deus — ela disse em completo choque, seus olhos se encontraram —, e aí? Você ainda sente algo por ele?

   — Eu não sei — você respondeu com a voz baixa, se sentia tão confusa que seu coração poderia explodir a qualquer segundo, encolheu os ombros —, mas parece que meu cérebro entra em pânico toda a vez que nos encontramos, tanto é que eu tenho o evitado essas últimas semanas, apenas estou o encontrando quando é nosso dia da consulta.

   Nobara sorriu, cruzou os braços.

   — Vamos lá, (Nome), você sabe muito bem o que isso é.

   Ela respondeu com a voz carregada de duplo sentido, você sentia suas bochechas ficando cada vez mais vermelhas e seu coração batendo acelerado contra a caixa torácica, vocês se despediram em um abraço apertado e Nobara prometeu te visitar na próxima semana e por fim foi embora tão rápido quanto chegou, era como se ela apenas quisesse ter a certeza de que sua melhor amiga continuava viva.

   Mas você nem ao menos teve tempo para pensar naquilo porque logo depois que a mulher foi embora os seus pensamentos voltaram a ser inundados pelas palavras de Geto, por sua voz suave, calma, grave e morna.

   "Senti tanto a sua falta, princesa".

   Você respirou fundo sentindo seu estômago se embrulhar e sem pensar muito andou rapidamente andando em direção a enorme casa, adentrou entre os corredores praticamente correndo enquanto procurava quase em desespero a sala com o nome dele, não demorou muito para que a encontrasse a abrindo de uma vez completamente ofegante, o homem de cabelos longos levantou o rosto em sua direção rapidamente, ele arregalou os olhos lhe encarando ali, daquele modo, assustada, ofegante, seu peito subia e descia, ele levantou devagar lhe encarando ali.

   — (Nome), está tudo bem? Por que você...

   — Eu não sei! — você disse elevando a voz por fim enquanto entrava na sala por fim fechando a porta logo atrás de si, andou em passos decididos na direção do homem de cabelos longos até que estivessem rente um ao outro, ele lhe olhava de maneira confusa, mas ao mesmo tempo um pouco esperançoso enquanto lhe fitava ali, tão próxima que conseguia sentir sua respiração, você engoliu em seco antes de umedecer os lábios — Eu... eu ainda não sei direito o que eu estou sentindo, Geto... Estou confusa em relação a tudo mas eu...

   Você disse abrindo e e fechando os lábios várias vezes como se procurasse as palavras, Geto respirou fundo.

   — Você o que?

   Ele perguntou em um sussurro quase como se estivesse esperando que você fosse contar um segredo que precisava ser trancado a sete chaves. Você piscou devagar sentindo seu coração batendo tão rápido que tinha medo que o homem pudesse escuta-lo.

   — Eu também senti sua falta.

   Você disse com a voz fraca, baixa quase inaudível, Geto lhe encarou surpreso, ficaram em silêncio por alguns segundos que mais pareceram horas e antes que desse por si ele estava lhe puxando para si de modo quase que desesperado, os lábios dele sobre os seus em um beijo afoito e totalmente bagunçado, você fechou os olhos levando os braços ao redor do pescoço do homem enquanto ele segurava suas coxas com as mãos fortes e firmes lhe puxando para cima com facilidade para que ficassem da mesma altura.

   — Eu... senti... tanto... a sua... falta.

   Ele disse por entre os beijos estalados fazendo com quem um sorriso fraco cresçesse entre seus lábios e naquele momento você sentia que nada mais importava naquele momento, apenas os seus lábios sob os de Geto em um beijo louco, impulsivo e bagunçado.

   Mas bem, de qualquer modo sempre não foram daquele jeito?

   Totalmente loucos e impulsivos quando se tratavam um do outro.

   A bagunça mais bem harmoniosa que você já havia presenciado.

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