XCI

A P R I L

Aquelas pessoas iriam ter uma casa de verdade, um lar e muros para os protegerem, mas também seriam mais bocas para alimentar. Sem nossos cavalos, sem nossas plantações dando aquilo que esperávamos, estava tudo caminhando para ruir.

Deixo a casa e mato o primeiro zumbi que vagava pela rua, vendo e ouvindo o grupo me seguir. Não tínhamos gasolina e muito menos alguma coisa que pudesse nos ajudar a chegar mais rápido.

O meu braço estava enfaixado e meu ombro tinha que ficar imóvel para não sangrar mais e chamar a atenção dos mortos.

- Ei amor! - Carl me chama - April?

Paro e o encaro, o vendo se aproximar de mim e sorrir.

- Tem uma loja de bicicletas duas quadras ao lado, podemos usar elas para chegar mais rápido e...

- É, é vamos trazer as coisas que vamos achar pelo caminho na garupa delas? - questiono percebendo que havia sido rude com ele e que estava jogando meu estresse para fora o descontando em Carl. - Desculpa! São mais pessoas e mais comida, não temos nem pra gente e o Glenn...

- Calma! - Carl pede, acariciando meu rosto e me fazendo parar. - Você tem ficado estressada com coisas que podem ser resolvidas. Vamos pegar as bicicletas e vamos até conseguirmos com elas, depois, vamos a pé ou arrumamos um carro que ainda tenha gasolina.

Charle, Joey e Glenn passaram por nós dois e seguiram em direção a até a tal loja de bicicletas.

- Não quero que ninguém morra - exclamo - Não quero que sua irmã ou o filho da Maggie chore por causa de fome, não não que eles tenham que comer minhocas ou folhas de árvores como eu fazia para me alimentar. Era doloroso ficar dias e dias sem um pouco de comida, sem poder nem sequer beber água de um lago ou poça.

- Vamos conseguir! Coloque isso na sua cabeça, ok?

Reviro os olhos e concordo.

- Você pode vir na garupa da bicicleta comigo. Seu braço...

- Consigo só com uma mão. - respondo. - Melhor eu ir andando!

Depois de horas de viagem em cima daquelas bicicletas e aguentando  o sol quente em nossas enquanto fugiamos dos mortos que apareciam em nossos caminhos. Allbany estava em nossa frente. Destruída assim como as outras cidades, morta como todo o resto do mundo. 

Jogo a bicicleta no chão e ando por entre os carros, seguindo com a ajuda do mapa até o lugar onde eram levadas as comidas e qualquer outro tipo de suprimento. Meus olhos e ouvidos estavam atentos, e o frio na espinha era maior que qualquer coisa que estivesse ao meu redor. 

Virei por várias ruas e matei vários mortos, até encontrar o enorme posto avançado dos militares entre a ponte e o resto da cidade, as filas de carros parados e as cercas recobertas por uma lona preta e velha esvoaçante e que me dava a noção de como as coisas estavam sobre a ponte. 

-Não tem como passarmos por aqueles mortos, são  a porra de uma horda presa ali - Ethan exclama parando ao meu lado e puxando binóculo que estava dentro de sua mochila. - Nem com seus poderes e nem c...

- Pelo outro lado. Pela area de desembarque dos aviões. Temos que sair da cidade  e ir para o aeroporto pela outra entrada - puxo a mochila para cima, a ajeitando em meu ombro bom. - Vamos!

Carl atravessou em minha frente e segurou a minha mão, tirando a mochila dos meus ombros e a levando consigo. Ele tinha um sorriso no rosto.

- Está sorrindo porque?

- Por que estamos viajando juntos, por que estamos a ponto de descobrir se vamos conseguir salvar nossos amigos e família. Você conseguiu trazer a gente aqui, trouxe a gente bem! Nada que você viu em sua visão se realizou e...

- Não comemore antes da hora, não sabemos o que vamos encontrar ali dentro, não sabemos que vai acontecer com a gente. 

- Tudo bem - ele balança a cabeça concordando - Sem reações prescipitadas..foco, apenas isso..

Seu sorriso não tinha desaparecido, só estava escondido em meio aquela barba rala que ele deixava em seu rosto. Seu nariz empinado e fino, seu olhar azul, seu jeito...

"eu te amo" - digo em sua mente e o vejo me encarar. 

Ele me parou, me puxou para ele e me beijou, fazendo as pessoas ao nosso redor comemorarem e me deixar com vergonha. 

_

Nós paramos de andar, depois de cerca de uma hora e meia.  Estávamos em frente as pistas de pouso e as grades. Não haviam muitos mortos, os que ainda existiam estavam ou se arrastando pelo chão ou no meio da grama alta que cobria toda a parte livre.

Glenn cortou a cerca com o a tesoura de jardineiro e nós deixou passar. O vento era mais forte que antes, o que mostrava que o lugar era mais alto que a cidade que havíamos entrado.

Os galpões apareceram e meu coração acelerou.

- Parem! - exclamo - Vou entrar sozinha! Não quero que ninguém se arrisque lá dentro, não até eu ver que está seguro.

- Não posso deixar que...

- Carl, vocês não vão entrar até eu dizer que podem entrar. Vou usar meus poderes, não existe mais ou menos, não posso deixar a minha visão se concretizar,  não posso perder nenhum de vocês.

Com um estalar de dedos April criou uma barreira entre ela e os homens que estavam com ela. Seus passos lhe distanciaram do namorado e ela o viu suplicar enquanto tentava passar pela barreira que se movia na mesma velocidade que ela andava.

Carl não sabia que ela conseguia fazer aquilo.

Seu olhar ficou parado na mulher que andava para dentro do galpão, com arma e faca em mãos, vendo a expressão de dor que ela tinha em seu rosto.

April tinha os presos presos nas coisas acima de sua cabeça, tanto que não viu quando pisou no meio do laço da armadilha e teve seu corpo erguido de cabeça para baixo, vendo o sangue molhar seu nariz quando ela se chocou contra o metal da prateleira alta.

- April! - Carl grita tentando passar pela proteção. - April!

Sua visão turva a fez piscar várias vezes e olhar para baixo, vendo sua faca e sua arma caídas no chão enquanto seus cabelos atrapalhavam sua visão. O som dos mortos também veio e então ela se deu conta...a estava presa sobre um buraco repleto de mortos com suas mãos erguidas e dentes podres, prontos para a matar.

- Porra! - ela exclama com dificuldade enquanto tentava arrumar um jeito de se soltar.

O som de pessoas vindos de longe a fez ficar ainda mais atenta e então ela tocou sua bainha, encontrando a lâmina da sua antiga faca guardada ali.

Seu nome estava sendo chamado, mas sua atenção não estava em Carl, ele estava seguro do lado de fora, sua atenção estava em se soltar e arrumar um jeito de sair antes que o que estava se aproximando chegasse.

Então, a lâmina cortou a corta e ela caiu sobre sobre mortos, vendo seus poderes falharem.

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