XLVII

Carl seguiu junto com Enid por horas, andando, descansando e até mesmo patinando, já que eles haviam encontrado dois pares de patins dentro de um carro velho e batido no meio da estrada. A primeira estação de trem estava cada vez mais próxima e o nervosismo que Carl sentia não só aumentava, como parecia estar se transformando em algo muito maior que ele.

Minutos depois eles pararam em frente a entrada da estação de trem e suspiraram pesadamente. A cidade estava silenciosa, não haviam zumbis nas ruas. Existia apenas um som alto e um odor fedido vindo de dentro da estação.

- Acho melhor montarmos acampamento aqui essa noite - Enid diz parando ao lado de uma das árvores. - Amanhã entramos e vemos como a situação está.

- Concordo. Você viu a quantidade de zumbis que tem vindo nessa direção pelo outro lado da cidade? Tem algo chamando a atenção deles ali dentro.

- Vamos.

Enid seguiu na frente, sacando uma faca e entrando num prédio velho. Vazio. Eles subiram as escadas sujas de sangue seco e poeira e seguiram pelos corredores Algumas das portas estavam lacradas do lado de fora com móveis e o que desse para segurar alguém lá dentro.

- Acha que pode ter alguma coisa dentro desses apartamentos trancados?

- Podemos verificar amanhã. - ele responde- Amanhã, quando acordarmos, vamos entrar num dos apartamentos pela sacada e olhar, se acharmos alguma coisa, bom, senão vamos sair daqui e entrar naquela estação de trem e procurar pela minha namorada.

- Não acha melhor ir atrás dela primeiro?

- Estamos ficando sem comida e eu não sei se April tem comido ou não, só que eu sinto que devo arrumar alguma coisa pra se caso ela estiver lá, que ela possa comer e se fortalecer.

Carl queria acreditar que April estivesse comendo alguma coisa, que aquele maldito médico estivesse tendo pelo menos um pouco de humanidade e preocupação com sua cobaia.

Eles caminharam pelo corredor e pararam em frente a uma das portas que não tinham barreiras. Armas foram colocadas postas mais uma vez e Carl abriu a porta, batendo na mesma segundos depois enquanto Enid encarava o corredor vendo se algo estava errado.

- Vamos!

Ambos entraram e fecharam a porta, encontrando o apartamento arrumado. Eles se entreolharam por alguns segundos e se separaram, seguindo para os quartos. Porta, por porta.

- Não tem nada aqui. - Carl diz caminhando para perto de Enid. - O que foi?

- Eles se mataram.

Um casal estava deitado sobre a cama, com suas mãos dadas e com suas roupas manchadas de sangue. As duas armas estavam caídas sobre seus corpos e um bilhete estava preso em um dos quadros.

- Nós matamos para não vermos por inteiro o que o mundo se tornou. Apenas a pequena e assustadora parte que vimos, nós fez tomar essa decisão. Possível data: 22/10/2018.

- Foi recente. - Carl diz encarando os corpos e se aproximado - As coisas ainda estão limpas e eles estão começando a inchar agora.

- Virou perito em mortos?

- Daryl me ensinou, disse que um dia talvez eu fosse precisar identificar alguma coisa assim e bom...aqui estamos.

As armas foram recolhidas e a porta do banheiro foi aberta por Enid, uma montanha de comida, papel higiênico, caixas de remédio e algumas armas apareceram e eles sorriram um pro outro. A garota recolheu os enlatados e os jogou dentro da mochila, junto com suas coisas.

- Vamos precisar de um zumbi e lençóis amanhã.

- Vamos precisar de um jeito de deixar essas coisas aqui, sem que alguém possa mexer. Não sabemos como a cidade está, muito menos se tem alguém vivendo aqui perto.

Carl sorriu e Enid o encarou com uma grande interrogação em seus olhos.

- Estou pensando em como a gente mudou. Sabe, anos atrás não nós importavamos de ficar em lugares que não estivessem seguros, não nós preocupávamos se alguém poderia aparecer e roubar nossas coisas, agora estamos criando um plano para não deixar ninguém tocar no que é nosso.

Enid sorriu e abaixou a cabeça. Ela concordava com ele. Eles tinham mudado muito nos últimos anos e aquilo era bom, lhes mostrava o quanto eles estavam maduros o suficiente para provar aos outros que já não eram mais crianças.

- Estamos ficando velhos! - ela diz. - Me ajude aqui agora.

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