XXXIII
Carl GRIMES
Quando a reunião começou já era noite. Meu pai e April haviam conversado por uns 15 minutos e aquilo me deixou intrigado, mas não tanto quanto o beijo que ela havia retribuído de Enid. Desde quando aquilo vinha acontecendo?
- Carl? - encaro Enid ao meu lado e deixo um sorriso fraco escapar. - Me desculpa!
- Pelo o que expecificadamente? - eu sabia do que se tratava, só que queria que ela me dissesse também.
- Por ter beijado a April. Eu gosto dela tá ok? Comecei a gostar quando ela estava presa dentro da enfermaria, cuidado dos ferimentos de tiro e...
- Não precisa me dizer quando começou a gostar da garota que eu também gosto. Eu só fiquei sem entender a razão de você ter beijado ela, não te julgo, nunca vou te julgar.
- Eu não vou tentar nada com ela, não mais. - Enid diz apertando os dedos - Ela ama você Carl, parece impulsivo, mas eu sei que ela ama.
Engulo seco e seguro a mão de Enid.
Eu sabia que ela era lésbica a anos, sabia que um dia ela iria se apaixonar e que iria namorar, eu ficava feliz por aquilo, só que não queria que ela deixasse de gostar de alguém por minha causa, por que eu também gostava da mesma pessoa.
-Você não precisa...
- Preciso sim. - ela me interrompe - Carl vocês se conhecem a séculos, tem uma conexão forte e não quero que seja eu a estragar isso. Isso é bom. É algo puro, verdadeiro.
Enid se afastou e caminhou para fora da igreja, me deixando sem jeito.
- Enid espera! - exclamo correndo até ela - Não quero que nossa amizade de anos acabe assim, não quero que você deixe de viver sua vida, os seus sonhos por causa disso. Você pode e vai encontrar alguém para amar, vai encontrar alguém que vai te fazer perder o chão e ao mesmo tempo encontrar o caminho certo.
Seguro suas mãos e sorrio ainda mais.
- Eu nunca confessei isso pra ninguém, mas eu amo a April, caramba como eu amo aquela garota. - falo ignorando qualquer um que estivesse passando por nós - Acho que aquela história sua de que tem uma conexão entre mim e ela, aquilo pode ser verdade. Ela me deixa incrivelmente nervoso e bem ao mesmo tempo. Eu só tenho medo de machucar ela, medo de fazer ela desacreditar no amor e esquecer que existe coisas boas ainda.
- Ela também te ama... - Enid diz olhando para atrás de mim - Não é April?
Me viro de costas encarando April parada em frente a porta da igreja. Seu olhar era assustado e ela engoliu seco, caminhando para longe de nós antes mesmo de me ouvir.
- Vai atrás dela Grimes!
Deixo Enid parada na porta da igreja e corro atrás de April, que mesmo com a perna machucada corria ainda mais rápido que eu. Porém, seus passos vacilaram e ela parou se encostando em um dos postes de iluminação da rua.
- April, podemos conversar?
- Não. Eu sei o que você vai falar e eu não quero ouvir. Nossos beijos, os nossos momentos, eles nunca deveriam ter existido. Eu vou morrer Carl, morrer na mão dos salvadores e não quero levar mais ninguém comigo. - ela diz me olhando - Não quero ter que ver você morrer, não quero que você nem ninguém perca a vida por causa de uma coisa que eu causei. Eu só vi isso agora, só percebi que tudo pode dar errado e eu não quero que ninguém se machuque no meu lugar.
- Você está mentindo. Só está com medo de uma coisa que nunca vai acontecer - pelo menos era o que eu achava - April eu te amo, acho que sempre amei, mesmo não te conhecendo e só tendo te visto uma única vez anos atrás. Temos algo forte. Algo bom. Quero namorar com você, viver com você meus melhores e piores dias.
- Mais eu não quero! - ela diz mais uma vez se afastando ainda mais. - Não quero você, não quero seu amor, não quero ter que ver ninguém morrer. Você tem a cura em seu corpo, ache alguém que mexa com essas coisas e a multiplique, salve mais pessoas e...
- Não vou desistir de você só porque pediu. Nunca.
Tento tocar sua mão e a vejo se afastar ainda mais.
Ela tinha medo em seus olhos castanhos e eu entendia o que ela estava sentindo, o que me ajudava a não perder a esperança de que eu poderia ajudar ela e de que eu ainda teria ela junto a mim.
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